É já amanhã que
arranca oficialmente a época 2012/13 com a disputa da jornada inaugural da
Divisão de Honra, agora engordada para 10 equipas.
Esta 55.ª edição do
campeonato nacional traz significativas alterações no modelo competitivo que, à
partida, parecem ser interessantes. Mas só a prática o poderá vir a demonstrar.
Agora um facto é inegável: olhando para os plantéis das equipas percebe-se que
também a crise chegou ao râguebi português.
Numa temporada intensa e fundamental para o
desenvolvimento futuro da modalidade no nosso país – início da 1.ª volta da
Taça Europeia das Nações 2012/14, essencial no apuramento para o Mundial 2015,
digressão sul-americana em novembro dos Lobos e ainda a seleção de sevens com
estatuto de equipa residente no circuito da IRB e, em final de junho, a
participar no Mundial de Moscovo – a FPR decidiu alterar o número de
participantes bem como o modelo competitivo de disputa da DH.
Assim, a prova decorrerá praticamente sem interrupções
até 7 de abril, data da realização da 20.ª e última jornada da fase inicial, à
qual se seguirá um play-off no qual
estarão os seis mais bem classificados, à
la Super Rugby.
As equipas – mesmo pontuando para a mesma tabela – são
divididas em dois grupos (um terá as cinco primeiras da época passada e o outro
as restantes), com a condicionante dos participantes de um grupo defrontarem um
rival do outro grupo nos fins-de-semana em que haverá jogos internacionais de
XV ou sevens (cinco jogos por jornada) e nos outros casos defrontam-se dentro
do seu grupo (quatro jogos por ronda e uma equipa isenta em cada grupo).
Confuso? É compreensível, mas tal como a coca-cola, primeiro estranha-se mas
rapidamente se entranha. Digo eu…
Também por imposição da FPR, os jogadores convocados
para as etapas do circuito da IRB de sevens não poderão alinhar nos dois
fins-de-semana anteriores ao torneio e no fim-de-semana seguinte. E esta
determinação vai fazer toda a diferença para as equipas com maior envolvimento
dos seus elementos (Belenenses, CDUL, Direito…), pois em princípio estes só
poderão alinhar em três ou quatro das 20 jornadas!
Outra alteração prende-se com a atribuição do ponto de
bónus atacante que, à semelhança, do que é prática no Top 14 gaulês, passa a
ser atribuído à equipa que marca quatro ensaios, mas só desde que a diferença
para o número de ensaios conseguidos pelo adversário seja de três. Na prática,
uma equipa derrotada deixa de somar bónus em qualquer circunstância e obriga o
XV vencedor a estar muito atento, e sempre em guarda, pois de um momento para
outro pode perder o bónus alcançado, mesmo que tenha marcado cinco ou mais
ensaios.
AS BANDAS
O campeão nacional CDUL (agora treinado por Manuel
Sommer, que ascendeu de n.º 2 a n.º 1) parte na pole position dos favoritos e apesar das muitas deserções (João
Júnior, Veltioven Tavares, Appleton, David dos Reis, Frederico Melim, Mike
Dias, Justin Pakes, etc.) e da entrada apenas do n.º 8 tonguiano Feti Filo e do
regresso do pilar Carlos Gomes, continua a ter o plantel mais apetrechado,
consistente… e que ainda não estará fechado. Mas o objetivo também não é
pequeno: vencer as quatro provas que disputará, incluindo a Taça Ibérica, que
parece ir regressar. Pelo menos essa é a intenção dos universitários e do
Quesos Entrepinares, o titular espanhol…
A vice-campeã Agronomia (dirigida pelo australiano
Murray Cox, ex-Lousã) apresentar-se-á sem Jacques le Roux (foi para o Coventry
de Inglaterra), José Lima (Narbonne) e ainda, por motivos escolares e
profissionais, Manuel Dentinho, Bernardo Campelo, Tomás Gonçalves, Bernardo
Marques e Santiago Louro, para lá das demoradas recuperações dos lesionados
Francisco Mira e Rodrigo Aguiar. E nem a chegada de Fernando Almeida (ex-V.
Setúbal) evitará que, em termos de experiência e qualidade, este leque de
jogadores da Tapada seja o mais fraco da última década. E convinha pôr umas
velinhas pela estado físico do capitão-maestro-e-tudo Duarte Cardoso Pinto.
Direito (comandado pela dupla Martim Aguiar e Eduardo
Acosta, que arrumou as botas como jogador) estará na luta para tentar recuperar
o título nacional com alguns “velhos guerreiros” a voltarem da reforma mas sem
os relevantes Gonçalo Uva (Narbonne) e José Pinto, que será rendido, como n.º
9, pelo novel internacional Manuel Raposo (ex-polícia de Pretória).
A Académica será treinada por Carlos Polónio e Joaquim
Namorado e do largo lote de estrangeiros da época passada só sobra o 3.ª linha
sul-africano Gere Maree. Mantêm-se ainda todos os habituais titulares dos
últimos anos numa equipa a que será feito apelo a muitos ex e atuais sub-21.
Tal como aliás vai acontecer com todos os seus rivais. A questão é saber, com o
adiantado da temporada, o que irá acontecer à verdadeiramente dita competição
dos sub-21….
O Belenenses foi, justamente, incluído no grupo dos
“cinco melhores” e terá a novidade de ter ao leme Ricardo Sequeira, pela
primeira vez fora do seu “aconchego” da Tapada da Ajuda. Com cinco jogadores
indisponíveis por estarem envolvidos na seleção de sevens, sem Hugo Valente
(foi trabalhar para Moçambique) e com Pedro Silva, Diogo Mateus e Sebastião
Cunha a recuperarem de lesões – ausências atenuadas (?) pelo regresso de Valter
Jorge e a vinda de Frederico Melim (ex-CDUL) – o Belém terá apenas meia dúzia
de jogadores acima dos 23 anos. E tanta inexperiência vai traduzir-se num tom demasiado
azul-bebé que não deverá deixar os seus adeptos dormirem descansados.
O CDUP vai ser dirigido por Marcelo d’Orey (um grande
abraço de boas-vindas ao enorme Marcelão, que tantas e tantas vezes me fez
vibrar no relvado – ainda hoje recordo aquele jogo em Praga onde “arrumou” o
excelente e chato Machacek, meio caminho para o triunfo sacado a ferros e à
força dos ensaios do Rohan… – e com o qual também muito barafustei) e João
Pedro Varela. Sem o “eterno“ Jorge Kostesky, mas reforçado com muito e bom sangue
jovem, passar na Lousada vai continuar a ser um bico de obra.
O Benfica, que esteve perto de encerrar as portas da
mais antiga das suas modalidades extra-futebol (com 85 anos de existência!) acabou
por apelar a José Mendes Silva, o técnico que, em 2001, lhe
deu o derradeiro título (único nos últimos 20 anos!) para salvar o clube. Antigo
jogador e treinador do clube por várias vezes, com palmarés único de vencedor
de três Taças Ibéricas (ao serviço de Benfica, Direito e Agronomia), está assim
de regresso após cinco anos por outras paragens e confessa ser este o “maior
desafio” da sua vida de râguebi. A equipa, sem qualquer estrangeiro (ao contrário do
que aconteceu em épocas anteriores, em que recebia “palettes” deles – e sem
ponta de qualidade), é demasiado “verdinha”, cor estranha naquelas bandas, para
fazer algo de transcendente. Adquirir um bom índice competitivo parece ser o
seu único objetivo.
O Técnico, um dos clássicos do râguebi nacional que se
salvou da descida pelo alargamento e está em plena fase de renovação diretiva
(aleluia!), encontrou uma solução alternativa até à chegada próxima de
jogadores-treinadores vindos da Nova Zelândia. Assim, a sua jovem equipa vem
sendo, por agora, dirigida por quase uma mêlée
de treinadores: os capitães Bernardo d’Eça, António Paramés e Carlos Lopes,
apoiados pelos técnicos dos escalões jovens Luís Cavaco e João Magalhães.
Os novos primodivisionários, Cascais (João Bettencourt
ao leme) e CRAV (mantém-se Nuno Vaz a liderar), com as naturais dificuldades,
vão ter uma palavra a dizer na fuga à despromoção. Com equipas algo
inexperientes – os minhotos serão reforçados por dois argentinos e um asa ex-El
Salvador de Valladolid de bom nível – podem aqui e ali causar surpresas, sempre
bem vindas numa modalidade onde elas pouco abundam.
Nesta jornada inaugural, amanhã Agronomia recebe
Direito na Tapada, o CDUL vai a Taveiro defrontar a Académica e o Benfica joga
com o CDUP na Sobreda. A ronda conclui-se domingo com o Cascais-CRAV, na Tapada
(campo B), já que o relvado da Guia se encontra em renovação.
Belenenses e Técnico começam a ver os outros jogar, pois
serão os primeiros a folgar.
* TEXTO: António
Henriques
Fotos: António Simões dos Santos e CRAV
8 comentários:
Vamos Pretos!!
Na Agronomia também está de baixa o João C. Pinto (peroneo partido há 5 meses!)
Muito bom!
Bom inicio de época ao Rugby português!
Cumprimentos desde o Brasil!
Muito bom!
Bom inicio de época ao Rugby português!
Cumprimentos desde o Brasil!
os sub 21 terão um estudo de principio de epoca como este?
cumprimentos?
ex nº 8 do Benfica foi um dos melhores do campeonato do ano passado ... só nao viu quem não quiz !!!
Pena que agronomia comecem a época com tantos lesionados
Vamos Cdup! Há Rugby no Porto!!!
Enviar um comentário