20 de setembro de 2013

CRAV APOSTA NO AMADORISMO ENQUANTO AGUARDA ESTATUTO DO MECENATO

O Clube de Rugby de Arcos de Valdevez surgiu como uma lufada de ar fresco em 1981, e tenta garantir a permanência na elite do rugby nacional, mas sempre mantendo o seu estatuto de clube amador.

Exercendo um forte influência regional, o CRAV lidera a modalidade no Minho, disputando seriamente a posição cimeira entre todas as equipas da região norte, enquanto aguarda há mais de seis meses que lhe seja concedido o estatuto do mecenato, a que se candidatou.

Filipe Machado é o presidente do Clube, e conta-nos as medidas que foram tomadas para garantir que as suas escolas forneçam os jogadores que os seniores precisam para prevenir o futuro, e a forma como o CRAV assegura a sua influência entre Douro e Minho.


Mão de Mestre: Quem é o Filipe Machado, no rugby e fora dele?
Filipe Machado: No rugby sou presidente do Clube desde 2012, tendo-o
sido pela primeira vez em, salvo erro, 1996.
Fora do rugby sou um professor do secundário pai de dois filhos.

MdM: Onde nasceste e cresceste e como se deu o primeiro contacto com o rugby?
F.M.: Nasci em França, onde vivi até aos 10. 
O primeiro contacto com o rugby fez-se lá, numa atividade da escola. 
Não foi determinante pois vivia no norte, não na região fértil do rugby daquele país. 
Apenas comecei a jogar cá em Portugal.

MdM: O que fizeste no rugby na época que terminou, e o que vais fazer na próxima?
F.M.: Fui presidente do Clube, com apoio mais específico nas equipas sub-8, sub-10 e sub-12. 
Em princípio irei continuar a fazer o mesmo, o que constituirá um desafio por duas razões: a questão organizacional (é o primeiro ano que estamos com um director técnico); e a infraestrutural (acompanhar a construção da vedação e bancada do campo de rugby.

MdM: Como surge o rugby em Arcos de Valdevez e quando? Quando surge o CRAV?
F.M.: O rugby em Arcos de Valdevez começou com o CRAV, em 1981. 
Uma rapaziada quis experimentar a modalidade, aproveitando a presença do António Paiva Costa, ex-jogador do Benfica que nesse ano viveu nos Arcos. 
Depois a malta gostou, estava lá o Fernando Manso e…

MdM: Qual foi a actividade que o clube teve nos escalões de formação (até aos sub-14) e de pré-competição (sub-16 e sub-18) na época 2012-13?
Os sub-8, 10 e 12 participaram no circuito de convívios do Norte e Centro, aproveitando para jogar na vizinha Galiza.
Os sub-14 fizeram o mesmo, tendo jogado rugby reduzido. 
O rugby a 12 foi jogado contra equipas galegas.
Temos seguido essa estratégia por um imperativo logístico e financeiro: evitamos viagens para o sul (nunca descemos da Lousã) porque é incomportável financeiramente e é um esforço pessoal demasiado grande nestas idades.
Os sub-16 e sub-18 fizeram os respectivos campeonatos no grupo B, tendo ido à fase final. 
Os sub-16 ficaram em 3º lugar.

MdM: Quem foram os treinadores destes escalões?
F.M.: Sub-8, 10 e 12: Ana Emília Pinto e Sara Cruz
Sub-14: Martinho Cunha e Ricardo Teixeira
Sub-16: Renato Rodrigues e Eugénio Martins
Sub-18: David Pereira e Carlos Lourenço

MdM: Que acções estão previstas para alargar o recrutamento nas camadas jovens?
F.M.: Estamos a trabalhar com o Agrupamento de Escolas: 
acções de rugby dirigidas ao 1º, 2º e 3º ciclo; 
apoio aos núcleos de rugby escolar;
formação de professores (uma acção acreditada para professores de Educação Física está em estudo).

MdM: Para a época 2013-14 quais os principais objectivos desportivos nos escalões de formação?
F.M.: Aumentar a quantidade de atletas e subir a qualidade. 
É neste sentido que pretendemos que o director técnico actue: não aumentar o número de equipas (eventualmente aumentar o número de atletas em alguns escalões), mas assegurar uma efectiva coordenação técnica e acompanhar o trabalho que se desenvolve com os jogadores.

MdM: No escalão sénior, o clube disputou a Divisão de Honra, conseguindo assegurar a manutenção na categoria.
F.M.: Quem foram os responsáveis técnicos da equipa?
Nuno Vaz e Miguel Correia

MdM: Que lições têm sido tiradas da actividade sénior e como vai ser o futuro na Divisão de Honra?
F.M.: Para nós as lições têm sido várias e há aqui a consciência que os anos em que fomos obrigados a jogar em Viana do Castelo foram fatais. 
A formação foi arrasada nessa altura, tivemos que começa-la a partir do zero, e agora a exigência subiu, a equipa envelheceu e temos dificuldade em substituir os jogadores que vão saindo. 
Por isso demos prioridade ao reforço da qualidade na formação.
Quanto ao futuro da divisão de honra, a sensação que temos é que o rugby está condenado ao amadorismo em Portugal. 
Não há apoios que permitam pensar em inverter o cenário. 
Deste modo, será muito difícil acompanhar o que se faz lá fora. 
Requer um investimento em tempo e disponibilidade de muita gente, e para isso também é necessário dinheiro.

MdM: Como é financiada a actividade desportiva do clube? Qual o papel da autarquia neste aspecto?
F.M.: O Clube financia-se com patrocinadores, o apoio da autarquia e sócios. 
O subsídio que o município nos dá constitui cerca de 30% do nosso orçamento.

MdM: Qual o papel das empresas da região no financiamento da actividade do clube?
F.M.: É importante, mas tem sido difícil. 
Além dos patrocínios temos estatuto de utilidade pública, o que também ajuda. 
No entanto, este ano estamos há seis meses à espera de sermos abrangidos pela lei do mecenato. 
Não é por falha nossa (a documentação foi entregue e está em ordem) e isto está a causar-nos sérias dificuldades. 
Além disso, a crise não está a ajudar nada. 
É difícil angariar novos patrocinadores, pelo que temos apostado em sobretudo manter os actuais.

MdM: Ainda quanto aos seniores, quais são os objectivos da equipa para 2013-14, e que medidas foram tomadas para o conseguir?
F.M.: Os objectivos de manutenção mantêm-se. 
Para isso estamos a trabalhar no recrutamento de dois ou três atletas novos de reconhecida qualidade, e, numa aposta de futuro, fazer rodar jogadores mais novos.

MdM: Quem vão ser os treinadores do clube para a próxima época, nos diversos escalões?
F.M.: Director Técnico do clube: Nuno Vaz
Sub-8, sub-10 e sub-12: Herculano Guimarães, Ana Emília Pinto e Sara
Cruz
Sub-14: Eduardo Gameiro e Martinho Cunha
Sub-16: Paulo Galvão e Miguel Azevedo
Sub-18: Renato Rodrigues e Renzo Draghi
Feminino: Joana Borlido e Bruno Rodrigues
Garranos (seniores B): João Pedro Azevedo e Jorge Peixoto
Seniores A: David Pereira e Miguel Correia
Estas equipas técnicas ainda poderão ser reforçadas com mais dois elementos.

MdM: Quem quiser jogar no CRAV o que deve fazer?
F.M.: Aparecer num treino, fazer exame médico e pagar a quota de sócio.

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