1 de julho de 2013

NOVA ZELÂNDIA ACUMULA OURO NO MUNDIAL DE SEVENS DE MOSCOVO

A Nova Zelândia venceu o Mundial de Sevens, ao bater na final a Inglaterra por 33-0, num jogo de um só sentido que confirma a superioridade dos All Blacks também no rugby de sete.

Depois de uma primeira fase disputada em velocidade de cruzeiro, podia-se pensar que na fase final os neozelandeses iriam encontrar mais dificuldades, mas a verdade é que o único adversário que conseguiu parar a equipa, foi o dilúvio que caiu em Moscovo durante o jogo da meia final contra as Fiji, e que interrompeu o jogo, alagou o campo e transformou a cobertura de relva que já era má, num verdadeiro tapete de lama...

Mas vamos por partes e falemos primeiro do troféu dos últimos.

BOWL
A Rússia venceu a Bowl, derrotando o Japão na final por 29-5, numa demonstração de rugby físico que ultrapassou muitas vezes os limites do razoável, mas que parece ser um tipo de estratégia que orienta a equipa - uma equipa com problemas técnicos, mas claramente apostada em ter uma base de grande poder físico para desenvolver as outras questões a partir daí.

Aliás  dentro da linha da Geórgia que parece apostada no mesmo esquema de ter primeiro uma estável base de poder físico, para construir a equipa a partir daí.

O futuro dirá se vão ser bem sucedidos e se saberão controlar os excessos de alguns dos seus jogadores, que podem trazer muitos problemas no futuro.

O Japão que tinha estado muito bem nos quartos de final, conseguindo mesmo o resultado mais alargado do evento e batendo as Filipinas por 50-0, ultrapassaram a primeira destas equipas (bateu a Geórgia na meia final por 24-21, com um pontapé de penalidade já depois da buzina tocar) mas não teve força para um segundo adversário de peso e, com a ajuda do estado do terreno, afundou-se completamente - recorde-se que o Japão havia já defrontado a Rússia na fase de apuramento, tendo-se registado um empate a 12 pontos.

Das equipas que disputaram a Bowl, Tunísia, Hong Kong, Filipinas e Espanha, eliminadas nos quartos de final, foram de facto as mais fracas do Mundial, e a grande desilusão foi a Espanha, que até com a Tunísia perdeu (24-26 na fase de apuramento).

Note-se ainda que Hong Kong cometeu a proeza de ser punido com dois cartões amarelos no jogo frente à Geórgia (que perdeu por 31-10), e que nos períodos em que esteve reduzido a seis jogadores sofreu 14 pontos...

PLATE
A Plate foi vencida pelo Canadá, que bateu Samoa por 19-12 na final, e que acaba por ser uma das mais bem sucedidas equipas do Mundial, tendo apenas perdido com a Nova Zelândia na fase de apuramento (31-12), e batendo todos os
restantes adversários - E.U.A. (15-14), Geórgia (26-19), Tonga (12-0), Escócia (21-7), além de Samoa.

O Canadá foi, juntamente com a Inglaterra, uma das equipas que chegaram aos jogos finais - realizando cinco encontros - apenas perdendo um jogo, e ambas frente à Nova Zelândia.

Mesmo considerando que o nível das equipas que venceram na fase final não será o mesmo, é uma boa demonstração da potencialidade dos canadianos, uma equipa a observar e ter em conta no futuro.

Samoa, a finalista vencida da Plate, desiludiu bastante e a equipa sentiu muito a falta de Paul Perez no último jogo da fase de apuramento com o Quénia (perdeu por 17-12) e foi fantástica a recuperação dele de um dia para o outro...

Com Perez, Samoa derrotou na fase final o Zimbabwé (26-17 e Perez marcou dois ensaios) e a Argentina (21-14), e sem Perez voltou a perder com o Canadá...

Se a Argentina era uma das principais candidatas à vitória na Plate, mais ficou depois da vitória folgada (28-5) sobre os Estados Unidos nos quartos de final, e o resultado de 14-0 ao intervalo do jogo frente a Samoa, parecia confirmar o seu favoritismo, mas num segundo tempo para esquecer, os argentinos deitaram tudo a perder e foram derrotados por três ensaios transformados em sete minutos apenas, e mais nenhum para a sua conta, acabando por baixo por 21-14.

O jogo que mais nos interessava começou com a equipa portuguesa esperançada em fazer uma boa carreira, mas a verdade é que foi batida sem qualquer margem para dúvidas pela Escócia por 17-0, e a sucessão de erros infantis tão grande, que apenas acabou por confirmar o que se passou durante toda a época - foram bem mais os momentos fracos que os de excelência...

O jogo teve um só sentido, ao intervalo já os escoceses venciam por 12-0, e as alterações na equipa portuguesa não tiveram nenhum efeito positivo, antes ficando o segundo tempo marcado por erros individuais em sucessão, e na incapacidade do conjunto em jogar como uma equipa...

Rafael Simões teve a sua terceira oportunidade de jogar, desta vez por quase dois minutos, o que foi mais do dobro do tempo somado das suas participações nos jogos contra a Inglaterra e Hong Kong - esperamos que ele tenha aproveitado bem a viagem a Moscovo e contamos vê-lo em futuros torneios com a camisola das quinas.

MELROSE CUP
Finalmente na Melrose Cup, a vitória dos All Blacks Sevens sobre a Inglaterra apenas confirmou a superioridade que evidenciaram durante o Circuito Mundial, e os resultados demonstraram que no presente momento não há adversário capaz de lhes fazer frente.

Os resultados das duas fases do torneio provaram a quem ainda tinha dúvidas, que o Quénia é mesmo uma das melhores equipas de sevens do Mundo, chegando às meias finais, onde foi batido pela Inglaterra, e juntando isso ao quinto lugar obtido no ranking da IRB.

Apesar de derrotado na jogo do 3º lugar pelas Fiji, o que mais se retira desse jogo é a superioridade física dos ilhéus, e a insistência em ultrapassar os limites do razoável e entrar na zona da violência excessiva...

A única diferença entre as Fiji e a Rússia e a Geórgia, é que os primeiros sabem jogar rugby, quer individualmente quer como equipa, o que torna os excessos ainda mais desprezíveis.

Pelo contrário, o Quénia faz o que faz com uma alegria e espírito que muitos deveriam seguir...

A Inglaterra teve um torneio quase perfeito, e o seu grande mal, foi ter jogado contra a Nova Zelândia...

Pelo que se viu os ingleses poderiam vencer qualquer
adversário neste fim de semana, apesar de terem sentido algumas dificuldades com o estado do terreno.

A propósito disso, fica uma referência ao facto de ter sido bem evidente no jogo da final, que havia uma enorme diferença entre a capacidade dos neozelandeses em manterem a bola nas mãos e a dos ingleses.

Claro que não explica tudo, mas o facto dos All Blacks Sevens utilizarem nas mãos, um produto para facilitar a aderência, não pode deixar de ser mencionado, e isso foi bem visível quando DJ Forbes pediu ao seu fisioterapeuta qualquer coisa e este lhe deu um pouco de um produto que Forbes se apressou a passar nas mãos.

O mais estranho é as outras equipas não terem utilizado o mesmo tipo de produto, o que é um ponto a favor do fisio da Nova Zelândia, que não deixou nada esquecido em casa...

A África do Sul sentiu o castigo aplicado ao seu capitão e não resistiu às Fiji apesar do regresso de Cecil Afrika e Branco Du Preze à equipa no princípio do segundo tempo, quando o resultado estava em 5-12 para os fijianos.

Foi preciso esperar pelo último sopro do jogo para ver a África do Sul marcar, mas Afrika não conseguiu a transformação que levaria o jogo para a morte súbita.

A França jogou de igual para igual com o Quénia, mas a entrada tardia de Albaladejo e Camelon, não conseguiu mais que garantir um empate a 19 e levar o jogo para a morte súbita, com a vitória a sorrir aos africanos...

Quanto ao País de Gales, depois de vencer as Fiji na Fase de Apuramento, tiveram a desdita de enfrentar a Nova Zelândia nos quartos de final, e ficaram assim com o destino traçado, mas tiram a coroa da cabeça com ela levantada, pois afinal só perderam para os novos campeões.

Fique com os resultados da fase final:


NOVA ZELÂNDIA VENCE TAMBÉM O MUNDIAL FEMININO
A Nova Zelândia foi a Moscovo com a firme determinação de marcar a sua completa superioridade nos sevens mundiais, e fez isso da forma mais brilhante, ao juntar os dois títulos em jogo no final de semana.

Ao vencerem o Canadá por 29-12, as Black Ferns não deixaram dúvida alguma sobre quem foi a melhor equipa do campeonato, mas as canadianas deixaram uma excelente imagem, e apesar da pesada derrota, o seu segundo ensaio foi talvez o melhor momento do jogo...

Fique com os resultados da fase final:



FORA DE JOGO
Não podemos terminar sem referir dois aspectos do que se passou durante o fim de semana e que podem ter consequências no futuro.

O primeiro deles foi o vazio das bancadas do Estádio Olímpico de Moscovo, que deu uma péssima imagem do rugby e dos sevens pelo mundo fora.

A decisão política de levar o evento para uma cidade que já tinha demonstrado anteriormente, nos torneios da FIRA, ser incapaz de atrair a atenção da sua população para a modalidade, foi um grave erro da IRB, e não foi com certeza por falta de alternativas, já que existem no mundo, pelo menos e sem pensar muito, mais de uma dúzia de lugares que encheriam facilmente um estádio com 40 ou 50 mil pessoas, para um total de mais de 100 mil no fim de semana...

Os russo gabavam-se, ante do torneio que tinham vendido 109 mil ingressos, mas não foi com toda a certeza para este evento...

As previsões mais optimistas dizem que estiveram no Estádio cerca de 10 mil pessoas, o que nos custa a acreditar - basta comparar, por exemplo, com a assistência do Algarve Sevens, estimada em cinco mil espectadores - mas mesmo que esse número se confirme, foi um total descrédito para a organização.

Não se pode pôr um evento com bancadas vazias na televisão numa centena de países - se não tem mais de 10 mil pessoas, escolham um Estádio com capacidade para oito mil e terão um espectáculo altamente apetecível em termos de imagem, mas escolher o maior Estádio da Rússia, e mostrar como são bonitas as cadeiras que lá estão, é um verdadeiro tiro no pé.

O outro aspecto negativo foi a história do piso do terreno de jogo.

Todos sabem que o Estádio Olímpico tem um piso de relva artificial, mas não se sabe bem porquê, resolveram pôr uma cobertura de relva natural sobre o piso original, que se mostrou instável e incapaz de aguentar o esforço de um torneio como o Mundial de Sevens, mas o mais grave é que nem todas (será que alguma foi?) foram avisadas da troca, e isso ficou visível na dificuldade que grande parte dos jogadores sentiram para se aguentarem de pé...

Não se entende que, havendo já normas e legislação que permitem a utilização de campos com piso de relva artificial, se tenha trocado um desses em bom estado, por uma imitação natural, ineficaz e perigosa...

EM JOGO
Enfim, e para terminar, também não posso deixar de dar os parabéns à IRB pela excelente qualidade do streaming posto à disposição, e da rapidez na actualização das informações do evento, no seu próprio site.

Neste aspecto, a IRB faz um trabalho topo de gama e bom seria que outros organizadores pusessem os olhos no que foi feio agora e durante todo o ano nos torneios do Circuito Mundial.

Fotos: IRB/Martin Seras Lima, Ludmila Bochkova 

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