21 de novembro de 2013

FIJI, SAMOA E TONGA - PARA QUANDO JOGOS COM A NOVA ZELÂNDIA? *

* Paul Tait
O ano passado o presidente da New Zealand Rugby Union (NZRU) Steve Tew disse: “O calendário é obviamente cheio e existem apenas algumas janelas em que os países insulares teriam seus melhores jogadores de volta da Europa e de outros lugares. 
As opções de tempo para qualquer coisa adicional são muito limitadas.“

Os comentários, vindos da federação de rugby de maior sucesso no planeta, devem ser encarados com grande preocupação pelos fãs de rugby pelo mundo fora.


O chefe da NZRU deixou claro que a Nova Zelândia não tem intenções de enfrentar Fiji, Samoa ou Tonga a qualquer momento nos próximos sete anos. 

Isso significa que a tradição dos All Blacks serem um potência regional, mas sem nunca jogar testes nas ilhas do Pacífico continuará.

O dinheiro adicionado que agora está disponível por causa do acordo entre o NZRU e a empresa AIG não vai ter o resultado que deveria.

O negócio de milhões de dólares com a AIG não vai servir para a Nova Zelândia
fazer história e jogar uma partida em Fiji, Samoa ou Tonga. 
É compreensível, do ponto de vista económico, que jogos teste de rugby nesses países não possam garantir lucros para todos. 

De fato, a realização de testes não é susceptível de acontecer gerando prejuízos. 
Mas, no entanto, isso traz uma pergunta que precisa ser feita – Será que o IRB não tem os meios para encorajar activamente a Nova Zelândia (e a Austrália) a jogar partidas fora de casa, em Fiji, Samoa e Tonga?

A turnê atual da Nova Zelândia na Europa começou na Ásia com um jogo contra Japão e depois os All Blacks jogaram contra França, Inglaterra e no próximo sábado  jogam contra a Irlanda. 

Entre eles Japão tem uma classificação inferior a Samoa, Fiji e Tonga no ranking do IRB. 
Em 2014 há uma grande possibilidade de ter um jogo em Nova Iorque entre Estados Unidos e os All Blacks. 
Isto levanta uma outra questão – O ranking do IRB é para ser levado a sério? Sem dúvida, a resposta é sim, mas como nações podem crescer sem oportunidades? 

A vitória de Samoa sobre o País de Gales, no ano passado foi um lembrete para as autoridades de que vale a pena incentivar o crescimento e jogos de recompensa.

A Argentina teve que terminar em terceiro lugar no Mundial 2007 para receber um convite para o Rugby Championship. 
Samoa, ao que parece, só será adicionado ao alcançar o mesmo ou mais no Mundial 2015. 
Samoa pode até não vir a participar de um torneio de Tier 1, mas precisa de testes contra essas equipas nas janelas de Junho e Novembro. 

Logicamente Samoa teria que hospedar jogos em Junho, mas infelizmente o Sr.
Steve Tew vem impedido esta possibilidade.

Em Junho de 2012 Samoa enfrentou a Escócia em Ápia. 
O jogo foi apenas o segundo em casa contra uma equipa do Tier 1 numa década.
O jogo anterior foi em 2003 contra a Irlanda, que na época também jogou contra Fiji, Japão, Papua Nova Guiné e Tonga. 
O jogo contra a Escócia foi altamente competitivo com a Escócia acabando por vencer por 17 a 16. 

Turnês futuras dos visitantes são fundamentais e País de Gales está confirmado para 2017.

Steve Tew fez sua defesa com esta palavras: 
“Uma coisa que é esquecida neste debate é que fomos fortes apoiantes em conseguir a inclusão da Argentina no The Rugby Championship. 
Isso levou a um monte de arranjos e agora estamos vendo os benefícios. 
Mas não pode caber tudo o que precisa ser feito na nossa agenda. 
Temos uma consciência clara de nosso compromisso com o rugby das ilhas do Pacífico. 
Nós sabemos que há um forte desejo de os All Blacks jogarem lá e, isso em algum momento pode até ser bom, mas é muito difícil agora saber como poderíamos encaixar no calendário e como fazê-lo funcionar comercialmente. “

Sem dúvida é um problema complexo, mas essencial para o papel de um líder é como contribuir para os menos afortunados. 

A Argentina joga no Campeonato Sul-Americano anualmente e o Japão joga o Asian 5 Nations. 

Estes são exemplos de liderança regional. 
Para ser uma liderança global há uma necessidade de, em primeiro lugar, ser um líder regional. 
A Argentina aparece como um forte candidato para sediar a Copa do Mundo de Rugby de 2023 e seu exemplo de jogar rugby contra os seus vizinhos é algo que os outros devem, sem dúvida, tomar como exemplo.

A UAR não ganha nenhum dinheiro em jogos fora contra o Brasil, Chile ou Uruguai, mas as relações entre estas Federações de Rugby são muito fortes. 

A Nova Zelândia teve certamente um impacto significativo sobre as Ilhas do Pacífico com jogadores que jogam na Nova Zelândia e muitos jogadores nascidos na Nova Zelândia representando as seleções de Tonga, Samoa ou Fiji. 

Mas o que Samoa, em particular, precisa fazer para garantir uma recepção aos All
Blacks?

A última vez que as equipes se enfrentaram foi em 2008, quando Samoa não tinha acesso a praticamente nenhum dos seus jogadores baseados na Europa e, como resultado, apresentou em campo uma equipe amadora e perdeu por uma pontuação recorde. 

A mesma nação está agora classificada em 8 º lugar do mundo depois de subir no ranking mundial do IRB porque derrotou equipes do Tier 1 incluindo Austrália e País de Gales. Ganhou as partidas com os principais jogadores disponíveis e nos testes que estão sendo jogados em Junho ou Novembro.

2 comentários:

Anónimo disse...

Pois é! e a malta do Rugby ainda refila e se acha superior á tribo do Futebol e aos arranjinhos para o Mundial ser no Dubai.

Pelo menos no futebol existe um esboço de democraticidade, pelo menos no futebol a poderosa Alemanha, ou o poderoso Brasil têm que jogar as qualificações. Pelo menos no futebol Andorra pode ter o privilégio de enfrentar a Alemanha. É isto que faz o Futebol ser cada vez mais universal.

O Rugby está mais próximo do Boxe com os imperativos comerciais a imporem-se aos desportivos e a vontade de alguns ao desejo de todos os outros (Todos os animais são iguais mas existem uns mais iguais do que os outros). O que vai acontecer é que o Rugby inibe o seu próprio crescimento a nível mundial. Porque é que mais de metade do Campeonato do Mundo tem vagas ocupadas, razões comerciais dir-me-ão mas no Futebol apenas o anfitrião tem lugar garantido e nem por isso o campeonato do mundo de futebol deixa de ser o maior espectáculo desportivo do planeta (excepção aos jogos olímpicos).

O que existe é os aspectos comerciais de alguns em detrimento dos aspectos comerciais do desporto como um todo, o que existe é a garantia na secretaria de sucesso desportivo em detrimento de verdade desportivo e democraticidade no acesso ao ás competições.

O que fazer? provavelmente nada. Provavelmente esperar que este modelo de negócio esteja esgotado e que eles achem um outro onde possam ganhar mais dinheiro e seja mais democrático.

Anónimo disse...

Steve Tew não é o Presidente da Federação de Rugby da Nova Zelândia mas sim o seu "Chief Executive Officer" ( CEO )