6 de junho de 2013

LOBITOS NO LIMITE DO POSSÍVEL?

Uma pesada derrota frente à Itália por 61-13 marcou o encerramento da fase de apuramento do World Trophy para os Lobitos, com um terceiro lugar na bagagem que para uns é pouco e para outros é demais...

Depois do deslumbramento inicial e da derrota frente ao Chile na primeira jornada, duma vitória suada contra a Namíbia no segundo dia da prova, o jogo de hoje era encarado com grande expectativa, menos pelo sentido do resultado, e mais pela descoberta de até onde poderia ir a nossa equipa perante um adversário que pertence - gostemos ou não - a outro nível (superior) do rugby europeu.

A ideia com que ficamos, primeiro, diz-nos que Portugal foi a segunda melhor equipa deste grupo, e que o jogo com os chilenos teria um resultado diferente, fosse a ordem dos jogos alterada.

Mas também o jogo contra a Namíbia poderia ter corrido em sentido contrário, se esse jogo tivesse sido o primeiro...

O que quero dizer é que o que se passou no primeiro dia condicionou - positivamente - aquilo que se veio a passar no segundo, e isso tem pouco a ver com o adversário que tivemos pela frente em cada um daqueles jogos, e mais com a descoberta de um novo mundo, que os jovens Lobitos fizeram à sua própria custa.

E neste sentido ficou a pairar a dúvida em relação ao derradeiro jogo desta fase, não sobre quem venceria, mas como os portugueses se comportariam perante uma equipa que se sabia à partida estar uns bons degraus mais acima.

E depois de assistirmos ao jogo com os italianos, a segunda ideia que retiramos desta fase e do confronto com equipas, como já referimos, de um nível superior, é que Portugal, em geral, embora estando acima das expectativas, esteve aquém daquilo que efectivamente pode alcançar.

Mas atenção, mesmo chegando ao seu limite - o que não foi o caso - Portugal está ainda um bom bocado atrás dos transalpinos, e por comparação, com o acesso ao Junior World Championship...

Mas, perguntarão alguns, porque digo isto se conseguimos equilibrar o jogo nos avançados, chegando mesmo, a espaços, a exercer domínio nas melées, rucks e mauls?

Pois, é verdade, mas fomos suplantados nos alinhamentos e levámos um balde das linhas atrasadas italianas, num jogo em que foi óbvio qual o plano de jogo do adversário: jogar a bola, tornar a jogar e jogar ainda mais uma vez, ou em alternativa, jogar e perfurar sem dar chance de reacção...

E foi aí que Portugal esteve menos bem, na defesa individual, nas falhas de placagem, na surpresa pelas ondas sucessivas de ataque transalpino, que, em certos períodos do jogo, ou acabavam em ensaio, ou muito perto dele...

Como esteve menos bem no aproveitamento das (muitas) bolas de ataque de que dispôs, com hesitações, passes a mais, demoras na transmissão, que tiveram sistematicamente como resultado, a falta de espaço, a falta de zonas de perfuração, a perca da linha de vantagem e o recuo no terreno.

E quando Portugal insistiu no pontapé longo, obrigando a Itália a refazer os seus movimentos a partir do seu meio campo, acabou por entrar naquilo em que o adversário do dia era manifestamente mais forte - na circulação de bola, na perfuração e na continuidade...

Sempre que conseguiu transmitir a bola com rapidez, Portugal mostrou que sabe atacar - quesito em que esteve melhor no segundo tempo, talvez por um certo abrandamento defensivo dos italianos, ou por efeito da entrada de jogadores mais frescos na equipa - mas não conseguiu manter a sua eficácia nem a consistência que a este nível são essenciais, especialmente a defender, e sem as quais se paga uma amarga fatura.

A nossa equipa sabe o que anda a fazer, é sólida naquilo que tem sido uma falha constante do rugby português - nos cinco da frente - e sabe ter calma e paciência para ir desenrolando o seu fio de jogo.

Mas como não o conseguiu fazer durante todos os minutos do jogo, nomeadamente a defender como já referido, acabou por ver o resultado ampliar-se e chegar a números que podem dar uma errada ideia do valor da equipa.

Vamos agora aguardar que os Lobitos lambam as feridas e se apresentem frente a Tonga, na luta pelo quinto lugar, com mais esta lição bem aprendida, escalando mais alguns degraus da escada que os separa das melhores equipas do mundo...

Veja os quadros de resultados e da classificação, bem como os jogos finais do próximo domingo:

 

Fotos: IRB/Facebook

3 comentários:

Anónimo disse...

ainda assim conseguimos fomos os que fizemos mais pontos contra a italia (13), já o Chile(6) e a Namibia (7). podia ter corrido melhor mas fizeram uma bom jogo....não estou triste. Ja todos sabiamos que Italia e agora o Tonga nao sao equipas faceis. o unico jogo que poderia ter sido diferente era o chile. mas jogavam em casa, foi o primeiro jogo apos viagem, e isso faz toda a diferença. Não vai ser facil nos proximos anos Portugal vir a participar neste torneio, oxalá me engane....

Anónimo disse...

cada jogo é um jogo e do resultado de um jogo não se pode fazer extrapolações mas o que é certo é que a seleção sub18 perdeu com a italia este ano por uma diferença de 8 (?) pontos com um ensaio sofrido no ultimo minuto e depois de não terem entrado alguns pontapés que davam a vitória. e mereciam ter ganho!

Anónimo disse...

O que é que queres dizer com isso? Será que os SUB 18 são a equipa maravilha? O que é decisivo é perceber que quando o jogo começa ter importância e impacto internacional Portugal, apesar de estar a trabalhar bem, perde por grandes margens com as equipas do tier1.A diferença é enorme e enquanto os jogadores não competirem em jogos com equipas de nivel superior nada feito. Verás que a equipa SUB 18 vai ter muita dificuldade para se qualificar para o o JWT da próxima época. Oxalá me engane!