4 de outubro de 2015

LINCES NO SAFARI SEVENS - OBJECTIVO ALCANÇADO?

A participação portuguesa no Safari 7's saldou-se por um conjunto de experiências que se espera venham a dar os seus frutos no futuro, embora os resultados tenham ficado aquém do que se deveria esperar. Afinal Portugal era a única equipa residente do Circuito Mundial presente em Nairóbi.

A equipa nacional reuniu uma equipa muito jovem, com a clara intenção de dar minutos de jogo e "calo" que se tornam indispensáveis a um conjunto que estando incluído na elite mundial da modalidade, tem como principal objectivo manter-se nessa alta roda.


Somos completamente favoráveis à participação em torneios desta natureza, única forma para evitar que os mais jovens cheguem aos momentos decisivos sem atitude, até mesmo um pouco deslumbrados.
Esperamos que António Aguilar tenha a oportunidade de levar mais jovens a mais torneios, condição absolutamente indispensável para que a selecção nacional mantenha as suas ambições de manutenção no Circuito Mundial, e não só.

Mas sugerimos que em próximas ocasiões o faça não como selecção nacional e sim como equipa de desenvolvimento, Linces, Lobos 7's, enfim, uma designação qualquer - e respectivo equipamento - que não leve consigo duas coisas:
Por um lado a honra de representar Portugal, mostrando claramente aos envolvidos que para estarem na equipa nacional e vestirem a camisola das quinas ainda têm um longo caminho a percorrer, e que estes torneios não são nem o campeonato da Europa, nem o Campeonato do Mundo, nem os Jogos Olímpicos, nem o Circuito Mundial. É uma prática habitual, não ofende ninguém e põe cada macaco no seu galho.

Por outro lado a carga e responsabilidade de representar Portugal. Goste-se ou não, os países - melhor dizendo, as suas representações nacionais - são avaliadas pelos resultados que alcançam, e cada vez que uma equipa portuguesa se apresenta em campo como Selecção Nacional, ela tem que ter um comportamento que dignifique a ideia que existe da equipa, e que não prejudique uma análise que venha a ser feita sobre o seu valor - seja para efeito de novos convites ou simplesmente para o estabelecimento de algum ranking, privado ou oficial.

Se repararem com atenção, neste Safari 7's nem a equipa da casa se apresentou como Kenya, ficando assim isenta de consequências quanto aos seus eventuais resultados menos conseguidos...

A propósito de Safari 7's ou Safaricom 7's, - duas designações diferentes e que têm sido utilizadas indistintamente - convém esclarecer que não são exactamente a mesma coisa.
Na verdade Safaricom é o nome de uma empresa queniana de comunicações móveis que patrocinou e deu o nome ao torneio de sevens de Nairóbi em anos passados, mas que interrompeu o seu patrocínio ao mesmo em função dos complicados problemas de corrupção que invadiram a federação daquele país e suas equipas nacionais.
Este ano a Safaricom voltou a patrocinar o torneio, mas exigiu que o seu nome não fosse ligado ao título do mesmo, assim como que a dizer "organizem lá isso mas tenham juízinho...", pelo que a designação correcta é Safari 7's e nenhuma outra.

Portugal, como já se disse, utilizou a sua participação no torneio como forma de preparação, e os resultados obtidos apenas vão ficar nos registos porque a equipa se apresentou como selecção nacional.
No primeiro dia a nossa equipa venceu a Namíbia (19-17), perdeu com os Newcastle Wailers (21-26) e empatou com os Australian Icoz (24-24), e segundo a FPR foi erradamente empurrada para a disputa da Bowl, apesar de segundo os regulamentos da prova dever ter disputado a prova principal, com base no diferencial de pontos marcados/sofridos pelas equipas empatadas na classificação.

Na verdade, se o factor de desempate for realmente o diferencial de pontos, Portugal deveria ter disputado a Cup, e os Australians Iconz a Bowl, mas o eventual erro da organização acaba por dar razão à Safaricom e ao seu desejo de se misturar mas não muito, e merece uma dura exposição ao World Rugby que acabou por dar o seu apoio ao torneio.

Com a passagem à Bowl Portugal teve oportunidade de defrontar o Burundi (53-0) uma estreia absoluta, o Brasil (10-5 no tempo extra) pela terceira vez na história, a os Kenya Morans (12-26).

Já o dissemos mas repetimos, o Kenya não apresentou uma selecção nacional, mas sim duas equipas, sem os seus principais jogadores, e de nível equilibrado, de acordo com as palavras do seu treinador Benjamim Ayimba nas vésperas do torneio - o que se disse depois dos resultados conhecidos, não tem qualquer valor - afirmando na mesma altura que esperava ver as duas equipas na final principal.

Isso não aconteceu, e que venceu o torneio foram os Samurai - curiosamente treinados pelo anterior treinador do Quénia, Mike Friday - que venceram na final a outra equipa queniana, os Kenya Shujaa, por 20-19.

Fique com os resultados completos do Safari 7's:

GRUPO A
Shujaa 54 Burundi 0
Western Province 50 Italy 7
Shujaa 37 Italy 0
Western Province 71 Burundi 0
Italy 50 Burundi 0
Shujaa 10 Western Province 10

GRUPO B
Saxons 36 Zambia 14
Spain 12 Brazil 5
Saxons 31 Brazil 5
Spain 41 Zambia 7
Brazil 38 Zambia 0
Saxons 12 Spain 17

GRUPO C
Samurai 33 Uganda 0
Zimbabwe 10 Morans 12
Samurai 29 Morans 12
Zimbabwe 26 Uganda 10
Morans 34 Uganda 0
Samurai 5 Zimbabwe 17

GRUPO D
Iconz 7 Wailers 40
Portugal 19 Namibia 17
Iconz 26 Namibia 24
Portugal 21 Wailers 26
Namibia 14 Wailers 15
Iconz 24 Portugal 24

Cup Quartos de final
Western Province 38 Iconz 0
Samurai 40 Saxons 7
Wailers 5 Shujaa 19
Spain 10 Zimbabwe 14

Cup Meias finais
Samurai 21 Western Province 19
Shujaa 24 Zimbabwe 0

3º/4º Lugar
Western Province 29 Zimbabwe 10

Cup Final
Samurai 20 Shujaa 19

Plate Meias finais
Spain 36 Wailers 7
Saxons 31 Iconz 5

Plate Final
Saxons 24 Spain 19

Bowl Quartos de final
Italy 7 Namibia 40
Morans 31 Zambia 0
Portugal 53 Burundi 0
Brazil 22 Uganda 21

Bowl Meias finais
Namibia 12 Morans 29
Brazil 5 Portugal 10

Bowl Final
Morans 26 Portugal 12

Shield Meias finais
Italy 5 Zambia 14
Burundi 0 Uganda 55

Shield Final
Zambia 14 Uganda 10 FT

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