5 de setembro de 2013

O RUGBY DE ÉVORA VAI TER (FINALMENTE) O SEU CAMPO PRÓPRIO?

Évora é um nome grande do rugby português, tendo sido campeão ibérico de juniores em 2000-01, mas sem casa própria vê o seu trabalho ameaçado pela instabilidade que as constantes mudanças de local de treino e de jogo implicam.

Agora, depois de mais de 10 anos de espera, uma luz parece acender-se no fundo do túnel, e só podemos dizer que a acontecer será inteiramente justo e merecido!

Membro de uma família que conta com mais de uma dúzia de jogadores de rugby (!), e em que os filhos homens são quase todos José - fica por conta do segundo nome a distinção entre eles - José Filipe Leal da Costa é presidente do Clube de Rugby de Évora desde o ano passado, e fala-nos hoje de si, do clube alentejano, seus problemas e suas ambições.

Mão de Mestre: Quem é o José Filipe no rugby e fora dele?
José Filipe Leal da Costa: No rugby sou essencialmente um pai que se
apaixonou pela modalidade ao acompanhar os filhos, primeiro o Zé Manuel, 22 anos (actualmente pilar na Agronomia) e o Zé Maria, 14 anos, desde os seus 5 anos nos diversos escalões do CRE.
De pai passei também a dirigente há 3 anos atrás e a Presidente do CRE desde Junho de 2012.
Fora do rugby sou empresário sendo sócio gerente de duas empresas, www.pinetree.pt e www.amieiramarina.com, a primeira dedicada à Construção Civil e a segunda dedicada ao Turismo.
Tenho 47 anos, casado, quatro filhos (dois rapazes e duas raparigas).
Além dos meus filhos tenho sete sobrinhos e dois irmãos praticantes de rugby.


MdM: Onde nasceste e cresceste e como se deu o primeiro contacto com o rugby?
J.F.L.C.: Natural de Évora, donde saí somente para fazer a Licenciatura em Lisboa durante 5 anos.
O meu primeiro contacto com o rugby foi na época 1985/86 quando treinei e joguei pelo Lusitano de Évora. 

Não correu bem e só voltei a ligar ao rugby muitos anos mais tarde, como pai, quando o meu filho mais velho se iniciou nas camadas jovens do CRE.

MdM: O que fizeste no rugby na época que terminou, e o que vais fazer na próxima?
J.F.L.C.: Fui e serei o presidente do CRE, com suas inúmeras tarefas mas que julgo não ser necessário descrever.

MdM: Como surge o rugby em Évora e quando? Quando surge o CR Évora?
J.F.L.C.: Não conheço muito da história do rugby mas sei que o rugby surgiu em Évora no final dos anos sessenta através da Escola de Regentes Agrícolas, não mais tendo morrido na cidade.
Depois de passar pelos vários clubes desportivos da cidade como o Juventude Sport Clube e o Lusitano Ginásio Clube, foi criado em Agosto de 1992 o Clube de Rugby de Évora, entidade que desde então representa e acolhe todos os amantes da modalidade em Évora.
Até ao surgimento de outros clubes na região acolhia também os praticantes de todo o distrito.


MdM: Qual foi a actividade que o clube teve nos escalões de formação (até aos sub-14) e de pré-competição (sub-16 e sub-18) na época 2012-13?
J.F.L.C.: Nos escalões de formação o CRE na época 2012-13 participou em 10 torneios amigáveis organizados pela ARS tendo em alguns escalões e torneios participado com duas equipas.
Dos 10 em que participou organizou três em Évora.
Foi a época com mais actividades destes escalões da história do clube.
Os sub-14 venceram o grupo B do torneio de Inverno da ARS para este escalão e ficaram em 10º lugar do grupo A no torneio de Primavera também organizado pela ARS, prova que contou com 12 equipas.
Os sub-16 e sub-18 participaram nos respectivos grupos B do campeonato nacional, tendo os sub-16 sido campeões do mesmo e os sub-18 

alcançado uma posição mediana.
Na época que terminou estes são os dois escalões com maiores dificuldades no CRE.
O desgaste provocado por um ano a jogar fora de Évora (2011-12) e com más condições de treino levou a que os atletas não atingissem os níveis de preparação esperados.
A quantidade de jogos fora de Évora e a implicação em termos de disponibilidade a que isso obriga, gastando quinzenalmente todo um dia (das 7h às 19h) para disputarem um jogo, levou a que na época 2012-13 a direcção tenha decidido retirar estes dois escalões do grupo A para o grupo B, onde se manterão pelo menos ainda na próxima época.


MdM: Quem foram os treinadores destes escalões?
J.F.L.C.: Responsável pelos sub-8 a sub-12 – Rui Sequeira
Sub-14 – Gonçalo Branquinho
Sub-16 – Miguel Avó
Sub-18 – Luis Paixão
MdM: Que acções estão previstas para alargar o recrutamento nas camadas jovens?
J.F.L.C.: Acções de divulgação nos estabelecimentos de ensino e programas de divulgação em conjunto com a autarquia.

MdM: Existe alguma parceria com escolas/estabelecimentos de ensino da região?
J.F.L.C.: Não.

MdM: Onde decorrem os treinos e os jogos das camadas jovens?
J.F.L.C.: Desde o ano passado que decorrem no campo José Eduardo Abreu, propriedade do Grupo Desportivo e Recreativo dos Canaviais, com quem foi celebrado um acordo de utilização.
Todos os escalões, dos sub-8 aos seniores, treinam e jogam neste campo.


MdM: Para a época 2013-14 quais os principais objectivos desportivos nos escalões de formação?
J.F.L.C.: Angariar mais atletas, aumentar a qualidade técnica dos atletas.

MdM: No escalão sénior, o clube participou do Campeonato Nacional da 1ª Divisão, e mais uma vez, como tem acontecido desde 2001-02, classificou-se entre as quatro primeiras equipas do segundo escalão do rugby nacional, apesar das conhecidas dificuldades que tem atravessado sem uma casa própria para desenvolver a sua actividade, apesar das promessas que tem tido por parte da Câmara Municipal de Évora.
Quem foram os responsáveis pela equipa?
J.F.L.C.: Treinadores – Jorge Bravo, Rui Cruz e Sérgio Ferreira (este entrou tinha já decorrido 1/3 da prova)
Director Desportivo – Nuno Fernandes
Elemento da direcção responsável pelo escalão – Manuel Francisco Couto


MdM: Que lições têm sido tiradas da actividade sénior e como vai ser o futuro?
J.F.L.C.: Uma pergunta fácil e outra difícil.
As lições são aquelas que todos devemos retirar: necessidade de muito empenho, treino, importância para as camadas jovens, escalão de maior absorção de recursos e atenção.
O futuro é complicado de prever, a não ser que é necessário muito trabalho, atenção e empenho.
Um treinador mal escolhido, o vir a faltar de novo uma situação estável de campo em Évora para os treinos e jogos podem ser todos factores de desestabilização do escalão.


MdM: Como é financiada a actividade desportiva do clube? Qual o papel da autarquia neste aspecto?
J.F.L.C.: Na época 2012-13 a actividade do clube foi financiada da seguinte
forma:
40% - auto financiamento através do pagamento de quotas, mensalidades e eventos desenvolvidos pelo clube;
40% - apoios/patrocínios das empresas e simpatizantes;
20% - apoio da autarquia assegurando grande parte dos transportes através da celebração de um Contrato de Programa de Desenvolvimento Desportivo.
O apoio da autarquia tem vindo a ser cada vez mais diminuto, tendo chegado a representar 50% do financiamento.
De qualquer modo na época 2012-13 o apoio prestado foi vital para o normal funcionamento do clube. 
Para a próxima época ainda não está assegurado o apoio da autarquia.

MdM: Qual o papel das empresas da região?
J.F.L.C.: Sendo uma região reconhecidamente de pouca implantação empresarial o papel das empresas tem sido o possível mas registamos um crescimento da adesão e da importância reconhecida ao clube e ao seu papel de formação dos jovens.
Presentemente contamos com várias empresas, a saber: Farmoz Genéricos, BAYER, John Deere, Banco BPI, Fundação Eugénio de Almeida, Impact, Agrovisul, Grupo Geraldo, Publiplanície, Mc Donalds, Pinetree Construções, Assis Soluções de Conforto.


MdM: Ainda quanto aos seniores, sabendo que o CR de Évora, em três dos últimos quatro anos esteve na luta pelo título até aos jogos finais, que é a equipa da Primeirona que mais inscrições teve registadas na FPR em 2012-13 (208) e que mais atletas apresentou na prova (83), e a quarta a nível nacional entre os seniores, apenas atrás do Técnico (98), Direito (95) e Agronomia (92), quais são os objectivos da equipa para 2013-14, agora que se deu o alargamento da Divisão para 10 equipas?
J.F.L.C.: O objectivo desportivo em 2013-14 para a equipa sénior do CRE é ficar entre os 4 primeiros, isto é, ir à Final 4, sendo que lutaremos sempre pelo primeiro lugar.
Estamos a considerar que o alargamento e as equipas presentes vai traduzir-se numa prova mais competitiva.
Em termos de outros objectivos ambicionamos manter a equipa B, aumentar o número de inscritos e a qualidade técnica dos nossos jogadores.


MdM: Quais são as perspectivas do CR Évora vir a ter um campo seu para a prática da modalidade?
J.F.L.C.: São algumas, pois existe um projecto em andamento/desenvolvimento que poderá levar o CRE a ter o seu tão
ambicionado campo próprio.
Mas dado que os sócios e jogadores esperam há mais de 10 pelo a concretização desse facto e dada a presente conjuntura do país, prefiro não adiantar mais informação, nomeadamente de como e quando.


MdM: Quem vão ser os treinadores do clube para a próxima época?
J.F.L.C.: A estratégia foi manter os mesmos sempre que possível.
Nos sub-14 isso não foi possível porque o Gonçalo por opções da vida teve que ir desenvolver a sua actividade profissional para Lisboa tendo o Miguel Avó assumido este escalão em acumulação com os sub-16 e contando com adjuntos para puder assegurar as duas equipas.
Ao nível dos seniores também não foi possível manter os treinadores por opção várias dos mesmos pelo que a equipa técnica será liderada pelo António Leitão.


MdM: Quem quiser jogar no CR Évora o que deve fazer?
J.F.L.C.: Simples - procurar-nos e apresentar-se. 
O mundo é pequeno e estamos na internet pelo que não será difícil encontrar-nos através do Facebook .

9 comentários:

Anónimo disse...

a entrevista esta excelente!
temos de acrescentar que este clube tem oferecido ao rugby nacional alguns elementos de grande valor. no cre fizeram escola o manuel murteira, o ze manel leal da costa, o ze lima e o vasco navalhinhas.

Paulo Oliveira disse...

Campo em exclusividade para o Rugby em Évora...só vendo..e não estamos á espera há 10 anos mas sim há precisamente 20 anos desde a fundação do clube. Promessas muitas e sempre em períodos eleitorais, o projeto está feito e o local é de sonho, mas a camara de Évora está entre as primeiras quanto ao endividamento...Uma vergonha, tantos anos de Qren entre outros e nada foi feito, nos concelhos do distrito quase todos tem campos sintéticos a maioria com utilização mínima..Évora deve ser a única capital de distrito sem este equipamento municipal...Sem o apoio da Camara não estou a ver como será pago....

Anónimo disse...

um breve historial do CRE, muitos podem nao saber mas o CRE ja esteve na Primeira divisao (agora divisao de Honra)

1992/1993 – Campeão Nacional da 2ª Divisão em Seniores
1998/1999 – Campeão Nacional de Sevens em Juvenis
1999/2000 – Vencedor da Taça Federação em Seniores
2000/2001 – Campeão Nacional de Juniores
2000/2001 – Campeão Nacional de Juvenis
2000/2001 – Campeão Ibérico de Juniores
2000/2001 – Prémio “Fair Play” atribuído pela FPR
2000/2001 – 2º no Torneio Tom Morris (Bruxelas) em Juvenis
2001/2002 – Vice-Campeão Nacional de Juniores
2001/2002 – Medalha de Mérito Municipal na Classe Prata
2002/2003 – Campeão Nacional de Seniores da 2ª Divisão
2002/2003 – Vice-Campeão Nacional de Juniores
2003/2004 – Vencedor da Taça de Portugal de Juniores
2004/2005 – 3º Classificado na 1ª Divisão em Seniores
2005/2006 – Vice-Campeão Nacional de Iniciados
2007/2008 – Semifinalista da Taça de Portugal Sénior
2007/2008 – Campeão Nacional de Sevens em Sub16
....

Manuel Cabral disse...

A propósito do historial do CRE - e sem pretender beliscar o mérito do clube e das suas equipas, que é enorme! - convém esclarecer que em 2004/2005 havia dois grupos na 1ª divisão, cada um com oito equipas, e que o CRE ficou em 3º lugar do grupo B, correspondente ao que hoje é a 1ª Divisão.
O grupo A correspondia ao que hoje é a DH.

http://www.historico.maodemestre.com/2012/05/2000-2010-classificacoes.html

Anónimo disse...

Em Évora, antes da criação do CRE, houve os Regentes Agrícolas (o primeiro), o Juventude, o não referido CDUE e o Lusitano. Não necessariamente por esta ordem.

Anónimo disse...

Antes de mais o CRE tem que conseguir o estatuto de utilidade pública. Não esquecer. Sem isso nada feito.
Força CRE

Anónimo disse...

Manuel cabral relativamente ao historico do CRE, o mesmo chegou a estar na 1º Divisao de altura que equivale a Divisao de Honra, é verdade em 2004/2005 equivalia mesmo á primeira divisao. Isto tudo para dizer q um clube do interior com menos dinheiro que os clubes de Lisboa, com mais deslocaçoes que os clubes de Lisboa, conseguiu estar no Top do rugby nacional. Realtivamente as escolas de rugby o CRE ja teve as melhores escolas de rugby, e interessa dizer q o CRE não tem 40 miudos a treinar por escalao como a maior parte das equipas de Lisboa. Grande Abraço

Marcia disse...

Bom dia!
Gostaria muito de comprar uma camisola da equipa do CRE.
Sou brasileira e estou em Évora acompanhando meu marido que está aqui fazendo Pós Doutorado.
Meu filho Marcelo joga Rugby em nossa cidade, Belo Horizonte,a equipa dele é a BHR.
Ele esteve aqui em Évora e participou de alguns treinos junto a equipa do CRE.
Ele já retornou ao Brasil e por isso gostaria de levar para ele uma camisola da CRE, que achamos muito bonita.
Vocês teriam uma para vender?
Aguardo resposta.
Atenciosamente,
Márcia Bueno Tôrres Reisand

Manuel Cabral disse...

Márcia, envia o seu contato para admin@maodemestre.com, ou através do link CONTACTE-NOS na etiqueta DIVERSOS, na barra de links logo abaixo do cabeçalho, que eu ponho em contato com o CRE.
Esta postagem é antiga e não é fácil que a sua mensagem seja lida...