4 de maio de 2014

MEIAS FINAIS EM FRANÇA MOBILIZAM O PÚBLICO *

* Paul Tait
Teve lugar este fim de semana a última jornada do Top-14, e o Perpignan será rebaixado juntando-se assim ao Biarritz, para jogarem a próxima temporada na ProD2.

Em Inglaterra completou-se a 21ª jornada, faltando apenas uma para completar a fase de apuramento.

No Top-14 há 14 clubes, mais dois que no Aviva Premiership, e assim os integrantes do campeonato francês precisam de mais rodadas no seu campeonato.


Além disso, no Top-14 existe uma pré-eliminatória antes das meias finais. 
Os dois melhores colocados avançam directamente para as meias finais enquanto o terceiro enfrenta o sexto em casa e o quatro joga contra o quinto também em casa - o mesmo que acontece em Portugal, na Divisão de Honra e na 1ª Divisão.

Mas os dois melhores não têm outras vantagens.
Eles não recebem meias finais em casa porque em França a LNR gosta de utilizar grandes estádios pelo país fora. 
Por vezes elas são disputadas em cidades de rugby, como foi o caso em 2012 quando Toulouse recebeu as duas meias finais, mas noutras edições do Top-14, foram escolhidas grandes cidades de França para alojar as referidas meias finais.
Excepto Paris, porque o capital recebe a final.

As meias finais desta época terão lugar nos dias 16 e 17 de Maio no Stade Pierre-Mauroy em Lille. 
O estádio receberá jogos do Euro 2016 mas não tem uma equipa no Top-14 ou na ProD2. 
É bem provável que as lotações esgotem ou cheguem muito perto disso.
Como sabemos isso? A resposta vem das edições anteriores do Top-14.

As meias finais de 2013 foram no Stade de la Beaujoire em Nantes, uma cidade sem uma equipa no Top-14 ou na ProD2. 
Cada jogo recebeu mais de 36.000 espectadores.
Em 2012, Toulouse sediou as meias finais e novamente os bilhetes se venderam muito bem. 
Em 2011 os jogos foram em Marselha, com 56.000 por jogo no Stade Velodrome.

Antes de 2011 as meias finais tiveram lugar em duas cidades.
No caso de 2010, St. Etienne e Montpellier sediaram os jogos e são outros exemplos de sucesso com mais de 32.000 espectadores por jogo. 
Em 2009 Bordeaux e Lyon receberam os jogos e contaram com assistências notáveis mais uma vez. 
Em 2008, e também no mesmo ano em que a França sediou o Campeonato do Mundo, Bordeaux e Marselha sediaram as meias finais, e mais uma vez, conseguiram chamar a atenção do público.

Enquanto isso, no Aviva Premiership as meias finais nunca foram organizadas fora dos pontos tradicionais.
Assim, até hoje, os clubes que terminam em primeiro e segundo lugar organizam as meias finais.

Ou seja, enquanto grandes cidades sem equipas no Top-14 ou na ProD2 como Lille, Marselha, St. Etienne, recebem mais finais, os ingleses jogam em estádios com capacidades muito inferiores e, quase sempre, em lugares que não receberão encontros do Campeonato do Mundo.

Uma conclusão lógico é que o Top-14 é melhor organizado que o Aviva Premiership. 
Outra conclusão é que a LNR se adaptou melhor para o profissionalismo do que a Premier Rugby. 

Uma diferença fundamental entre os campeonatos é de onde os clubes vem. 
Tradicionalmente o força do rugby francês é do sudoeste e na Inglaterra o desporto tem mais popularidade no West Country.

Em termos de clubes o Sudoeste atualmente tem Bordeaux, Castres e Toulouse além de Biarritz que já caiu para a ProD2, e Bayonne que pode cair este sábado. 
Mais de 50% dos clubes da ProD2 são do sudoeste mas o campeão é de Lyon, que jogará no Top-14 de 2014-2015. 
O West Country conta com Bath, Exeter e Gloucester enquanto o desporto também é notável no East Midlands, principalmente no caso do Leicester Tigers e Northampton Saints.

Bordeaux e Toulouse são grandes cidades mas as outras não são. 
Castres tem apenas 43.000 habitantes, Bayonne 45.000 e Biarritz 27.000. 
Desde o Mundial de 2007 clubes de grandes cidades tomaram os lugares de clubes do sudoeste. 
Entrou Bordeaux, Grenoble, Racing Métro e Toulon e com isso o produto tem um perfil mais significativo em cidades maiores do que anteriormente. 
Com isso o Top-14 está conseguindo evoluir mais rápido do que os outros, incluindo o Aviva Premiership.

A tradição do Stade Français Paris levar dois ou três jogos ao Stade de France continuou e e o exemplo frutificou com muitos clubes fazendo coisas semelhantes em suas cidades ou em estádios importantes localizados perto. 
Bordeaux e Grenoble levaram vários jogos para maiores estádios, Racing Métro jogou em Nantes, Toulon em Nice e Marselha e Bayonne e Perpignan levaram partidas para Espanha.

Na Inglaterra, fora de Wembley e Twickenham isso não acontece, nunca. 
Mas a prefeitura de Grenoble está querendo que a equipa do Top-14 jogue com exclusividade no Stade des Alpes, o maior na cidade. 
No futuro, o Bordeaux só jogará no Stade Chaban Delmas e o Lyon no Stade de Gerland, estádios do Mundial de 2007 que a FFR utilizou antes do Campeonato do Mundo.

A tabela a seguir mostra o público nas meias finais dos dois campeonatos, nas últimas quatro épocas.




Foto: www.lequipe.fr/

6 comentários:

Anónimo disse...

Que caraças se passa com o Biarritz, depois de campeão nacional 2 vezes e europeu desce?

NunoA

Anónimo disse...

Quando não há refrescamento de equipa é assim...

AKR disse...

Não há dinheiro,,,e a pouca população de Biarritz também não ajuda à profissionalização apurada e investimento brutal em frotas de Kiwis e springbooks como fazem o touluse, Toulon, Clermont...
Por outro lado discute-se muito juntar o Biarritz e o Bayonne (tb no Top 14, ainda) para poderem competir a outro nível.

Anónimo disse...

AKR..

Alguns factos:
- Bayonne que dista 20 km +- de Biarritz tem 5 Sul Africanos e 4 NZ, logo como vês é possivel nesta região recrutar frotas de jogadores do hemisferio sul
- Só este contigente de 9 elementos de SA+NZ é superior ao respectivo do Toulouse e Clermont
- O mal do Biarritz é não ter uma estratégia de longo prazo, desde os escalões mais jovens até aos seniores, o que faz que não haja um natural refrescamento da equipa sénior, pois esta depende(ia) muito de ex-internacionais (franceses e nao só) todos com + de 30 anos, o Barcela, Balshaw, Yachvili, Harinordoquy, só para referir os + conhecidos. Nem o seu conhecido espirito guerreiro em casa e identificação Basca, lhes valeu este ano.
- ao invés, o Bayonne tem uma boa escola, onde inclusivé vão à final contra o Clermont. No meu ponto de vista, o que falhou na equipa principal, foi a existência de um contigente tão diversificado, uma não identificação com a região e a falta de €€€. Não fosse o Rocko, e desciam de certezinha!

Agora pf,não digas e não equipares o Toulon ao Clermont ou ao Toulouse.

O Toulon é uma equipa de mercenários, liderada por um outro arrogante que galvaniza os adeptos e incendeia discussões e que produz ZERO para o desenvolvimento do rugby francês. É uma equipa? Claramente que não.
Não fosse o Wilko e eles não teriam ganho a HCUP e não teriam o sucesso que têm até ao momento.
O presidente tinha o desejo de ser campeão europeu e de ganhar o Bouclier, gastasse o que gastasse.
Este ano, já apresentaram equipas sem qualquer francês no XV titular.

Vai perguntar ao Bardy o que ele acha do Toulon e do Boudjellal.

Agora, não compares o Toulouse e o Clermont com esses gajos. Estes dois clubes juntos fornecem mais de 60% da selecção francesa, além de tudo o que já deram ao rugby francês.

Great Duke disse...

Pessoalmente, gosto imenso de ver jogar alguns do grandes craques do Toulon (Wilko, Habana, Steyn, Roussouw, Fernandez-Lobbe...) por quem tenho um enorme respeito, mas nutro uma rande antipatia pelo clube.

Espero que os Saracens ganhem a final da HCup...

Anónimo disse...

So do I, Great Duke.
Como adepto do Toulouse, detesto aquele clube e o seu presidente.