18 de novembro de 2013

PORTUGAL VENCE NO BRASIL E DEIXA BOAS INDICAÇÕES PARA O FUTURO

Uma vitória sobre o Brasil por 68-0 foi o que os Lobos trouxeram da sua viagem a São Paulo, e se os números não chegam a surpreender, a surpresa esteve na atitude da equipa que, homenageando o adversário, não abrandou o ritmo de jogo, mesmo quando o resultado já transmitia a verdadeira diferença de nível entre os dois seleccionados.


O jogo começou com uma homenagem a Vasco Uva, desde sexta feira o mais internacional dos jogadores portugueses com 88 internacionalizações, superando Joaquim Ferreira que tem 87.

Longe vai o tempo - Maio de 1986 - quando a Rugby Revista, de João Fragoso
Mendes (é sempre bom referir quem fez o quê, para que não haja uns a fazerem vénias com os chapéus dos outros...) publicou a primeira listagem dos internacionais portugueses, que era na altura encabeçada por Domingos Megre, com 27 internacionalizações, seguido de Bernardo Marques Pinto, com 24 e Carlos Nobre e Raúl Martins com 21...

Vasco Uva é o primeiro jogador português que pode chegar às tão ambicionadas 100 internacionalizações, mas questionado se esse era um objectivo, Vasco foi claro; O objectivo é conseguir a qualificação para o Mundial, e se isso acontecer, as 100 internacionalizações vão chegar com naturalidade!

Vamos esperar e torcer por isso!

Portugal preocupou-se em ocupar o terreno de jogo, com todos os jogadores a desempenharem todas as funções, e como isso foi feito com naturalidade, ninguém se admirou de ver, por exemplo, Gonçalo Foro a discutir um ruck, ou Gonçalo Uva a abrir o marcador tirando o último adversário do caminho com uma finta de passe que não é habitual vermos em jogadores com a sua envergadura - e que bem o fez!
Gonçalo esteve muito bem nos 80 minutos do jogo, calando alguns críticos de bancada que argumentavam que, por não estar a jogar na primeira equipa do Narbonne, não devia ter jogado contra as Fiji.
Já o dissemos e repetimos, se esse era um problema, então a solução era mesmo pô-lo a jogar para ganhar ritmo, e Gonçalo acrescenta que estive bem com as Fiji, joguei o jogos todo, o que significa que estava em condições, e agora contra o Brasil, estive um pouco melhor e espero melhorar para o jogo com o Canadá.

E esteve mesmo bem, quem viu o jogo, viu-o correr sem parar, cobrir terreno, ganhar bolas nas situações estáticas e nos rucks, enfim, um valor seguro da nossa equipa.

Dos avançados - que estiveram muito bem no conjunto, dominando formações, alinhamentos e pecando apenas por algum excesso de faltas nos rucks (que valeram o único amarelo do jogo) - as referências são seguramente positivas, mas como deixar de referir a actividade e influência de um jovem (talvez o mais jovem de todos os portugueses!) que dá pelo nome de João Correia, por acaso é só o capitão da nossa equipa, e que, do alto dos seus 34 anos não dá abébias na primeira linha e no jogo aberto é uma ameaça aos nossos centros e pontas!

João Correia protagonizou um dos mais excitantes momentos do primeiro tempo quando, recebendo a bola a 30 metros da área do Brasil, numa jogada de linha,
libertou-se do ponta adversário com um hand off e fez uma finta de passe ao centro brasileiro que vinha na dobra para se lançar para a marcação de um ensaio, mas caiu antes da área e deixou fugir a bola para diante...
Não fosse a queda a menos de um metro da linha e João Correia estaria muito bem posicionado para enfrentar os novos adversários com a camisola 13...
(alterado depois de visionado o vídeo do jogo)
E até quando vamos encontrar João Correia a comandar a nossa equipa?

Enquanto os treinadores me quiserem, mas se conseguirmos a qualificação para o Mundial, continuarei com certeza. 
Caso isso não venha a acontecer é natural que tenha que repensar o futuro, pois a minha família é a minha grande prioridade....

Mas não só os avançados estiveram bem, já que as linhas atrasadas mostraram capacidade defensiva, iniciativa atacante e imaginação para variar o jogo.

Adérito Esteves - uma força da natureza! - redimiu-de de um erro que custou um ensaio ao ataque nacional pouco depois de entrar, em substituição de Pedro Bettencourt, para surgir depois em diversas situações entre a linha de três quartos, rompendo a defesa brasileira, sem velocidade nem poder para o parar.

Mas não foi o único, com Gonçalo Foro a abrir as hostilidades e a mostrar como um ponta, quando não tem espaço, deve jogar, e Frederico Oliveira, que esteve bem, tanto na ponta como a centro.
(alterado depois de visionado o vídeo do jogo)
Quanto aos médios, creio que ainda precisam de tempo - que vão ter - para se acertarem, mesmo se no conjunto estiveram razoavelmente bem.
O problema é que com outra oposição, o espaço é menos e o tempo escasseia...

Deixei propositadamente para o fim o mestre Pedro Leal, que esteve nas suas sete quintas!
Com espaço e tempo para jogar, fez a alegria de quem assistiu ao jogo, em especial no extraordinário momento que protagonizou - com Adérito Esteves - e que culminou no último e melhor ensaio da noite, com direito a salto de peixe de um Adérito claramente entusiasmado com o momento!

Há muitos anos dizia-se que o jogador de futebol Oliveira, ao serviço do Porto, após uma excelente jogada, pediu para ser substituído dizendo: "Quem viu, viu, quem não viu..."

Pois Pedro Leal merecia o mesmo, e se você não viu, procure na net e veja!



118º JOGO DO BRASIL, 236º DE PORTUGAL
O jogo de sexta feira foi o 236º jogo de Portugal e o 118º jogo do Brasil, sendo que nos 236 encontros disputados pelos Lobos se registaram 94 vitórias 13 empates e 129 derrotas, enquanto pelo lado brasileiro nas 118 partidas o Brasil venceu em 47 ocasiões empatou apenas uma vez e perdeu as restantes 70.

Curiosamente, se os Tupis realizaram metade dos jogos de Portugal (118/236), também venceram metade dos jogos (47/94), e apenas nas derrotas a vantagem
pende para os Lobos (70/129), que perderam menos do dobro das vezes do Brasil...

O Brasil, não tendo desiludido, mostrou a distância que ainda tem que percorrer para subir os 12 degraus que separam as duas equipas no ranking da IRB, mas não tem que desanimar, mas sim de trabalhar para que se possa aproximar do ritmo de equipas como Portugal, Uruguai ou Chile, sem o que não poderá sonhar com a participação numa fase final de um Campeonato do Mundo.

Este tipo de jogos são fundamentais para o desenvolvimento da equipa brasileira, e os rugbiers tupis têm que os encarar como parte do processo de desenvolvimento, não podendo baixar os braços e desanimar.

Pela minha parte fico a aguardar ansioso por novo encontro entre as duas equipas, onde se possa aferir dos resultados do trabalho feito no intervalo entre as partidas.

Verifique os dados estatísticos da equipa brasileira no nosso hot site  www.brasilrugby.maodemestre.com e verifique os da equipa portuguesa  no nosso hot site www.portugalxv.maodemestre.com

EU NÃO QUERO OUVIR OS LOBOS A CANTAREM A PORTUGUESA!
Vou terminar com um tema que me impressiona há muito e que tem que ser alterado.
Desde 2007 que os Lobos ficaram conhecidos pelo empenho e garra com que cantam o hino nacional, não deixando qualquer dúvida sobre a natureza dos seus sentimentos.
Assim foi na Arena Barueri, em que, com o silêncio da bancada brasileira, a sua voz se ouviu e emocionou.

Mas chega de se ouvirem os Lobos nos jogos em Portugal!
Não que eles devam perder a sua imagem de marca, que deixem de sentir aquele momento de união, respeito e empolgação.
Não, nada disso!

Já no próximo, às 15 horas, no Universitário de Lisboa, o que eu gostaria é que tu, tu e tu, que vais ao estádio ver o jogo, não te fiques como ouvinte espantado escutando um pequeno grupo cantar A Portuguesa.

O que eu gostaria é que tu, tu e tu, cantasses o hino nacional tão forte, com tanto sentimento, que os Lobos não se ouçam, e, pelo contrário te ouçam eles a ti!

Porque não são os Lobos que têm que puxar por ti!
És tu que tens que fazer a tua parte na caminhada dos Lobos, e mostrar que também estás a jogar!

Vamos abafar o uivo dos Lobos!

(Todos os jogadores foram utilizados)

Fotos: Portal do Rugby/Diego Monteiro Gutierrez e Silvia Caroline/Mão de Mestre

11 comentários:

Anónimo disse...

Manel,

Era um estádio para 30.000 pessoas, quantos estiveram presentes? qual o interesse que os brasileiros têm pelo rugby?

Anónimo disse...

Se calhar o mesmo que nós tínhamos em 1970 e que nos levou ao Mundial em 2007.
Não desdenhemos. É um péssimo hábito

Manuel Cabral disse...

Comentários das 11:50 e das 15:34
Estiveram cerca de 4000 pessoas, o que, atendendo ao facto de ter sido realizado num fim de emana prolongado, é muito bom.
Quanto ao interesse dos brasileiros pelo rugby, faço apenas uma referência: a Federação Paulistana de Rugby tem cerca de 60 clubes a disputarem competições, o que é praticamente o dobro do que existe em Portugal...
O interesse das empresas, da tv e da radio só agora começam a aparece, mas eu acompanho o rugby brasileiro há mais de uma década e posso afirmar sem medo de errar, que neste período o rugby brasileiro evoluiu mais do que o rugby português entre o princípio dos anos 80 e o princípio do ano 2000...
E pelo conhecimento do que está a ser feito, pelo menos pelas Federações mais importantes, acredito que dentro, no máximo 10 anos, o Brasil vai estar muito perto de nós...

Anónimo disse...

Força Brasil... para quando um reencontro num Mundial? Era bonito... ou nos Jogos Olímpicos, em sevens!

Anónimo disse...

Estive no estádio e, como português, ex-jogador e a residir no Brasil há 8 anos, foi com grande alegria que estive presente. Portugal fez uma exibição muito boa e gostei muito de ver os mais novos a se revelarem como apostas seguras. Sobre as questões que colocam em relação ao interesse e a competitividade que o rugby brasileiro apresenta, apenas posso reforçar o que o Manuel Cabral referiu: o interesse está a aumentar exponencialmente e o Brasil tem um campo de recrutamento que é cerca de 20 vezes superior a Portugal…Por outro lado, a generalidade dos brasileiros têm cultura desportiva e praticam regularmente desportos ou frequentam academias o que facilita a integração em modalidades coletivas. O Brasil pode chegar o longe no Rugby, o que fez no volei é um exemplo. Do "quase nada" transformou-se na maior potencia mundial. O Rugby no Brasil começa a reunir apoios importantes, patrocinadores e, por incrivel que possa parecer, a atenção mediática é muito mas muito maior que em Portugal. A quantidade de jogos internacionais que passam nas tvs brasileiras é muito superior que em Portugal tal como é frequente a transmissão regular de jogos do campeonato brasileiro de rugby. Existem websites especializados e a CBRU informa regularmente através do site os eventos e o calendário no Brasil (isto para uma realidade de vários Estados). Bem diferente do que se passa em Portugal - onde a única salvação que temos é através do excelente trabalho feito no Mão de Mestre. Não tenho dúvidas que em pouco tempo, talvez menos de 10 anos, o nível do Rugby no Brasil já esteja equiparado ao nível do Rugby em Portugal…Já deu para perceber que algumas coisas dificilmente mudarão em Portugal, a começar com uma FPR que insiste em repetir erros atrás de erros….Dessa forma será dificil evoluir mas também temos que ter bem presente que, para a dimensão de Portugal e por sermos um país que quase que apenas dá atenção a uma modalidade desportiva, já somos verdadeiros campeões no Rugby por termos conseguido o que já conseguimos...

Manuel Cabral disse...

Comentário das 17:44
Bingo! Se me quiseres contactar podes utilizar a caixa CONTACTE-NOS, na etiqueta DIVERSOS, na barra superior de links.

Rui Tojal disse...

Estou no Brasil, vi o jogo pela SportTV3 brasileira.
Ótima transmissão integral, com o senão de adotar termos em Inglês, quando existem equivalentes fáceis em Português. É o caso de "try", que é ENSAIO.
E já agora, porque é que vocês escrevem todos Rugby, será que dizem RÚU-G-BI?
Se não dizem, desculpem, é RÂGUEBI que deviam escrever, como fazem já todos os jornais.
A evolução duma modalidade também se vê na apropriação da linguagem.
Ninguém em Portugal escreve já HAND BALL, FOOT BALL, RINK HOCKEY, "and so on", né?
Parabéns aos Lobos (e aos Lobitos, que subiram à primeira divisão europeia! - o Râguebi português no bom caminho!).
Já agora, uma nota sobre a arbitragem dos argentinos no Brasil-Portugal, não sendo eu especialista, achei super-caseira - desnecessariamente, sendo um jogo amigável, numa modalidade que se pauta pelo maior fair play de todas!
E parabéns também ao Brasil pela raça com que se bateu.
No final, não importa a pontuação, o que importa é dar o seu máximo, e com lealdade. O resto não é desporto, é lixo.
PROPOSTA DE CAMPANHA: «Que o râguebi se mantenha amador entre nós». Para fantochada de espetáculo pseudo-desportivo de mercenários e gandulos, já basta o futebol.

Anónimo disse...

Rugby é o nome de uma cidade e por essa razão não deve ser mudado mas isso é apenas a minha opinião. Quantos aos termos técnicos do jogo, recordo que "ensaio" não é de origem portuguesa é apenas a tradução do termo francês. Portugal optou por dar primazia aos termos usados na França e o Brasil aos termos usados em Inglaterra (que faz mais sentido). neste momento em Portugal existe uma mistureba de termos usados em França, Inglaterra e os "aportuguesamentos". Certos estão os brasileiros que optaram por usar os termos em inglês e assim pretendem continuar. Dessa forma será mais familiar para os miúdos acompanharem as transmissões internacionais, as publicações e o convívio com equipas de outros países.

Anónimo disse...

É um tipo de discussão muito complicada. É quase como o acordo ortográfico. Pessoalmente sou totalmente a favor da tradução dos termos para portugues, ou em caso de impossibilidade deve-se aportuguesar o termo.
A verdade é que por exemplo em Espanha eles, pouco dados a falar línguas, que não seja o castelhano, para já não dizer as línguas regionais, espanholaram a
maior parte do termos. E quem quer, quer, quem não quer que coma menos, na opinião deles.
No futebol e muitas outras modalidades fizeram e só ganharam ao facilitar a introdução da modalidade e meios menos académicos. Claro que agora em que o ingles é obrigatório logo a partir da barriga da mãe é mais fácil entender que não haja tradução.
Espero ter marcado um goal ou melhor, um golo depois este penalty, ou melhor, grande penalidade.

Manuel Cabral disse...

Ao comentador que já viu dois comentários recusados - pode entrar em contacto comigo através da opção CONTACTE-NOS na etiqueta DIVERSOS, que lhe explicarei as razões (óbvias) das recusas.
Quanto ao tema que pretende abordar, não vale a pena insistir: não é um tema tratado nesta notícia, nem abordado pelos anteriores comentadores, pelo que não terá divulgação.
Existem locais próprios para fazer a publicidade que pretende.

Anónimo disse...

Realmente parece que o rugby está no bom caminho no bRasil, apesar do jogo jogado ainda ser pobre, parece-me que estão melhor que nós em pormenores(maiores)organizativos. É penoso em Portugal ver uma transmissão televisiva, excelente a transmissão Brasileira, boa cobertura do jogo, bons ângulos de filmagem(não sei se será o termo correto), o jogo até parece ser melhor do que na realidade foi. Isto pode não parecer impoprtante, mas é o suficiente para muita gente não mudar de canal. É bom voltar a sentir o "perfume da vontade Portuguesa/Argentina"..