29 de setembro de 2009

DA OPORTUNIDADE OU UTILIDADE DAS ELEIÇÕES

De acordo com a documentação disponível, e com os comentários, já tornados públicos por alguns dos intervenientes mais activos do período pré-leitoral da FPR, a situação pode resumir-se em poucas palavras: Em conseqüência da aprovação dos novos Estatutos e Regulamento Eleitoral, terão de ser realizadas eleições até ao final da presente época desportiva.  
Duas correntes se defrontam, contudo, sobre a data em que essas eleições devem ter lugar. Dum lado, a actual Direção da FPR, que defende a realização das eleições apenas no final da época, argumentando que foi eleita para um mandato que ainda não terminou, e que o rugby português se encontra na véspera da realização de importantes jogos internacionais, que podem levar as nossas cores, pela segunda vez consecutiva, a uma fase final do Campeonato do Mundo. E que esse desiderato constitui um dos principais objectivos pelos quais se guiou esta Direção, não sendo, portanto, justificável, a sua substituição, antes da realização daqueles jogos. E que a realização de eleições, com eventuais alterações que se possam introduzir nos trabalhos da equipa nacional, nesta altura, pode prejudicar os trabalhos da seleção e os resultados, que se espera, venham a conseguir.  
Por outro lado, estão aqueles que pretendem a substituição imediata desta Direção, argumentando que ela foi eleita ao abrigo de uns Estatutos significativamente diferentes, que não davam ao Presidente da Federação o conjunto de poderes que agora lhe são inerentes. Por outro lado, este segundo grupo, entende que a actuação da Direção não tem sido benéfica para o rugby português, nomeadamente na questão do Centro de Alto Rendimento, e na gestão dos pagamentos aos jogadores que nele se integram, com favorecimento claro de uns clubes, em desfavor de outros. Dizem ainda, que não são válidos os argumentos da actual Direção quanto a eventual prejuízo aos resultados que se esperam alcançar nos jogos que terão lugar em Fevereiro e Março, já que não pretende esse grupo, provocar qualquer alteração ou instabilidade quanto aos trabalhos da seleção.
Na minha opinião, qualquer dos pontos de vista é válido, e ambos se enquadram no que está disposto nos novos Estatutos e Regulamentos. Acresce a estes factos, que os Corpos Sociais a eleger esta época, terão um prazo de vida reduzido, condicionado aos próprios Estatutos, devendo cessar funções até final do ano 2011, para acertar o seu mandato, ao ciclo do campeonato do Mundo. Por outro lado, as competições oficiais vão começar dentro de dias, pelo que não será possível proceder a alterações às mesmas no decurso da presente época. E não tenho conhecimento de qualquer manifestação de descontentamento quanto ao modo como está organizado o esquema competitivo do escalão sênior principal, que justifique a preparação, discussão e aprovação de alterações ao mesmo, até 31 de Janeiro de 2010, para entrar em vigor no início da época 2010-2011. Desta forma, a acção dos novos Corpos Sociais a eleger, reduz-se à gestão corrente da FPR, até à eleição que terá lugar em final de 2011, pelo que fica difícil de entender o porquê de tanto apetite pelo poder, que agora se disponibiliza.
Pelo meu lado, compreendendo e aceitando os argumentos de cada um dos lados em confronto, fico com a idéia clara que promover eleições, neste momento, antes do final da corrente época, é absolutamente inútil. Não vai promover nenhuma alteração sensível da gestão da FPR, e apenas servirá para manter agitado um ambiente que é necessário tornar pacífico e harmonioso. Talvez seja altura das partes se acalmarem, e elaborarem os seus Planos Estratégicos, com uma validade até ao final do próximo ciclo do mundial, ou seja, final de 2015, à luz dos últimos acontecimentos marcantes para a modalidade, como será uma eventual admissão do rugby no Programa Olímpico. Esses Planos concorrentes seriam postos à avaliação e discussão pública, e então sim, no final da época, eventualmente em Junho, se disputariam as eleições, com todo o mundo conhecendo o que cada um se propõe fazer.
Essa seria uma prova de que os futuros candidatos se preparam para servir os praticantes, e, por isso merecem o seu respeito e confiança.

28 de setembro de 2009

ELEIÇÕES PARA OS DELEGADOS NA FPR A 31 DE OUTUBRO (CORRIGIDO)

O Presidente da Assembléia Geral da FPR, no pleno exercício das suas competências, convocou para o próximo dia 31 de Outubro, eleições para os delegados à assembléia eleitoral. Com esta eleição inicia-se o processo para a eleição dos órgãos sociais da Federação. Abre-se assim uma página nova na vida do rugby português, que se espera, possa conduzir o nosso desporto a outros patamares de desenvolvimento e sustentabilidade, ao mesmo tempo que mantém e faz progredir, as nossas equipas representativas. Espero que os candidatos que se perfilam, tenham o bom senso de apresentar programas eleitorais suficientemente claros e inequívocos, por forma a permitir a todos os intervenientes, uma decisão de voto de acordo com os reais interesses do rugby. Dada a forte contestação de que foi alvo a actual Direção da FPR, espera-se que os candidatos ao cargo de Presidente, não se limitem a elaborar um programa eleitoral que contenha as linhas básicas da sua acção, conforme exigido pelos novos Estatutos da FPR, mas que apresentem mesmo um Plano Estratégico que atravesse transversalmente todo o universo do nosso rugby. Vamos entregar um leque de vastos poderes ao novo Presidente, como nunca antes aconteceu, e, por isso mesmo, não podemos passar um cheque em branco a uma pessoa – independentemente de quem seja - a quem depois não possamos pedir contas. Dentro de dias vou apresentar um esboço de um Plano Estratégico fundamental para o nosso rugby, e desafio, os candidatos que se apresentarem, a estabelecer metas objectivas para cada uma das áreas nele apontadas.

27 de setembro de 2009

ANTÓNIO CUNHA, COM MÉRITO

António Cunha vai receber este ano o, mais que merecido, Prémio Carreira, atribuído pela FPR.

Não falarei aqui das outras nomeações, pois estão dependentes ainda de votação, e o facto de me encontrar distante não permite um julgamento justo e imparcial.

Mas quanto ao António Cunha é diferente, já que o conheci desde os seus primeiros jogos, com ele privei em múltiplas ocasiões, e sempre tive por ele o respeito devido a um amigo do rugby, apesar da diferença de idade que nos separa.

26 de setembro de 2009

ÁFRICA DO SUL VENCE NA NAMIBIA

Os Springboks vencem o torneio da Namibia, ao bater na final a equipa do Zimbabwe por 61-14. Na final da Prata, a Namibia venceu Samoa por 24-14, e na final do Bronze a Tunisia derrotou o Uganda por 26-21. Infelizmente não consegui até esta hora saber os restantes resultados, entre os quais o segundo jogo (penso eu...) entre Portugal e Samoa. Já que Samoa jogou a final da Prata presumo que se terá desforrado da derrota na fase de grupos. Mas esta informação carece de confirmação.

NAMIBIA SEVENS - FINAIS

Com a ausência de informações oficiais sobre o torneio, recorremos a outras fontes para transmitir o que se vai passando. E errámos ao dizer que se jogariam hoje, diretamente, as meias finais. Afinal não foi assim, e o que se jogou, primeiro foram os quartos de final. Com esta situação, foram os seguintes os jogos dos quartos, e, agora sim, das meias finais. QUARTOS DE FINAL: Zimbabwe-Portugal 26-7, Argentina-Samoa 26-7, Fiji-Namibia 49-12, África do Sul-Espanha 33-0. MEIAS FINAIS: Zimbabwe-Argentina 19-14, África do Sul-Fiji 28-0. A final será disputadda entre o Zimbabwe e a África do Sul. Desta vez recolhemos a informação, e a foto também, no site www.namibiasport.com.na, que é um site desportivo generalista namibiano.

NAMIBIA SEVENS

24 de setembro de 2009

NOTAS SOLTAS

Aquela que parece ser a lista oficial das equipas participantes no Namíbia Sevens, que tem o seu pontapé de saída marcado para amanhã, sofreu algumas alterações desde a semana passada. Assim, a Espanha, que chegou a estar indicada como participante, e depois foi substituída pelos Emerging Springboks, volta a fazer parte da lista. Por outro lado, as Fiji não se farão representar pela sua equipa principal, mas sim pelos Fiji Barbarians, apesar de ser constituída por grandes jogadores, incluindo William Ryder, que muitos consideram o sucessor de Serevi. Parece que os grupos iniciais ficaram asssim constituídos: Grupo A: África do Sul, Namíbia e Tunísia. Grupo B: Fiji Barbarians, Zâmbia e Espanha. Grupo C: Argentina, Zimbabwe e Uganda. Grupo D: Samoa, Portugal e Botswana. A propósito de Serevi, fiquem a saber que o Mago arrumou definitivamente - se, com ele, a palavra existe...- as botas, no Melrose Sevens desta primavera, zangou-se com a Federação de Fiji, e é, agora o treinador da Papua Nova Guiné. Com Waisale Serevi no comando, os Papuas prometem ser um adversário muito mais poderoso. Falando de treinadores e de Fiji, assiste-se à constituição de uma nova equipa técnica com a chamada de Glen Ella, antiga glória Australiana, de Sam Domoni, que também vestiu a camisola dos Wallabies, do antigo capitão dos All Blacks Mike Brewer e do antigo numero 8 fijiano, Inoke Male. Isto mais parece uma assembléia do que uma equipa técnica, mas mostra o empenho de Fiji em subir na escala do reconhecimento internacional. De notar que a chamada de Glen Ella e de Mike Brewer parece ser apenas para a digressão ao hemisfério norte, que terá lugar no próximo mês de Novembro. Depois disso, Domoni será nomeado Head Coach a tempo inteiro, e Inoke Maler terá a sua primeira oportunidade ao nível de seleções como Técnico Assistente. Com o início da época em Portugal, temos, infelizmente de apontar duas situações que merecem o nosso repúdio. A primeira delas tem a ver com o jogo que hoje se realizou (?) entre a seleção portuguesa de U19 e a equipa de França do mesmo escalão, que esteve em estágio no nosso país. Como compreender que um jogo desta natureza apenas ontem tenha sido anunciado pelos serviços da FPR? Das duas uma: ou quem decide não informou os serviços da FPR, e deve portanto assumir a sua responsabilidade e pensar que a visibilidade é a grande arma que o rugby tem de utilizar no seu dia a dia, ou então os serviços da FPR “guardaram” a informação, talvez porque não fosse, para eles, importante. Ou então, no meio desta história toda, que mete eleições, golpes, calúnias e absoluta insanidade mental, alguém tenta tirar benefício da situação, em claro prejuízo dos interesses do rugby. No meio deste ambiente de confusão, convocou-se um treino da seleção nacional feminina, que depois foi cancelado, parece que pelo facto das moças ainda não estarem inscritas na FPR para a época em curso! A ser verdade esta descrição que li no blog Rugby Feminino em Português, digam lá se não se trata de um caso de insanidade mental! Não brinquem com o nosso rugby, e isso inclui as Lobas também! Para terminar estas Notas de hoje, uma palavra para o blog Rugby Tuga, que deixou de existir. Parece uma doença que atravessou o mundo bloguista, com um anunciado fim do luso-francês Rugby Portugal/Lobos em França, felizmente revertido, e a decisão, já referida, do Rugby Tuga. Na raiz das decisões de abandono, parecem estar os constantes disparates, ofensas e agressividade dos comentários, deixados naqueles blogs por um conjunto de anônimos. Na minha opinião, todos têm o direito e a liberdade de fazerem os comentários que entenderem, mas têm também a obrigação de assumir a responsabilidade pelas afirmações que produzem. Para que cada um tenha apenas uma cara. Por isso é cada dia mais vulgar que blogs e sites não aceitem comentários ou os sujeitem a moderação prévia. Assim se evita que gente malcriada lance a confusão e o descrédito.

19 de setembro de 2009

PORQUE NÃO O LISBOA SEVENS DE NOVO?

Enquanto a nossa seleção de sevens disputa o Namíbia Sevens, a Austrália joga com a Nova Zelândia, em Wellington, o último jogo do Três Nações deste ano. Neste encontro, estão em disputa uma série de aspectos. Claro que o principal é o resultado direto do jogo, e neste particular, a Nova Zelândia leva grande vantagem histórica. Na verdade a Austrália não consegue ganhar em terra dos maoris desde 2001 (9 vitórias consecutivas da NZ), pelo que podemos imaginar a vontade de vencer que vai embalar os Wallabies. Do lado dos All Blacks, manter a tradição é a única vitória que podem alcançar, pois a vitória na competição já está muito bem guardada em casa dos Springboks. Muito pouco para os neo-zelandeses, na verdade... Por outro lado os australianos, se vencerem o jogo por mais de 15 pontos de diferença, ultrapassarão os seus rivais no ranking da IRB, roubando-lhes o segundo lugar. Quanto ao primeiro lugar desse ranking, ele está também com a África do Sul. Esta é a 158ª partida entre Austrália e Nova Zelândia, com larga vantagem para os Blacks: 108 vitórias e apenas 45 derrotas, com 5 empates. Entretanto, no continente africano, a Federação de Rugby da Namibia meteu as mãos na massa e conseguiu, em pouco tempo, marcar uma data no calendário internacional da modalidade, com a organização do primeiro Torneio Internacional de Sevens do país. Continente em fase de grande expansão rugbistica, a África não tem ainda estabelecidos os marcos definidores da sua implantação, encontrando-se tudo em aberto. Com exceção da África do Sul, não existe no continente, por enquanto, outra potência do mundo oval. A Namíbia, que ocupa o segundo lugar regional atrás dos Sprinboks, não consegue mais, no concerto das Nações, que um modesto 25º lugar. No entanto, este lugar confere-lhe uma posição no conjunto dos países em desenvolvimento, conforme definido pela IRB, ao lado de Portugal, Espanha, Uruguai e Rússia, entre outros. No que respeita aos Sevens, e mesmo tendo em consideração a pouca exatidão do ranking respectivo, que apenas diz respeito à participação nas Séries da IRB, a situação continental é significativamente melhor, com quatro equipas entre as 20 melhores, e duas entre as 10 melhores. A África do Sul, com enorme consistência ocupa o topo desta tabela também, e o Kenya, que no rugby de XV não passa da 42ª posição, tem aqui um destaque extraordinário, roubando para si a 6ª posição da tabela. Completam o cenário a Tunísia (19º) e o Uganda (20º). E é nestas circunstâncias que a Namíbia consegue um lugar ao sol, com o Namíbia Sevens. Fruto de uma estratégia bem bolada pelos seus dirigentes, a Namíbia conseguiu garantir um patrocínio para seis anos, no valor total de quase 1.666.000,00 euros, o que dá cerca de 280 mil euros/ano. Cansados de aturar o anterior patrocinador que não andava nem desandava, a Federação da Namíbia conseguiu atrair o apoio de uma empresa publica namibiana (TrustCo), multifacetada, com interesses nas áreas financeira, seguros, educação, media, telefonia móvel, entre outros. Depois de garantido o suporte financeiro, a Federação apresentou o projeto do Torneio à IRB, que em finais de Agosto acabou por lhe dar o seu acordo e consentimento. E em menos de um mês, os dirigentes africanos conseguiram garantir a presença de um conjunto invejável de presenças, montando aquele que deve ser o melhor Torneio de Sevens deste início de época. É uma história que nada tem de especial. Mas prova que com vontade e determinação se conseguem estabelecer metas, vencer obstáculos e obter resultados. Fica a lição para quem a quiser aprender. Porque não o Lisboa Sevens de novo?

17 de setembro de 2009

ANO NOVO, VIDA NOVA?

Com a participação no Torneio de Sevens da Namíbia, em Windhoek, inicia-se mais um ano de atividade da seleção nacional masculina de sevens. Esta é a primeira vez que este Torneio se disputa, e demonstra o interesse no desenvolvimento do rugby em África, impulsionado pela IRB e pela CAR (Confederação Africana de Rugby) Espera-se que este ano marque o principio de uma nova era, com a demarcação das nossas seleções de VII e de XV. É o ano ideal para o fazer, já que a equipa de XV vai ter uma época muito exigente e que não admite margem de erro. Na verdade, com os importantes jogos de qualificação para o Campeonato do Mundo de 2011, a terem lugar em Fevereiro e Março, e os jogos de preparação em Novembro, será mais fácil assumir que o grupo de trabalho dos sevens deverá ser diferente, para permitir uma participação nos torneios de inicio de época (Namíbia) e de final de ano (Dubai e África do Sul), sem confusões e sem acusações de perturbação dos trabalhos da equipa de XV, pela preparação e jogos da equipa de VII. Quanto ao Hong Kong Sevens, que terá lugar uma semana após o decisivo jogo com a Romênia em Portugal, esperemos que o bom senso prevaleça e a separação das variantes também, assim como para os restantes torneios da época. Quanto à equipa que vai ao Torneio da Namíbia, poucas novidades. Em relação aos jogadores envolvidos nos seus trabalhos no ano passado apenas duas caras novas: Diogo Gama e o jovem Afonso Vareta. Quanto aos restantes, salienta-se a experiência que adquiriram o ano passado ao participarem nos World Games (Ricardo Dias, Francisco Serra, Hugo Valente, Veltioven Tavares, Frederico Oliveira e Bernardo Silveira) ou no Campeonato da Europa (Diogo Miranda, Francisco Mira e Bernardo Silveira). De toda a equipa apenas Frederico Oliveira esteve no campeonato do Mundo no Dubai. Como se constata, e apesar da ausência de muitos nomes sonantes, com Pedro Netto no comando técnico, a seleção vai apresentar-se em força na Namíbia. E bem pode, já que no primeiro dia da competição, e de acordo com as informações da FPR, Portugal defrontará a Samoa e o Botswana. Enquanto esta é a primeira vez que defrontamos Botswana, já defrontamos Samoa por 12 vezes, com um saldo francamente favorável aos nossos adversários: apenas duas vitórias portuguesas, uma em 2000 e outra em 2008. Os restantes participantes no Torneio da Namíbia são a África do Sul, Fiji, Argentina, Tunísia, Uganda, Zâmbia, Zimbabwe, Namíbia, e os Emerging Springboks. Entretanto disputou-se nos passados dias 12 e 13 de Setembro,em Shangai, o primeiro torneio das Séries Asiáticas de Sevens. A Coréia, depois de algumas dificuldades no primeiro dia, em que foi derrotada por Hong Kong (31-10), acabou por dominar o segundo dia e vencer Taipei (12-10) nas meias finais, e o Japão na final (42-19). O Japão chegou à final depois de bater, na meia final, Hong Kong por 17-5. As Séries Asiáticas seguem em 24-25 de Outubro com o Torneio de Brunei.

12 de setembro de 2009

LOBAS, LOBITOS, LOBISOMENS?

Tenho assistido ao longo das décadas, no meio rugbistico nacional, ao assumir de posições, expressão de descontentamentos ou de simples insultos, da parte de uns grupos de pessoas em relação a outros grupos de pessoas, e vice-versa. Também fiz parte disso, já que, como todos os do meu tempo, “nasci” para o rugby numa “quinta”. E todos os que estavam nas outras “quintas” eram, à partida, meus inimigos. Depois, com o andar dos anos, fui entendendo que não era bem assim. E acabei mesmo por estabelecer laços de respeito, compreensão, cumplicidade e amizade, com muitos dos que eram das outras “quintas”. Por motivos de ordem pessoal, mudei-me para o exterior em 2002, ficando afastado do “meio” durante cerca de seis anos. Voltei a interessar-me, a informar-me, há poucos meses. Mas, com tristeza, verifiquei que uma das marcas que continua incólume foi a das “quintas”. As pessoas continuam a agredir-se, com ou sem razão, continuam a favorecer uma visão individualista em oposição a uma noção do conjunto, continuam a motivar-se contra este ou contra aquele e não por isto ou por aquilo, continuam a perder a razão pela utilização do insulto, da calúnia, da intolerância. Talves seja do distanciamento, ou da idade, mas deixei de achar graça a todas estas “coisinhas”. Acho que, finalmente, encontrei um posicionamento sereno que me dá o privilégio de ver, procurar entender, e só depois, emitir opinião, ficando em paz com a minha consciência. A favor ou contra, dependendo da situação, mas nunca por ser amigo deste ou não gostar daquele. O rugby foi, e continua a ser, parte muito importante da minha vida, e não estou na disposição de perder o privilégio de fazer parte desta família, por teimosia, cegueira, ou simplesmente estupidez. O mundo mudou, Portugal mudou, o rugby mudou. Que aqueles mais agitados saibam mudar também, e não envelheçam amargos, isolados nas suas “quintas” e saibam canalizar as suas forças para o bem da nossa malta. Porque, afinal, todos somos Homens do Rugby! E já que, apesar de ter estado ligado ao Direito de 1964 até 1986, ninguém pode em sã consciência dizer que hoje estou ligaddo a este ou àquele clube, vou dar um passo no sentido da pacificação. Claro está que é na área dos sevens, afinal uma paixão que abracei há mais de 23 anos. Criei em http://rugby7portugal.plaxogroups.com (procurar em rugby sevens portugal) um local para conversar sobre sevens em Portugal, mas que aceita tratar de outros temas rugbisticos também. Um local onde todos serão bem vindos, mas os Anonimos, ou quem se esconda atrás de pseudonimos ou falsas identidades, não. Um espaço onde todas as opiniões serão respeitadas, mas o insulto e a ofensa, não. Um espaço onde todos se podem fazer ouvir, mas a ninguém será autorizado monopolizar o “tempo de antena”. Para aderir é necessário registar-se no Plaxo. Mas é a única forma que tenho de poder impedir os não identificados de entrarem...São apenas uns minutos. Ajuda se, no perfil, indicar qual a sua ligação ao rugby, qual o seu clube, se tiver. Um espaço, um lema: Incomodar quando for oportuno, apoiar quando for necessário. O primeiro tema – para começar o jogo – é simples: A nossa Seleção Nacional é conhecida como Os Lobos. E as outras seleções portuguesas, como devem ser conhecidas? Lobas, Lobitos, Lobisomens...? Junte-se ao Grupo e dê a sua opinião. Depois, conforme haja ou não boas ideias, faremos uma votação por seleção. Mas agora é um género de brain storming. Vamos a isso?

6 de setembro de 2009

GARANTIR A EXECUÇÃO DO PLANEADO

Falei no meu último post da equipa técnica necessária para suportar as exigências de um plano nacional de desenvolvimento dos sevens. No entanto é importante referir que, para o sucesso de qualquer plano de desenvolvimento, é fundamental criar uma equipa de administração competente, capaz de ter em foco os objetivos traçados, de imaginar as melhores soluções para os problemas que se irão levantando - entre os quais aqueles levantados pela própria equipa técnica - e ir preparando em tempo útil, as correções adequadas ao desenvolvimento do plano, já que nenhum projeto é um corpo morto, ou uma equação matemática exata. De referir que, apesar da enorme importância que a equipa técnica tem num processo desta natureza, a verdadeira importância reside na própria essência do projeto. Já assistimos no passado, quer no rugby, quer noutras modalidades, a uma transferência de prioridades, sempre com manifesto prejuízo da modalidade, em geral, e daqueles a quem, em última instância, o projeto se destina: aos seus praticantes. Quero com isto dizer que a equipa técnica não é capaz de assumir essa responsabilidade? Não, o que eu quero dizer é que á equipa técnica compete executar as tarefas técnicas que permitem o êxito do projeto. As tarefas de desenvolvimento dos objetivos definidos pela direção da Federação devem ser imputadas a alguém, ou a uma equipa, não diretamente envolvida na execução do próprio projeto. Alguém ou uma equipa, a quem a direção da Federação possa exigir que aqueles objetivos não sejam desvirtuados. Alguém ou uma equipa que possa intervir perante a equipa técnica, e perante a direção da Federação, simultaneamente. Ou seja, alguém ou uma equipa que faça a ligação entre quem define o pretendido (direção da Federação), o que se pretende (objetivos traçados), quem executa o pretendido (a equipa técnica) e aqueles a quem o pretendido se destina (os praticantes). Vou dar um exemplo, para que não restem dúvidas sobre o que digo. É natural que, do evoluir de um projeto de desenvolvimento dos sevens, emane uma seleção mais poderosa, mais competitiva e mais sustentada do que aquela – brilhante! – que temos hoje. E é também natural que a equipa técnica se dedique ainda mais a ela, eventualmente esquecendo, ou deixando para segundo plano, as tarefas junto aos clubes, junto à base de recrutamento de jogadores. Perdendo, por essa dedicação, o foco principal do próprio projeto: os praticantes no seu conjunto. Porquê perder tempo indo a Bragança participar numa ação de sensibilização ou apoio ao núcleo local de rugby, se no Estádio Nacional estão reunidos os 50 melhores jogadores nacionais numa sessão de treino? Competirá à administração do projeto pôr ordem na casa, garantir que os interesses do praticante de base são assegurados, e que a seleção nacional recebe a atenção que merece. Porque, em última instância, sem praticantes de base, qualquer projeto está destinado ao fracasso. Mais ou menos imediato.