30 de março de 2014

LINCES ACABAM JEJUM, JAPÃO É RESIDENTE, NOVA ZELÂNDIA VENCE OURO

Finalmente a nossa equipa nacional de sevens vence um jogo, após uma longa série de 18 derrotas, algumas das quais tiveram mesmo alguns momentos confrangedores.

E se é verdade que a equipa melhorou em algumas áreas, nomeadamente no jogo no chão e na defesa colectiva, e apesar do alívio pela interrupção de resultados negativos, não podemos esquecer a sucessão de asneiras a que assistimos, nomeadamente no jogo contra a França, em que a incapacidade dos nossos jogadores foi, por vezes, constrangedora.

A série de toques para diante, passes adiantados, placagens falhadas, aliadas a falta de rotinas quando na posse da bola - de que serve de exemplo um momento no jogo com o Sri Lanka, em que, no desenvolvimento de um contra ataque, os nossos jogadores, em enorme vantagem numérica, se atrapalharam de tal forma que chegou a ser um pouco embaraçoso...

Mas acreditamos que a equipa vai melhorar significativamente para a próxima etapa dupla Glasgow/Londres que terá lugar a partir de 3 de Maio.

TORNEIO APURA JAPÃO COMO EQUIPA RESIDENTE
A Rússia esteve à beira de conseguir uma presença na final, quando chegou a ter o Japão encostado às cordas, mas acabou por permitir o empate mesmo no final do tempo regulamentar, e perdeu na morte súbita (19-14) deixando no entanto uma boa imagem do rugby europeu que importa realçar.

Melhor estiveram os italianos que derrotando Hong Kong conseguiram um lugar na final, mas não foram capazes de impedir a vitória do Japão, que conquista assim o direito a assumir um lugar entre a elite dos sevens mundiais na próxima época.

O Japão foi um justo vencedor e será sem qualquer dúvida um adversário de peso com quem teremos que contar.


NA SHIELD PORTUGAL REPETIU ERROS
A Escócia bateu a França por 31-5 na final da Bowl depois de vencer o Quénia e a Argentina nos outros dois jogos do dia.

Portugal chegou à final da Shield depois de uma participação geral infeliz em que, apesar dos já referidos problemas individuais, houve algumas melhorias na movimentação defensiva da equipa e no breakdown, mas os erros individuais voltaram a ser determinantes no jogo com o Quénia.

A derrota para o Quénia por 10-17, depois da vitória sobre o Sri Lanka por 24-19, valeu a conquista de dois pontos no ranking, o que sendo muito pouco, foi melhor do que conseguiram os espanhóis, aumentando a distância entre as duas equipas para 14 pontos, o que é uma pequena e pragmática consolação para duas semanas de sofrimento.

De realçar na equipa portuguesa a estreia de Bernardo Seara Cardoso, que não comprometeu e, pelo contrário, teve mesmo uma participação acima da média, e também o regresso de Duarte Moreira aos ensaios, com cinco marcados hoje, depois de dois dias sem fazer nenhum toque de meta.

Esperemos que o facto da estreia ter corrido bem ao Bernardo Cardoso não lhe suba à cabeça, como por vezes sentimos que tem acontecido a outros jovens que, após algumas boas exibições, parecem mordidos pelo bicho do vedetismo...

Fique com as fichas dos jogos de hoje, e o resumo da utilização dos jogadores no torneio, e recorde que Portugal não participava no sexto jogo de um torneio desde o Dubai 7's, que teve lugar em Novembro, e que esta foi a 11ª presença dos Linces numa final da Shield, que já venceram em cinco ocasiões.



PLATE E CUP
Na Plate a África do Sul venceu o País de Gales na final por 19-14, depois de estar a perder, e na luta do 3º lugar a Fiji bateu a Austrália por 21-12.
Finalmente na Cup a Nova Zelândia regressou às vitórias, venceu a Inglaterra na final por 26-7 e com este resultado retoma a primeira posição no ranking da IRB, descendo a África do Sul ao segundo lugar.
Fiji e Inglaterra estão nas posições seguinte, enquanto Portugal se mantém na 14ª posição, com mais 14 pontos que a Espanha que, com apenas dois torneios por realizar, muito dificilmente conseguirá evitar a saída do grupo das equipas residentes.

Fique com o quadro geral dos resultados e o ranking da IRB devidamente actualizado.



GLASGOW SEVENS
Finalmente fique desde já a saber que, em Glasgow, Portugal vai defrontar Samoa, África do Sul e Nova Zelândia, mais um enorme desafio para a nossa equipa nacional.

Fotos: IRB/Martin Seras Lima

7 comentários:

Anónimo disse...

Confrangedor é pouco!

Como se pode perder um jogo contra a França a jogar contra 6 adversários?

Falta o quê? Motivação? Vontade de ganhar? Atitude mental forte? Qual o papel do treinador nesses departamentos?

E que dizer de jogadores que vão apenas para encher a convocatória, que nem 1 minuto jogaram? É assim que se motivam os mais novos?

Enfim... é melhor irem pensando no assunto, pois para o ano, com o Japão dentro, outro galo cantará!

Se no passado nos batíamos com os USA, França, Escócia, disputávamos jogos com o Quénia e Gales... o facto é que estas equipas deram o salto em frente e Portugal regrediu a olhos vistos!

Somos capazes de fazer melhor, muito melhor. Temos jogadores para isso, precisam é de trabalhar e ser fortes em todos os capítulos do jogo.

Anónimo disse...

Não gosto de Sevens mas não deixo de perceber o potencial que esta modalidade ganhou com o facto de ter passado a ser olímpica. Também não me é indiferente o facto de ser aquela modalidade, dentro do Rugby em que mais protagonismo temos e aquela em que mais bem cotados estamos, mérito a todos aqueles que durante anos pugnaram pelos Sevens.

Não gostaria que este meu comentário fosse visto contra ou a favor de alguém ou da Direcção da FPR, quero que ele seja apenas resultado de uma pequena reflexão.

É óbvio que em quatro torneios termos ganho um jogo e ainda por cima por poucos e contra uma equipa não residente, é revelador que algo não está nada bem.

Quando lemos a entrevista do David Mateus á P3, quando lemos os comentários aqui no MdM em que se afirma que os atletas faltam sistematicamente aos treinos, quando se sabe que existem atletas que pedem escusa de participar por motivos profissionais ou pessoais, é revelador que com o actual sistema não podemos ir longe.

1.- Não podemos pedir a atletas amadores que abdiquem do trabalho ou dos estudos durante três semanas para irem participar em torneios, sobretudo quando a FPR não lhes paga e nem dinheiro de bolso lhes dá. Ou seja, não podemos pedir a atletas amadores que abdiquem de tudo para irem participar em torneios profissionais e ainda terem que pagar para isso.
É preciso encontrar uma solução para compensar os atletas.

Depois as horas dos treinos da Selecção são tudo menos próprios para os atletas, são muito convenientes para os funcionários da FPR mas são muito pouco compatíveis para os atletas. Os treinos são por norma ás 1130H e depois ás 1730H no Estádio Nacional, que como todos sabemos não é propriamente um lugar central.
Porque é que os horários dos treinos não são mais amistosos para atletas amadores? que trabalham ou estudam, quantas empresas deixam os seus funcionários saírem duas vezes por dia para irem treinar? e os que estudam? com treinos a estas horas como estudam? quantos pais se podem dar ao luxo de ter o jovem na Universidade e chumbar por causa do Rugby?
o que se pode fazer para contrariar isto?

Sabemos que a FPR paga a uns atletas um ordenado mensal e a outros nada paga, nem os prémios lhes paga a horas, é assim que se cria espirito de equipa? é assim que se cria um ambiente de saudável competição? porque é que não se revela quanto é que a FPR paga a determinados jogadores(curiosamente todos do Direito)?
Qual a politica de remunerações que se quer para os Sevens?

Se o Sevens é cada vez mais uma modalidade importante, porque é que existem tão poucos torneios de sevens no país? porque é que não existe um calendário de Sevens? que até poderia acontecer durante as numerosas paragens do campeonato.
Qual a politica de desenvolvimento que se quer para esta variante?

Sabemos que vem dinheiro da IRB, do IDP e do COI para esta modalidade, quanto deste dinheiro é aplicado nesta variante? quanto é aplicado no seu desenvolvimento e quanto é aplicado na alta competição? quanto dinheiro dos Sevens é desviado para outras actividades?
Qual deverá ser o plano financeiro e o orçamento desta modalidade?

Seria bom que tudo isto se discutisse, porque como disse um outro comentarista, até á pouco discutíamos jogos com Canadá, USA, Argentina, França, Gales e Escócia e agora limitamo-nos a ganhar por poucos ao Sri Lanka.
As equipas preparam-se não nos torneios mas durante os treinos, os resultados nos torneios são sempre consequência de algo, não podemos ir para lá esperar desenrascar, quando em caso não fazemos como deve ser o chamado "trabalho de casa", nem criamos as condições para o fazer bem.

Anónimo disse...

É impossível discutir a política de remunerações sem se saber quanto recebe a FPR para os sevens da IRB, do IDP e, agora, do COI.

Como estes valores foram tornados públicos, não percebo a renitência em divulgá-los novamente.

PSM

Anónimo disse...

Concordo com o que foi dito aqui nos comentários, tal como com o que foi dito na crónica.

Em relação à prestação da nossa equipa, Portugal podia e DEVIA ter feito melhor, sobretudo no jogo com a França.
Ainda estou a tentar perceber como foi possível termos perdido aquele jogo quando jogámos em superioridade numérica grande parte do tempo, e isso nos sevens são muitos pontos a favor. Perdemos uma oportunidade de ouro!! Podíamos ter ido, pelo menos, às meias finais da Bowl o que nos garantia pelo menos 5 pontos, em vez dos 2 que ganhámos... Só no final veremos se foram pontos perdidos.

Vi uma equipa sem rotinas, muito trapalhona, por vezes parecia que a bola queimava. Os alinhamentos saíram muito mal (ao contrário das formações ordenadas, que têm melhorado), somos a equipa que mais erros comete, segundo as estatísticas da IRB.
Estamos com uma grande falta de confiança, certas decisões não se percebem, em vez de estarmos a evoluir como os nossos adversários mais directos, estamos a retroceder!
Alguns jogadores parece que desaprenderam de jogar e que nunca jogaram juntos!

Temos uma posição nos sevens de respeito, que demorou anos a construir e a consolidar, e da qual só temos de nos orgulhar!
Temos melhores resultados nos sevens do que no XV, estamos claramente mais talhados para esta vertente, é mais fácil formar equipas de VII do que de XV pois são precisos menos jogadores, para além do facto de um jogador de VII se adaptar mais facilmente ao XV do que ao contrário.
Estes a meu ver são motivos mais do que suficientes para apostarmos nesta vertente, ainda para mais agora que é olímpica, se torna por si só constitui um atractivo para se trazerem mais praticantes.

Porque não há etapas de sevens a nível nacional espalhadas ao logo da época, intercalando com jornadas do campeonato de XV? Era uma boa maneira de ir dando ritmo aos jogadores.

Acredito muito no rugby de VII em Portugal e é com alguma apreensão que constato a actual situação. Podemos muito bem invertê-la, se forem tomadas as decisões certas.
Tem sido embaraçoso assistir às prestações da nossa equipa nas últimas etapas deste circuito, pois em 19 jogos ganhar apenas 1(!) e a uma equipa não residente é preocupante.

Não podemos perder o comboio, para bem do rugby e do desporto nacional!

Boa sorte Portugal!

Anónimo disse...

Seria absurdo não reconhecer o potencial dos sevens (modalidade olímpica, regras menos complicadas, transmissões televisivas mais populares e comercialmente mais atractivas porque mais curtas, etc) e ignorar que Portugal poderá atingir resultados (como já conseguiu) nesta variante que nunca virá a obter no rugby de XV.
No entanto, apostar tudo ou mesmo preferencialmente nos sevens é, para mim, um erro estratégico. É evidente que em Portugal se valoriza cada vez menos a formação dos avançados e por isso se tem recorrido tantas vezes aos luso-descendentes ou aos naturalizados (Spachuck, Murre, Conrad, Severino, Le Roux, por exemplo) para colmatar as falhas que, na selecção, temos neste sector da equipa principal dos Lobos. Atenção, nada tenho contra os luso-descendentes e os naturalizados. Para mim, são tão portugueses como os outros e alguns dedicam-se mais que certos jogadores formados cá. Ora, um dos aspectos mais relevantes da educação que o rugby promove é a inclusão dos jovens mais pesados e lentos (os “gordos”) que nunca terão chances de evoluir nos sevens.
Por outro lado, julgo que é um equívoco pensar que os sevens preparam bem os nossos 3/4!
Visto da bancada, dou o exemplo dos médios de abertura mais usados nestes dois últimos anos (aliás, convém lembrar que Portugal com Errol Brain ganhou à Bélgica e empatou em Compostela, ao passo que este ano ganhámos em Bruxelas e perdemos com a Espanha … em Lisboa!), ou seja, Pedro Leal (2013) e Diogo Miranda (2014). Bem sei que ambos foram soluções de recurso, mas quer um quer outro jogaram sempre a “milhas de distância” da cortina defensiva adversária, ou seja, posicionaram-se “à sevens” e talvez esteja aí uma explicação para as fracas exibições das nossas linhas atrasadas, apesar de nunca termos tido centros tão bons como agora (Ávila, Lima e Murray, por exemplo).
Soluções a curto prazo? Definir no início da época quem é dos sevens e quem é dos XV. E, depois, ser coerente com essa regra até ao final da temporada. Em Portugal somos excelentes a fazer leis e, depois, à primeira adversidade, de duas, uma: ou desrespeitamos essa norma ou, pior ainda, fazemos logo outra contraditória com a primeira.
Parabéns pelo blog que é o melhor espaço de debate de rugby que existe por cá.

Anónimo disse...

Concordo com este último comentário, é critico sem ser derrotista.

De facto existe alguma confusão de jogadores a saltarem dos sevens para XV e vice versa. Parece-me muito evidente que é preciso definir quem está de um lado e do outro. Não se ganham equipas com experiencias deste tipo.

Quanto à disponibilidade de atletas e horários de treinos. Não me parece que possamos ter profissionais, por questoes de orçamento.É utopico pensar o contrário. É preciso ter em atenção que existem atletas que não são de Lisboa (que é importante para o crescimento do rugby nacional). Treinos e horários tem de ter em atenção esse aspecto. Também considero importante manter atletas com bom desempenho escolar (essa tambem tem sido a iamgem diferenciadora do rugby em relação a outras modalidades). Atletas que não equilibrem o desempneho académico com o desempenho desportivo, não são os que mais interessam em termos do futuro da modalidade.

Quanto a dinheiros investidos pela FPR, não pode ser um assunto público. A FPR tera de promover mais debates e explicações como o fez recentemente. É ter um bom plano de comunicação. esses debates d dinheiros tem de estar circunscritos. No limite são da responsabilidade exclusiva da FPR e que os apresenta nas AGs de associados.

Anónimo disse...

Com o Japão residente para o ano esta passa a ser o nosso concorrente direto para não sair da equipa core.
Com o RWC 2019 a disputar no Japão a continuar esta politica de 7`s em Portugal, adivinhem quem desce para o ano.