29 de junho de 2013

NO MUNDIAL DE SEVENS APURAMENTO CONFIRMA FAVORITOS

Concluída a fase de apuramento do Mundial de Sevens, chega-se rapidamente à conclusão de que a lógica prevaleceu na divisão das equipas pelas três competições da fase final.

Na verdade, se olharmos para o ranking IRB das Séries Mundiais, fácil é verificar que das oito primeiras, apenas uma - a 4ª classificada, Samoa - não conseguiu o apuramento para disputar a Melrose Cup, e que essa faltosa foi substituída pela equipa que se encontrava imediatamente a seguir na tabela, ocupando a 9ª posição, no caso a França.

Quanto às equipas apuradas para a Plate, além de Samoa, a tal que não conseguiu enquadramento de acordo com a posição que tem na hierarquia dos sevens mundiais, verificaram-se dois rebaixamentos.

O mais significativo foi o da Espanha, que ocupando a 15ª posição deveria ter conseguido o apuramento para a Plate, mas que se ficou pela Bowl, logo seguida de Hong Kong, que apesar de não ter participado do Circuito (apenas participou da etapa de Hong Kong...) têm andado lá perto.

Estas duas equipas foram ultrapassadas por outras, menos premiadas, mas que irão futuramente tentar roubar alguns dos lugares das equipas residentes de agora - Tonga e Zimbabwé.

Já referimos a desilusão que foram as descidas de Samoa e da Espanha, faltando apenas uma nota para falar da Rússia, que tanta luta tem dado a Portugal e que se afirma cada dia mais como um valor declarado nos sevens e na Europa.
Admito que cheguei a pensar, depois de ver a equipa jogar na sexta feira, que seria possível um melhor resultado, mas vai ter que ficar para outra ocasião...


Antes de passarmos à situação de Portugal veja o quadro dos resultados da fase de apuramento e como ficaram escalonados os jogos de amanhã, sabendo que Portugal jogará às 8,42 horas de Lisboa



Vamos então falar do apuramento de Portugal e do que a equipa fez e do que poderia ter feito.

Primeiro objetivo, e o mais importante, era garantir um lugar na Plate, afinal onde estão os seus pares e onde, para já, é o seu lugar natural, e ter conseguido isso conta muito a favor da equipa.

Para alcançar aquele objetivo prioritário havia um passo claramente definido e que era uma exigência - vencer a equipa de Hong Kong, a mais fraca das três com quem Portugal se mediria.

Depois, o que se conseguisse frente à Inglaterra ou frente à Argentina, seria um bónus, e seria especialmente importante para ajudar a estabelecer o diferencial de pontos marcados/sofridos no geral.

Ora bem sendo o primeiro jogo contra a equipa teoricamente mais forte, havia que lutar para não deixar o marcador alargar-se muito, e a equipa entrou muito bem no jogo e apenas na parte final do mesmo viu os ingleses afastarem-se um pouco, o que poderia ter consequências graves no apuramento para a Plate.

No entanto, e como já fizemos referência destacada, portugal hoje, frente a Argentina superou-se, fez uma exibição sem mácula na primeira parte e aguentou muito bem a forcing final dos Pumas Sevens, para garantir uma vitória que não sendo inédita - a nossa seleção já tinha ganho aos argentinos nos Jogos Mundiais em 2009 (confira aqui) - ainda não tinha sido conseguida num dos grandes palcos da modalidade.

E neste momento, depois daquela vitória e sobretudo daquela exibição, todos nós, público, dirigentes, jornalistas, técnicos e jogadores, pensámos que seria possível dar uma sova em Hong Kong, e chegar ao apuramento para a Cup.

Afinal, o próprio capitão de equipa tinha dito na véspera que era possível sermos campeões mundiais...

E foi por isso que a desilusão foi maior - afinal a equipa fez o que não se pensava que fosse possível, mas acabou por ser incapaz de fazer aquilo que tinha obrigação de fazer...

(A propósito convém referir que das seis equipas classificadas na segunda posição de cada grupo, as duas melhores foram a França, que foi a única que não sofreu derrota e por isso somou 8 pontos contra 7 das restantes, e as Fiji que tiveram um saldo positivo de 87 pontos, e que Portugal, mesmo perdendo apenas por três pontos com Hong Kong, teve um saldo negativo de 10 pontos - se tivese ganho, teria que ter ganho por mais de 86 pontos de diferença para ultrapassar as Fiji e se qualificar para a Melrose Cup...) 

Não vale a pena insistir neste ponto, mas não podemos deixar de referir o que temos dito ao longo do ano: a equipa não tem consistência competitiva, ora faz coisas impensáveis batendo os melhores, como tropeça em adversários que estão claramente ao seu alcance, e é natural que se exija que essa consistência vá aparecendo, para que seja possível andar um pouco mais para a frente.

Que a equipa é capaz do o fazer, está mais que provado, como alguns excelentes resultados obtidos durante o Circuito Mundial demonstram, mas a alternância entre bom e muito mau não dá qualquer hipótese de ver o respeito dos seus pares aumentar, e a sua posição no ranking mundial melhorada.

Amanhã, começamos contra outro adversário que está ao nosso alcance, e que não foi capaz de mostrar grande coisa nos jogos que realizou na fase de apuramento, vencendo o Japão por 19-17, depois de estar a vencer por 19-0, e batendo a Rússia por 21-5, mas com o primeiro ensaio a ser concedido mesmo no final da primeira parte, apesar de um avant de todo o tamanho que apenas o árbitro da partida não viu, e que funcionou um pouco como chave de abertura da defesa da equipa da casa.

Depois da desilusão que a equipa provocou hoje em todos os que a acompanham, esperemos que amanhã vençam os escoceses, chegando pelo menos às meias finais da Plate.

MUNDIAL FEMININO
Jogou-se também neste sábado a fase de apuramento do Mundial feminino e deixamos aqui o quadro completo dos resultados e a relação dos jogos dos quartos de final a disputar amanhã.



As Amazonas brasileiras apesar de não terem conseguido o apuramento para a competição principal, deram uma excelente réplica aos Estados Unidos e venceram as Fiji, apenas caindo às mãos da Espanha, que ainda é demasiado poderosa para elas...

Foto: UAR

4 comentários:

Anónimo disse...

Não foi a melhor época e não foi a pior. Alcançaram-se os objectivos mínimos: Presença no Mundial e ser core team na próxima época. Construiu-se uma equipa com talentos de grande qualidade (Miguel Lucas, V.A., Bettencourt, Vareta e Sousa Guedes) mas há coisas que não se podem esquecer.

Esta selecção mostrou uma grande instabilidade. Não se percebe como é que uma equipa é capaz de grandes jogos e também de jogos sem consistência nenhuma. Não se percebe como uma equipa com um plantel do melhor que houve nos últimos tempos (senao de sempre) varie tanto nas suas performances.

Não se percebe como é que uma equipa que joga tão bem numa primeira parte frente à Argentina segue para a segunda e nada sai certo. Não se percebe como é que uma equipa acaba a 1ª parte contra Hong Kong a ganhar por 1 ensaio, com a posse de bola e a dominar a partida, vai para a segunda e perde o jogo. É certamente falta de determinação e de estabilidade.

De qualquer das formas os objectivos foram alcançados e sobre isso só se pode dar os parabéns, mas que os jogadores percebam que podem render mais e que a qualidade desta equipa portuguesa é muito superior àquilo que que se te mostrado. São amadores e os melhores amadores do Mundo, mas isso não pode ser a desculpa porque o problema não está no dinheiro ou no tempo de treino, mas sim na mentalidade.

Anónimo disse...

Gostei deste comentário, sobretudo porque ao falar da equipa portuguesa está ipsis verbis, a falar de todas as outras co circuito. É preciso perceber que uma das espectacularidades dos Sevens é ser disputado com tempo tão reduzido. Não haverá muitas modalidades colectivas, ou possivelmente nenhuma que os jogos se decidam em 14 minutos. Por isso posso indicar muitas selecções que fazem o melhor num jogo, para logo de seguida perderem outro por um ou dois erros dum qualquer atleta. A recuperação em tempo curto é quase impossível, até porque muitas vezes um ensaio galvaniza quem o marca e cria um efeito contrario em quem o sofre. Por isso e para terminar, não há dois jogos iguais e em equipas equilibradas o aleatório predomina

Anónimo disse...

"O problema não esta no dinheiro ou tempo de treino, mas sim na mentalidade"
Nem tudo se resume ao dinheiro,é um facto e nem todas as derrotas são justificáveis por sermos uma selecção amadora, os erros nos detalhes e as falhas individuais ou colectivas resultam, tal como em qualquer desporto e em qualquer equipa, em jogos menos conseguidos.
A nossa selecção nacional de 7´s está muito distante de todas as outras que disputam o Circuito Mundial, que se dividem em 2 grupos: países que tem uma grande cultura de rugby, muitos miudos jogam o jogo desde cedo, a competição interna é grande e rica na formação de jogadores capazes (Nova Zelandia, Escócia, Australia, Inglaterra ou Fiji); países que vêem nesta variante uma porta para brilhar, que acumulam investimento e o aplicam em infraestruturas e numa politica de contratação de jogadores (Quénia, Canada, Espanha ou Rússia - que viu negada a entrada no Circuito Mundial no confronto com Portugal).
Por razões históricas estamos afastados do primeiro grupo, por falta de orçamento e planeamento longe do segundo...
A todo o staff e jogadores creio que não falta mentalidade, de maneira nenhuma, as CUP´s que este ano garantiram, as vitórias contra Inglaterra, Samoa, Africa do Sul são prova de que olham olhos nos olhos todas as equipas; a maneira digna como tombaram em todos esses quartos de final da Cup, contra Nova Zelandia, França ou Quénia, ondem foram combativos e competitivos até ao fim; a forma como se ergueram depois da penosa jornada de Gold Coast, onde com toda a equipa perderam todos os jogos, e se apresentaram no Dubai e em Port Elisabeth garantindo a Tacça Principal; e para finalizar, depois de toda uma época com altos e baixos, quer no XV quer nos 7´s, quer no campeonato nacional quer no Circuito, depois de todas as criticas e as faltas de apoio, após a etapa da Escócia onde sem treinarem nem uma vez - a final entre GDD-CDUL foi no fim de semana anterior - foram derrotados por todos, chegaram a Londres e em 6 jogos ganharam 5, qualifaram-se/nos para mais um ano entre os maiores do Mundo!

Anónimo disse...

Após o mundial de sevens grandes reviravoltas na FPR, praticamente todo novo.
Muitos nomes diferentes e de vários clubes , Belenenses ( 4 pessoas) , Tecnico (1 pessoa), GDD ( 2 pessoas).

E estamos a atravesar uma crise financeira, estas pessoas vão ter um custo mais elevado, e outras regalias.
Em breve temos os nomes finais.