3 de setembro de 2013

PREMIERSHIP: MAIS DO MESMO OU ALGUMA SURPRESA? *

* Ricardo Mouro
A altura para brincadeiras terminou e este fim de semana já é a doer.

A Premiership veste-se de gala para a primeira jornada do campeonato que só terminará em Maio.

Em ano em que os Lions se tornaram vitoriosos, ano de viajar até à Nova Zelândia no Verão e de cada vez se falar mais no Mundial de 2015 a ser disputado em terras de Sua Majestade, os olhos estão postos no principal campeonato inglês.


Num olhar amplo sobre as equipas participantes encontramos logo "à cabeça" o que tem sido nos últimos 3/4 anos o núcleo duro do rugby inglês.

Neste período, os títulos dos media foram dominados pelo rugby francês e pela saída de alguns dos mais influentes jogadores das ilhas britânicas que não resistiram ao acenar dos euros.

Mas mais atentos ao detalhe e com um olhar mais cínico há certamente equipas que têm andado a bater à porta do clube do playoff (que tem sido exclusivo) e que este ano podem roubar, pelo menos, um desses lugares cativos.

Os campeões Leicester Tigers são, talvez, o caso mais sério de longevidade e
sucesso no rugby internacional.
Nove finais consecutivas e voltaram ao trono do rugby inglês que já fugia desde 2010.
O Leicester assenta o seu sucesso em estruturas sólidas e uma forte tradição entre os seus jogadores, quem joga pelos tigres transcende-se e quer ser sempre melhor e os jovens sabem que a qualquer altura a sua hipótese chegará.
Este ano certamente estarão no topo com performances consistentes a partir de um pack dominante que perdeu Castrogiovanni mas com uma terceira linha de respeito liderada por Salvi e Croft.
Flood assume o papel de capitão que pertencia ao retirado Murphy que além da braçadeira entregou as botas a Tait, que depois de dois anos afectado por lesões já mostrou o seu talento na fase final da época passada.
Após os incidentes da final de Twickenham contra os Saints o director de rugby Richard Cockerill começa a época a acompanhar a equipa pela televisão, uma pena exemplar de nove jogos pela forma como se dirigiu aos árbitros assistentes durante a final.

Na perseguição aos Tigers estão os Saints de Northampton e os Saracens de Londres.

Os Saints são provavelmente a equipa que se reforçou com nomes mais sonantes.
Uma das primeiras linhas mais temíveis transferida para o Racing Metro, Tonga'huia e Mujati, mas que vê a chegada de Corbisiero que brilhou pelos Lions na Austrália.
No entanto o destaque está guardado para George North, outra das estrelas dos Lions talvez a mais cintilante a par de Halfpenny, e a expectativa sobre a capacidade de North manter a sua forma é grande.
A pressão sobre o director de rugby é grande, Jim Mallinder decidiu manter o controverso Hartley na posição de capitão e defendeu o talonador publicamente, quando o flanker Tom Wood fez um belíssimo trabalho a liderar a Inglaterra na Argentina e deverá manter esse estatuto na janela de Outono.
Uma linha de 3/4 liderada por Fouta'ali, com North, Foden e Pisi deverá fazer estragos suficientes para manter os Saints no topo.

Os Saracens misturam juventude com a armada sul-africana numa combinação
que já trouxe um campeonato e atingiram as meias da Heineken, aspirações devidamente destruídas por Wilkinson.
A força dos Saracens prende-se na longevidade do seu plantel sendo capaz de apresentar dois XV que fariam inveja a muitos clubes europeus.
Não perderam muito e reforçaram-se bem onde perderam, a ex-rocha dos Quins James Johnston fará parceria com Vunipola na primeira linha e o seu irmão Billy vai continuar a atropelar adversários como fazia pelos Wasps.

Os Quins vivem da experiência dos seus jogadores, alguns os melhores na sua posição na Premiership, como Easter e Evans.
Nick Kennedy, mais um experiente 2ª linha do Toulon regressa a Inglaterra para render Kohn que se retirou.
O "Capitão Coragem" Robshaw regressa depois da desilusão de perder o avião dos Lions e a combinação Care/Evans deverá manter a casa das máquinas afinada, que conta agora com o finalizador Paul Sackey.

A partir daqui, Saracens, Quins (e Saints?) vêm a sua hegemonia legitimamente ameaçada.

O Gloucester perdeu o comboio dos playoffs ao cair do pano e tem vindo a
crescer consistentemente em Inglaterra.
Os cherry & whites garantiram os serviços de Kvesic que foi dos melhores jogadores ingleses na Argentina no Verão para um pack que já fazia frente aos do topo.
Freddie Burns, máquina de pontos, e dois "matadores" Johnny May e Charples põem em sentido a Premiership.
Tom Savage é o capitão após a saída de Hamilton num Gloucester que manteve o núcleo fulcral da sua equipa.
Genuínas aspirações de sucesso para os pupilos de Nigel Davies!

O Bath operou uma razia a jogadores do London Irish e reforçou-se também na esperança de chegar um pouco mais longe esta época.
O inspirador Springbok François Louw é daquele tipo de jogadores que faz federações repensar a sua política de convocar jogadores fora dos países de origem ou não.
A permanência do flanker foi a contratação mais importante de um plantel que garantiu George Ford, Jonathan Joseph e Pablo Orlandi.
O Bath tenta recuperar o talento de Henson que tem brilhado mais fora dos campos e já esteve em destaque pela positiva após altercação com um colega que acabou no Youtube.
Os olhos estão também postos em Kyle Eastmond que também brilhou no Verão pela Inglaterra, finalizador nato apelidado de "pocket rocket".

Bath e Gloucester são as equipas melhor colocadas para causar desilusões e pôr em causa a hegemonia dos "4", são equipas regulares e que mantiveram equipas técnicas e principais vectores dos XV que já foram capazes de algumas surpresas contra os "grandes" a época passada.

Será interessante ver o que os Wasps são capazes de fazer, numa época
passaram da quase relegação e bancarrota para uma equipa reconstruída por jovens (da melhor academia inglesa) das camadas jovens que surpreendeu o rugby inglês e conseguiu vários "test caps".
O expoente máximo da equipa é Chris Wade que formou uma parceria temível com Varndell nas pontas.
O experiente Goode trocou o Worcester pelos Wasps e aquela "barriguinha" ainda faz muitos pontos aos postes.
Mas a qualidade não fica aqui, Launchbury assentou na seleção das rosas mas perdeu o parceiro de um dos alinhamentos mais respeitados da liga, Wentzel, que torna as coisas mais difíceis num pack que também perdeu Vunipola.
Será a fantástica linha de três-quartos capaz de suprir as fragilidades que poderão surgir nas fases estáticas?

O Exeter deverá realizar um campeonato calmo em que a emoção estará reservada para os lugares reservados de acesso à Heineken Cup.
O excelente Wallabie Dean Mumm foi nomeado capitão de uma equipa que coloca sempre dificuldades em casa, se isso não acontecer os Chiefs ver-se-ão envolvidos na luta dos lugares da zona de perigo.

Daqui para baixo é uma icógnita.

Os Falcons de Newcastle regressam ao topo do rugby de elite depois de
"limparem" o Championship e são os principais candidatos a nova viagem descendente.
Os falcões têm ao leme Dean Richards que regressa também à Premiership de onde saiu após o escândalo "Bloodgate".
O experiente director de rugby pode ser a chave para o sucesso/manutenção da equipa na liga principal de rugby.

O Sale, que esteve em apuros a época passada,
promoveu a capitão o flanker Dan Braid, o All Black foi fundamental na recuperação da equipa e é a natural escolha para liderar os seus companheiros.
Curiosamente vários jogadores do London Welsh, despromovido na luta com os Shars, estão agora ao serviço de Steve Diamond que se manteve no comando.

Worcester e London Irish serão as outras equipas que estarão envolvidas nesta luta, e se o Worcester parece mais capaz de sobreviver os "irlandeses" sofreram uma razia no plantel e tiveram que se reconstruir à volta de Marland Yarde que aguarda também por uma chance na equipa de elite.

Já na 6ª Feira o Newcastle tem a honra de abrir o campeonato no norte de Inglaterra e no Sábado haverá a já tradicional "dose dupla" de Twickenham entre os clubes de Londres.
Os campeões Tigers vêm o início da campeonato confortavelmente sentados na sua poltrona, entrando em campo só no Domingo.



Alinhamento da Jornada:


1 comentário:

Anónimo disse...

O Taione Vea, n.º 8 / pilar do Técnico na época passada, jogador da Seleção de Tonga, foi contratado pelos Wasps, para a primeira equipa:

http://www.wasps.co.uk/news/Wasps33922.ink