28 de setembro de 2012

CAMPEONATO COM NOVO FIGURINO EM ÉPOCA DE CRISE *


É já amanhã que arranca oficialmente a época 2012/13 com a disputa da jornada inaugural da Divisão de Honra, agora engordada para 10 equipas. 

Esta 55.ª edição do campeonato nacional traz significativas alterações no modelo competitivo que, à partida, parecem ser interessantes. Mas só a prática o poderá vir a demonstrar. 

Agora um facto é inegável: olhando para os plantéis das equipas percebe-se que também a crise chegou ao râguebi português. 
Mas poderia ser de outro modo?    
            

Numa temporada intensa e fundamental para o desenvolvimento futuro da modalidade no nosso país – início da 1.ª volta da Taça Europeia das Nações 2012/14, essencial no apuramento para o Mundial 2015, digressão sul-americana em novembro dos Lobos e ainda a seleção de sevens com estatuto de equipa residente no circuito da IRB e, em final de junho, a participar no Mundial de Moscovo – a FPR decidiu alterar o número de participantes bem como o modelo competitivo de disputa da DH.

Assim, a prova decorrerá praticamente sem interrupções até 7 de abril, data da realização da 20.ª e última jornada da fase inicial, à qual se seguirá um play-off no qual estarão os seis mais bem classificados, à la Super Rugby.    
As equipas – mesmo pontuando para a mesma tabela – são divididas em dois grupos (um terá as cinco primeiras da época passada e o outro as restantes), com a condicionante dos participantes de um grupo defrontarem um rival do outro grupo nos fins-de-semana em que haverá jogos internacionais de XV ou sevens (cinco jogos por jornada) e nos outros casos defrontam-se dentro do seu grupo (quatro jogos por ronda e uma equipa isenta em cada grupo). Confuso? É compreensível, mas tal como a coca-cola, primeiro estranha-se mas rapidamente se entranha. Digo eu…

Também por imposição da FPR, os jogadores convocados para as etapas do circuito da IRB de sevens não poderão alinhar nos dois fins-de-semana anteriores ao torneio e no fim-de-semana seguinte. E esta determinação vai fazer toda a diferença para as equipas com maior envolvimento dos seus elementos (Belenenses, CDUL, Direito…), pois em princípio estes só poderão alinhar em três ou quatro das 20 jornadas!

Outra alteração prende-se com a atribuição do ponto de bónus atacante que, à semelhança, do que é prática no Top 14 gaulês, passa a ser atribuído à equipa que marca quatro ensaios, mas só desde que a diferença para o número de ensaios conseguidos pelo adversário seja de três. Na prática, uma equipa derrotada deixa de somar bónus em qualquer circunstância e obriga o XV vencedor a estar muito atento, e sempre em guarda, pois de um momento para outro pode perder o bónus alcançado, mesmo que tenha marcado cinco ou mais ensaios. 

AS BANDAS
O campeão nacional CDUL (agora treinado por Manuel Sommer, que ascendeu de n.º 2 a n.º 1) parte na pole position dos favoritos e apesar das muitas deserções (João Júnior, Veltioven Tavares, Appleton, David dos Reis, Frederico Melim, Mike Dias, Justin Pakes, etc.) e da entrada apenas do n.º 8 tonguiano Feti Filo e do regresso do pilar Carlos Gomes, continua a ter o plantel mais apetrechado, consistente… e que ainda não estará fechado. Mas o objetivo também não é pequeno: vencer as quatro provas que disputará, incluindo a Taça Ibérica, que parece ir regressar. Pelo menos essa é a intenção dos universitários e do Quesos Entrepinares, o titular espanhol…

A vice-campeã Agronomia (dirigida pelo australiano Murray Cox, ex-Lousã) apresentar-se-á sem Jacques le Roux (foi para o Coventry de Inglaterra), José Lima (Narbonne) e ainda, por motivos escolares e profissionais, Manuel Dentinho, Bernardo Campelo, Tomás Gonçalves, Bernardo Marques e Santiago Louro, para lá das demoradas recuperações dos lesionados Francisco Mira e Rodrigo Aguiar. E nem a chegada de Fernando Almeida (ex-V. Setúbal) evitará que, em termos de experiência e qualidade, este leque de jogadores da Tapada seja o mais fraco da última década. E convinha pôr umas velinhas pela estado físico do capitão-maestro-e-tudo Duarte Cardoso Pinto.

Direito (comandado pela dupla Martim Aguiar e Eduardo Acosta, que arrumou as botas como jogador) estará na luta para tentar recuperar o título nacional com alguns “velhos guerreiros” a voltarem da reforma mas sem os relevantes Gonçalo Uva (Narbonne) e José Pinto, que será rendido, como n.º 9, pelo novel internacional Manuel Raposo (ex-polícia de Pretória).

A Académica será treinada por Carlos Polónio e Joaquim Namorado e do largo lote de estrangeiros da época passada só sobra o 3.ª linha sul-africano Gere Maree. Mantêm-se ainda todos os habituais titulares dos últimos anos numa equipa a que será feito apelo a muitos ex e atuais sub-21. Tal como aliás vai acontecer com todos os seus rivais. A questão é saber, com o adiantado da temporada, o que irá acontecer à verdadeiramente dita competição dos sub-21….

O Belenenses foi, justamente, incluído no grupo dos “cinco melhores” e terá a novidade de ter ao leme Ricardo Sequeira, pela primeira vez fora do seu “aconchego” da Tapada da Ajuda. Com cinco jogadores indisponíveis por estarem envolvidos na seleção de sevens, sem Hugo Valente (foi trabalhar para Moçambique) e com Pedro Silva, Diogo Mateus e Sebastião Cunha a recuperarem de lesões – ausências atenuadas (?) pelo regresso de Valter Jorge e a vinda de Frederico Melim (ex-CDUL) – o Belém terá apenas meia dúzia de jogadores acima dos 23 anos. E tanta inexperiência vai traduzir-se num tom demasiado azul-bebé que não deverá deixar os seus adeptos dormirem descansados.

O CDUP vai ser dirigido por Marcelo d’Orey (um grande abraço de boas-vindas ao enorme Marcelão, que tantas e tantas vezes me fez vibrar no relvado – ainda hoje recordo aquele jogo em Praga onde “arrumou” o excelente e chato Machacek, meio caminho para o triunfo sacado a ferros e à força dos ensaios do Rohan… – e com o qual também muito barafustei) e João Pedro Varela. Sem o “eterno“ Jorge Kostesky, mas reforçado com muito e bom sangue jovem, passar na Lousada vai continuar a ser um bico de obra.

O Benfica, que esteve perto de encerrar as portas da mais antiga das suas modalidades extra-futebol (com 85 anos de existência!) acabou por apelar a José Mendes Silva, o técnico que, em 2001, lhe deu o derradeiro título (único nos últimos 20 anos!) para salvar o clube. Antigo jogador e treinador do clube por várias vezes, com palmarés único de vencedor de três Taças Ibéricas (ao serviço de Benfica, Direito e Agronomia), está assim de regresso após cinco anos por outras paragens e confessa ser este o “maior desafio” da sua vida de râguebi. A equipa, sem qualquer estrangeiro (ao contrário do que aconteceu em épocas anteriores, em que recebia “palettes” deles – e sem ponta de qualidade), é demasiado “verdinha”, cor estranha naquelas bandas, para fazer algo de transcendente. Adquirir um bom índice competitivo parece ser o seu único objetivo.

O Técnico, um dos clássicos do râguebi nacional que se salvou da descida pelo alargamento e está em plena fase de renovação diretiva (aleluia!), encontrou uma solução alternativa até à chegada próxima de jogadores-treinadores vindos da Nova Zelândia. Assim, a sua jovem equipa vem sendo, por agora, dirigida por quase uma mêlée de treinadores: os capitães Bernardo d’Eça, António Paramés e Carlos Lopes, apoiados pelos técnicos dos escalões jovens Luís Cavaco e João Magalhães.  

Os novos primodivisionários, Cascais (João Bettencourt ao leme) e CRAV (mantém-se Nuno Vaz a liderar), com as naturais dificuldades, vão ter uma palavra a dizer na fuga à despromoção. Com equipas algo inexperientes – os minhotos serão reforçados por dois argentinos e um asa ex-El Salvador de Valladolid de bom nível – podem aqui e ali causar surpresas, sempre bem vindas numa modalidade onde elas pouco abundam. 

Nesta jornada inaugural, amanhã Agronomia recebe Direito na Tapada, o CDUL vai a Taveiro defrontar a Académica e o Benfica joga com o CDUP na Sobreda. A ronda conclui-se domingo com o Cascais-CRAV, na Tapada (campo B), já que o relvado da Guia se encontra em renovação.
Belenenses e Técnico começam a ver os outros jogar, pois serão os primeiros a folgar.

* TEXTO: António Henriques

8 comentários:

Anónimo disse...

Vamos Pretos!!

Anónimo disse...

Na Agronomia também está de baixa o João C. Pinto (peroneo partido há 5 meses!)

Vir disse...

Muito bom!
Bom inicio de época ao Rugby português!
Cumprimentos desde o Brasil!

Vir disse...

Muito bom!
Bom inicio de época ao Rugby português!
Cumprimentos desde o Brasil!

Anónimo disse...

os sub 21 terão um estudo de principio de epoca como este?
cumprimentos?

Anónimo disse...

ex nº 8 do Benfica foi um dos melhores do campeonato do ano passado ... só nao viu quem não quiz !!!

Anónimo disse...

Pena que agronomia comecem a época com tantos lesionados

Anónimo disse...

Vamos Cdup! Há Rugby no Porto!!!