4 de março de 2014

CANADÁ E E.U.A. DEVEM SER INTEGRADOS NUM NOVO TORNEIO FIRA? *

* Paul Tait
O CEO da Federação de Rugby dos Estados Unidos, Nigel Melville, tem um prestígio cada vez maior como um lutador que pretende mudar a cara do nosso desporto.

Ele acredita que o rugby está sofrendo muito pelo facto de não existir um calendário global da modalidade, e assim os países que integram o Tier Two tem problemas graves todos os anos.

Os Estados Unidos não tem acesso a todos os seus jogadores baseados na Europa durante a janela internacional de Junho, nem de Novembro.


Além disso há datas em que jogadores poderiam estar jogando rugby internacional, mas isso acontece em datas em que os Estados Unidos não têm jogos internacionais.

Uma solução foi sugerido por Melville - fazer os Norte Americanos participarem no torneio de Tier Two Europeu (ENC) para disputar um novo campeonato durante a janela do Seis Nações.

Esta semana haverá reuniões em Londres que contarão com representantes de membros do Tier Two com o objectivo de criar uma agenda para 2015-2019.
Membros do Tier Two concordaram que eles precisam de mais competição internacional e querem mais encontros entre eles, além de terem mais oportunidades de enfrentar membros do Tier One.

Desde o mundial de 2011 os Estados Unidos e o Canadá jogaram uma partida por ano contra um membro do Seis Nações.
Os jogos contra a Itália em Junho de 2012 e a Irlanda em Junho de 2013 foram grandes sucessos com multidões significativas (mais de 20,000) em Houston e Toronto.
O mesmo é provável que aconteça este ano quando a Escócia jogar nas mesmas cidades antes de enfrentar a Argentina em Córdoba.

O Canadá deu muito trabalho à Itália em 2012 e os Estados Unidos jogaram muito bem contra Irlanda em 2013.
Nenhum deles enfrentou outro membro do Tier One durante este período mas ambos demonstraram uma qualidade elevada de rugby em campo contra os Maori All Blacks em 2013.
Os jogos não-internacionais contra os Maoris tiveram boas assistências em Toronto e Filadélfia.

Os organizadores estão bem consciente do fato que existe um produto em crescimento e que eles precisam atender o mercado que está cada vez maior.
Para realizar isto, Canadá e Estados Unidos precisam de mais jogos internacionais em casa e fora de casa.
Eles simplesmente precisam de agendas mais parecidas com as do Tier One, do que com as do Tier Two.

Em 2014, por exemplo, o Canadá terá apenas seis jogos internacionais - três em Junho e três em Novembro.
A Inglaterra, por outro lado, terá cinco jogos no Seis Nações, três outros fora de casa contra Nova Zelândia em Junho e quatro em casa, em Novembro, para um total de doze test matches, um a mais que a Itália que está totalmente estabelecido como parte integrante do Seis Nações.
A diferença nas agendas entre a Itália por um lado, e os norte americanos por outro, é que a Itália joga contra países que pode derrotar na Europa durante todo o ano, enquanto o Canadá e os Estados Unidos têm que esperar por Junho para começar.


O Japão tem uma agenda melhor pelo fato que existe o Asian Nations Cup que em 2014 servirá como preparação para os jogos fora de casa na Pacific Nations Cup contra Canadá e Estados Unidos, além de confirmar qual país asiático se classificará directamente para o Campeonato do Mundo de 2015.
O Japão receberá a Itália em Junho e em Novembro jogará partidas ainda não confirmadas que envolverão jogos em casa e na Europa.
Ou seja, O Japão terá uma agenda melhor do que os norte americanos.

A ideia sugerido por Melville no twitter é para os Estados Unidos (e o Canadá) jogarem contra países europeus em Fevereiro e Março num torneio novo que substituirá a Divisão 1A da FIRA.
O campeonato atual de FIRA conta com os seis melhores selecções europeias fora do Seis Nações e neste biénio (2013/14) desdobra-se em qualificativo para o Mundial de Inglaterra/Gales 2015.
Geórgia e Romênia já asseguraram os seus lugares no Mundial e mais um do ENC se pode juntar a eles.
O terceiro colocado entre, Espanha, Portugal e Rússia terá a oportunidade de se classificar via repescagem.

Seria possível que o Canadá e os Estados Unidos substituíssem a quinta e sexta colocadas para jogarem anualmente em Fevereiro e Março?
Existem vários modelos que podem ser considerados, como por exemplo, rebaixando os dois últimos colocados todos os anos ou mantendo o evento como um torneio bianual.
Poderia ter jogos compartilhados entre a Europa e a América do Norte ou podem todos ser no velho continente.
Canadá e Estados Unidos demonstraram boa vontade em Novembro de 2012 quando jogaram contra nações do Tier Two, em Colwyn Bay, Gales.

O que possibilita um novo torneio ser viável comercialmente é o fato de todos os países poderem vir a contar com as suas melhores equipas.
Jogadores como Samu Manoa, Cam Dolan, Scott LaValla, Taku Ngwenya, Chris Wyles, Tyler Ardron, Aaron Carpenter, Jamie Cudmore, Jeff Hassler, Taylor Paris e DTH van der Merwe estariam disponíveis para jogar durante estes meses, da mesma forma que a Geórgia pode contar com seus jogadores na França para disputar o ENC.

Em jogos já realizados a Geórgia já conseguiu atrair multidões significativas para jogos em Novembro contra o Canadá e os Estados Unidos, e a Roménia é um país de de regresso ao rugby de alto nível, depois de perder muita qualidade com o fim de comunismo.
Se ambos os países estiverem disponíveis para jogar contra os norte americanos todos os anos em Fevereiro e Março eles teriam um número maior de jogos vendáveis e também equipas superiores para enfrentar.
O fato de não existir promoção/rebaixamento entre o Seis Nações e a Divisão 1A do ENC significa que Geórgia e Romênia poderiam beneficiar significativamente de um novo formato que traria os dois melhores membros de NACRA para disputar o torneio da FIRA.

8 comentários:

Anónimo disse...

Grande ideia para o Rugby, mataria era o rugby em portugal, com o afastamento do ENC

Anónimo disse...

esta é uma proposta que a meu ver pode agradar aos georgianos caso o 6 nações continue fechado, é da maneira que se aumenta a competitividade do rugby nesta divisão(e também agradará à roménia)...o inconveniente vai ser o rebaixamento automático de 2 equipas, o que irá a meu ver gerar alguma polémica por parte de espanha ou nós mesmos que não vamos querer sair do ENC .. acaba por ser uma transposição do pacific nations cup para a europa, que a meu ver precisa desta injecção de competitividade ( veja-se a evoluação nos últimos tempos de canadá e estados unidos a jogarem contra tonga, fiji, japão e samoa)..acho que é uma mais valia

Great Duke disse...

A descida de duas equipas só se verificaria antes do 1º ano da competição.

A partir daí seria sempre a última das 4 equipas europeias a descer, creio.

O problema que eu vejo é mais na necessidade de reformular o sistema de qualificação para os Mundiais pois atribuir 3 lugares (2+1) entre 4 equipas não me parece muito próprio.

Mas que esta competição aumentaria o nível de certas equipas disso não tenho dúvidas (talvez a Geórgia não seja a principal beneficiada). Provavelmente, nós poderíamos vir a ser um dos grandes beneficiados se conseguíssemos manter-nos no comboio.

Mas aí vem as mesmas questões de sempre sobre a sustentabilidade do nosso modelo.

Anónimo disse...

A ideia dos georgianos e dos americanos é que seja um torneio por convites e sem promoção/despromoção.

Se conseguirem levar a deles avante, Portugal não será convidado.

Leonardo disse...

O grupo sera EUA, Canada, Georgia, Romenia, Russia e Portugal.
Ele seria assim composto so por equipa que ja participaram em mundiais.
Portugal jogaria assim jogos de elevassimo nivel.
Com o poder economico e da capacidade de desenvolminto da modalidade no EUA e Russia, o torneio das 6 nacoes poderia abrir com um processo de promocao do vencedor...

Isto tudo seria optimo sim Portugal apanhar o camboio !

Anónimo disse...

Exactement, il faudrait pour cela que le Portugal fasse parti du groupe.

Manuel Cabral disse...

Tenho lido os comentários a este texto do Paul Tait com muito interesse, e na verdade é por existirem pessoas que gostam de conversar civilizadamente sobre os assuntos, que mantenho as caixas de comentários abertas.
Agradeço desde já a colaboração de todos.
Mas há alguns aspectos que ainda não vi referidos e que acho que merecem ser mencionados.
1. O ENC - Divisão 1A é uma competição continental, onde jogam as melhores equipas da Europa, após um longo processo de qualificação que movimenta 35 equipas nacionais, em sete divisões ligadas entre si por um sistema de promoção/rebaixamento.
Não me parece assim que se justifique a admissão de países fora da Europa, claramente em prejuízo de equipas europeias.
2. O sistema competitivo europeu pode não ser perfeito, mas a verdade é que permite que as equipas evoluam, sendo as melhores recompensadas com a promoção até ao topo (A Divisão 1A, na ausência sempre criticada de falta de acesso ao Torneio das 6 Nações) e as mais fracas castigadas com o rebaixamento.
3. O bloqueio do acesso ao 6 Nações tem sido sempre criticado, e agora vamos promover a criação de uma nova competição em que pelo menos parte das equipas estarão lá sem ser por critérios simplesmente desportivos? Eu explico: e se o Canadá ou os EUA ficarem em último na nova competição, o que acontece?
Ou seja, somos contra o bloqueio do acesso ao 6 Nações mas não por uma questão de princípio. Somos contra apenas porque não somos nós os beneficiados...

Great_duke disse...

Ola Manel,

Tu tens razão. Por isso as minhas duvidas em relação ao processo de qualificação para os Mundiais.

Penso que todos os que não se atiram à ideia fazem-no, simplesmente, porque vêm na possibilidade de Portugal jogar frequentemente com o Canada e os USA uma forma de ajudar do nosso rugby (a selecção) evoluir.

Mas, mais uma vez, existem os "ses":
- Portugal conseguiria entrar no torneio?
- E conseguiria manter-se nele?
- E as bases? Como desenvolver a modalidade na base e não investir tudo nesta competição e, consequentemente, num grupo restrito de jogadores.
- Poderíamos, como os restantes 5 participantes, contar com todos os nossos jogadores a jogar no estrangeiro? Ou ficaríamos, logo aqui, com um handicap?
- Quem pagaria as viagens para a América? A FPR? Em prejuízo do desenvolvimento?

De uma forma ou de outra, para países como Portugal, Espanha ou todos os outros possíveis interessados (exceptuando Rússia, Roménia e Geórgia) isto parece ser o famoso modelo da "construção do telhado antes dos alicerces".

Continuo a achar que uma qualificação olímpica faria mais pelo nosso rugby que estes torneios, pois teríamos uma oportunidade (mais uma) para espalhar o rugby pelo pais...