11 de setembro de 2013

AGRÁRIA DE COIMBRA LANÇA AS SEMENTES DE UM RUGBY SUSTENTADO

A Agrária de Coimbra começa a colher os frutos do trabalho que foi semeando ao longo dos últimos 21 anos, com uma equipa sénior formada por atletas oriundos das escolas do clube.

Herdeiro das equipas da antiga Escola de Regentes Agrícolas de Coimbra que esteve em actividade nas décadas de 60 e 70 - lembro-me bem de lá ter jogado nos anos 65 e 66, e de lá ter dirigido a minha primeira equipa de juniores, como treinador, depois de regressado do antigo Ultramar, em 1975 - o Rugby da Agrária de Coimbra cresceu muito após o lançamento, em 2006-07, do projecto "Escola de Campeões" e apresenta hoje equipas em todos os escalões - nove no total.

Bastião do rugby feminino em Portugal, as suas meninas são o grande "motor" da equipa, e tem dado à Selecção Nacional Feminina muitas das suas atletas - sem esquecer os cinco anos em que João Alberty foi o seu treinador!

Hoje, com a farda de presidente do clube, Alberty fala-nos da evolução e crescimento do clube conimbricense.

Mão de Mestre: Quem é o João Alberty no rugby e fora dele?
João Alberty: No projecto do Rugby Agrária de Coimbra desempenhei ao
longo dos 21 anos da sua existência diversas funções.
Actualmente sou Presidente, director técnico do clube, treinador e árbitro.
Fora do Rugby tenho uma vida igual à de tantos Portugueses.
Sou engenheiro agropecuário de formação e desempenho funções de técnico superior na Administração da Região Hidrográfica do Centro, organismo regional pertencente à Agência Portuguesa do Ambiente.


MdM: Onde nasceste e cresceste e como se deu o primeiro contacto com o rugby?
J.A.: Sou nascido e criado em Coimbra e o primeiro contacto com o Rugby foi feito como estudante da Escola Superior Agrária de Coimbra através de um grupo de colegas, quando refundámos o Rugby na Agrária de Coimbra.
Começou por ser uma brincadeira de colegas da Escola Agrária até ao projecto actual de dimensão já considerável.
Joguei largos anos na Agrária, tive o privilégio de ter vestido a camisola da Selecção Regional Centro/Norte por diversas vezes como jogador e tive dois anos no RC Lousã.
Abracei também a carreira de treinador, começando pela equipa feminina da Agrária, treinei durante 5 anos a Selecção Nacional Feminina de Seven´s e no clube tenho dirigido equipas dos escalões da formação aos seniores. 


MdM: O que fizeste no rugby na época que terminou, e o que vais fazer na próxima?
J.A.: Em 2012-13 para além da gestão da direcção do clube, fui treinador dos escalões sub-12 e sub-18 e abracei a carreira de árbitro, uma surpresa muito agradável na minha “carreira” no rugby.
Para 2013-14 contínuo na presidência do clube e vou ser o treinador da equipa feminina da Agrária.
A arbitragem vai continuar a ser uma das minhas prioridades pois tem sido uma área que me tem dado enorme “gozo pessoal” visto o contacto muito próximo com o jogo, atletas e treinadores.
Aconselho os antigos atletas da modalidade a experimentarem.


MdM: Como surge o rugby na Escola Agrária e quando?
J.A.: O Rugby na Escola Agrária surgiu em 1963, na então Escola de
Regentes Agrícolas de Coimbra e decorreu até 1975, terminando com um título nacional.
Depois teve um interregno grande, havendo no entanto algumas tentativas de reactivação mas, sem sucesso.
Na época 1991/92 conseguimos definitivamente o arranque do actual projecto, já com o nome da Associação de Estudantes da Escola Superior Agrária de Coimbra.
Começou com uma equipa sénior e em 1999 passou a ter também uma equipa feminina.
Em 2006/07 arrancámos com o projecto “Escola de Campeões”, dedicada aos escalões de formação.
Actualmente dispomos de nove equipas em actividade (Sub-8, 10, 12, 14, 16, 18, Feminino, Seniores e Veteranos).


MdM: Qual foi a actividade que o clube teve nos escalões de formação (até aos sub-14) e de pré-competição (sub-16 e sub-18) na época 2012-13?
J.A.: A Agrária na época 2012-12, à semelhança das épocas anteriores, nos escalões sub-8, 10 e 12 participou num total de 14 Convívios, entre Nacionais, Inter-Regionais, Regionais e Amigáveis, durante 10 meses de actividade, sem esquecer as férias desportivas organizadas na última semana de Junho com várias modalidades desportivas.
No escalão sub-14 na passada época apostámos nos Seven´s no período de Inverno tendo vencido o Torneio Inter-Regional Centro/Norte.
No período de Primavera participámos pela primeira vez no Torneio Nacional de Rugby de XIII, onde tivemos uma boa prestação, com uma equipa mista, com 8 atletas femininas, e aplaudida por todos os adversários.
Obtivemos um 5º lugar final o que premiou a dedicação de atletas, treinadores, director, encarregados de educação e patrocinadores.
Voltámos depois aos seven´s para o nacional onde obtivemos uma boa posição no top-ten.
Nos sub-16 apenas disputámos o circuito nacional de seven´s visto termos
poucos atletas neste escalão.
Os atletas integraram a equipa sub-18 dando um bom contributo à equipa superior.
Os sub-18 disputaram o circuito nacional de Seven´s e o CN Série B onde tiveram altos e baixos, fruto de uma equipa pouco experiente.
Alguns atletas tiveram ainda a oportunidade de vestir a camisola da Naval (clube satélite) em alguns torneios de emergentes.


MdM: Quem foram os treinadores destes escalões?
J.A.: Sub-8 – Manuel Cardoso e Luis Maia; Sub-10 – Ana Bagagem e Joana Borlido; Sub-12 – Ricardo Russo, António Consciência e João Alberty; Sub-14 – Luís Almeida e Fernando Cardoso; Sub-16 – Bruno Rodrigues e Alcino Silva e Sub-18 – Pedro Quadros e João Alberty.

MdM: Que acções estão previstas para alargar o recrutamento nas camadas jovens?
J.A.: No início da época iremos fazer divulgação nas escolas, espaços públicos (praças e jardins) e junto de patrocinadores.
Estamos ainda a avaliar a possibilidade de realizar outras actividades ao longo da época de acordo com a disponibilidade dos nossos treinadores e directores, uma vez que toda a nossa estrutura é amadora. 


MdM: Existe alguma parceria com escolas/estabelecimentos de ensino da região?
J.A.: A nível de escolas não temos nenhuma parceria firmada.
Temos uma parceria de carácter sócio-desportiva com duas IPSS proporcionando a prática de rugby a vários jovens atletas.
Alguns já nos acompanham há alguns anos e até temos caso de sucesso de adopção e manutenção no clube.


MdM: Onde decorrem os treinos e os jogos das camadas jovens?
J.A.: Os treinos e jogos das camadas jovens, à semelhança do que acontece com os seniores (masculino e feminino) decorrem no relvado do parque desportivo do Instituto Politécnico de Coimbra, em plena Escola Superior Agrária de Coimbra, situado junto à cidade de Coimbra na 2ª maior freguesia do Município, São Martinho do Bispo.

MdM: Para a época 2013-14 quais os principais objectivos desportivos nos escalões de formação?
J.A.: Para além de aumentar o número de atletas e fidelizá-los, no escalão sub-14 passa por manter uma equipa competitiva como a da época passada.
Nos escalões abaixo apenas queremos que evoluam na modalidade a nível técnico individual e colectivo e se divirtam a jogar.

MdM: Desde há bastante tempo, o rugby feminino tem sido uma peça importante
na vida do rugby da Agrária.
J.A.: Qual foi a participação competitiva da equipa sénior feminina na época 2012-13?
A equipa feminina mantém-se como um “motor” do nosso clube e em 2012-13 participou no CN XIII, Circuito Nacional de Seven´s, Taça Federação (Vencedoras) e algumas etapas de Beach Rugby. 


MdM: Quais são as principais dificuldades que encontram na captação de novas atletas e como fazem a divulgação da actividade da equipa?
J.A.: O rugby feminino continua a ter sobre si um ligeiro tabu, de desporto que não é para mulheres, mesmo com a imagem muito positiva que a equipa da Agrária tem a nível da cidade e da região e até mesmo com a imagem positiva que o rugby feminino tem passado.
No entanto esse tabu dificulta a entrada massiva de atletas.
A entrada de novas atletas é quase sempre a conta-gotas mas, todos os anos entram novas atletas.
Temos, a pouco e pouco, colhido o fruto da aposta na formação e na época que agora começa teremos de uma vez a entrada de cinco atletas da formação, o que é muito bom e um orgulho para nós.
Nos escalões da formação temos raparigas em todas as equipas pelo que vamos garantindo o futuro.
A divulgação é feita boca-a-boca pelas atletas da equipa, através de posters, dos jornais regionais, do site do clube e do facebook.


MdM: Quem foram os treinadores da equipa feminina?
J.A.: Tiago Gonçalves e Luis Pio que já vinham de duas épocas anteriores, tendo em conjunto conseguido sempre títulos nacionais para o clube e desenvolvido um trabalho muito positivo.

MdM: Nos homens a Agrária foi Campeã Nacional da 2ª Divisão em 2011-12, subiu à 1ª Divisão e teve alguma dificuldade de adaptação ao novo escalão, acabando por ser beneficiada pelo alargamento desta divisão, evitando o regresso ao grupo inferior.
Quais foram as maiores dificuldades encontradas?
J.A.: A equipa sénior masculina 2012-13 tinha poucos jogadores da equipa
campeã nacional em 2011-12.
A maioria dos mais experientes e fortes, a todos os níveis, saíram, acabando a sua carreira, o que deu espaço aos mais jovens do clube para mostrarem o seu valor.
Foi uma época longa, com algumas lesões e contrariedades por fruto de Erasmus e início de actividade profissional fora de Coimbra.
No entanto a equipa deu uma resposta positiva, foi melhorando a sua prestação em campo e mostrou que poderia por mérito próprio garantir a permanência. Os últimos minutos do derradeiro jogo do CN ditaram outro desfecho.
O trabalho da nova equipa técnica foi assinalável, a nível da melhoria da técnica de atletas e do comportamento da equipa em campo.


MdM: Quem foram os responsáveis pela equipa?
J.A.: O treinador foi o João Luis Pinto, que contou com a ajuda do João Cardoso. O director de equipa foi o Hermínio Rodrigues e a “fisio" foi a Ana Delgado.

MdM: Que lições se podem tirar da actividade sénior e como vai ser o futuro?
J.A.: O resultado da época anterior no CN 1ª divisão era previsível, pois a inexperiência dos atletas era notória, no entanto na última jornada tudo poderia ter sido bem diferente pois estavam três equipas em vias de descer.
Estamos ainda numa fase de reconstrução da equipa sénior, desta feita e pela primeira vez com atletas oriundos da formação do clube, com o nosso perfil.
O trabalho, a organização e o tempo trarão com certeza o sucesso desportivo da equipa e possibilidade de pensar mais alto.
Para já na presente época vamos apostar na formação do clube e de alguns reforços pontuais, mantendo a equipa técnica mas melhorando a nível da organização interna da equipa, optimizando alguns factores que
podem ajudar no crescimento e nos resultados da mesma.


MdM: Como é financiada a actividade desportiva do clube? Qual o papel da
Escola Agrária e da autarquia neste aspecto?
J.A.: O financiamento do clube é feito de diversas formas, desde a comparticipação simbólica dos atletas (anuidade), apoios de empresas, apoios institucionais através de contratos programa (Autarquia e Junta de Freguesia), apoios de antigos atletas beneméritos perante o clube e receitas de inúmeras actividades de carisma social que organizamos ao longo da época.
A Escola Superior Agrária de Coimbra, a Associação de Estudantes da ESAC e o Instituto Politécnico de Coimbra, as entidades superiores no panorama estudantil do clube, são de vital importância a nível logístico pois garantem instalações desportivas e sociais, alguns transportes, para além de serem parceiros em inúmeras iniciativas de carácter diverso que reforçam o nome de todos os envolvidos.
A CM de Coimbra e a JF de São Martinho do Bispo têm um papel também bastante importante na dinâmica do clube, não só no apoio monetário através de contactos programa como também no apoio ao nível logístico.
As parcerias e sinergias criadas entre as edilidades e o clube têm sido um sucesso e todos os envolvidos têm vindo a ganhar com a forma dinâmica e organizada e em prol do desporto que temos adoptado.


MdM: Qual o papel das empresas da região?
J.A.: O papel das empresas da região, e fora dela, tem sido muitíssimo importante pois conseguimos fidelizar um conjunto de “sponsors” alocados a cada equipa e/ou ao projecto geral do clube.
Para além de garantirem parte do financiamento do clube, têm orgulho em fazer parte do nosso projecto e têm aberto muitas portas garantindo assim o sucesso sustentado do clube.


MdM: Ainda quanto aos seniores, sabendo que a Agrária apresentou uma distribuição de jogadores pelos diversos escalões etários muito equilibrada, mas que ao mesmo tempo foi a equipa, de todas as que disputaram a prova, que apresentou um plantel mais reduzido, quais são os objectivos da equipa para 2013-14, agora que se deu o alargamento da Divisão para 10 equipas?
J.A.: Na época 2012-13 a equipa sénior contou com 46 atletas masculinos sub-21 e Seniores inscritos e pode contar com a maioria deles.
Apresentámos sempre 22 atletas no boletim de jogo e praticamente foram sempre todos utilizados o que não aconteceu com outras equipas do CN 1ª divisão.
Os objectivos da equipa são garantir folgadamente a manutenção e
construir uma equipa que jogue um rugby positivo e agradável que volte a chamar ao relvado da Agrária os adeptos do Rugby para tardes memoráveis.


MdM: Quem vão ser os treinadores do clube para a próxima época?
J.A.: Nos sub-8 teremos duas jovens treinadoras: Beatriz Esteves e Sandrine Ressureição;
Nos sub-10 mais dois jovens treinadores: João Paulo Fernandes e Manuel Cardoso;
Nos sub-12 os experientes Luis Maia e António Consciência e o jovem Ricardo Russo.
Nos sub-14 serão os experientes Fernando Cardoso e Luis Pio.
Estes escalões têm o acompanhamento pedagógico dos DTC, Ana Bagagem e João Alberty.
Nos sub-16 a equipa será composta pelo Luís Almeida e Ana Bagagem.
Os sub-18 contarão com o internacional Alcino Silva e com o Pedro Quadros.
A equipa feminina será treinada por mim, João Alberty.
Os Seniores serão liderados pelo João Luis Pinto adjuvado pelo João Cardoso.


MdM: Quem quiser jogar rugby na Escola Agrária de Coimbra o que deve fazer?
J.A.: Os treinos da Agrária estão sempre abertos a todos os interessados durante todo o ano.
Durante os horários dos treinos está sempre presente um director de equipa nas instalações do campo relvado da Agrária que encaminhará o(a) interessado(a) à equipa respectiva e depois ficará nas mãos da equipa técnica.
Basta aparecer, trazer equipamento desportivo, muita vontade e disciplina. No site do clube, www.rugbyagraria.com, está disponível toda a informação sobre os horários dos treinos das diversas equipas e pode sempre obter qualquer informação extra através do telefone 96806495 ou através de rugbyagraria@gmail.com
Aconselhamos toda a gente a experimentar primeiro durante dois ou três treinos, para ver se gosta, porque sabemos que depois de experimentar dificilmente vai abandonar.

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