26 de setembro de 2013

RUGBY VOLTA AO SPORT PARA AJUDAR A RENASCER A MODALIDADE NO PORTO

O rugby regressou ao centenário Sport Clube do Porto, setenta anos depois que o clube deixou a prática da modalidade, que iniciara em 1928 e que era o reflexo da pujança que atingia na capital do Norte, quando aí havia sete equipas de rugby.

Agora, sob o comando de Nuno Gramaxo, o rugby entra de novo no Sport, e veio para ficar, com a instalação de uma Escola de Rugby que conta já - um ano após ter ter recomeçado - com mais de 50 atletas.

Nuno Gramaxo conta-nos a história recente do Sport e explica-nos como foi o trajecto do rugby feminino no Porto, desde que a modalidade foi empurrada para fora do Boavista, a quem deu diversos títulos na categoria.


Mão de Mestre: Quem é o Nuno Gramaxo no rugby e fora dele?
Nuno Gramaxo: O Nuno Gramaxo nasceu na Foz do Douro – Porto, há 52
anos, sendo o oitavo de nove filhos de uma família que teve a particularidade de ter 3 pares de gémeos, sendo sete homens e duas mulheres, todos amantes do desporto e da actividade física (chegámos a jogar cinco irmãos na equipa do CDUP).
Licenciado em Educação Física e Doutorado em Ciências da Educação, sou docente de Rugby e de Actividades de Exploração da Natureza no ISMAI e na Escola Superior de Educação do Porto. 

Relativamente ao Rugby, possuo todos os graus de treinador da FPR tanto de XV como de Sevens, sendo ainda ”Educator” da IRB. 
Com alguma relevância o fato de ter efectuado o doutoramento com o tema “História e Desenvolvimento do Rugby em Portugal”.

MdM: Onde nasceste e cresceste e como se deu o primeiro contacto com o rugby?
N.G.: Em virtude dos meus irmãos praticarem Rugby no CDUP, foi quase obrigatória a minha paixão pelo Rugby. 
Iniciei-me aos 12 anos, acompanhando os meus irmãos aos treinos, orientados pelo Prof. Pina de Morais. 
A partir de dada altura já tínhamos um pequeno conjunto de atletas, quase todos irmãos de jogadores da equipa de juniores do Cdup: o meu irmão Rico, o Zé Luís Vareta, o Linguiça Lencastre, e outros que se foram juntando. 
Fruto do dinamismo da FPR da altura que estava a promover o rugby, constituímos um núcleo, que teve como treinador o Carlos Varela, atual diretor do CDUP. 
Fizemos alguns anos de formação, tendo sido a base de uma excelente equipa de juniores do CDUP, treinada pelo Prof. Afonso Araújo, e que se veio a sagrar vice-campeã nacional. 
Foi ainda esta equipa que serviria de base à famosa equipa do CDUP que na época de 81/82 se classificou em 3º lugar no campeonato nacional e foi finalista vencido da Taça de Portugal.
Entretanto e com o objectivo de promover o Rugby, fui treinador da equipa da faculdade de Economia do Porto, da Universidade Portucalense, do CDUP e do ISMAI. 
A partir de 1993, e em virtude de dar aulas no Instituto Superior da Maia,
passei a interessar-me pelo Rugby Feminino, procurando impulsionar esta modalidade. 
Nestes últimos anos fui treinador de Rugby do ISMAI, Boavista e Sport Club do Porto.

MdM: O que fizeste no rugby na época que terminou?
N.G.: Na época passada fizemos renascer o Rugby no Sport Club do Porto, parado desde 1935, quando ainda existiam sete equipas a jogar rugby no Porto. 

MdM: Como surge o rugby no Sport Clube do Porto e quando? (o passado)
N.G.: Nas épocas de 2010 a 2012 representamos o Boavista F.C., mas a falta de condições e as exigências da direcção do clube (queriam que pagássemos 700 euros mensais para um aluguer bi-semanal entre as 22:30 e as 24:00) optámos por abandonar o clube no final da época de 2011-2012, com vários títulos conquistados, e fomos procurar novos rumos.
Depois de treinarmos cerca de dois meses na Praça D. João V na baixa do Porto, num piso de mármore e com a iluminação pública, fomos muito bem recebidos pelo Sport Club do Porto, iniciando assim uma nova etapa.
Construímos um projecto, para promoção do rugby no clube, tendo como base do mesmo os valores que estão inerentes a esta modalidade. 


MdM: O regresso da modalidade ao Sport dá-se por que motivo?
N.G.: Porque tínhamos uma equipa sem clube e o Sport foi o clube certo. 
Este clube acreditou no nosso projecto de criação de uma escola de rugby, tendo cedido o seu campo para as nossas equipas.

MdM: Qual foi a actividade desenvolvida, em que competições participaram?
N.G.: Neste primeiro ano, após o regresso do rugby ao Sport, apenas foi apresentada uma equipa feminina sénior.
A equipa participou e venceu o Torneio Nacional de Sevens, foi finalista vencida da Taça de Portugal de sevens, e classificou-se em terceiro lugar no Circuito Nacional de Sevens. 
Foi ainda Campeã Nacional de Beach Rugby.
Tivemos ainda uma jovem equipa de sub-21 que participou no Lousada Sevens tendo conquistado a Taça Shield.
No escalão de sub 12 e sub 10 participamos com cerca de 20 atletas neste mesmo torneio.


MdM: Quem foram os seus treinadores?
N.G.: O escalão sénior feminino foi treinado por mim, sendo adjuvado pela Capitã Daniela Correia (Deolinda).
O escalão Sénior masculino teve como treinadora a atleta Catarina Ribeiro
E os escalões de Sub 12 e Sub 10 foram treinados por mim e pela Deolinda.


MdM: Que acções estão previstas para alargar o recrutamento nas camadas jovens?
N.G.: Na época de 2012-2013 elaboramos um projecto “Valorizar os valores by EDP Gás”, tendo como objectivo promover “os valores”, tão em descrédito pela constante procura da “vitória a todo o custo” que alguns desportos apregoam. 
Visitámos várias escolas da cidade, promovendo os valores e consequentemente o rugby, já que foi a modalidade escolhida para ser apresentada aos alunos, na qual os valores estão acima de tudo.
Em consequência do projecto e da divulgação junto dos alunos da prática gratuita do Rugby no Sport, em Março pusemos em funcionamento a escola de Rugby, tendo em cinco meses de profícuo trabalho e empenho, atingido mais de 50 praticantes. 
No presente ano lectivo pretendemos alargar o projecto às cidades de Matosinhos, Maia e Gaia.
Contamos ainda com a página do Sport Rugby, do facebook, e a promoção através de placares e cartazes.


MdM: Onde decorrem os treinos e os jogos das equipas do clube?
N.G.: Os treinos e os jogos decorrem no campo de relva sintética do Parque da Cidade, pertença do Sport Club do Porto, com o seguinte horário:
Equipa feminina: Segundas, quartas e sextas das 21:30 às 23:00.
Equipa masculina: Quartas das 21:30 às 23:00 e Sextas das 18:30 às 20:00
Escalões de formação: Terças e Sextas das 18:30 às 20:00.


MdM: Que lições foram tiradas da actividade deste ano e como vai ser o futuro?
N.G.: Que o trabalho e dedicação compensam. 
O fato da escola de Rugby funcionar gratuitamente e com profissionais credenciados, promovendo os valores do rugby, tem sido crucial para desenvolver a modalidade no clube. 
O Futuro implica muito mais trabalho já que o clube, só nestes primeiros dias de Setembro já tem mais de 50 atletas a treinar.
MdM: Como é financiada a actividade desportiva do clube? Qual o papel da autarquia neste aspecto?
N.G.: O projecto “valorizar os valores” financiou o funcionamento da escola de rugby. As despesas do clube foram suportadas por mim e por
um patrocínio da RunPorto.com.

MdM: Qual o papel das empresas da região?
N.G.: Foi muito importante o papel da EDP Gás, da RunPorto e da minha empresa NEN Organizações e Desporto Lda.

MdM: Quem vão ser os treinadores do clube para a próxima época?
N.G.: Nuno Gramaxo, Daniela Correia (Deolinda), Catarina Ribeiro, Tita Lencastre e Pipo Sottomayor.
Diretor de equipa: Álvaro Figueiredo.


MdM: Quem quiser jogar rugby no Sport Club do Porto o que deve fazer?
N.G.: Aparecer no Parque da Cidade nos horários dos treinos. 
Será muito bem recebido pelos treinadores e pelo Álvaro Figueiredo, responsável pela gestão da escola de rugby.

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