26 de maio de 2014

CDUL E DIREITO AVANÇAM PARA QUARTA FINAL SEGUIDA *

* António Henriques
Mas alguém ainda teria dúvidas que as duas melhores e mais apetrechadas equipas portuguesas de momento iriam defrontar-se, tal como no ano passado, na final da DH?

Aliás, a sua hegemonia tem sido de tal monta que esta será a quarta final consecutiva que irão disputar entre si, não deixando nem uma migalha para a concorrência, havendo ainda que acrescentar a Supertaça 2013 e a Taça de Portugal 2014 – todas com vitórias para Direito, convém não esquecer.

Mas para quem viu os encontros de sábado – e este pobre escriba (vide Nota Pessoal no final, sff.) deve ter sido dos poucos a ter assistido a jogo e meio, com corridas desenfreadas pelo Universitário, na mata de Monsanto e arriscando várias ultrapassagens a 100 à hora por uma Lisboa repleta de espanhóis… – terá que ser dito que, apesar de ambas merecerem estar na partida decisiva, os dois triunfos foram distintos: concludente e sem espinhas o dos advogados; estranhamente tardio e por números absurdamente exagerados o dos universitários.

Posso explicar-me? Acompanhem-me, por favor.

CDUL 28-12 TÉCNICO (3-0)

A primeira meia-final teve frente a frente dois quinzes que dificilmente poderiam ser mais opostos: o Técnico alinhando com apenas um internacional (pilar Bruno Rocha) contra um CDUL que, só no banco de suplentes, apresentava quatro!
E a jovem equipa-sensação da DH caiu de pé no derradeiro jogo da época, concluindo a temporada com mais uma exibição positiva e à qual apenas terá faltado alguma frieza, experiência, peso… e um Sean Reidy a jogar, já que o excelente n.º 8 neozelandês, com o joelho preso por cordas, andou pelo relvado os 80 minutos a fazer figura de corpo presente sem placar ou efectuar uma só que fosse das suas temíveis arrancadas.
Ora tendo em vista o sufoco sofrido no 2.º tempo, no qual só dois-jogadores universitários-dois penetraram na área de 22 contrária – precisamente Nuno Penha e Costa e Tomás Aplleton, nos lances dos ensaios – já que os restantes companheiros só por lá passaram para abraçar os marcadores, a vitória dos vice-campeões nacionais foi muito mais suada que eles próprios esperariam. 
E até poderia ter sido escandalosamente ao contrário…

A favor do vento o CDUL começou muito bem e logo a bola de saída, inesperadamente para o centro do campo com todo pack a investir, deu o mote para um arranque autoritário e que obrigou os engenheiros a cometerem duas faltas só no minuto inicial, com Pedro Cabral a converter a primeira penalidade, para 3-0, aos 2’.
Mas depressa se percebeu que a equipa das Olaias vinha com a lição bem estudada, sabendo cortar as linhas de passe e os espaços à circulação de bola adversária (muito por força de contar com a pouca atenção do árbitro Tiago Gonçalves aos foras-de-jogo das suas linhas atrasadas…) e, em posse de bola, com o abertura Kane Hancy a bombardear sistematicamente a defesa do CDUL com complicados up-and-unders em vez de circular a oval.
E sem surpresa o Técnico passaria para a frente aos 18’, com dois pontapés de Duarte Marques (6-3) fruto de faltas no breakdown
Aí finalmente a equipa da casa, mesmo desinspirada e sem imaginação, tomou decididamente conta das operações. 
Mas longos segundos em cima da área de ensaio engenheira não tiveram resultados e seria o poder da sua 1.ª linha (com dois internacionais no banco!) a originar uma falta na mêlée para Cabral empatar (6-6) aos 27’.
E perto do intervalo o CDUL lá marcaria por fim o seu ensaio num lance bem urdido. 
Na sua área de 22, Carl Murray (n.º 15 será mesmo a sua melhor posição nesta equipa?) capta uma bola perseguida ao pé por três adversários após alinhamento, faz uma arrancada-slalom de 40 metros fugindo a tudo o que lhe apareceu pela frente e criando a dinâmica para, depois de 4/5 fases, surgir o pack em força com o 2.ª linha Duarte Gil a marcar, seguindo as equipas para o descanso com 11-6 para os da casa.

A favor do vento o Técnico dominou por completo a 2.ª metade do jogo, inclinando o jogo para o meio-campo rival e sabendo jogar de forma inteligente com as suas evidentes limitações, por vezes até banalizou uma equipa em que, e mais uma vez, parece “o conjunto ser inferior à soma das partes”…
Logo aos 2’ uma placagem perigosa de Hancy permitiu a Cabral alargar para 14-9. 
Mas de imediato os visitantes acamparam no meio-campo adversário e durante 20 minutos por ali se quedariam, até por que o CDUL ficaria a jogar com 14, após o pilar João Mussolo ver amarelo ao tentar arrancar a cabeça de Kane Hancy.
Duarte Marques converteu duas penalidades (14-12), falhando outras duas (escandalosa a perdida num pontapé frontal em cima dos 22, aos 64’ e que daria a reviravolta!), mas os homens das Olaias – que dominaram incrivelmente os alinhamentos graças ao soberbo Niels Egelmeer – pecavam por, em duas ou três ocasiões e com o ensaio à distância ‘de um ai’, não conseguirem materializar tanto domínio absoluto.
E como isso lhes seria penoso!
Damien Steele, que ao intervalo trocou de formação fazendo entrar Francisco Pinto de Magalhães e a meio da 2.ª parte tirou um apático Seti Filo e ainda Pedro Cabral, passando Penha e Costa da ponta esquecida para abertura, descansaria finalmente, pois as suas opções dar-lhe-iam a vitória. 
Aos 71’ Penha e Costa, por fim metido no coração do jogo, interceptou um passe longo (algo que o Técnico ainda não tinha feito na partida) só acabando entre postes (21-12); e 3 minutos depois um inteligente pontapé raso de Pinto de Magalhães para trás da adiantada defesa contrária permitiu a Tomaz Aplleton voar baixinho para os definitivos 28-12. 
E o jogo até terminaria com o Técnico, pleno de alma e garra, em cima do adversário à cata do ensaio de honra. 
Foi um justo triunfo? Apesar de tudo, sim. Exagerado? Sem qualquer dúvida…

DIREITO 33-13 BELENENSES (3-1)

O público de Monsanto, maioritariamente apoiante de Direito, assistiu a uma exibição convincente da equipa da casa que, como já nos habituou, com a aproximação do cheiro dos jogos decisivos, apura e refina os seus mecanismos, subindo a níveis inultrapassáveis a sua concentração e disponibilidade. 
E assim é muito difícil ser batida. 
Até por que lhe surgiu pela frente um Belenenses bem menos categórico e confiante do que aquele que venceu o play-off da Tapada, e que pareceu entrar já derrotado em campo.
Partida equilibrada na 1.ª parte, mas até com algum ascendente dos advogados que marcariam primeiro pelo centro Manuel Vilela concluindo bonito lance. 
Mas uma arrancada de Sebastião Cunha criou as condições para o 2.ª linha Rafael Simões empatar perto dos 20’ (7-7).
Com os quinzes sem conseguirem criar ocasiões claras de ensaio, o marcador até ao intervalo funcionaria apenas à custa de pontapés: drop de Manuel Costa, penalidade de Gonçalo Malheiro e por fim novo pontapé de Manuel Costa, levando as equipas para os balneários com 13-10 para os azuis.

Mas no 2.º tempo a mais experiente e poderosa avançada advogada – ajudada pela entrada de Adérito Esteves, que enérgico, foi causando os estragos do costume… – tomaria conta da partida, empurrando o jogo decididamente para a área dos homens do Restelo, incapazes de reagir e sair a jogar no meio-campo rival. 
E aí foi a vez de surgir a classe do eterno Gonçalo Malheiro (aqueles pés são de metrónomo…), que com uma penalidade e dois imaculados drops, materializou todo aquele domínio, virando o resultado para 19-13.
Pouco depois Francisco Borges pensou que tinha que fazer qualquer coisa… e resolveu tirar William Hafu, que realmente andou com a cabeça noutro lado durante todo o jogo. 
E nesse momento, pese embora toda a enorme entrega de Hugo Valente, que jogou por dois ou três na avançada e até intercalado nos três-quartos, era declarado oficialmente o óbito dos azuis, que pareciam já estar mais interessados em acabar depressa a refrega para irem ver a final da Champions. 
E os ensaios finais de Luis Portela e Luís Sousa, apenas alargavam os números para uma diferença consentânea com o que se viu no relvado: uma equipa pletórica de força e crença derrotou outra que, após época complicada, estava mesmo a pedir férias.

E assim pela segunda vez na sua história, CDUL e Direito vão-se defrontar, tal como no ano passado, na final do campeonato, sábado no Estádio Universitário de Lisboa. 
Os, advogados e atuais campeões, procuram o seu 10.º título, enquanto para os universitários o triunfo dar-lhes-ia o seu 19.º troféu nacional.


NOTA PESSOAL:
Quando o Super Rugby introduziu há uns anos o modelo competitivo de play-off (e não quartos-de-final, o que faz toda a diferença para outras modalidades…), meias-finais e uma final após a fase de todos-contra-todos – formato imediatamente imitado pelos campeonato inglês e francês, liga celta, e posteriormente por Espanha, Portugal, etc. – a intenção foi a de dar maior visibilidade ao râguebi junto do grande público, aliando na fase decisiva da prova, mais jogos, espetáculo, emotividade e incerteza, novos patrocinadores e ampla cobertura televisiva.

Ora, apesar da rapidez com que geralmente nos aprestamos a copiar tudo o que vem lá de fora (tenhamos ou não dimensão para tal…), continuamos no râguebi português, a meter os pés pelas mãos, ficando-nos sempre a ‘meio caminho’ do que presidiu a uma bela ideia, acabando por arruiná-la.

Televisão na final ainda se vai arranjando, mas será mesmo impossível dignificar as ‘meias’ que qualificam para essa mesma final, transmitindo-as como se faz em todo o mundo civilizado? 

Face à atual conjuntura, se calhar seria mesmo complicado (haveria que tentar…), mas o que aconteceu este sábado – agendar as duas meias-finais com tão-só uma hora de intervalo, para as 17.00 e 18.00 do mesmo dia e na mesma cidade – só realmente neste cantinho à beira-mar plantado. 
Foi um desrespeito e uma falta de consideração para quem ama esta modalidade. E se não somos assim tantos, com decisões destas seremos cada vez menos.

12 comentários:

Anónimo disse...

Meus caros

É tão bonito saber perder como saber ganhar, sejam honestos Técnico e Belenenses foram uns dignos vencidos, direito e cdul uns justos vencedores agora existem factos e terei que dizer que seria quase que escandaloso que não fossem estas as equipas a disputar a final, ambas conseguem colocar 2 quinzes em campo sem grandes diferenças enquanto os outros semi finalistas tem cerca de 17 , 18 jogadores preparados para estes jogos, para já não falar da quantidade de internacionais de cada equipa, e atenção que a equipa de Direito com Vasco, pipas, pipoca, aderito, malheiro, palha, miguel leai, está a ficar cada vez mais velha tem miudos de qualidade mas não é a mesma coisa.

Anónimo disse...

Mais um campeonato para o GDD.
Incrivel de facto as horas das 1/2 finais, mas a culpa não é do Sr. Silva, mas sim dos clubes.

Anónimo disse...

Bom dia,

Os boletiins ainda existem? Era uma grande ajuda para ir estando a par dos planteis de cada equipe.

por exemplo é possivel saber os 23 jogadores das equipas que jogaram as meias finais?

muito obrigado,
André Matos

Anónimo disse...

ensaio de luis portela e n vasco uva

Manuel Cabral disse...

Tem razão, tratou-se de um lapso já corrigido. Do mesmo pedimos desculpa.

Anónimo disse...

Boa tarde Manel


Grande Final :

Vitoria do Direito, arbitro e auxiliares :
Paulo Duarte auxiliado por :
Filipa e Guilherme

vamos encher o Estádio

Anónimo disse...

Meu Caro, ha quanto tempo estão esses jogadores a ficar velhos, ditos por vossas exelencias? ano apôs ano o direito é uma equipa acabada e cheia de velhos e no entanto mais uma final para os velhos de Monsanto.
o Direito esta a fazer o que mais nenhuma equipa nacional faz, um mix de "velhos" com jovens c muito potencial, a ganhar experiência época apôs época.
venha sabado!

Anónimo disse...

Já agora, alguém sabe quando sairá o castigo do jogador que foi expulso na final da taça? É que já passaram 5 semanas!!!!!!!! O que se passa?

Joaquim Ferreira disse...

O Técnico domina a 2ª parte mas nao marca pontos e leva com mais 14? não foi lá grande o dominio...

O Belenenses não fez assim uma primeira parte tão boa. O Direito foi sempre a equipa mais esclarecida. O Belenenses inventou bastante - bolas perdidas de passes para o nada, passes muito em cima, touches confusas que até os jogadores pareciam perdidos, não pareciam ter um modelo de jogo. O que aconteceu foi que na 1ª parte jogaram a favor do vento. Depois mudaram de campo,não tinham banco e o direito aproveitou bem o vento a favor. Mas o Direito também teve várias falhas e não me pareceu uma equipa super. Não vi o CDUL jogar mas espera-se uma final fraca com esta qualidade

Anónimo disse...

A suspensão do vasco fragoso Mendes já saiu, e foi apenas de 5 semanas estando disponível para jogar a meia final passada e a final do próximo sábado.

Anónimo disse...

é pena a final não ser no en. o eul é porreiro, a maioria de nós andou por lá muitos anos, mas aquela pista de atletismo tira-lhe proximidade e rugby spirit. fica tudo muito longe. mais valia jogar no sergio conceição. era uma maneira de a final ficar centrada no país e assim ser vista por mais pessoas, de ajudar ao pib local e de podermos ter o jogo no melhor campo que temos para jogar e ver rugby.

Anónimo disse...

anónimo das 18:40, concordo em absoluto com o sue comentario, qt às equipas, podem vir com as conversas do costume que o direito ganhas as finais e que se transcende etc etc, mas o CDUL é muito superior e nesta final não vai cometer os mesmos erros, pel primeira vez vai jogar com a equipa completa e o final sera seguramente diferente das finais anteriores