5 de outubro de 2015

INGLATERRA MERGULHA NO MAR DOS SEGUNDOS PLANOS *

* Manuel Cabral
Com os jogos do fim de semana ficou praticamente definido o quadro dos quartos de final do Mundial 2015, e sem qualquer dúvida a notícia que enche primeiras páginas por todo o lado, é a eliminação da Inglaterra, o que acontece pela primeira vez à equipa da rosa e a um país organizador.

Como disse Nuno Mourão na crónica do jogo - O drop de Wilkinson, na final de 2003, precisamente na Austrália, foi finalmente vingado e de que maneira!

E se os jogadores e os técnicos ingleses tiveram um comportamento exemplar no final da partida, a verdade é que o verniz já começou a estalar internamente, e os pedidos - melhor dizendo, as exigências - de afastamento de Stuart Lancaster repetem-se e provavelmente será esse mesmo o futuro do técnico inglês, logo após a conclusão deste Mundial.


Claro que quem não esconde a sua satisfação - para além dos australianos, transformados em vedetas de Rock'n Roll - são os galeses, que não só garantiram a passagem à fase seguinte da prova, como tiveram o brinde de ver os seus eternos inimigos ficarem pelo caminho.

À Inglaterra resta a consolação de ter sido a primeira equipa a garantir a pré-qualificação para o Japão 2019, fora do grupo das oito que avançam para os quartos de final... Quem diria tal coisa ao ouvir as repetidas afirmações de superioridade inglesa a que nos habituámos ao longo dos anos.
Talvez este mergulho na realidade das equipas de segundo plano tenha um resultado positivo a médio prazo, mas para já uma coisa é certa - muita coisa vai ter que mudar no país onde o jogo nasceu...

Para encerrarmos o Grupo A, uma referência ao jogo Fiji-Uruguai, que vai decidir qual das duas equipas ocupará a última posição da tabela, embora isso não tenha qualquer importância.

No Grupo B embora matematicamente tudo ainda possa acontecer entre os três primeiros - África do Sul, Escócia e Japão - que seguem com o mesmo número de vitórias, apenas escalonados em função dos pontos de bónus, com Samoa à espreita de uma escorregadela japonesa frente aos Estados Unidos, e a uma convincente vitória sua sobre a Escócia, a verdade é que tudo indica que as posições das equipas não sofrerão alteração.
Mas a verdade é que uma vitória de Samoa sobre a Escócia, combinada com uma vitória do Japão sobre os Estados Unidos, levaria os japoneses ao segundo lugar e à saída dos escoceses do grupo dos quartos de final.
Claro, considerando que a África do Sul vence os Estados Unidos... Posso ver um sorriso bailando nos seus lábios, mas foi por causa desses sorrisinhos que os japoneses vergaram os Springboks...
Então, vamos aguardar pacientemente, pois enquanto a matemática autoriza, as equipas podem muito bem continuar a sonhar!

Já no Grupo C os All Blacks garantiram já o apuramento e só um tsunami lhes tira o primeiro lugar pois precisariam perder com Tonga no derradeiro jogo, e a Argentina teria que garantir não apenas a provável vitória sobre a Namíbia, como anular a vantagem de pontos da Nova Zelândia.
Mas se a Argentina perder com a Namíbia, isso pode levar Tonga ao apuramento, bastando para tal derrotar a Nova Zelândia com bónus ofensivo, ou anular os 86 pontos que o afastam da Argentina...
Enfim, deixando de lado os sonhos matemáticos o mais natural é que Nova Zelândia e Argentina se qualifiquem, por esta ordem, e que a Geórgia consiga ficar com o terceiro lugar que a coloca com viagem e alojamento garantido no Japão em 2019.

Finalmente no Grupo D Irlanda e França vão decidir o primeiro lugar do Grupo - o tal lugar que evita o confronto com os All Blacks nos quartos de final - enquanto à Itália basta vencer a Roménia para garantir o terceiro lugar.

Então, correndo as coisas com a chamada normalidade, o mais significativo dos resultados fora do grupo dos apurados para os quartos de final, será o afastamento de posições de acesso ao Mundial de 2019 das equipas da Oceania - Fiji, Tonga e Samoa - e do roubo desses lugares por parte da Geórgia e do Japão.
Para o Japão isso não faz diferença, pois como país organizador tinha já garantida a presença no Mundial 2019, mas a verdade é que a sua terceira posição abre mais um lugar para equipas a apurar nos confrontos regionais.
Quanto à Geórgia o seu pré-apuramento abre caminho directo para mais uma equipa europeia que pode ser a Rússia, a Espanha ou Portugal.
Mas para poder ser eventualmente beneficiado com este apuramento dos Lelos, Portugal precisa garantir primeiro que se mantém na divisão 1A da Rugby Europe...

Um último apontamento para registar que a contagem dos espectadores vai já em 1.395.072 e não se prevê qualquer quebra no ritmo de crescimento deste número, mesmo considerando que Inglaterra não estará na fase final - a esta altura todos os bilhetes estão vendidos, e se alguém quiser vender o seu vai encontrar milhares de compradores sedentos para o pedacinho de papel...


1 comentário:

Duarte disse...

Era capaz de apostar que só uma equipa europeia se apurará para a próxima RWC através do ENC. E que mais uma (ou duas) irão `as repescagens.