26 de setembro de 2015

ÁFRICA DO SUL-SAMOA - O PODER SPRINGBOK ESTÁ DE VOLTA! *

* Manuel Cabral
Importante vitória sul-africana sobre Samoa por 46-6, lavando a alma ferida dos Springboks, e recolocando a equipa na trilha das eliminatórias directas, num jogo em que a sua superioridade nunca esteve em questão, e a que o decorrer dos minutos se encarregou de dar uma larga expressão numérica.

O jogo era de extrema importância para a África do Sul, e para as suas pretensões de se manter no grupo da melhores equipas do planeta. Por isso tudo se exigia aos seus jogadores desde o rigoroso cumprimento da estratégia da equipa, até ao escrupuloso cumprimento das Leis do Jogo, que evitasse que os samoanos pudessem ir arrecadando pontos na transformação de penalidades.

No entanto, e apesar da indiscutível superioridade dos Springboks, o intervalo chegou e duas situações merecem comentário negativo para a equipa africana.

A primeira situação ocorreu logo aos 2 minutos de jogo, e se dessa situação resultou uma penalidade favorável aos sul-africanos - e daí os seus primeiros pontos - a verdade é que aquilo que assistimos e a que já ouvimos chamar de maul dinâmico, mais não foi que um comboio dinâmico, em clara ofensa às Leis do Rugby.
A Lei é simples e directa, e começa logo nas suas definições por nos dizer que "estar ligado" (binding) só acontece quando um jogador agarra firmemente o corpo de outro jogador entre os ombros e os quadris com todo o seu braço em contacto desde a sua mão ao seu ombro.

Não foi nada disso a que assistimos naquele segundo minuto de jogo, e ficou até um pouco ridículo ver aquelas torres em bicha de pirilau, com as mãozinhas nas costas do coleguinha, como se estivessem executando uma dança de amor e não levando a cabo uma das mais importantes formações do rugby - o maul.
Como o portador da bola era o quinto (creio eu) passageiro daquele comboio, devia ter acontecido uma penalidade contra a equipa da África do Sul e nunca uma outra contra Samoa.

A referência a esta situação não é isolada de uma apreciação mais geral das formações espontâneas, que muitos parecem ter esquecido que são reguladas com rigor na sua definição pelas Leis do Jogo - da mesma forma que aquele comboio não foi um maul, temos assistido a muitas molhadas que não são rucks em parte alguma do mundo, e que assim têm sido consideradas.
E está errado. As Leis do Jogo existem e devem obrigatoriamente ser cumpridas.

A segunda das situações que nos apetece apelidar de proteccionista, diz respeito à carga voluntária e fora de tempo de Pietersen já em período de desconto - sobre Tuilagi que acabara de dar um pontapé a seguir - que foi devidamente castigado com uma penalidade, mas tinha que ter sido acompanhada do respectivo cartão amarelo.
Não foi, beneficiou claramente os Springboks e não devia ter acontecido - curiosamente Pietersen marcou aos 2 minutos da segunda parte um ensaio decisivo para o decorrer da partida.

DOMÍNIO DAS FORMAÇÕES
A África do Sul dominou claramente os alinhamentos, fez deles uma plataforma  privilegiada de ataque - roubou quatro introduções do adversário - e não deu qualquer facilidade a Samoa nas formações ordenadas, dificultando a manobras dali decorrentes, apesar das faltas que cometeu nestas situações (três em 10).
E se mesmo noutras fases do jogo foram superiores, foi ali que os sul-africanos garantiram a vitória na partida.

Claro que não podemos esquecer o aproveitamento que fizeram dos erros samoanos, dos quais capitalizaram diversos ensaios, começando logo no primeiro, fruto de uma intercepção a uma tentativa de salto mal executada.
E também merece uma referência a tendência a que já fizemos referência em crónica anterior, de promover a circulação de bolas, contra o recurso, muitas vezes exagerado, aos contactos sucessivos e ao pontapé quer para fora, quer para trás da linha de defesa adversária.

Os Springboks reencontraram o caminho perdido e basta agora não voltarem a perder para garantir aquilo que era garantido à partida - o apuramento para os quartos de final.
Mas não podemos esquecer que ainda vão ter que defrontar a Escócia, e que o Japão, se não voltar a perder - falta-lhe jogar com Samoa e os Estados Unidos - fica numa posição de real ameaça e de aproveitamento de um deslize.


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