12 de maio de 2015

843 JOGOS EM 150 TORNEIOS, HISTÓRIA COM 23 ANOS MERECE RESPEITO

Longe vai aquele dia 27 de Maio de 1992 quando a selecção nacional de sevens fez a sua estreia no torneio de qualificação para o Mundial de 1993, na Catania, Itália, frente à Namíbia, perdendo por 24-6.

Numa altura em que se regista a participação nacional em 150 torneios, o que aconteceu em Glasgow, constatamos com orgulho que dos cinco jogos já realizados entre Portugal e a Namíbia, os portugueses venceram quatro, ficando aquela derrota de 1992, apenas como registo do início de uma carreira triunfante.


Naquele ano Portugal não conseguiu o apuramento para o Mundial, mas isso foi a única vez que aconteceu, já que os Linces estiveram presentes em todos os outros Campeonatos do Mundo, como você pode verificar aqui.

Nos cinco Mundiais em que participou, Portugal venceu 10 jogos, empatou um e perdeu os restantes 19, conseguindo a sua melhor classificação em 2005, ano em que perdeu a final da Plate frente a Samoa (7-29) - note-se que se em 1997 e 2001 Portugal disputou a Bowl, já em todas as restantes participações, a nossa equipa nacional disputou a Plate.

Ou seja, desde 2001 que Portugal faz parte, por direito conquistado nos campos de rugby, do conjunto das 16 melhores equipas do Mundo, feito que teve o seu maior brilho na conquista de oito títulos europeus.

É verdade, Portugal venceu o Europeu em oito ocasiões, começando logo em 2002 frente à Geórgia (24-14), para vencer novamente em 2003 (França 26-21), 2004 (Itália 21-14), 2005 e 2006 (Rússia 28-26 e 19-7), 2008 (País de Gales 26-12) e 2010 (França 12-5).
Finalmente em 2011, primeiro ano em que o Europeu se disputou no sistema de circuito, Portugal voltou a vencer, à frente da Inglaterra (2º lugar), França, País de Gales e Itália, para referir apenas os representantes das Seis Nações...

(Tudo sobre a nossa selecção nacional de sevens aqui)

SEVENS EM PORTUGAL - UM SUCESSO?
Com um registo desta natureza a FPR tinha obrigação de ter cuidado do futuro da variante, difundindo os sevens pelo país, criando competições que atraíssem o interesse dos clubes e do público, assegurando condições de evolução que nos permitissem continuar a estar no topo dos sevens europeus e mundiais.

Infelizmente não foi isso que aconteceu, e a direcção federativa chefiada por Amado da Silva mais não fez que reunir alguns jogadores - quando não eram necessários à selecção de XV - a quem foram dadas algumas condições, mas nada fazendo que conduzisse efectivamente à explosão que se exigia nos sevens nacionais após a inclusão da variante no Programa Olímpico para os Jogos do Rio de Janeiro, em 2009.

Assim, por melhor que se trabalhe no topo, não é possível manter uma equipa nacional consistente e competitiva e eu tenho ao longo dos anos alertado para os perigos da política seguida e de como se deveriam fazer as coisas.

Os sevens são e devem continuar a ser uma festa, uma oportunidade de convívio, mas está claro que com a visibilidade que o jogo reduzido ganhou nos últimos 20 anos, com Campeonatos do Mundo, Campeonatos da Europa, Circuito Mundial e Jogos Olímpicos, ele passou também a ser um caso sério de competição, exigência e porque não dizê-lo, de profissionalismo.

Então como vamos conciliar isto num país onde a tradição do rugby é pequena, mas onde a habilidade natural dos seus jogadores, lhe tem permitido ocupar lugares de grande relevo?

Na minha opinião isso faz-se por duas vias e em diversos degraus.

Não vou entrar em detalhes fastidiosos, mas apenas nas grandes linhas, que podem e devem ser trabalhadas de acordo com a realidade de cada região.

Uma dessas vias deve ser percorrida pelos clubes num primeiro degrau, na organização de diversos torneios nas regiões, na motivação de jogadores, de árbitros, de técnicos, de público - e deve seguir até que se encontre anualmente o campeão nacional de clubes da variante.

Num segundo degrau, cada uma dessas regiões deve criar a sua própria selecção regional, que defrontará as outras regiões em campeonatos inter-regionais, sempre em mais de dois torneios, criando um ambiente de competição rigoroso e exigente.
Sempre de forma que a constituição das selecções regionais saia dos clubes, que qualquer jogador possa ambicionar e lutar por fazer parte delas.

A partir daqui entramos na segunda via, aquela que já existe na prática e que conduz à representação nacional, com a premissa que farão parte do grupo dos eleitos para este nível, aqueles jogadores que tenham demonstrado nas selecções regionais o seu mérito, qualidade e empenho.

Não vou aqui falar do que deve ser especificamente feito neste nível, apenas aconselhamos que sejam criadas duas equipas nacionais, e não apenas uma, em constante actividade, por forma a que a preparação dos jogadores seja feita tendo como base a competição.

Mas o que é importante é que exista uma rampa que os jogadores possam subir como retribuição ao seu esforço, trabalho e competência, e que comece nos clubes, passe para as selecções regionais e só daqui para a plataforma nacional, que poderá essa sim, ser profissional ou semi profissional.

Mas repito, tem que existir um caminho que todo o jogador conheça e possa subir, e atingir o palco dos grande eventos internacionais.

Têm que ser criadas condições para que o jogador do menor clube possa atingir o topo.

Continuar a fazer como hoje, em que se reúne um grupo reduzido de 30 ou 40 jogadores, a quem se dão condições, não chega, nem honra a tradição vencedora dos sevens nacionais.

E o que se passa agora, quando no final de uma época muito exigente não existem recursos humanos para preencher as necessidades da sua equipa nacional, é a demonstração prática do falhanço da política que tem sido seguida.

Simplesmente porque não foram em tempo próprio criadas condições para a expansão do jogo reduzido, para o surgimento de um muito maior número de jogadores, para que desse maior número de jogadores pudessem ter sido escolhidos mais jogadores para constituírem duas equipas nacionais que garantissem que haveria sempre uma equipa perfeitamente rodada e experiente para os momentos decisivos.

Assim se faria a transição entre o nível de clube e de amadorismo, passando pelo nível intermédio das equipas regionais, onde já poderia haver alguns incentivos aos jogadores, e finalmente chegando ao nível superior, onde esses incentivos poderiam ser mais elevados.

Não apenas se daria oportunidade a todos os jogadores de chegarem mais alto e irem até ao topo, como se colocaria uma pressão extra sobre aqueles que cheguem ao nível superior, sabendo que todos os anos a rampa de acesso é aberta e os que não cumprirem podem e devem ser substituídos.
E então sim, podemos apostar que os sevens em Portugal podem ser um sucesso!!


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