23 de março de 2014

GEORGIA, PREMIERSHIP E UM LE ROUX QUE MARCA QUE SE FARTA *

* Ricardo Mouro
Com o vitorioso final do Torneio das 6 Nações por parte da Irlanda dizemos adeus a um dos grandes do rugby mundial, Brian O'Driscoll.

O centro envergou a camisola da Irlanda por 133 vezes ao que juntou mais 4 viagens com os British & Irish Lions.

A lenda de O'Driscoll começou a escrever-se em 2000 com "aquele" hattrick à França e fechou-se precisamente contra a mesma equipa numa vitória que garantiu o troféu das 6N dia 15 de Março.

É certamente um dos mais influentes e conhecidos irlandeses, até o presidente Obama mencionou o seu nome nas celebrações do St Patrick's day dia 17 nos EUA.


A Irlanda foi justa vencedora num equlibradíssimo torneio decidido pela diferença de pontos marcados (e TMO) levando a melhor sobre a Inglaterra que entrou no último dia do torneio obrigada a vencer a Itália por mais de 50 pontos de diferença.

Por seu lado a Itália não conseguiu os mesmos resultados de 2013 e o resultado foi uma colher de pau numa panela cheia de derrotas.
Estiveram perto contra o País de Gales e pertíssimo contra a Escócia, mas de resto foram 128 pontos concedidos contra 28 marcados nos embates com a França, Irlanda e Inglaterra.

Supreendentemente, ou não, a selecção da Geórgia veio à baila e começa a ser discutido se os Lelos não terão capacidade para fazer frente ao Tier 1.
Uma "solução para a Geórgia" começa a ser discutida entre os conhecedores de rugby, e já abordada pelo MdM, com a possível integração de Canadá e EUA num novo torneio da FIRA.
Mas, pessoalmente, questiono-me após ler que o recente Inglaterra-Gales premiava o vencedor da partida com £4000000 (€5M mais euro menos euro) e o derrotado com "apenas" £2M!

Onde já estariam os georgianos se tivessem acesso a este tipo de orçamentos? Não querendo causar alarido vejam a peça em baixo do mais prestigiado programa de discussão de rugby em Inglaterra sobre a selecção da Geórgia, foi transmitida no programa "Rugby Tonight" do canal BT Sports 1 há duas semanas:




ENTRETANTO EM INGLATERRA...
De volta à realidade interna, essa realidade é dura para o Worcester.
Cada vez mais afundado no fundo da tabela viram na Sexta-feira um antigo "homem da casa" Andrew Goode aplicar a estocada final no jogo em que receberam os Wasps.
Ao minuto 81 Cooper-Woolley empatou a partida com a conversão Goode deu a vitória aos londrinos, ele que preferiu não festejar o vitorioso pontapé por respeito aos antigos companheiros que estão em maus lençóis, final 11-13.

A luta do Worcester ficou mais complicada porque o Newcastle foi a Gloucester arrancar dois pontos a
ferros.
Jogo fantástico e um mimo para os fãs presentes, o Gloucester no entanto começou lentamente a destruir os falcões, e construiram uma vantagem de 37-7 aos 60 minutos.
Os falcões decididos demonstraram porque nunca se deve desistir do resultado e em 20 minutos colocaram 4 ensaios e 3 conversões no marcador que garantiram 2 pontos de bónus, vitais para a luta do fundo da tabela, final 40-33.

Em Sale mora a equipa sensação e que vitória sobre os Saints que vinham reforçados com os internacionais após o fim do 6 Nações.
Os tubarões montaram uma defesa que os Saints nunca foram capaz de furar e aproveitando situações de contra-ataque utilizando a velocidade dos pontas chegavam à área de validação.
A lesão à ultima hora do abertura Myler afectou o jogo ofensivo dos Saints que realizaram uma exibição pobre mesmo com o regresso de Burrell e North que estiveram em destaque por Inglaterra e Gales, final 19-6.

Em Londres bateram-se recordes, os Saracens pediram o quartel-general do futebol emprestado para receber os Harlequins e o Estádio de Wembley recebeu 83.889 espectadores, o record para espectadores
num jogo de clubes de rugby.
Os Saracens sabiam que podiam atingir o topo da tabela após o desastre dos Saints em Sale e não enjeitaram tal possibilidade.
O director de rugby dos Quins, Connor O'Shea, estranhamente deixou de fora o seu contigente inglês à excepção do pilar Marler, o capitão Robshaw, o formação Care e o votado melhor jogador do torneio das 6 Nações o defesa Brown, pagaram caro os Quins.
Ashton voltou aos seus mergulhos de cisne após interceptar um mau passe e correr 80 metros para o ensaio, mais tarde Farrell fez o mesmo mas só precisou de correr 5 metros para validar o ensaio surpreendido com a oferta dos Quins.
Ao intervalo os sarracenos já venciam por 27- 10, com os Quins a conseguirem um ensaio inventado pelo formação Dickson, como Care já nos habituou, a sair de um ruck desguardado até ao ensaio.
Na segunda parte Sam Smith encontrou o canto para Evans conseguir a difícil conversão animando o jogo com 27-17, os Saracens tiveram que flectir os músculos e foram buscar mais dois ensaios para o bónus de onde a vitória não escaparia, final 39-17.

A fechar o Sábado continuou a acção em Londres onde no Madjeski o London Irish recebeu o Bath. Custou a animar o jogo com O'Connor a trocar pontapés com Ford até o ponta do Irish Topsy Ojo qual pilar num pick and go em cima da linha de ensaio a validar 5 pontos.
Aqui Ford abriu o livro e surgiram os ensaios do Bath, Kyle Eastmond carregou no acelerador para parar com toque de meta, e na segunda parte o Bath foi imparável com a nova pérola inglesa Anthony Watson, Dave Wilson e Matt Garvey todos a ensaiar contra apenas mais um de Hala'ufia.
Ford impecável e de luxo adiciou 3 conversões e 6 penalidades, final 23-44.

No Domingo o Welford Road prepara-se para o pós 6 Nações, em que tradicionalmente os Tigers devoram tudo e recuperam lugares na tabela para chegar ao cimo da tabela, recepção aos Chiefs de Exeter onde os locais saúdaram o regresso de Manu Tuilagi ao XV inicial, talvez o factor chave que a equipa necessita.
O jovem inglês não tardou a fazer estragos e combinou com Goneva para ensaiar logo nos minutos iniciais, o fijiano voltou a estar em destaque para encontrar um camião samoano chamado Mulipola que lançado de 20 metros só tinha o corajoso ponta Nowell pela frente... coitado, com mais 50kg que o ponta nem abrandou após esmagar o petiz inglês no relvado, 12-3 em menos de 20 minutos quando os Tigers tinham 80% de posse de bola.
O Exeter oleou a sua arma, o pack, e quando chegou aos 22 dos tigres um maul bem trabalhado lançou o
talonador Yeandle para o ensaio que o abertura Slade converteu para o 15-10.
Os tigres porém estavam lançados numa missão e o inevitável Goneva, um dos destaques da época, dançou com dois adversários para parar debaixo dos postes, parece fácil para o fijiano voador.
Os nervos afectaram os visitantes e o capitão Mumm acabou a primeira parte amarelado após uma placagem ao pescoço de Owen Williams.
Goneva continuava a fazer farripas da defesa dos Chiefs e viria um ensaio anulado por passe adiantado, mas o seu abertura aproveitou a vantagem para colocar 3 pontos em vez de 5 no marcador suficientes para uma confortável vantagem ao intevalo, 25-10.
A segunda parte recomeça com algum equilibrio, os Chiefs voltaram a ter 15 em campo, mas eram os tigres que aproveitavam para colocar as garras em tudo o que podiam, Williams adicionou mais uma penalidade e uma jogada bem ensaiada após um alinhamento viria a encontrar Thompstone no canto para o ensaio que daria um ponto de bónus.
A partir daqui começou a dança das substituições e com mais pulmão a avançada do Exeter conquistou território até dentro dos 22 mas não conseguiram montar um maul eficaz para empurrar os adversários lá para dentro.
Do outro lado uma melée a 5 metros foi transformada em mais um ensaio pelo formação David Melé, o francês que viria a criar e concluir o último ensaio da tarde para o 45-15 final que segurava o 4º lugar. Goneva foi mais uma vez o homem do jogo, a terceira vez consecutiva em três jogos pelos Tigers.

Os Quins são a equipa mais afectada após o final da jornada, ultrapassados pelo surpreendente Sale.
Os Saracens voltaram ao topo da tabela e os Saints escorregaram e vêem os adversários a 10 pontos.
No próximo Sábado destaque para os Saints com a recepção aos Tigers (lotação esgotada há meses) que afiam as garras para a caça do que resta da fase de apuramento para os play offs.


Championship
O segundo escalão guardou os jogos grandes para o Domingo, dos 6 primeiros Rotherham e London Scottish entraram em campo no Sábado e venceram os seus jogos.

Os Titans cumpriram contra o Plymouth sem nunca tirar o pé do acelerador com 7 ensaios para 45-10. Mike Dias foi emprestado ao Hull da National League 2 North pelo qual realizou um jogo mas o pilar luso descendente já está em Portugal para representar o CDUL por empréstimo, também o super Socino já acertou a sua mudança para o Newcastle da Premiership.

Já o Scottish sofreu na visita a Moseley e só bateu os locais na bola de jogo com uma penalidade James Love depois de ter estado a controlar o jogo com 10 pontos de vantagem permitindo a recuperação do adversário.
Na Sexta-feira o Ealing tenta escapar à despromoção com um último esforço e recuperou de uma desvantagem inicial para ir buscar 4 valiosos pontos na recepção ao Jersey, final 25-23.
No Domingo os dois primeiros fizeram o que lhes competia, o Bristol tinha difícil viagem até Leeds mas de onde saiu com cinco pontos, o Leeds ainda assim conseguiu o bonus defensivo e mantém o terceiro lugar, final 27-33.
O London Welsh que segue o Bristol recebeu Bedford e também garantiu 5 pontos, vitória por 29-11 mantém os londrinos a 2 pontos do topo da tabela.
Os Pirates da Cornualha receberam o Nottingham e venceram mas continuam longe dos lugares cimeiros, final 17-11.


Le Roux marca que se farta
O Coventry mantém-se no terceiro posto da National League 1 com um contributo (muito) importante de Jacques Le Roux.
Desde que regressou dos trabalhos da selecção nacional o Nr. 8 do Coventry assinou nada mais que 5 ensaios em dois jogos.
Quando Portugal perdia com a Espanha em Lisboa o lobo assinou um hat-trick contra os "estudantes" de Loughborough num jogo em que o pack azul e branco foi muito superior ao dos académicos, final 33-14.
Já este Sábado as coisas não foram tão fáceis e na visita ao Tynedale o Coventry deixou escapar uma confortável vantagem de 17-35 quando ficou a jogar contra 14.
A tentar escapar aos lugares da despromoção o Tynedale ligou o turbo e marcou 3 ensaios com os dois últimos nos 10 minutos finais através do bloco de avançados.
Le Roux marcou dois ensaios neste jogo para o azarado 36-35 final que ainda assim dá 2 pontinhos bónus ao Coventry.
O terceiro lugar está ameçado pelo Fylde a apenas 3 pontos dos azuis e brancos que regressam ao Butts Park para receber o Esher (5º).


Fotos: Sporsfiles, www.premiershiprugby.com/
Quadros: www.premiershiprugby.com/http://itsrugby.fr/

1 comentário:

Luis Canongia Costa disse...

O Connor O'Shea é um treinador que pensa sempre no jogador e no longo prazo. Care, Brown, Robshaw e Marler certamente necessitavam de descanso depois do 6 Nações, e assim será possível prolongar o pico de forma mais tempo. Pode ter perdido neste jogo, mas assim continua a ter a equipa a seus pés.