18 de outubro de 2015

ARGENTINA AVANÇA PARA MEIAS FINAIS COM CONFIANÇA E ALEGRIA *

* Martim Bettencourt
Não vi muitos mundiais no meu tempo de “vida rugbístico”, mas tenho poucas dúvidas ao afirmar que nunca se viu tanta qualidade de jogo como o que temos tido o privilégio de assistir neste torneio.

A intensidade com que a Argentina entrou no jogo estabeleceu o ritmo que os Irlandeses teriam que igualar se quisessem sair do Millenium Stadium com a passagem às meias finais.

Vindos de um duríssimo jogo contra a França, onde ainda para mais perderam nomes tão cruciais e influentes como o seu capitão O’Connell, o abertura Sexton e os dois terceiras linhas Peter O’Mahony e Sean O’Brien; o desafio argentino tornou-se um desafio demasiado grande para os homens liderados pelo excelente Joe Schmidt.

Bem comandados pelo “nosso” Daniel Hourcade, os Argentinos aliaram à sua consistência natural nas fases estáticas e um eficaz jogo ao pé, uma confiança no jogo a mão que se torna muito complicado para qualquer equipa combater.
Com os avançados a atirarem-se (literalmente!) para os espaço e assim a ganharem constantemente a linha da vantagem, Landajo e Nicolás Sanchez puderam manobrar e variar o ponto de ataque a gosto. Onde não raras as vezes, usando segundas e terceiras linhas de ataque, a bola cruzou de um lado ao outro do campo com uma velocidade impressionante. 
Era pôr os irlandeses a correr e a placarem que mais tarde ou mais cedo iam ceder.

Foi mais cedo.

Matias Moroni, que teve a responsabilidade de substituir a classe de Marcelo Bosch, apoiando o irreverente (para o bem e para o mal) Santiago Cordero, marca o primeiro ensaio do encontro logo aos três minutos de jogo.

Não tardou a repetirem o feito e aos 10 minutos, o velocíssimo Juan Imhoff acrescenta mais cinco pontos e com as conversões do Man of The Match Nicolas Sanchez. 
Ainda os Irlandeses estavam a esticar as pernas já o placar registava 0-14 para os Pumas.

A equipa irlandesa não conseguia viver com a intensidade no contacto dos homens de Creevy, e com isso, estes foram ganhando penalidades que aproveitavam para pôr o jogo no meio campo irlandês, ou mais três pontos no placar.

Só quando Ramiro Herrera levou cartão amarelo, aos 17 minutos, é que os Irlandeses puderam respirar. 
Equilibrando as coisas nas formações ordenadas, e com a vantagem de mais um homem, Madigan faz estrear o marcador com uma penalidade e o recém entrado Fitzgerald, (pelo infeliz Tommy Bowe) marca um bom ensaio repondo alguma dignidade no marcador.

10-20 foi o resultado com que as equipas saíram para o intervalo.

O descanso fez bem aos homens de Heaslip, que comandou a equipa na ausência do icónico Paul O’Connell. Arrumando as ideias no sítio e tomando a iniciativa do jogo, os irlandeses marcaram logo aos 44 minutos por intermédio do terceira linha Jordi Murphy. 
Madigan converte, e após umas trocas de penalidades com Sanchez, o resultado estava em 20-23.

O espírito de combate irlandês estava a dar de si e estavam dentro do jogo. Começaram a ganhar vantagem nas formações ordenadas, e a atrasarem cada ruck argentino, impedindo assim que estes ganhassem qualquer tipo de “momentum”, e onde começou a vir ao de cima uma certa frustração típica do sangue quente latino.

Até que chega o fatídico minuto sessenta. Onde as boas equipas aceleram, e as outras claudicam.

Ironia do destino, foi exactamente ao minuto 60 que Madigan falha uma penalidade que dava o empate no jogo.

Aos 64 min. Sanchez, que teve irrepreensível nos chutos aos postes, marca mais uma penalidade. 20-26.

Tuculet marca um grande ensaio aos 69 min, após muita pressão argentina dentro dos 22 metros adversários, e praticamente mata com o jogo. 
Treze pontos de vantagem, aquela hora do jogo, era fisicamente e animicamente quase impossíveis de recuperar, como aliás se veio a verificar.

Tempo para uma jogada fabulosa entre Fernandez Lobbe e Imhoff com este último a marcar no meio dos postes e assim os Argentinos carimbarem a passagem as meias finais em beleza.

Vitória merecida da seleção Argentina com um resultado, se calhar, demasiado expressivo para o que jogou a seleção Irlandesa. 
Mas um justo prémio para o risco, a confiança e a alegria Argentina.

Mais uma hora e meia de muito bom rugby de todos os intervenientes no jogo.
Obrigado!


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