6 de abril de 2015

MUNDIAL 2023 E AS IMPLICAÇÕES DE UM TORNEIO COM 24 SELEÇÕES *

* Paul Tait
A possibilidade de expandir o Campeonato do Mundo de 20 para 24 equipas foi sugerido no passado mas ganhou mais apoio recentemente depois da declaração do CEO de World Rugby, Brent Gosper.

O australiano comentou que ''com o crescimento do desporto e os novos mercados que conquistamos a discussão está focado em considerar a expansão e não a contração''.

Uma mudança radical poderia resultar em mundiais de rugby tendo mais equipas e, por isso, os países anfitriões precisarão de mais estádios para utilizar ou correm o risco de ter demasiados jogos em alguns estádios para atender às exigências.

As nações anfitriãs individualmente têm um impacto notável sobre a decisão final de quantos estádios serão utilizado para Campeonatos do Mundo diferentes.
Na Austrália 2003 havia 11 estádios, na França 2007 e Nova Zelândia 2011 houve 12 e na Inglaterra 2015 haverá 15.

Entre todos os Mundiais, aquele que teve mais sucesso de vendas foi de o de 2007 quando aos 10 estádios franceses se juntaram o Millennium Stadium de Cardiff e Murrayfield de Edimburgo para completar os 12. 
A França conseguiu vender 97% dos ingressos nos jogos na sua terra. 
Essa estatística é muito superior a todos os outros mundias de rugby realizados até hoje. 
O Escócia-Portugal, por exemplo, contou com mais espectadores na cidade de St. Etienne do que o Escócia-Romênia na cidade de Edimburgo.

O segredo foi a distribuição cuidadosa de jogos internacionais pelo país e fazendo com que cada cidade recebesse três ou quatro jogos.
Na Nova Zelândia 2011 isso mudou, com cidades incluindo Napier, Palmerston North e Whangarei recebendo apenas dois jogos cada. 
O país também foi forçado a transferir os jogos de Christchurch depois do terremoto que devastou a cidade sete meses antes do torneio.

No Inglaterra 2015 não se repetiu a politica seguida em França pelo facto das autoridades não terem conseguido a mesma liberdade de datas de utilização dos estádios que a França teve em 2007. 
Como resultado grandes cidades incluindo Birmingham, Leeds, Manchester e Newcastle vão ter oito jogos entre elas, a mesma quantidade de jogos que serão jogado no Millennium Stadium no País de Gales.

Perguntas permanecem sobre o uso do estádio galês e se o estádio terá a lotação esgotada para justificar o uso de um estádio não inglês no torneio. 
Aliás sem o Millennium Stadium a capacidade da Inglaterra sediar o evento é discutível. 
Por isso um mundial expandido poderia ser muito complicado para a Inglaterra organizar, por falta de estádios disponíveis.

Se a Inglaterra tivesse preparado um Campeonato do Mundo mais parecido com o França 2007, talvez os problemas fossem mais graves. 
Antes de organizar o Mundial, a França jogou numa variedade de estádios fora de Paris, mas a Inglaterra jogou exclusivamente em Twickenham desde que garantiu o direito de organizar o evento em 2009.

Entre os três países confirmados até agora para licitação do Campeonato do Mundo de 2023, a Irlanda poderia enfrentar um perigo considerável pelo facto que a sua seleção tem a mesma tradição que a Inglaterra tem de jogar exclusivamente num estádio só. 
Mais preocupante ainda, para a Irlanda, é a dificuldade de ter mais de doze estádios de tamanhos e condições adequados para possibilitar um torneio de 24 seleções na sua ilha.

A expansão parece ser prejudicial para a candidatura da Irlanda. 
O Mundial da FIFA de 1994, por exemplo, tinha 24 equipas que jogaram um total de 54 partidas, mais do que o número actual de 48 em Mundiais de rugby. 
A sistema de ter seis grupos de quatro foi seguido por uma rodada de Oitavos de Final, Quartos de Final, Meias Finais e Final. 
Essa estrutura será provável se o Campeonato do Mundo de rugby contar com mais equipas.

Enquanto a Irlanda iria sofrer, tanto a Itália ou a África do Sul beneficiariam por terem utilizado muitos mais estádios do que Irlanda em jogos internacionais. 

O formato iria resultar numa redução de 40 para 36 jogos na fase de grupos e oito jogos a mais na fase de mata-mata. 
A Itália ou a África do Sul seriam capazes de espalhar os jogos da fase grupal e nos Oitavos de Final antes de compactar as partidas restantes em menos cidades. 
A Irlanda, por outro lado, teria de recorrer a muito mais jogos em menos cidades.

Assim a Irlanda iria replicar o modelo de 2015 enquanto África do Sul e Itália poderiam escolher estádios com mais liberdade e ter mais acesso a eles. 
O mesmo é valido para a Argentina, um país com um recorde detalhado de jogos de rugby internacionais em todo o país. 
De facto só em 2014 Argentina jogou em mais cidades do que o total de cidades em que a Irlanda jogou em toda a sua história desde 1875.

A possível expansão de Copas do Mundo de rugby de 20 para 24 participantes não alterará a força da opção de ter o maior evento do rugby na América do Sul pela primeira vez. 

O histórico da Argentina organizar grandes eventos desportivos tem como resultado uma variedade de estádios espalhados pelo país de Nível 1, Nível 2 e Nível 3 e eles já tem sido utilizados para sediar jogos de rugby.

A África do Sul está tentando hospedar o Campeonato do Mundo pela segunda vez, enquanto a Itália estaria contra a Argentina e a Irlanda, que já sediou jogos nas Copas de 1991 e 1999, na primeira licitação e quer que a Europa organize o seu quinto Mundial. 

Conforme se descreve no vídeo que apresentamos abaixo, a Argentina tem estádios adequados para sediar um Campeonato do Mundo de rugby. 
O que, combinado com uma variedade de outros fatores, torna a opção convincente. 


Sem comentários: