EM DIA DE SUPERTAÇA, CAMPEONATO É PARENTE POBRE *

* António Henriques

Tal como em tantos outros aspectos do nosso dia-a-dia, podemos dizer que “a tradição já não é o que era”.

Ou seja, depois de quase 30 anos sem falhas, a Supertaça sénior, habitual ponto alto das comemorações do Dia do Rugby (Estaturariamente o 5 de Outubro) será, este ano, disputada a 28 de Setembro. 

Com outros jogos do principal campeonato português a decorrerem à mesma hora.

Algo nunca visto nesta ou noutras modalidades, com o duelo entre vencedores das últimas edições do Campeonato e Taça a defrontarem-se numa partida que capta a atenção, em exclusivo, de todos os amantes do rugby, sem se distraírem com outros jogos que possam estar a realizar-se simultaneamente. 

Tradições…

E já agora, em ano de novidades, sem televisão.

Assim, a segunda jornada da Divisão de Honra, primeira com confrontos directos entre equipas do mesmo grupo – pelo que há duas equipas que folgam, Agronomia e CRAV – fará este sábado de parente pobre do nosso cada vez mais pobrezinho rugby, pois até o grande encontro da ronda (Direito-CDUL) será, obviamente, adiado para as calendas. 

Em tempo de inovação e ideias megalómanas poder-se-ia até tentar algo único em termos mundiais. 

E aqui vai, sem custos, uma sugestão: fazer disputar apenas um jogo, mas a contar para duas provas. 

Quem ganhasse levava a supertaça e somava também quatro pontos para a DH. 

E com sorte disputava-se ao mesmo tempo uma eliminatória da Taça de Portugal e uma das duas equipas ia já borda fora. 

Percebem a poupança?

Eis o programa de jogos, todos a realizar amanhã devido às eleições autárquicas.

CDUP-BELENENSES (Lousada, 14.00 h)
A equipa de Marcelo d’Orey foi a única, entre as cinco do grupo A, que não triunfou na ronda inaugural. 

Terá agora oportunidade de rectificar o seu desempenho de há uma semana nas Olaias, onde foi evidente a falta que fazem meia dúzia de habituais titulares. 

Jogando em casa e com Pedro Ávila e Nuno Sousa Guedes de regresso dos sevens em Bucareste, e também com a chamada de Afonso Rodrigues (4.º melhor marcador da época passada), o CDUP vai ganhar superior dimensão.
Agora se isso será suficiente para levar de vencida o líder Belenenses, que entrou a estilhaçar o neófito Montemor, isso é outra conversa. 

Em Fevereiro deste ano, e numa grande partida de rugby, o quinze da casa venceu por 26-25 (três ensaios para cada lado). 

Mas face ao que se viu há oito dias, desta feita o favoritismo pende para os lisboetas. 

Só se aquelas três andorinhas fizerem uma bela primavera nortenha…

TÉCNICO–MONTEMOR (Olaias, 15.00 h)
Onze ensaios sofridos assinalaram a estreia dos alentejanos entre gente graúda, no Restelo. 

E mesmo tendo em conta que os engenheiros (que venceram com justiça o CDUP, mas sem impressionarem) terão menos argumentos que os azuis – algo que poderá ser ratificado já dentro de duas semanas, à 4.ª jornada – será difícil prognosticar um resultado diferente do que uma segunda vitória consecutiva para o Técnico, algo inédito há muitos e muitos anos no abrir da competição. 

E previsivelmente de novo com ponto de bónus. 

Continua o céu azul nas Olaias… 

CASCAIS-ACADÉMICA (Guia, 18.30 h)
Encontro entre dois derrotados da jornada inaugural – mas logo frente às duas melhores equipas nacionais – e que aqui e ali mostraram vontade de mexer com o jogo. 

Ambas as equipas estão recheadas de muita gente nova, o que poderá proporcionar um duelo interessante. 

Na época passada Cascais venceu por uma unha negra: 17-15, com dois ensaios para cada lado. 

Desfecho que, com maior ou menor dificuldade, se deverá repetir agora.

Foto: Rugby Photo Store/Miguel Rodrigues