10 de outubro de 2015

SAMOA-ESCÓCIA - GRANDE JOGO MOSTRA QUE DISTÂNCIA ESTÁ MENOR *

* Manuel Cabral
Quando o árbitro apitou para o intervalo, eu, que assistia ao jogo comodamente instalado, respirei fundo para recuperar o fôlego, tal a intensidade e a velocidade a que a partida foi disputada!

Num ritmo de parada e resposta, Samoa teve neste primeiro tempo a dianteira no marcador, com as excepções dos 3-3, dos 10-10 e dos 23-23, as três ocasiões em que a Escócia o igualou, para chegar ao descanso a vencer por 26-23.

O rugby é um jogo para todos, altos, baixos, gordos e magros, diz-se para explicar a abrangência do nosso desporto, e cada vez isso é mais verdade, com a ressalva que todos têm que estar nas devidas condições físicas.

Samoa provou isso bem, e com o input dos sevens no sangue do XV, a verdade é que o nosso jogo está, cada vez mais, a entusiasmar os que a ele assistem, seja no campo - onde os números da assistência continuam a impressionar - seja em casa, num confortável sofá, com o privilégio de ver e rever as jogadas que mais nos entusiasmam.

Hoje o que se passou em campo nos primeiros 40 minutos, foi a demonstração clara que o intervalo entre as equipas - aquelas que se classificam e as outras - é cada vez menor, e demonstrou ainda que é claramente possível jogar com grande dureza e no entanto manter o fair-play e o espírito peculiar que absorve quem realmente gosta de jogar rugby!

É verdade, houve um amarelo - ao número 6 escocês, que deu uma absolutamente dispensável coice no número 6 samoano - mas no conjunto assistimos a uma excelente demonstração de sadia competição e desportivismo.

E assim, com Samoa a tentar jogar de todo o lado - o que aliás lhes valeu sofrerem o primeiro ensaio da Escócia... - e com a Escócia a defender a todo o custo e a responder com venenosos contra ataques, chegou o intervalo e o resultado de 26-23, numa extraordinária demonstração do que há de melhor no rugby de ataque!

A segunda parte promete, e não podemos esquecer que se a Escócia perder, o caminho do apuramento fica aberto para ... o Japão!

E a verdade é que a Escócia entrou no segundo tempo mais agressiva, dominando nas formações, e Laidlaw levou a equipa para a frente do marcador com a transformação de duas penalidades (51' e 53' - 26-29) a castigar um período particularmente faltoso de Samoa a quem as pernas pareciam faltar.

Com esta melhoria da Escócia, foi a vez de Samoa defender a sua área com unhas e dentes, conseguindo manter a distância de três pontos até aos 74 minutos, quando Laidlaw, à saída de uma formação, em vez de abrir correu com a bola e marcou entre os postes, transformando ele mesmo o pontapé sequente, para uns 26-36 a cinco minutos do fim.

Mas a história do jogo não estava completa e foi mesmo Samoa que reagiu bem ao avanço escocês e conseguiu o seu quarto ensaio de sete pontos, reduzindo para 33-36, com dois minutos para jogar.

Estes dois minutos foram uma demonstração de como controlar a posse da bola por parte dos escoceses, com Greig Laidlaw no comando, e que só terminou, depois de esgotados os 80 minutos quando o médio de formação da Escócia chutou a bola para fora, garantido a vitória, o ponto de bónus e a certeza que não mais poderá ser ultrapassada no seu segundo lugar do grupo B.

Greig Laidlaw registou na sua conta 26 pontos, decorrentes de um ensaio, três transformações e cinco penalidades bem sucedidas, e foi para nós o melhor jogador em campo. Não foi ele no entanto o escolhido para Man Of The Match, honra que recaiu sobre John Hardie, o seu companheiro número 11.

Em excelente jogo de rugby, com duas equipas de grande categoria, que lutaram sem repouso por 80 minutos, acabando por vencer a que melhor interpretou o que a acontecer e soube corrigir e adaptar o seu jogo ao adversário, que não conseguiu manter durante 80 minutos o ritmo e velocidade que impôs durante o primeiro tempo.


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