15 de março de 2014

DERROTA NA FASE FINAL DO JOGO MOSTRA CARÊNCIAS (Com Boletim de Jogo)

DAR COR ÀS NOSSAS CORES!
Foi pena, podia muito bem ter sido de outra maneira, mas um conjunto de incidentes impediram que assim acontecesse.

Com uma vantagem de 18-6 ao intervalo, alargada para 21-6 no início do segundo tempo, Portugal viu esgotar-se o gás dos seus Lobos, e ficou sem soluções para resolver o problema, permitindo que a Espanha eliminasse a desvantagem e acabasse por vencer por 28-24.

O problema foi alargado pelo extemporâneo cartão vermelho a Kevin da Costa ainda no primeiro tempo, e pela substituição forçada de Julien Bardy antes da recuperação espanhola, mas não se deduza pelo que se disse que a culpa da derrota se fica a dever ao jovem de Biarritz - embora também se deva dizer que nunca devia ter acontecido - porque isso seria simplificar e distorcer a questão.


Portugal apresentou-se hoje com uma formação muito fragilizada, com a saída (em relação ao jogo com a Bélgica) para os seus clubes de Cristian Spachuck, Gonçalo Uva, Jacques Le Roux, Emmanuel Rebelo e José Lima.

Mas ainda não foi só por aqui que a equipa acabou por perder o jogo - e só as ausências referidas já seriam uma boa razão! - já que com o decorrer do jogo e o natural desgaste dos jogadores, em especial do cinco da frente, e dos terceiras linhas obrigados a horas extraordinárias, se constatou que não havia banco que chegasse para as necessidades...

E sem qualquer demérito em relação aos jogadores que estavam no banco, a verdade é que se sentiu a falta de jogadores como Francisco Fernandes, Tony Martins, Anthony Alves e Mike Tadjer Barbosa - todos primeiras linhas que jogaram nos Lobos, nesta campanha - e que poderiam com certeza ter feito a diferença entre uma derrota por quatro pontos, e uma vitória.

Como pode uma equipa de um país que tem uma óbvia deficiência nesta área - apesar dos jovens que estão a crescer - desprezar numa única série de cinco jogos que acontecem em menos de 75 dias, tantos jogadores na mesma posição?

É clara a sensação que o plantel foi mal gerido, que as opções não foram as melhores e que a atitude perante parte significativa dos jogadores foi inadequada - que jeito nos teriam feito hoje alguns dos pensos rápidos desprezados por Frederico de Sousa!

Claro que existem outro tipo de problemas - a equipa não mostrou um tipo de jogo, os movimentos que conseguiu encadear, hoje e anteriormente, resultaram quase todos de aproveitamento de situações de jogo aberto esporádicas, com particular destaque para os que foram iniciados por Nuno Penha e Costa - mas fica uma pergunta bem clara: será que os jogadores sabiam o que se ia passar a seguir em cada situação?

Talvez soubessem, mas quem acompanhou a campanha dos Lobos este ano só pode dizer uma coisa: Não sabiam não!

Portugal cedo definiu a sua equipa base nos médios e nas linhas atrasadas, independentemente de se concordar ou não com as opções, e a constiutição da equipa neste sector nos cinco jogos, foi feita utilizando apenas 10 jogadores para os sete lugares.

Mas em termos do pack avançado isso nunca aconteceu, com excepção da segunda linha desfeita apenas para este encontro, e vimos passarem pelos três lugares da frente (no XV inicial), em cinco jogos, quatro formações diferentes, e um total de sete jogadores - Francisco Fernandes, João Correia, Tony Martins, Jorge Segurado, Mike Tadjer, Bruno Rocha e Cristian Spachuk.

Ou seja, tanto se criticou Errol Brain pelas suas experiências, para se cair exactamente no mesmo (quatro formações distintas em cinco jogos), apenas com a diferença que Brian utilizou apenas seis jogadores nesses mesmos jogos - Anthony Alves, João Correia, Juan Murre, Cristian Spachuk, Jorge Segurado e Francisco Fernandes.

Juntando a terceira linha, Portugal utilizou na constituição inicial do seu oito da frente, nada mais, nada menos, do que 16 jogadores...

Este não é o momento nem o lugar para apreciações técnicas ou tácticas (inexistentes...), mas se é geral o sentimento que falta alma à equipa - são os próprios jogadores que o afirmam publicamente - a verdade a que a gestão técnica da equipa foi deficiente e não conseguiu formar uma equipa, antes deixando que os jogadores andassem em campo sem uma linha de rumo, sem uma orientação.
E os responsáveis por essa situação devem ser identificados e as necessárias medidas tomadas.

Disse durante a semana que era urgente resolver a questão do divórcio entre a equipa e o publico, e repito hoje as mesmas palavras.

Antes do jogo de Portugal tive oportunidade de assistir ao Geórgia-Roménia, e os olhos ficaram cheios com um estádio completamente lotado, e uma imagem ficou especialmente retida - quando uma hola gigante percorreu todo o estádio, como raras vezes se vê acontecer, noutras modalidades, e nunca tínhamos visto no rugby.

Claro que será difícil que tal venha a acontecer em Portugal, mas há pequenas coisas que devem ser feitas e que irão certamente ajudar a juntar as diversas peças de todo o nosso rugby.

Poderemos começar por estabelecer objectivos credíveis, com os quais as pessoas se identifiquem, possam acompanhar e ver acontecer, e que sejam estabelecidos de acordo com a nossa realidade, de acordo com aquilo que realmente somos.

Imaginem que para a próxima campanha se estabelece como objectivo sermos campeões do mundo...
As pessoas ficam convencidas disso, mas depois, quando começarem a ver que afinal é mentira, vão-se afastando...
Mas se se explicar que o nosso objectivo é ficar entre as 10 melhores da Europe - incluindo as do Torneio das 6 Nações - e ser dominante na Península Ibérica, e se trabalhar nesse sentido, então talvez mais pessoas vão ao estádio ver a nossa equipa atingir os seus objectivos...

Por outro lado há que acabar em definitivo com a falta de informação, com a informação errada, com as alterações que não são explicadas.

É urgente estabelecer um diálogo entre a selecção nacional e a comunidade do rugby, fazer de todos, um só, mas isso apenas se consegue com simplicidade, verdade e coerência.

A ficha de jogo será incluída aqui, mais tarde, pois ainda não se encontra disponível no site da FIRA.


5 comentários:

Anónimo disse...

Este jogo foi perdido ainda em Santiago no ano passado. Nessa altura faltou a força anímica. E desta vez foi igual.

Anónimo disse...

Boa Noite


Não vou falar da equipa ou fazer considerações técnicas porque para isso existe gente que sabe mais do que eu.

No Rugby tem que existir uma linha condutora e essa é vamos viver ás custas de jogadores estrangeiros que muitas vezes nada sabem de Portugal como por exemplo português, ou vamos viver de jogadores que têm ligações a Portugal e ao Rugby Nacional? Apesar de não gostar nada do Seleccionador Nacional, penso que ele foi coerente ao ter definido que a sua orientação ia para os Portugueses, sendo os outros "pensos rápidos" quando não existisse mais soluções. Nessa linha de coerência enquadra-se a Amlin que tentou dar mais ritmos aos jogadores de Portugal.

Não podem é aqueles que criticam a FPR por não apostar mais na formação, por não garantir que existam índices competitivos fora de Lisboa (nos quais eu me incluo), agora criticar porque não se foram buscar mais estrangeiros. Todos podemos estar frustrados por termos visto o "pássaro fugir quando estava bem na mão" agora temos que ser coerentes com o que defendemos e não podemos começar a fazer birras sem razão apenas e só porque não aconteceu aquilo que queríamos.
Este Seleccionador foi coerente do principio da campanha ao fim dela, tem esse mérito. Outra questão completamente diferente é se a linha de condução que decidiu tomar era a mais adequada, mas isso é outra discussão.

Falemos da organização do jogo, já repararão que os anos passam mas a organização não muda, sempre a mesma receita já desgastada e que já não vende porque as pessoas esperam outra coisa.
Trazem uma Banda da Marinha mas não sabem tirar partido dela, nem a sabem posicionar no campo a ponto de ela ter ficado completamente tapada pelos jogadores, mas será que nunca ninguém viu, até na TV, um jogo do Seis Nações e qual deve ser o posicionamento da Banda. Depois esta entra e o amador do Speaker diz que é a Força Aérea e não se cala quando a banda está a evoluir.
A entrada das bandeiras, feita de forma amadora, no desenrasca, de forma não ensaiada levada por uns miúdos mal vestidos (para que não restem duvidas não critico a roupa mas o facto de não levarem um uniforme, um equipamento e irem trajados "á civil").
Uma enorme barreira publicitária da CGD que fazia as pessoas dar a volta ou saltar por cima dela.
O tradicional dar prémios a correr sem poupa e sem dignidade, será que não teria sido melhor não o dar?.
No Intervalo os tradicionais miúdos a jogarem dez minutos com uns árbitros que se dizia da formação da ARS mas que nem uniforme tinham. Em 2008 e anos seguintes estes joguinhos de dez minutos com miúdos eram sinal de vivacidade do rugby e do despontar de clubes, hoje nada significam e cheiram a decadência, não porque culpa obviamente dos miúdos e dos seus treinadores mas por culpa da organização que não tem inteligência para mais e na verdade parece ser preguiçosa não procurando novas soluções. Porque não aproveitam para dar a conhecer as selecções de Sub 16 e Sub 18 e assim criar ligações entre o público e as selecções.

Depois a tribuna, quem olhar para a tribuna e vê a quantidade de malta que lá está e quem lá está, e facilmente conclui que algo está mal, esta não deveria servir para os dirigentes levarem os amigos ver o jogo sem pagarem, tribuna de Honra deveria ser o que o nome diz e não ser a tribuna do Compadrio e do Amiguismo. Até por respeito a quem paga o bilhete, porque o Rugby em Portugal ainda é demasiado pequeno e por isso todos se conhecem.

O Rugby em Portugal não evolui-o nem no jogo e o que é mais grave na organização pois isso é sintomático que ao longo dos anos não melhorámos, estoirámos com o dinheiro sem o aproveitar, a FPR enquanto organização não existe, andavam pelo estádio universitário uns quantos cretinos a fazer que orientavam aquilo mas via-se que não existia trabalho de casa, via-se que tinham sido preguiçosos, o que se viu por ali foi incompetentes armados em doutores.

hoje despediram-se dois representantes da geração de ouro que tanto deu a Portugal, pois bem o que ficou?

Anónimo disse...

A equipa estoirou. O selecionador não arriscou substituir. Todos perderam.A federação nisto não tem culpa direta. Foi um claro erro estrategico do seleccionador.

Anónimo disse...

Ausências de jogadores não são desculpas para o que se passou esta tarde. Qualquer equipa solida, com caracter e com um modelo de jogo bem sabido consegue gerir 15 pontos de vantagem contra uma equipa que pouco perigo nos causou. Na minha opinião o principal problema está na falta de rumo dentro do campo, os jogadores sabiam posicionar-se nas três primeiras fases, mas a partir daí a desorganização era tanta que os erros se tornavam inevitáveis.
Temos jogadores criativos, capazes de fazer a diferença e capazes de seguir um bom modelo de jogo. O problema parece-me que esse modelo de jogo é inexistente, não há uma linha condutora que permita aos jogadores reagir ás adversidades e a criar dificuldades aos adversários através de uma dinâmica coletiva.
É URGENTE começar a criar rotinas, modelos e estabilidade no plantel de modo a criar estabilidade aos jogadores e dar espaço a que momentos de criatividade e poder tático possam acontecer. Há que repensar todos os princípios de jogo de Portugal porque uma seleção não pode estar à espera de ganhar jogos apenas com lances de ressalto e falhas esporádicas das outas equipas, é necessário criar desequilíbrios e claras situações de domínio territorial que se transformem em pontos.
Uma boa equipa não é feita de boas individualidades, mas sim de um coletivo forte e em sintonia.

Anónimo disse...

A questão é muito simples de ser analisada. Quando temos jogadores amadores, que jogam por amor ao rugby e quase por carolice - com sacrificio das suas vidas profissionais - temos uma única forma de os motivar: criando-se um espírito de equipa, de igualdade, justiça , fraternidade e motivador para jogarem pelo seu país e jogarem o seu desporto preferido. isso foi conseguido no Mundial 2007. Era bem visível o orgulho e raça que todos tinham com aquela camisola vestida. Mobilizaram Portugal e encheram-nos de orgulho. O que aconteceu desde aí? Tentaram-se dar passos maiores dos que as nossas curtas pernas…tentou-se profissionalizar uma estrutura na FPR sem profissionais capazes. Contratou-se um treinador da NZ com CV no rugby mas foi ignorado, colocado de parte por gente que se julgava mais capaz mas que na verdade não sabe 10% do que sabe esse treinador estrangeiro. Os resultados estão à vista mas com um enorme prejuízo: com isto estragaram também o espírito que existia na nossa seleção. Escolheram para treinador uma pessoa com perfil em que nada se encaixa no espírito do rugby. Os nossos jogadores (tirando pouquissimas excepções) continuam amadores e jogam essencialmente por prazer e orgulho. Hoje jogar na seleção não é mais um prazer e isso é grave e sério.