28 de junho de 2013

PRIMEIRO DIA DO MUNDIAL DE SEVENS SEM SURPRESAS MAS...

Não houve surpresas no primeiro dia do Mundial de Sevens que hoje começou em Moscovo, mas houve sim alguns sustos que podem significar um alinhamento das segundas figuras...

No entanto tudo está em aberto e as posições só começarão a estar definidas com os primeiros jogos da etapa de sábado, embora tudo (ou quase) só se venha a decidir nos jogos finais.

No Grupo A, Austrália e França venceram sem dificuldades a Espanha (21-0) e a Tunísia (24-7) respetivamente, e não foram forçadas a acelerar muito, poupando-se para o segundo dia da competição.
A Espanha, apesar da derrota, teve alguns bons momentos, e só pode queixar-se de si própria quanto ao volume da derrota, pois desperdiçou algumas oportunidades excelentes para marcar, e na maior parte delas acabou por fazer falta e dar a bola de mão beijada de volta para os Wallabies.
A França demonstrou claramente que vai subindo de rendimento em cada torneio, e gostei especialmente de Julien Candelon, que marcou um grande ensaio (o segundo da sua equipa).
No entanto, como sabem, apuram-se para a Melrose Cup os vencedores de cada Grupo e as duas melhores segundas classificadas no conjunto, o que vai ser decidido provavelmente no diferencial de pontos marcados/sofridos, pelo que as margens das vitórias de hoje podem não ser suficientes para disputar aqueles lugares.
A Tunísia é claramente a equipa mais fraca do Grupo e apesar da entrega  que foi recompensada com um ensaio tardio, não vai escapar à disputa da Bowl.

No Grupo B aconteceu o primeiro susto do dia, com o Japão a falhar a vitória, ou o empate, com a Escócia, por uma unha negra.
Os 19-17, com uma recuperação de 19-0, demonstram as dificuldades dos
escoceses e significam quase de certeza, que a equipa não vai conseguir o apuramento para a competição principal.
No outro jogo a Rússia, apesar de ter perdido com a África do Sul por 31-0, deixou uma boa impressão, apesar de se notar ainda uma grande influência do rugby de XV na maneira como a equipa joga.
Mas os russos conseguiram, na segunda parte, manter a posse da bola durante largos períodos, e a maneira como a fizeram circular foi bastante positiva.
Vão decerto dar dores de cabeça aos senhores que se seguem, e este Grupo é aquele que menos indicações deu sobre quem ficará na quarta posição.

Passando ao Grupo C encontramos aquele que acreditamos ser o mais difícil de todos, com três equipas de grande nível, e onde o Zimbabwé deu o segundo susto da tarde, com a vitória de Samoa por 21-14 a surgir apenas no segundo tempo, com o ensaio da vitória a decorrer de um dos múltiplos erros de ataque
dos africanos, que só por isso não chegaram mais longe.
Destaque no Zimbabwé para Jacques Leitao (com este nome não é difícil adivinhar de onde, provavelmente, vem a sua família...) que marcou o primeiro ensaio da sua equipa e do jogo, e por isso mesmo da competição.
Samoa pareceu demasiado descontraída e podia ter saído do encontro com um inesperado castigo.
No outro jogo do Grupo o Quénia não deu qualquer hipótese às Filipinas de Al Caraveli, a quem venceu por 45-5, mas no primeiro tempo os asiáticos conseguiram aguentar a pressão dos africanos, apesar de terem sofrido o primeiro ensaio antes dos 50 segundos de jogo.
Nota menos para o cartão amarelo sofrido pelo queniano Willy Ambaka, o primeiro do Mundial.
As Filipinas estarão por certo no grupo dos últimos quando chegar domingo.

No Grupo D um dos principais candidatos ao título, a Nova Zelândia bateu o Canadá por 31-12, mas o resultado acaba por ser lisonjeiro para os neozelandeses, que cometeram erros em demasia e só a espaços mostraram
aquilo de que são capazes.
Nota positiva para o mais recente elemento da equipa, Pita Ahki, um jogador que vai com certeza dar que falar muito em breve, e também para Gillies Kaka, que mostrou uma enorme facilidade na transformação dos ensaios, o que pode vir a ser vital lá mais para a frente na competição.
Quanto ao Canadá, claramente não está ao mesmo nível dos All Black Sevens, mas está com certeza acima da média das equipas presentes, e é com Zimbabwé e Quénia, candidato a um dos dois melhores segundos lugares.
No outro jogo os Estados Unidos começaram muito bem e chegaram ao intervalo a vencer a Geórgia por 26-19, graças em especial à habilidade de alguns dos seus jogadores, mas decepcionaram quem esperava mais deles como equipa, e sofreram na segunda parte 12 pontos sem resposta (ao intervalo venciam por 26-7), o que não abona muito a seu favor...

Aguardava-se com curiosidade no Grupo E, o que seria o Tonga capaz de fazer perante os seus vizinhos do Pacífico Sul, mas as Fiji não tomaram conhecimento
de nenhuma pretensão dos tonganeses, e mesmo em ritmo de treino dominaram como quiseram, venceram por 45-0 e não deram nenhuma possibilidade ao adversário de se fazer notar.
O País de Gales jogou tão descontraído como as Fiji, e também não teve qualquer dificuldade em bater por 33-5 um Uruguai muito esforçado, mas seguramente uma as equipas mais fracas da prova.
É natural que saia daqui outro candidato a um dos tais segundos lugares que dão acesso à Melrose Cup, e por isso mesmo, até ao jogo final, Fiji e Gales vão tentar somar pontos para o desempate.

No Grupo F, que nos interessa especialmente, a Inglaterra apresentou-se com muita força, e Portugal, que teve uma boa primeira parte, não foi capaz de resistir e acabou por perder por 21-7.
Portugal apresentou-se de luto, com fumo preto na manga das camisolas, em memória de José Maria Cortes, ontem falecido em circunstâncias dramáticas, e
todos se associaram àquela simples mas significativa homenagem.
No campo, deu a impressão que Portugal não quis arriscar tudo lutando por uma eventual vitória que viesse a  acabar por prejudicar a equipa na prossecução do seu principal objetivo - a classificação para a Plate - e se foi essa a ideia, não pode ser criticada.
Frederico de Sousa poupou o plantel, mas acabou por ser demasiadamente castigado ao sofrer o terceiro ensaio inglês, o que pode atrapalhar as contas finais, quando for hora de garantir que a equipa se classifica até ao quarto melhor terceiro classificado - último lugar de acesso à Plate.
A Argentina jogou e bateu sem dificuldade Hong Kong por 47-7, posicionando-se para a disputa de um dos melhores segundos lugares, partindo do princípio - não muito seguro... - que a Inglaterra vencerá o Grupo.
Mas as contas dos argentinos podem sair furadas, se Portugal jogar contra eles com a clara intenção de não perder...

Em resumo, e como dissemos no início, ainda é cedo para fazer contas finais, apenas se podendo adiantar que África do Sul e Nova Zelândia parecem fortes demais para não serem os vencedores dos respetivos Grupos, e que Tunísia, e Filipinas são demasiado fracas para conseguirem fugir ao último lugar dos seus grupos de apuramento...

Fique com o quadro dos resultados e dos jogos de amanhã, e da classificação de cada Grupo após o primeiro dia de prova:



Fotos: IRB/Martin Seras Lima

Sem comentários: