22 de setembro de 2013

LEI DOS "MAIS FORTES" FURADA PELOS ENGENHEIROS *

* António Henriques
A primeira jornada da DH, composta por cinco duelos entre equipas de grupos distintos, não trouxe surpresas, com as formações do grupo A, as mais apetrechadas e que jogavam em casa, a saírem por cima.

A excepção foi o Técnico, único conjunto do grupo B que furou a lei dos teoricamente ‘mais fortes’, ao derrotar o CDUP, aproveitando o facto de jogar nas Olaias por inversão de jornada, pois o jogo, por sorteio, deveria ter-se realizado a norte.

Todos os triunfos valeram ponto de bónus ofensivo e não houve lugar a qualquer ponto de bónus defensivo.


TÉCNICO 26-8 CDUP
Foi auspiciosa a estreia dos engenheiros nesta época – no ano passado tinham derrotado nas Olaias os portuenses, por suados 29-28 com o ensaio vitorioso a surgir para lá dos 80 minutos – no ‘regresso a casa’ de Joe Gardener (um ensaio e 11 pontos marcados) e na première dos neozelandeses Joshua van Lieshout (dois ensaios) e Niels Egelmeer (bom n.º 8 mas distante do poderoso Taione Vea de boa memória).
Perante um CDUP muito desfalcado, com sete sub-21 entre os titulares, um pack sem grande poder físico e que só aos 42’ entrou à mão na área de 22 contrária, o Técnico – que teve quatro jogadores excluídos com amarelo! – jogou à vontade, mandando na partida a seu bel-prazer.
O pior é que Gardener, interpretando o papel de abertura-dono-da-bola – e que precisa urgentemente que alguém de fora (mas os treinadores estão dentro do relvado…) lhe explicasse que o râguebi é um jogo colectivo e ele não é obrigado a fazer tudo em campo – não foi o ’10’ que a equipa precisava – e os seus pontapés tácticos estiveram longe da perfeição.
Com 12-3 ao intervalo (ensaios de Gardener e Lieshout), a equipa da casa marcou logo no recomeço (Pedro Castro, 19-3), ainda permitiu o ensaio de honra portuense (por Lourenço Matalonga, em maul), mas uma bela interceção de Gardener, aos 66’, concluída por Lieshout para o segundo da tarde do três-quartos centro neozelandês, fecharia o resultado dando o ponto de bónus.
Resultado desnivelado mas algo enganador, pois o CDUP teve três ocasiões claras de ensaio na 2.ª parte perante descomunais buracos defensivos contrários mas que seriam desperdiçadas por flagrante inocência e que poderiam ter dado outro desfecho ao encontro.


DIREITO 45-22 CASCAIS
Sob abrasador calor – a quem terá lembrado fazer disputar o jogo inaugural da DH às 13.00? – os campeões nacionais, que receberam de prenda, no defeso, novos balneários (viv’ó luxo após 18 anos utilizando contentores!), começaram a todo o gás e antes dos 10’ já venciam por 14-0, com ensaios de Manuel Vilela e Aguilar. 
Mas a jovem equipa da Linha ia-se batendo muito bem, em especial na avançada liderada pelo excelente Francisco Sousa, e com uma penalidade de José Abrantes e um ensaio de penalidade bem assinalado por Guilherme Themudo (placagem in-extremis perigosa feita por António Ferrador ao ponta Tomás Fonseca e que lhe valeu um amarelo), reduziu para 14-10. 
Mas as equipas iriam para intervalo com 17-10 graças a um pontapé de Gonçalo Malheiro, sempre exímio com os pés, autor de 20 pontos e que terminou o jogo a médio de formação!
No 2.º tempo os advogados aceleraram o ritmo de jogo e com o pilar de Tonga Sione Helu (não apareceu em jogo aberto mas nas fases estáticas faz sentir o seu peso…) 10’ fora por amarelo, o encontro com menos um elemento ficou frenético, com Direito a fazer três ensaios (de novo Vilela, Malheiro e Ferrador) e sofrendo um (pelo pilar Mário Zaballos), para 38-15.
Helu ainda regressaria para, em força, se estrear a marcar em Portugal e seria Francisco Tavares a concluir a função nos 45-22, num jogo fraco e marcado pela lesão de média gravidade do capitão da casa, Vasco Uva, que o deixará de fora dos relvados algumas semanas.


CDUL 68-20 ACADÉMICA
No EU Lisboa o muito jovem quinze da Coimbra (média de idades de 21 anos!) até fez os primeiros pontos, através de uma penalidade, mas cedo foi obrigado a recuar perante uma equipa mais adulta e possuidora de outro andamento. 
E depressa os vice-campeões nacionais trataram de resolver a contenda, avolumando o resultado. 
Quatro ensaios até ao intervalo (28-8) e mais seis na 2.ª parte – num total de 10, três deles por Vasco Navalhinhas – marcaram bem a distância que actualmente separa as duas formações.
Mas os pretos, sempre com boa atitude, ainda souberam explorar muito bem alguns erros defensivos universitários obtendo três ensaios que amenizaram um, apesar disso, pesado desaire nesta sua primeira deslocação à capital. 
Nota ainda para o regresso, após demorada lesão, do internacional Pedro Cabral, que apenas desperdiçou uma das dez conversões que tentou aos postes.


AGRONOMIA 27-12 CRAV
Na Tapada assistiu-se a uma partida com um ritmo muito baixo, com natural maior domínio da equipa da casa – que viu três elementos serem admoestados com cartão amarelo –, em especial graças ao poder do seu pack avançado bem comandado pelo aniversariante António Duarte (que ofereceu um ensaio a si próprio como presente antes de sair ao intervalo) e que seria marcada por um final digno de… Alfred Hitchcock.
Os agrónomos tiraram excelente partido das opções que Murray Cox fez sentar inicialmente no banco, pois o pilar Gustavo Duarte faria dois ensaios na sequência de imparáveis maul-touche, Salvador Ribeiro seria o “herói” do jogo (já lá vamos) e Duarte Cardoso Pinto mostrou, na 2.ª parte, que ainda está ali para as curvas. 
No minuto 80 o CRAV reduziria para 22-12 por Luís Tenente, roubando o ponto de bónus a Agronomia (quatro ensaios a dois) e quando se esperaria que o jogo assim terminasse, José Vareta, na ânsia de tentar ainda conseguir bónus defensivo para os minhotos e na “bola de jogo” assinalada pelo árbitro, arriscou um pontapé curto, que captado por um adversário permitiu à equipa da casa desenvolver uma boa jogada, com várias fases, e concluída pelo suplente Salvador Ribeiro que valeu os cinco pontos à sua equipa.


BELENENSES 65-7 MONTEMOR
A estreia do Montemor na DH foi marcada por onze ensaios concedidos, numa partida quase de sentido único e que os azuis venceram tranquilamente. Enquanto os alentejanos tiveram pernas, o resultado foi-se mantendo equilibrado, mas já assinalava 26-0 ao intervalo. 
Claro que a 2.ª parte seria mais penosa para os novatos, que sofreriam mais sete ensaios do Belém, onde se destacou o 2.ª linha Rafael Simões (um ensaio e ‘man of the match’).
Mas o verdadeiro herói do jogo, que jamais esquecerá este encontro, foi o ponta João Maria Santos (melhor marcador da I Divisão em 2012/13) que marcou e converteu o primeiro ensaio do Montemor na maior prova nacional. 
Uma praça cheia!


8 comentários:

Anónimo disse...

Bom dia

A Agronomia ganhou e ganhou bem...mas a referência aos três jogadores admoestados com cartão amarelo era dispensável, já que o CRAV jogou no minimo 40 minutos com um jogador a menos (4 amarelos)...um pouco de isenção...Obrigado

HCC

Anónimo disse...

Manuel Vilela Pereira marca dois ensaios no jogo do G.D.Direito. Este dado nao esta na tabela dos melhores marcadores

Manuel Cabral disse...

Ao anónimo das 23:43
Os ensaios do Direito foram marcados por António Ferrador (2), Francisco Tavares, Gonçalo Malheiro, Manuel Vilela e António Aguilar (1 cada).

Anónimo disse...

manuel vilela marcou 2 ensaios. Eu vi!

Anónimo disse...

Sr. Manuel Cabral o Manuel Vilela marcou dois ensaios, aliás no próprio artigo está lá escrito isso

Anónimo disse...

Mestre, então levam um cabaz e o herói é dos vencidos? É o que eu digo... uma admiração notável.

Anónimo disse...

Posso ser eu que estou assim para o sentimental mas os 65 do Belenenses não fazem história porque são iguais a tantos outros marcados por esse Grande do Rugby que é o Belenenses. Os 7 do Montemor fazem história porque são os primeiros que o Montemor marca na DH. Assim como o seu marcador entra para a história do clube. Será isto difícil de perceber ou serei que com a idade estou a ver coisas?

Manuel Cabral disse...

Agradecemos a todos os que nos chamaram a atenção para a situação dos ensaios do Direito, e acabamos de confirmar junto do próprio GDD que foi o Manuel Vilela e não o António Ferrador quem marcou os dois ensaios.
Quem estava certo era o nosso especialista para a Divisão de Honra, e todos os que nos chamaram a atenção.
Nós estávamos errados e vamos proceder às devidas alterações, com um pedido de desculpas aos dois jogadores e, ao António Henriques e, claro!, a todos os que nos lêem...