* Manuel Cabral
Pela primeira vez desde que o Campeonato do Mundo foi disputado pela primeira vez - no longínquo ano de 1987 - só equipas do hemisfério sul chegam às meias finais!
Nunca antes as equipas europeias tinham sido tão completamente varridas do topo do mundo, e mesmo nas finais apenas em 1995 não esteve presente um representante do rugby do hemisfério norte.
Antes de 2015 os piores anos do rugby do norte foram em 1999 apenas com a França no meio da Austrália, África do Sul e Nova Zelândia, e em 1995 quando a final foi disputada por duas equipas do sul - África do Sul e Nova Zelândia - que deixaram França e Inglaterra no prémio de consolação do 3º lugar.
Em todas as outras edições do Mundial foram duas equipas do norte e duas do sul a chegarem às meias finais, e uma de cada lado e chegar à final.
O ano de 2015 ficará ainda marcado pelo resultado mais desnivelado alguma vez acontecido na fase eliminatória da prova, com os humilhantes 62-13 com que a Nova Zelândia despachou a França, e porque pela primeira vez se juntam as quatro equipas do Rugby Championship, que incluem a Argentina renovada, de atitude e presenças e liderada por Daniel Hourcade, e as habituais bi-campeãs mundiais Nova Zelândia, Austrália e África do Sul..
A Argentina merece uma referência especial, muito particularmente pelas declarações de Hourcade na recente passagem pelo Algarve, quando, sem papas na língua, afirmou que o sucesso começa nos clubes, não nas academias.
Nada que não tenha sido afirmado antes, nomeadamente pelo Mão de Mestre, mas como habitualmente no nosso cantinho à beira mar plantado, se não for dito por um estrangeiro, não é verdade...
Este tem sido o melhor Mundial de sempre, e mesmo algumas reservas quanto a dois pormenores da arbitragem de Craig Joubert no jogo Austrália-Escócia, não tiram brilho à competição, nem beliscam a grandeza das quatro equipas que passaram às meias finais.
A grande lição que vamos ter que tirar deste Mundial vai ter muito mais a ver com o que se passa ao nível das competições internas, começando pelo Top-14, onde tem dias em que mal se houve falar francês dentro de campo, ou passando pela Inglaterra que perdeu nos últimos anos - por causa dum sistema competitivo mal dimensionado? - mais jogadores do que aqueles que disputam todas as outras ligas do mundo.
Claro, sem falar do que se passa na Irlanda ou no País de Gales, onde o sistema das academias tem destruído aos poucos a estrutura de clubes que existiu durante tantos anos e que tão bons resultados dava...
Mas cuidado, não estou a dizer que as academias devem acabar - apenas que a sua importância e papel no desenvolvimento do jogo, tem que ser muito bem repensado.
Como habitualmente o desconhecimento do que se passa no mundo tem sido o berço para a tomada de medidas desajustadas e inconsequentes. Por isso não se pode estranhar que apenas agora que no rugby argentino assume cirúrgica intervenção, alguém que esteve ligado a Portugal por um pequeno período de tempo, se comece a conhecer melhor o que se passa na terra dos Pumas.
Já em 2009 aqui chamávamos a atenção para o rugby argentino, e ele é mesmo um excelente exemplo do que significa trabalhar com a prata da casa. E com calma e tranquilidade os resultados estão aí, bem à vista de todos.
Pode ser que a Austrália bata a Argentina no próximo fim de semana, mas uma coisa é certa - os Wallabies vão ter que suar muito e mesmo suando dessa forma, os Pumas partem com vantagem, depois do que se passou nos quartos de final.
Na outra meia final os All Blacks são claramente favoritos à passagem à final, frente a uns Springboks que embora vencendo o País de Gales, ainda não mostrou que pode vencer o Mundial pela terceira vez.
Então, com três equipas à procura do Tri, e uma zebra a correr por fora, as meias finais prometem mais dois jogos de grande nível e emoção!
E com quatro jogos ainda por disputar, o número acumulado de espectadores nos estádios subiu para 2.181.640, já se marcaram 257 ensaios e 201 penalidades, além de cinco pontapés de ressalto e 183 pontapés de transformação, num total de 2.269 pontos, numa média de 52 por jogo.
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário