O Mão de Mestre tem acompanhado os sevens nacionais desde sempre, e teve agora a oportunidade de conversar com o novo seleccionador nacional numa conversa sem condições prévias, em que foram abordados os mais importantes aspectos da actividade da variante em Portugal.
Mão de Mestre: António Aguilar gostava que nos contasses um pouco da tua história no rugby, particularmente no que diz respeito aos sevens, a tua experiência como jogador e a tua experiência também como jogador de sevens.
António Aguilar: Como disseste a minha experiência na selecção de sevens - antes já tinha jogado alguns torneios pelo Direito - começou em 2000 com a minha estreia no apuramento para o Campeonato do Mundo de Sevens na Argentina, o que conseguimos, felizmente.
Fizemos alguns torneios de preparação, nomeadamente o Lisboa Sevens que vencemos derrotando Samoa na final, e o Dubai Sevens que ainda não fazia parte do Circuito IRB, e depois fomos a Durban, na África do Sul, em Novembro de 2000 como preparação para o Mundial, que foi a minha primeira experiência ao mais alto nível.
Depois tive a sorte de estar em mais dois Mundiais, ou seja, participei nos Mundiais de 2001 em Mar del Plata na Argentina, no de 2005 em Hong Kong e no de 2009 no Dubai.
Um dos momentos mais altos foi a partir de 2006. Até aí íamos apenas a alguns torneios do Circuito IRB como convidados, e pela primeira vez fomos convidados para participar como equipa residente, e o presidente da Federação na altura, Dídio de Aguiar, e o treinador Tomaz Morais, deram-me a honra de ser capitão de equipa, uma das maiores honras da minha carreira.
Fui capitão em 2006 e 2008, já que em 2007 os jogadores que estavam envolvidos nos trabalhos da selecção de XV, não jogaram sevens.
Esse foi outro ponto alto da minha carreira, agora em XV, um ponto alto muito importante, o Mundial de XV.
Mas os sevens têm uma importância muito grande na minha vida, já que na altura eles eram a grande montra para qualquer jogador que quisesse jogar fora de Portugal, e eu tinha esse sonho - muita gente dizia que eu era um bocadinho maluco...
Como fiz um bom Mundial de 2001 (em Janeiro), e depois em Março do mesmo ano em Hong Kong fui o melhor marcador de ensaios do torneio, ex-aequo com um jogador neozelandês, dei nas vistas, e foi através do seleccionador da França da altura que iniciei alguns contactos com clubes franceses, e também através do Serevi e de outros, através do mundo dos sevens, que no fim de 2001 assinei um contrato com o Stade Montois e fui para França. Tinha então 21 anos.
MdM: Com a assinatura desse contrato abriste a porta para que outros jogadores portugueses pudessem também passar por essa experiência.
AA: Sim é mais um ponto alto, como pioneiro, apesar de alguns olhares mais críticos, especialmente lá fora. Quando cheguei a França a maior parte das pessoas não sabia que havia rugby em Portugal, quanto mais contratar um jogador português.
Muitos seguiram as minhas pisadas, gostaria que fossem mais, pois a qualidade nos jogadores portugueses não falta, falta às vezes a vontade de abraçar esse sonho.
MdM: Então, resumindo, em termos de selecção tu começaste na preparação do Qualificativo de Madrid para o Mundial de 2001, e como resultado dessa preparação conseguiram o respectivo apuramento.
Depois disso jogaste pela selecção de sevens 42 vezes, fazendo o teu último torneio no Campeonato da Europa de 2010, que se realizou em Moscovo e que Portugal venceu, derrotando a França na final.
Ao longo desses anos participaste em três Campeonatos do Mundo - 2001 na Argentina onde fomos finalistas da Bowl, 2005 em Hong Kong onde fomos finalistas da Plate, e 2009 no Dubai onde fomos semi-finalistas da Plate - e foste finalista e vencedor do Campeonato da Europa por cinco vezes - 2003 em Heidelberg, 2004 em Palma de Maiorca, 2005 em Moscovo, 2008 em Hannover e 2010 em Moscovo.
Um invejável curriculum!
Gostaria que nos falasses da tua transição entre uma carreira de jogador, repleta de sucessos, e a tua actual carreira como treinador.
AA: O meu contacto como treinador de sevens é recente. Eu sempre estive envolvido com o treino dos miúdos no Direito, com os sub-16, sub-14 e este ano com os sub-23.
Fui também um ano adjunto do Aaron Jones, como treinador das linhas atrasadas.
Ao longo da minha carreira fui sempre treinando umas equipas, mesmo em França eu ajudei com os crabots (os sub-18) do Stade Montois, fui sempre alimentando esta futura carreira, tive a sorte de ser treinado por muitos treinadores e aprendi sempre um bocadinho com cada um deles, portanto fui-me preparando ao longo do tempo.
Eu sabia que mais tarde ou mais cedo ia deixar de jogar e queria continuar ligado à modalidade, e,
claramente, o mais perto do campo que se pode estar, é como treinador.
claramente, o mais perto do campo que se pode estar, é como treinador.
Portanto é esse o meu objectivo.
Tive a sorte do presidente e do Tomaz Morais me convidarem para ajudar o Luis Pissarra nos sub-19 e correu muito bem - aliás alguns dos jogadores dessa equipa de sub-19 estão presentes na minha primeira convocatória.
Potencial e valor nos miúdos, temos. Agora é preciso dar-lhes jogos e experiência que é essencial e não há, é difícil de encontrar.
MdM: António, como sabes o rugby português atravessa uma crise directiva, com uma forte contestação de vários sectores ao actual presidente, com eleições que deverão ser realizadas em Outubro, e houve uma grande contestação ao facto do presidente ter feito nomeações para as selecções antes das eleições.
Está claro que os nomeados não têm qualquer responsabilidade nessa decisão do presidente, mas gostava de te perguntar objectivamente se existe no teu contrato com a Federação alguma cláusula que permita ao futuro presidente da Federação rescindir o contrato contigo.
AA: Claro que sim, essa cláusula foi acordada entre ambas as partes à partida, nem se colocou a hipótese que não existisse porque nem o presidente quer obrigar ninguém a ficar comigo, nem eu quero obrigar ninguém a ficar comigo se não quiser.
O bom senso exigia que houvesse esta cláusula.
A propósito dessa questão, à partida eu penso que as eleições estão numa altura errada, acho que deveriam ter sido mais cedo.
Esta data das eleições em Outubro, quando a época já está em andamento, não faz sentido.
Mas não percebo nada disso, nem quero aprofundar mais a questão. Tenho a minha opinião de que deveria ser no defeso, em Junho, Julho, para depois quem entrar tenha tempo para preparar calmamente a época e não se punha este problema do treinador A ou B ser chamado, digamos assim, a prazo.
MdM: Dizes que não percebes nada do assunto, mas tocaste numa questão de extrema importância e não se entende porque não foi feita essa mudança nas alterações estatutárias que tiveram lugar em Janeiro, nem está previsto proceder a essa alteração na Assembleia Geral que vai decorrer ainda este mês, e portanto vamos ter essa data para eleições por mais uns anos, quando na verdade não faz sentido nenhum.
Antigamente as eleições realizavam-se de forma a que a nova direcção tomasse posse em Janeiro, para que o seu mandato correspondesse ao ano civil.
Essa norma foi quebrada com a antecipação das eleições para Outubro e a tomada de posse o mais tardar em Novembro, e agora o mandato não coincide com o ano civil, mas também não coincide com a época desportiva.
AA: Acho que é uma proposta normal, e diz o bom senso que seria uma melhor solução quer para quem fica, quer para quem entra, estar mais sossegado e trabalhar sem problemas.
Agora a questão é que o rugby não pode parar. A partir do momento em que as pessoas que cá estavam no ano passado saíram, alguém tem que treinar a equipa.
Não podíamos estar à espera de Outubro, depois Novembro, há competições em que a selecção de XV participa, nós temos alguns torneios de preparação e em Dezembro estaremos no Dubai em competição.
Teria que entrar alguém, e com esta cláusula que foi introduzida no contrato, o futuro está sempre salvaguardado.
Se entrar alguém novo estamos disponíveis para conversar e se quiserem, para sairmos.
MdM: Entretanto um só treinador não faz uma equipa, tem que haver uma equipa técnica. Ainda não se sabe quem são aqueles que vão trabalhar contigo, adjunto, preparador físico, manager. Queres adiantar alguma coisa em relação a essa questão?
AA: Para já ainda não há certezas absolutas, apenas que o Frederico de Sousa estará de alguma maneira ligado, e o restante ainda estamos a ver quais são as melhores soluções, procurando dentro da Federação os nomes certos, e acho que em breve será anunciado.
MdM: Falaste na tua primeira convocatória e isso leva-nos à questão da renovação da equipa.
MdM: Falaste na tua primeira convocatória e isso leva-nos à questão da renovação da equipa.
Porque se verifica a ausência de tantos nomes que constituíram a coluna vertebral da equipa no ano anterior? O Diogo Miranda, o Bernardo Seara Cardoso, o Nunos Sousa Guedes, o João Lino, o José Vareta, o Gonçalo Foro, o Duarte Moreira, o David e o Diogo Mateus, apenas para referir os que disputaram cinco ou mais torneios em 2014-2015.
Gostava que me dissesses se isso representa uma renovação da equipa ou se é apenas um facto conjuntural.
AA: Eu quero um compromisso dos jogadores a 100%, ou seja, não quero jogadores que possam pontualmente ir a um torneio ou outro, tapar um buraco aqui ou ali. Falei individualmente com todos esses jogadores, tivemos uma conversa franca - como sabes os sevens ocupam muito tempo, não só em Portugal, mas também nos torneios, entre Dezembro e Maio são 10 torneios, 15 dias fora, um mês cá, 15 dias fora...
MdM: Mais o Grand Prix da Europa...
AA: Exactamente, mas aí é mais perto, são três ou quatro dias fora, é mais fácil de conciliar, mas no Circuito Mundial, é muito diferente.
Eu falei com todos os jogadores que estava interessado em ter na equipa, e os que falaste aí, por um motivo ou outro não estavam disponíveis, principalmente por falta de tempo, não por falta de vontade, mas todos eles já sabem por experiência própria, que é preciso dar muito tempo à selecção nacional e que isso tem um impacto muito grande nas suas vidas pessoais e profissionais, e acharam por bem não abraçar este projecto.
Não faria sentido convocar jogadores que eu sei à partida que não estão disponíveis.
Os que estão convocados estão 100% disponíveis, mas com isto não quero dizer que mais tarde as coisas não mudem e alguns desses jogadores venham a ter mais disponibilidade e poderão entrar, já que esta convocatória não é definitiva nem fechada.
Pelo contrário, é uma convocatória alargada, alguns destes jogadores eu vi no Circuito Nacional, cujo nível comparado com o do Circuito Mundial está muito abaixo, outros sub-18 nunca jogaram sevens na vida, até pode acontecer que não dê resultado, mas eu quero vê-los em campo e pode ser que a próxima convocatória que deve acontecer dentro de cerca de um mês, seja diferente, com um grupo mais curto e alguns nomes diferentes.
A convocatória não está fechada a sete chaves.
MdM: Fizeste referência à baixa qualidade das competições nacionais.
Existem algumas questões subjacentes a tudo isto, já que há quem tenha a opinião, mesmo algumas pessoas com grandes responsabilidades no rugby português, que os sevens são um desporto de segunda, que toda a prioridade tem que ser dada ao rugby de XV, independentemente do valor das competições envolvidas, e existe uma outra corrente que afirma que os sevens em termos internacionais são para serem disputados por um pequeno número de jogadores que devem trabalhar como um grupo fechado.
Gostava de ouvir a tua opinião sobre estas questões, e como tudo devia funcionar.
AA: Eu como jogador gostava de jogar tanto XV como sevens, mas a realidade é que Portugal só consegue competir a alto nível, com os melhores do mundo, nos sevens.
Não há volta a dar. Nós podemos jogar com a Nova Zelândia 100 vezes no XV, e levamos 100 pontos nos 100 jogos.
Já nos sevens é diferente, pelo formato dos torneios, pelo formato do jogo, é um jogo rápido, um erro aqui, outro ali, e aquilo passa tão rápido - como ficou provado no ano passado quando empatámos com a Nova Zelândia, o que seria impensável no XV.
Como jogador eu gostava de jogar XV, mas para jogar a alto nível, e competir a alto nível que é o mais importante, só nos sevens na minha opinião, e no XV, num futuro perto não vejo que possa mudar.
Eu como seleccionador nacional tenho neste momento o problema de não ter uma base alargada de recrutamento.
Eu estive no Circuito Nacional porque estava a treinar o Direito na altura e o nível não é muito bom, porque são uns torneios anuais, jogadores em fim de época, muitos deles nunca jogaram sevens na vida...
Eu sou apologista de que quanto mais se joga, melhor se fica, portanto eu gostava que houvesse mais etapas. Agora vamos ter o regresso do Lisboa Sevens, que é mais um torneio, mais uma oportunidade para ver jogadores, porque a minha dificuldade de momento é como identificar um potencial convocável para a selecção de sevens porque não há jogos.
Eu vou ver os jogos de XV e perante as características mais físicas e técnicas do jogador é que fico com uma melhor ideia, e muitas vezes só nos treinos é que se vê se o jogador tem potencial ou não.
Nós temos uma época curta, a maior parte dos jogadores tem entre cinco e três meses de férias e isso não pode ser, nós temos que esticar, que alongar mais a época.
Isto é uma tradição de muitos anos mas tem que mudar, pois estamos a competir a alto nível.
A época não pode começar em Setembro e acabar em princípio de Maio, não faz sentido, tem que se alongar mais a época para se poder fazer um Circuito Nacional mais alargado, ter mais torneios de sevens, para os jogadores poderem fazer torneios em equipas de convidados como já acontece com alguns, quantos mais, melhor, porque jogam sevens e têm mais experiência e por isso trazem mais experiência para a equipa portuguesa, o que é muito importante.
E eu acho que os sevens têm um papel importantíssimo financeiro na Federação, porque a World Rugby dá fortes subsídios aos nossos sevens, como é natural, pois estamos no mais alto nível e portanto temos subsídios maiores.
As pessoas que falam que os sevens deviam acabar é porque, primeiro, nunca jogaram sevens, e segundo, porque nunca foram ver um torneio do Circuito Mundial.
É simples, eu tenho a certeza que qualquer amante do rugby, seja de XV ou de sevens, se fosse assistir a um torneio do Circuito Mundial, iria ver o nível a que Portugal joga, o nível das outras equipas, a preparação das outras equipas e depois comparar com o nosso.
E não estou a falar em termos financeiros, estou a falar em termos de preparação e compromisso dos dos jogadores, do tempo dispensado às equipas de sevens.
Muitas delas são super profissionais e muitos dos seus jogadores nem jogam XV. Só jogam sevens no Circuito Mundial e mais nada.
Claro que não é isto que eu defendo para o rugby nacional. nem faz sentido, mas se as pessoas fossem ver um torneio do Circuito Mundial acho que mudariam rapidamente de opinião.
E percebiam também a vontade dos jogadores em participar. Não há nenhum jogador que vá a um torneio do Circuito Mundial, que não queira voltar.
MdM: Aliás nós tivemos essa experiência em Portugal nos anos 80 e 90, no Lisboa Sevens, em que para os jogadores era quase obrigatório participar nesse torneio.
AA: As coisa mudaram muito desde então, não havia profissionais, era a oportunidade de ver estrelas que de outra maneira não viriam a Portugal, era impossível.
AA: As coisa mudaram muito desde então, não havia profissionais, era a oportunidade de ver estrelas que de outra maneira não viriam a Portugal, era impossível.
Muitas pessoas fora do rugby gostam de sevens - e nós temos que ter essa preocupação de abrir o jogo a um maior número de espectadores, de fans - já que os sevens são uma variante do rugby mais fácil de entender, é mais rápido, não tem tempos mortos, mais espectacular, mais ensaios.
Uma pessoa que veja um jogo de rugby pela primeira vez diverte-se mais a ver um jogo de sevens do que um jogo de XV.
MdM: Achas então que o sevens é uma boa forma de divulgação do rugby?
AA: Claro que sim. Não é por ser seleccionador que estou a puxar a brasa à minha sardinha, digamos assim, é o que eu ouço e o contacto com pessoas não ligadas ao rugby que gostam muito de sevens porque é mais fácil de perceber, não há muita confusão, são menos jogadores em campo e toda a gente diz que Portugal é bom em sevens.
Mas porquê?
Por várias razões entre as quais o hábito que se criou de que cada torneio do Circuito Mundial é uma festa.
Não foi por acaso que o Circuito Mundial do ano passado quebrou todos os recordes de assistência, com Twickenham cheio, o que há uns anos era impensável num torneio de sevens.
Isso mostra também o salto que deu o Circuito Mundial ajudado, claro, pela entrada nos Jogos Olímpicos, o que deu um boost gigante ao rugby de sevens mundial.
MdM: Fizeste referência à participação em alguns torneios de preparação. Que novidades temos nessa área?
AA: Anda não há nada fechado, mas estamos a tentar marcar, pois é difícil entrarmos no Circuito Mundial com jogadores que estão a competir em XV em Portugal, pedir-lhes que passada uma semana joguem no Dubai, quando alguns deles nunca jogaram sevens e outros já não jogam há seis meses.
Temos alguns torneios em vista antes do Dubai, estamos a negociar, e eu não queria que o início da época fosse no Dubai.
MdM: Para terminarmos esta conversa, gostaria que nos falasses sobre os objectivos da nossa equipa e aqueles com que tu te comprometeste na tentativa de os alcançar.
AA: Como é óbvio esses objectivos estão cada vez mais difíceis de alcançar, porque todas as equipas estão a fazer uma aposta cada vez maior, e os Jogos Olímpicos ainda vieram aumentar mais essa aposta.
A Rússia, que substituiu agora o Japão como equipa residente, tem uma aposta gigantesca - falei com o seu treinador que me disse que a equipa tem um budget ilimitado para garantir a manutenção e os próximos Jogos Olímpicos.
Estamos a lutar com armas desiguais mas claramente o objectivo é a manutenção no Circuito Mundial, o mais cedo possível, no lugar mais acima possível, mas o objectivo mínimo é a manutenção como equipa residente do Circuito Mundial e a melhoria no ranking do Grand Prix Europeu, que no ano passado correu mal. Nós temos por hábito ficar nos lugares cimeiros e queremos voltar a esses lugares do topo europeu.
MdM: António agradeço muito a tua disponibilidade e os esclarecimentos que forneceste, e espero que tenhas como treinador tantos sucessos como tiveste como jogador. felicidades para ti e para a nossa equipa nacional.
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