* Manuel Cabral
Apesar do desnível que existe entre as equipas participantes no Mundial, a verdade é que o conjunto dos 16 resultados das duas primeiras jornadas se mostram bem mais equilibrados do que em edições anteriores da prova, sem resultado algum com um diferencial entre pontos marcados e pontos sofridos superior a 45.
Claro que ainda há muito a jogar e muita coisa pode acontecer, mas a verdade é que os 58-14 da vitória da Nova Zelândia sobre a Namíbia ficaram muito aquém do que se esperaria, da mesma forma como os 38-11 da França sobre a Roménia, ou ainda dos 54-9 registados no País de Gales-Uruguai.
Tecnicamente estamos a assistir a uma forma mais "aberta" de abordagem do jogo pela maior parte das equipas, e mesmo aquelas que começaram a prova duma forma mais "fechada", com maior concentração da bola no jogo dos avançados e da procura sistemática do contacto sem grande circulação de bola, acabaram por aderir à fluidez do jogo, com claro benefício do espectáculo, e por efeito directo dessa atitude, dos fantásticos números de espectadores não apenas nos estádios, mas sobretudo nas transmissões televisivas.
Falando de espectadores, nos 16 primeiros jogos, a soma total da capacidade dos estádios utilizados era igual a 856.976 lugares, e desses lugares foram ocupados com pagantes 800.428!
Ou seja, apenas ficaram por vender 6,6% dos lugares, uma percentagem de ocupação superior a 93%.
Quanto à audiência televisiva, o jogo inaugural - um modesto Inglaterra-Fiji, em termos de interesse desportivo - registou a maior audiência de sempre de um evento desportivo no Reino Unido, com 8,7 milhões de espectadores.
Já o jogo Escócia-Japão teve, no Japão apenas, 19,5 milhões de espectadores, ou seja, cerca de 15% da totalidade da população do país...
Ainda a propósito de números, o jogo Nova Zelândia-Argentina, disputado no Estádio de Wembley, que tem capacidade para 90.000 espectadores, reuniu "apenas" 89.019 espectadores nas bancadas...
Enquanto isso, o Estádio de Brighton, que tem capacidade para 30.750 espectadores, acomodou 29.290 para assistirem ao África do Sul-Japão e 29.178 para verem Samoa bater os Estados Unidos.
E em Twickenham que tem uma capacidade de 81.605, estiveram 81.129 pagantes para assistir ao Inglaterra-País de Gales...
Falando de resultados, esta segunda jornada não trouxe propriamente nenhuma surpresa, embora se possa referir o volume da vitória da Escócia sobre o Japão, mas essa referência surge mais pela vitória dos japoneses sobre os sul-africanos e pela subida de fasquia que isso provocou.
Bom, dizer que não houve surpresa alguma é um pouco forçado, porque a vitória do País de Gales, em Twickenham, frente à Inglaterra, não era esperada de forma nenhuma, e se considerarmos que o jogo foi espectacular - pode mesmo classificar-se como o melhor que se disputou até agora, e vai com certeza ficar como um clássico do Mundial - então podemos dizer que a fasquia da qualidade subiu um pouco e as equipas mais cotadas à partida vão ter que se acautelar, para não ficarem de fora dos quartos de final!
Neste Grupo A, Inglaterra e Austrália eram as principais candidatas, mas agora uma delas corre o sério risco de ficar de fora...
Fiquem com o quadro dos resultados e as classificações após a segunda jornada da prova.
Deixámos para o fim uma nota negativa que diz respeito às substituições.
Na verdade a regulamentação das substituições temporárias está a dar azo a situações ridículas, com entradas e saídas constantes que fazem lembrar o hóquei no gelo.
A título de exemplo, a Namíbia no jogo frente aos All Blacks fez 14 substituições e houve jogadores que entraram mais em campo em 80 minutos que num mês inteiro de competição...
Dois exemplos desse jogo merecem referência. O pilar direito da Namíbia, JV Coetzee, jogou até aos 48 minutos, tendo sido então substituído, voltou a entrar aos 60 minutos, saiu de novo aos 69 minutos e voltou a entrar aos 73!
Enquanto Coetzee andava naquele número do entra/sai, o ponta número 14, DG Philander, foi substituído aos 57 minutos, para voltar a entrar aos 69, para substituir o pilar nº 1 JB Engels...
Ou seja, o que queremos dizer é que com a presente legislação, e se não houver um controle rigoroso das substituições por sangue, os jogos vão passar a ser mais um número de circo, com os 23 jogadores a entrarem e a saírem conforme for tacticamente desejado...
Fotos: World Rugby
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