29 de abril de 2015

INGLESA PREMIERSHIP VAI ACABAR COM O SISTEMA DE RELEGAÇÃO? *

* Eládio Ribeiro
A noticia que dava conta da intenção de tornar a Premiership uma espécie de campeonato fechado surgiu primeiro nos jornais ingleses em Fevereiro, quando a Premier Rugby, orgão administrativo dos clubes de topo começou a pressionar no sentido de acabar com a subida e descida de clubes.

Entre os directores da Premier Rugby existe a convicção de apenas três equipas do segundo escalão inglês, nomeadamente Bristol, Worcester e Yorkshire terem capacidade financeira e estruturas físicas e humanas para sobreviverem na Premiership, sendo que um destes três clubes será o substituto dos London Welsh que se encontram já matematicamente relegados.


Aliás alguns dos principais defensores desta ideia utilizam como exemplo os Welsh que na temporada actual somam por derrotas todos os jogos feitos nas três competições em que estiveram envolvidos (Premiership, LV Anglo-Welsh Cup e Challenge Cup) e onde apenas num jogo do campeonato doméstico fizeram um ponto bónus defensivo e no qual marcaram apenas 23 ensaios em 19 jogos e com um deficit de 680 pontos entre marcados e sofridos.

A proposta se aceite pelos membros da Premier Rugby, que inclui o orgão governante do jogo em Inglaterra, a RFU, veria a época de 2016/17 ser fechada a relegações e promoções ao estilo Super Rugby/NFL e veria a Premiership aumentar de 12 para 14 clubes.

A proposta ainda não formalizada veria os actuais onze primo-divisionários com os três clubes do Championship terem direito a competir na liga sem perigo de despromoção por pelo menos três ou eventualmente cinco anos.

Um dos principais argumentos utilizados, tanto pela Premier Rugby como sobretudo pelos Directores dos vários clubes de topo seria a possibilidade de ter maior estabilidade, logo atraindo mais investimento, quer através de patrocínios, quer através de melhores acordos com as estações de televisão, investimento o qual pode servir para melhorar infra-estruturas como estádios, que no caso de alguns clubes são alugados ou partilhados com clubes de outras modalidades.

Um outro argumento que é utilizado quer pelos defensores, quer pelos detratores desta ideia seria a de os jovens jogadores ingleses terem a possibilidade de integrarem equipas fortes, com exposição a um rugby com maior intensidade, próximo de uma realidade de Test-Match, mas que na visão de quem não gosta da ideia trata-se de um afunilamento de recursos humanos e financeiros que cristalizará os clubes de topo tornando praticamente impossível competir a médio/longo prazo com estes, tirando os melhores jovens das várias academias que não teriam como competir contra estes super clubes.

Os mesmo detratores apontam que exemplos como o do Exeter Chiefs seriam impossíveis caso este sistema estivesse a funcionar desde 2010 ano em que garantiram a subida à Premiership. 

Chiefs que no ano passado ganharam a Anglo-Welsh Cup, que se encontram nas semi-finais da Challenge Cup e são quartos na Premiership à frente de clubes como os Tigers ou Wasps que num passado recente ganharam a Premiership.

Outro dos argumentos de quem rejeita esta situação é a competitividade de ligas com sistemas de relegação e promoção, apontando o exemplo francês onde no TOP 14, no passado fim de semana apenas um resultado teve uma diferença de mais de cinco pontos, onde as últimas equipas da tabela já bateram alguns dos candidatos, ou uma equipa com estatuto de vice-campeã do ano passado luta este ano para não descer como é o caso do Castres.

Além disso estatisticamente a segunda Divisão francesa, a ProD2, é o campeonato mais competitivo da Europa com os resultados mais apertados e onde a diferença pontual é a menor entre primeiros e últimos.

Está aberta a discussão e a caixa de Pandora poderá ser aberta e a ideia recriada em outros países com eventual prejuízo ou ganho ainda por conseguir ser apurado.


Sem comentários: