21 de abril de 2015

AMADO DA SILVA AVANÇA COM ALTERAÇÕES AOS REGULAMENTOS DA FPR

A Federação Portuguesa de Rugby vai proceder à alteração do Regulamento Geral de Competições, e ao Regulamento da Divisão de Honra, como já foi anunciado publicamente na imprensa, com efeito já na próxima época.

Apesar de estarmos em ano de eleições, e de ter sido anunciada a realização de um Congresso ainda antes do final do ano, a direcção da federação avança com a sua oitava edição do RGC desde que o actual presidente tomou posse pela primeira vez, no início de 2010.


Embora os Estatutos federativos determinassem - até à aprovação de uma revisão que aconteceu em 15 de Janeiro deste ano de 2015 - que as alterações ao Regulamento da divisão principal teriam que ser aprovadas até 31 de Janeiro de cada ano para entrada em vigor na época seguinte, nem sempre isso aconteceu, como é o caso actual, em que o Regulamento em vigor para a Divisão de Honra não corresponde ao que foi aprovado em 31 de Janeiro de 2014.

Mas desta vez a FPR enviou com data de ontem, 20 de Abril, uma "proposta" de alterações para que os clubes se pronunciem sobre o seu conteúdo até à próxima sexta-feira, numa clara manobra de branqueamento, já que dada a sua complexidade e falta de documentos de apoio que expliquem o que foi alterado e porquê, esses pronunciamentos dificilmente poderão ser feitos em consciência e após análise detalhada do documento.

Simultaneamente o presidente da FPR divulgou ontem também, mas para "apreciação" exclusiva dos clubes da Divisão de Honra actuais, e para aqueles que poderão vir a integrá-la na próxima época - RC Lousã e CR Évora - um novo Regulamento da Divisão de Honra que foi já anunciado na imprensa como aprovado, para a próxima época.

Apesar de reconhecer que não é aconselhável tomar medidas estruturais a poucos meses do fim do mandato, Amado da Silva resolve assim mesmo avançar com a "proposta de alteração" para apreciação restrita dos clubes já referidos, e sem que aquelas alterações tenham em consideração o que se passa nas outras divisões nacionais, nomeadamente na 1ª Divisão, nem um conjunto de outros regulamentos que condicionam a prática da modalidade, como por exemplo o Regulamento para Clube Satélite, o regulamento do escalão sub senior, das equipas B's, dos Emergentes, das competições de Sevens, do rugby nas escolas....

Ou seja, com esta "apreciação" restrita fica aberto o precedente de que a FPR não trata dos assuntos do rugby português com uma perspectiva global, e apenas se preocupando com os interesses sectoriais e momentâneos, de grupos restritos dos seus associados.

Em flagrante confronto com a preocupação do Comité Olímpico de Portugal, recentemente divulgada publicamente e a que o Mão de Mestre deu cobertura no Facebook.

A titulo de exemplo, fica assim aberto o caminho para que - apenas com a vontade expressa dos seis primeiros classificados da futura Divisão de Honra - seja criada uma Super Seis, com acesso bloqueado às restantes equipas (sem promoção ou rebaixamento, tipo competição de franquias), e sem que elas - as restantes equipas - possam contribuir para a sua discussão ou para a votação da sua criação!

Porque se hoje apenas os 12 primeiros opinam na decisão da competição dos... 12 primeiros, é natural que amanhã, para decidir sobre a competição dos seis primeiros, apenas tenham opinião... os seis primeiros...

E esta é claramente a mensagem que a publicação de ontem e os seus termos indicam.

Mas como já foi anunciado publicamente que o sistema que Amado da Silva propõe já está aprovado, e com o desrespeito do regulamentado que foi uma constante nos anos em que Amado da Silva tem estado à frente dos destinos da FPR, fica a clara noção que o actual espectáculo, não passa de mais uma tentativa de enrolar a opinião geral, com a falsa bondade daquilo que se diz pretender.

E não se julgue que estamos a falar só por falar, já que aconteceu diversas vezes durante o mandato da Amado da Silva, serem postos em apreciação regulamentos que já estavam aprovados...

Aliás a organização de um Congresso como agora anunciado por Amado da Silva, depois de ter feito aprovar uns novos Estatutos em Janeiro e de fazer um novo Regulamento Geral de Competições e um novo Regulamento da Divisão de Honra para entrarem em vigor em 2015-2016, só pode ser brincadeira...

Mais uma palhaçada, mas em que os palhaços somos todos nós!

Claro que o que se tem passado só tem acontecido porque a grande maioria dos clubes só se preocupa com o seu próprio umbigo, esquecendo-se que sem os mais fracos, sem o desenvolvimento e o crescimento, os mais fortes acabam por ser também prejudicados, mas era aqui que se impunha uma intervenção do orgão máximo no sentido de se preocupar com o futuro do rugby em Portugal, e não apenas com o de grupos específicos em determinadas ocasiões.

Sendo que facilmente se controlam essas ocasiões, com a distribuição por uns poucos daquilo que deveria ser utilizado em prol da generalidade dos envolvidos na modalidade, fica bem claro que o futuro do nosso rugby, se aproxima de uma realidade bem negra.

Onde estão os projectos que ajudem a desenvolver o rugby pelo país, que auxiliem uma modalidade estagnada em termos de praticantes, a crescer? Onde está um projecto global das competições nacionais? Onde está um conjunto de regulamentos que tenha realmente sido fruto de um estudo e análise exaustivos e abrangentes?

Infelizmente não estão em lado nenhum, e o que temos é a promessa de um inútil Congresso e a falsa "apreciação" de dois projectos que já foram assumidos como entrando em vigor na próxima época, sendo que nada se diz para além de como será o futuro próximo dos clubes dos 12 primeiros classificados do ranking nacional - porque, para a actual equipa chefiada por Amado da Silva, o rugby em Portugal não passa de um pequeno grupo das seis equipas de Lisboa e pouco mais (para enfeitar o ramalhete) e o resto é só paisagem!

Para os interessados - que não são apenas os agora envolvidos como a FPR pretende fazer crer - aqui fica a nova forma de disputa das competições nacionais para os 12 primeiros na próxima época.

Quanto ao resto, ficamos à espera...

1 – A Divisão de Honra sofrerá um alargamento de dez para doze Clubes.
2 – A Divisão de Honra será dividida em duas Séries/Grupos – A e B.
3 – A Divisão de Honra será disputada em duas Fases com uma “barrage “entre as duas.
Assim, na primeira fase em cada Série/Grupo, os Clubes defrontam-se entre si a duas mãos.
Ao fim das dez jornadas, os Clubes ficarão escalonados do primeiro ao sexto lugar.
4 – Na segunda Fase, os Clubes serão agrupados em três Grupos de quatro - Grupo 1, Grupo 2 e Grupo 3.
O Grupo 1 disputará o título nacional, o Grupo 2 compete para integrar a Série/Grupo A no ano seguinte e o Grupo 3 discutirá a permanência na Divisão de Honra.
5 – A constituição dos Grupos obedece à seguinte metodologia :
- Grupo 1
Constituído pelo Primeiro e Segundo Clubes classificados da Fase de Apuramento da Série/ Grupo A e por outros dois a apurar na "barrage" - como resultado dos jogos a disputar, a uma mão, entre os
Clubes Primeiro e Segundo classificados da Série/Grupo B e o Quarto e o Terceiro classificados
da Série A, respectivamente, em casa dos Clubes da Série/Grupo B.
- Grupo 2
Constituído pelos Quinto e Sexto Clubes classificados da Série/Grupo A e os derrotados dos
jogos da “ barrage “
- Grupo 3
Constituído pelos quatro últimos classificados da Série/Grupo B.
6 – A segunda fase disputa-se em duas voltas (seis jogos)
7 – A classificação final, do Terceiro a Décimo segundo, ficaria assim estabelecida.
8 – O Campeão Nacional será o Clube Vencedor de uma Final, a disputar no CAR do Rugby ,
entre o Primeiro e o Segundo classificados do Grupo 1.

2 comentários:

Estevão disse...

Pelo que percebo, se fosse este modelo este ano e se Direito/Cdul são os 2 mais fortes, eles jogariam entre si 5x ao contrário das 3x que jogarão.
Mas para isso poderia se manter a mesma DH com 10 equipas fazendo a segunda fase com 4+4 para decidir quem vai a final, quem desce e quem fica no grupo A/B.
Alargando para 12 só se da mais jogos aos clubes no total e (aos mais fortes) com maior desnivelamento.
Ou seja, a meu ver este novo modelo como está aqui apresentado e o entendi, poderia ser efectuado com 10 equipas na mesma obtendo os mesmos efeitos de maior número de jogos competitivos!
A grande diferença é sem dúvida ter mais equipas com jogos mais renhidos no patamar de baixo, considerando que Lousa ganhou ao CDUP e o Évora daria uma boa réplica (ou ganharia) a Montemor/Crav por exemplo...
Concluindo, alargar para 12 traz mais vantagem aos clubes mais "fracos" com mais clubes a jogarem anualmente com CDUL/Direito/... e haver mais jogos renhidos na parte de baixo da tabela

Duarte disse...

Concordo com este modelo 6 +6. É o que mais se adequa à realidade do râguebi português, uma realidade em que, por exemplo, vários clubes da DH, semana após semana, não conseguem reunir 23 jogadores para disputarem encontros dessa divisão máxima.

Uma realidade em que dois dos clubes que estarão na DH, grupo B (CRAV e Lousã) manifestaram publicamente não estarem interessados em participar numa DH com o formato actual.

Uma coisa é a forma como os assuntos são tratados - e aí poderá haver muito a criticar - outra é o modelo de campeonato em si.

O facto de os 6 clubes do Grupo A, na próxima época, serem todos de Lisboa não é positivo para o progresso do râguebi em Portugal. Competete ao CDUP e à Académica (pelo menos estes) mostrarem, com resultados, que o seu lugar é no grupo A.