DUPLA OPORTUNIDADE PARA OS PUMAS MOSTRAREM O QUE VALEM

* Paul Tait

Apenas três dias antes da quinta rodada do Rugby Championship, há uma perspectiva comum que a Argentina tem uma chance maior de ganhar neste fim de semana do que a Austrália.

O desempenho de ambas as equipes no torneio até agora, teve como resultado que as pessoas comentam que a Argentina está com um conjunto melhor neste momento, enquanto a Austrália piorou deste 2012.

Seja verdade ou não, o facto é que a Argentina continua sem vitórias na competição.

O que mudou, no entanto, é que ao contrário de em 2012 a Argentina está-se preparando para dar a si mesmo a melhor chance possível de ganhar jogos.

A utilização excessiva dos jogadores em 2012 teve um impacto enorme e os Pumas estavam tão cansados que não conseguiram vencer os Wallabies no encontro final do campeonato.

A despedida do pilar Rodrigo Roncero aconteceu com uma equipa visivelmente esgotada depois do jogo na cidade de La Plata, uma semana antes contra a Nova Zelândia.

O treinador Santiago Phelan fez poucas mudanças ao longo do Rugby Championship 2012. 

Apenas dezanove jogadores alinharam como titulares no campeonato inteiro. 

Os centros Santiago Fernández e Marcelo Bosch foram titulares em todos os jogos. 

Mesmo assim nenhum deles começou o jogo contra a Austrália em Perth, duas semanas atrás.

E para o jogo desta semana houve mais quatro mudanças em relação ao jogo de Perth, com Phelan preferindo trocar suas peças para ter mais chances de derrotar os Wallabies daqui a duas semanas, a cinco de Outubro. 

A influência do Graham Henry é bem clara.

A segunda linha titular Manuel Carizza não vai enfrentar os All Blacks, não porque tem uma lesão insignificante, mas porque é uma estratégia para ele se encontrar em condições significativamente superiores quando jogar contra a Austrália. 

Julio Farias Cabello será titular contra os All Blacks porque a Argentina é melhor quando Carizza está totalmente apto. 

Carizza teria dois jogos pesados contra a Austrália e Nova Zelândia, mas assim estará muito mais preparado para jogar na sua cidade, Rosario, depois deste descanso.

O debate continua sobre se a Argentina pode ou não, vencer os All Blacks.

O status dos All Blacks, como campeões do mundo e a equipa melhor classificada no ranking mundial do IRB é tal, que há uma opinião generalizada que a Nova Zelândia tem de jogar muito mal e a Argentina excepcionalmente bem ou os All Blacks vão ganhar. 

Na realidade não é tão simples. 

A Nova Zelândia terminou 2012 com uma derrota pesada contra a Inglaterra (38-21 e Twickenham), e também começou os jogos da Janela de Outono desse ano com um empate contra a Austrália (18-18 em Brisbane). 

Nas duas ocasiões a Nova Zelândia jogou fora de casa. 

Curiosamente, em La Plata o público será certamente como um jogador extra dos Pumas.

Este fim de semana a Nova Zelândia jogará sem Dan Carter e Richie McCaw. 

Eles não podem simplesmente ser substituídos, pois até mesmo uma selecção como a Nova Zelândia não tem recursos ilimitados. 

Os jogadores que vão vestir a sua camisola são extremamente bons. 

Eles têm impressionado no Super Rugby e quando tiveram a oportunidade de jogar nos All Blacks eles jogaram bem. 

Mas eles não são, no entanto, perfeitos. 

Falta-lhes experiência. 

Por esta razão, o capitão Kieran Read precisará da ajuda de jogadores mais experientes, como Conrad Smith e Tony Woodcock, que foi superado por Juan Figallo em Hamilton.

A partida em Rosario é o jogo mais simples da Argentina e os Wallabies estarão cansados depois de enfrentarem os Springboks na Cidade do Cabo. 

A Austrália não tem os mesmos recursos que a Nova Zelândia e África do Sul. 

Ou seja a Austrália não pode simplesmente trocar jogadores. 

As mudanças na selecção argentina, portanto, poderão ser um acto de brilhantismo e certamente vão ser faladas se os Pumas ganharem na cidade de Rosario. 

Isso não significa que Argentina não pode vencer em La Plata. 

Os All Blacks não são imbatíveis e os Pumas de 2013 estão melhor do que em 2012 e, desta vez, tem uma chutador confiável. 

Os Pumas vão ter que controlar o ritmo dos All Blacks e cometer poucos erros. 

Se não contarmos o jogo de 2012 na cidade de La Plata, os últimos encontros entre as equipas mostraram uma forte defesa sul americana. 

A melhor equipa do mundo teve problemas reais de penetrar a sua defesa.

Existe ainda um debate sobre a arbitragem na competição. 

Na última rodada houve decisões em ambos os jogos que favoreceram as equipas da casa, com impacto no resultado das partidas. 

A África do Sul teve que jogar uma parte significativa do jogo com um jogador a menos. 

A polémica rebentou assim que o jogo acabou e posteriormente a IRB agiu para acalmar a situação. 

Mesmo assim nada alterou a tabela de pontos que manteve a Nova Zelândia em primeiro lugar, a África do Sul em segundo.

A África do Sul vai entrar no campo para ganhar o jogo e de uma forma limpa. 

Os sul africanos vão tentar superar os Wallabies tanto quanto aconteceu na cidade de Brisbane e assim fazer o que a Argentina não foi capaz de fazer. 

Os Pumas controlaram a posse da bola durante a maior parte do segundo tempo, mas no alinhamento não foram capazes de capitalizar e não foram ajudados por um desempenho questionável da arbitragem, que resultou numa carta que a UAR escreveu para a IRB em busca de respostas. 

Mas se a Austrália teve ou não um jogador a mais não muda o facto de que a Argentina esteve dentro do campo australiano por quase 30 minutos ininterruptos e só marcou um ensaio. 

Se aquele domínio acontecesse com a Nova Zelândia ou com a África do Sul, 20 pontos a mais seriam esperados.