18 de março de 2014

SEGUNDONA AO RUBRO NA ZONA NORTE/CENTRO*

*José Silva
Num fim de semana repleto de emoções no Rugby Internacional, com a jornada final do 6 Nações, com a despedida, em grande, do Brian O’Driscoll dos relvados, com a definição de mais dois lugares no mundial de 2015 via ENC, com a despedida da Seleção Nacional, pela porta pequena do ENC, com uma derrota no duelo Ibérico, por cá, na Segundona também havia muitos motivos de interesse com o jogo entre Famalicão e Bairrada.

Em Famalicão o clube local venceu e relança a luta pelo segundo lugar, visto o lugar do topo já estar entregue a um Guimarães que venceu facilmente o Braga.



Na vila de Famalicão os comandados de Pedro Campos Costa receberam o Bairrada que têm vindo a efetuar uma prova de muito bom nível e que lhes dava a vantagem perante o Famalicão por via da vitória caseira da jornada 4, pelo que teriam de ganhar para não ficar de fora do comboio.
O Famalicão, após a brilhante época do ano passado assumiu-se desde cedo como candidato ao tútulo, mas tem sido prejudicado por muitas lesões e alguns resultados menos bons.
No jogo anterior foram “cilindrados” pelos Garranos – numa equipa muito reforçada pelos jogadores do CRAV “A”.
Os Homens de Rui Rodrigues e Furio Cinti tentavam ganhar o jogo o que praticamente lhes daria o acesso a uma meia-final, tem apresentado um misto de veterania e muita juventude, numa combinação que tão bons resultados têm criado.
Trabalha-se bem para os lados de Anadia…não conseguiram vencer o jogo mas estão totalmente dentro da corrida para a Final Four.
O jogo em si foi emotivo conforme nos relata Pedro Campos Costa os treinadores das duas equipas, e, numa colaboração que salientamos, Marcello d'Orey, um dos Lobos de 2007, e treinador já com créditos firmes no rugby da região Norte;

“Que jogo… Que jogo mesmo…
Infelizmente e dando continuidade ao que se tem passado no CRF está época, está a sobrecarregar os hospitais, pois neste momento são 13 os lesionados e mais 2 neste jogo (nos avançados, Diogo Reis, Francisco Fontes, Frederico Azinhais Rosa, Hélder Couto, Micael Guimarães, Ricardo Ribeiro e Sérgio Laranja e nos 3/4 Edmundo Pinto da Costa, João Abreu Lima, Luis Moutinho, Manuel Mamede, Manuel Vasconcelos, Pedro Vareta, Pedro Vieira e Telmo Costa), grande parte destes jogadores, habituais titulares, o que nos tem obrigado a adaptar jogadores em posições em que as rotinas são nulas, em já alguns anos como treinador, nunca tinha tido uma época com tantos e seguidos “azares”, objectivo numero 1 neste momento é recuperar o máximo destes jogadores para o jogo contra o GRUFC com vista a preparação para uma meia final que trabalhamos semana após semana para alcançar, a ver vamos…
Quanto ao jogo propriamente dito, esquecendo estas lesões acima referidas, repito, QUE JOGO, tenho a certeza que o muito publico presente em Vila Nova de Famalicão, saiu com um sorriso depois de ter visto duas equipas que tudo deram dentro de campo respeitando-se mesmo sabendo que o jogo valia o que valia, o Rugby é único, como o post que em anexo envio pode comprovar e em que o contrario também aconteceu, já para não falar que no fim do jogo as duas equipas aplaudiram durante minutos o muito publico presente agradecendo o apoio dado durante o jogo.
Acho que também posso dizer que as duas equipas técnicas saíram dos 80 minutos satisfeitas, pois pela parte da Bairrada, com uma equipa de “miúdos” técnica e tacticamente evoluídos deram trabalho ao Famalicão, nunca baixando os braços, grande trabalho que se está a fazer naquele clube, o futuro é certo para o Bairrada, pois as bases e a continuidade estão garantidas. 
Da minha parte enquanto treinador do CRF, 200% satisfeito, pois tirando um erro que dá o ensaio ao Bairrada, fomos intransponíveis, defendendo tudo o que havia para defender, marcando uma posição durante os 80 minutos, pautando o jogo, para mim, por aquele que seria o MVP do jogo, o formação do CRF, Bernardo Vasquez, mas será injusto não referir todos os restantes jogadores, pois nenhum jogador teve um dia não, todos eles suaram a camisola como há muito não se via, divertindo-se e cumprindo religiosamente “o plano” para este jogo contra o Bairrada definido, por fim, referir, que tenho pena que os jogadores do CRF não tenham conquistado o ponto bónus, pois após visualização do jogo, estiveram muito perto de marcar por diversas vezes, a vitoria é vossa, dos 15, dos 4 que entraram, dos 4 que não entraram, dos não convocados e dos lesionados, pois mereceram este resultado, o vosso trabalho nos treinos tem sido dedicado e sério.
Arbitragem, não irei falar dela, pois a FPR, e bem, enviou um delegado para analisar esse departamento, finalmente vê se algum trabalho por parte da FPR nesse sentido, que com continuidade trará muitos “frutos” e melhorias significativas ao jogo em si.
Parabéns a todos jogadores que tiveram naquele campo, pois na minha opinião deram ESPECTÁCULO, e um muito obrigado a todo o publico presente, sem vocês não conseguíamos.”

e reações da Bairrada;

"Entramos bem na partida, confiantes e disciplinados na nossa organização do contra-ataque, já que prevíamos um Famalicão muito tático através do jogo ao pé consistente dos seus médios. 
Mesmo assim, um pouco contra a corrente do jogo o Famalicão acabaria por marcar o 1º ensaio através de Maul e pouco depois marcariam o 2º com uma irregularidade evidente no alinhamento visto que o recetor da bola não recebeu a mesma a 5 metros. 
Tentamos produzir um jogo dinâmico e vivo que traduziu-se em apenas um ensaio, visto que em momentos fundamentais não tomamos as melhores opções no jogo ao largo e jogo ao pé. 
Ao intervalo 20-13 para os nortenhos!
Na 2ª parte, continuamos a tentar fazer um jogo de bola viva, sem grande sucesso, até porque as penalidades não estavam a ser convertidas. 

O formação do CRF evidenciou-se sendo o claro motor tático e psicológico da equipa, conseguindo afastar muitas vezes o perigo da sua linha de ensaio através do jogo ao pé e ofensivamente o principal decisor da formas de jogo (agrupado/largo/ao pé). 
A terminar o jogo, o centro do CRF nas raras vezes que tocou na bola conseguiu um intersecção que resultaria no 3º e último ensaio dos da casa.
Excelente partida para se assistir, com uma Bairrada muito lutadora defensiva e muito dinâmica ofensivamente e um Famalicão muito tático evidenciando-se como já disse o médio de formação mas também o seu 15 que foi sempre muito seguro.
Arbitragem satisfatória, com 1 erro que vale pontos aos bairradinos e poderá afasta-lo da passagem."


Como bónus apresentamos aqui a visão de Marcelo d'Orey, ex-treinador do CDUP e do Famalicão que amavelmente nos transmitiu a sua opinião, o que aproveitamos para agradecer publicamente.

"Hoje assisti ao Famalicão x Bairrada. 
Jogo muito equilibrado entre duas equipes de nível muito semelhante, e que sinceramente não esperava ver numa 2 divisão. 
O Bairrada com uma equipe muito jovem, e que promete muito nos próximos anos, sempre que abriu a bola pelos seus 3/4 criou imenso perigo ao Famalicão.


Pena foi que tenha insistido pelo jogo no canal 1, quando sempre que atacavam pelo canal 3 criavam imenso perigo, ganhando imenso terreno. 
Vê-se que há ali escola, e se não for este ano, num futuro próximo irão de certeza para a 1 divisão. 
Parabéns ao trabalho que se tem feito por aquele lado.


O Famalicão, fez uso da sua experiência, e nomeadamente, do seu formação Bernardo Vasques, aliando a experiência da maioria dos seus jogadores, soube aproveitar algumas distrações da equipe da Bairrado para marcar 2 ensaios e 2 penalidades, que ao intervalo colocavam a equipe em vantagem por 20x13. 
Na segunda parte souberam sofrer e defender o resultado, isso apesar de no início terem desperdiçado 3 penalidades que podiam ir aos postes para apostar na touche, o que foi um erro, pois não aproveitaram. 
Nos últimos 30 minutos souberam defender as variadas investidas do Bairrada e a 5 min um ensaio de intercepção de Manel Vasconcelos ditou o resultado final, algo lisonjeiro para os da casa e injusto para os visitantes. 
Mas a vitória do Famalicão aceita-se e é justa, apesar da diferença ser excessiva para o que as duas equipes apresentaram. 
Bairrada uma equipe que me surpreendeu pela positiva, com muitos miúdos com enorme potencial.


Fiquei muito satisfeito com nível do jogo que vi hoje. Não esperava mesmo. 
Bairrada recheada de miúdos com imenso potencial e Famalicão muito maduro, a saber o que queria e a saber sofrer e garantir o resultado"



Com este resultado a tabela (Oficial) fica como se vê:
Ao Bairrada faltam somar 12 pontos quando jogar com Garranos e quando folgar (2 vezes).
Tem dois jogos, provavelmente para vencer com ponto bónus (UTAD em casa e Braga fora) o que lhes dará 10 pontos. Acabam com 68 pontos.
Ao Famalicão somam mais 8 pontos (folga e jogo com Garranos).
Tem 1 jogo em atraso com Guimarães (fora – derrota) e mais 3 jogos (fora na UTAD e em casa com braga e Aveiro); podem com isso somar mais 3 vitórias bonificadas – acabam com 69 pontos. Neste momento o Famalicão só depende de si para chegar a uma meia-final, enquanto os homens da Bairrada ficam à espera de uma escorregadela do adversário…temos campeonato até ao fim! Ao rubro.


Na cidade berço os Homens de Jeremias Soares receberam e venceram com ponto bónus os vizinhos do Braga.
Os Bravos de Guimarães continuam o seu caminho rumo à Final Four e pouco falta para conseguirem.
Os homens de Pedro Aguilar lutaram como esperado mas não forma capazes de evitar uma derrota pesada.
O que nos dizem de Guimarães;

"Guimarães Rugby vencedor em derby minhoto
O GRUFC, atual líder do campeonato, continua a sua caminhada rumo ao Jamor  sem qualquer derrota. No passado sábado  recebeu o Braga Rugby numa das últimas jornadas da fase regular do campeonato nacional da segunda divisão.
Com uma posição confortável no topo da classificação, e com uma vitória folgada no último jogo, os bravos de Guimarães entraram em campo como claros favoritos à vitória.
O início do jogo parecia contrariar todas as previsões, o Braga entrou em campo com uma atitude bastante ousada e aguerrida e remeteu os homens da cidade berço para a sua zona defensiva, contudo, assim que os primeiros instantes passaram, o GRUFC ganhou a tranquilidade desejada, e com a bola em sua posse, rapidamente se adiantou no marcador e com 4 ensaios sem resposta esclareceu o porquê de ser líder e foi para intervalo com um confortável resultado de 33-0. 

A segunda parte não trouxe nada de novo ao encontro, a continuidade do domínio vimaranense fez apenas que o marcador fosse aumentando ao ritmo do relógio atingindo os 52-0. 
Jeremias Soares, técnico da formação de Guimarães, que aproveitou o jogo para dar minutos a jogadores menos utilizados e pôr em prática mais soluções no modelo de jogo que tem vindo a trabalhar, destacou a capacidade defensiva da sua equipa, que não sofreu qualquer ponto. 
Com esta vitória, os homens de Guimarães estão apenas a uma vitória de alcançar as desejadas meias finais. Folgando
 este fim-de-semana, a equipa volta a jogar em casa frente ao CRAV B no dia 29 de março pelas 15h30.”


E de Braga;

"O jogo começou equilibrado, com o Braga Rugby a conseguir surpreender o Guimarães, tanto a atacar com a defender. 
Mas, o Guimarães acabou por mostrar as razões porque ocupa a liderança: a partir da 2ª metade da primeira parte, a experiência dos seus jogadores, em especial da sua parelha de centros, fez a diferença. 
Depois de marcarem 2 ensaios, quase seguidos, e após susterem uma reação dos bracarenses que viram um ensaio ser-lhes anulado, os vimaranenses aproveitaram-se muito bem de algum desnorte dos de Braga para marcar 3 ensaios e chegarem ao intervalo já a vencer por 33-0.
Com o reatamento, os Bracarenses entraram muito animados e colocaram o jogo no meio campo do adversário. 
Durante os primeiros 20 minutos da 2ª parte, foi o Braga que dominou, mas a sua eficiência foi muito baixa, pois esse domínio não se traduziu em qualquer ponto. 
Após esse período, e curiosamente quando o Braga Rugby se encontrava em superioridade numérica por expulsão temporária de um Vimaranense, foram os da casa que voltam a marcar mais 3 ensaios, fixando o resultado final em 52-0.
A diferença no marcador não traduz fielmente o que se passou em campo, sendo que o Guimarães foi um justíssimo vencedor, mas o Braga Rugby, pelo que fez não merecia esta diferença, mesmo pagando a “factura” de alguns erros de palmatória que foram aproveitados pelos experientes jogadores do adversário."


Sem comentários: