29 de setembro de 2013

A QUESTÃO DAS EQUIPAS B'S *

O Mão de Mestre é um espaço aberto à difusão da opinião dos que se preocupam com as coisas do rugby nacional, e é com prazer que hoje trazemos a opinião de um companheiro que conhece bem a realidade portuguesa, quer ao nível de clube, quer em funções federativas.

Pedro Sousa Ribeiro, que recentemente deixou uma das vice-presidências da FPR, aborda um tema bem actual, dando-nos uma visão apoiada nos anos de experiência que tem, e nos exemplos do passado.

*Pedro Sousa Ribeiro
Um assunto que tem sido abordado nos últimos dias refere-se em que competições incluir as equipas B.

Alguns pontos prévios :
- cabe à Direcção da FPR, em conjunção com o seu enquadramento técnico, um papel de liderança do rugby português de que não deve abdicar;
- a Direcção da FPR deve, nas suas decisões, ter sempre em conta qual o interesse geral do rugby português e não atender a interesses particulares por mais fortes que eles sejam;
- é sempre positivo que os clubes da Divisão de Honra apresentem equipas B. Mais jogadores em actividade é sempre positivo para o rugby;

Posto isto, em que competições incluir as equipas B?

Nem todos os praticantes de rugby têm a capacidade para integrar as equipas A dos clubes principais.
Por esse motivo, não devem ser impedidos de praticar rugby. 
Neste caso têm duas opções: procurar um clube com menor índice competitivo ou, o seu clube constituir uma 2ª equipa sénior.

É desta opção em que nos iremos concentrar. 
Não satisfaz muitos egos dizer aos amigos e amigas que jogam numa equipa de reservas e isso afasta praticantes. 

Mas já poderá não ser problema dizer que joga na equipa XX do Clube Y. 
Os clubes poderão colocar nomes adicionais às suas segundas equipas, por exemplo adicionar ao nome do clube designações como Golfinhos, Escorpiões, Vândalos, etc. 
É isto que se faz em muitos dos países de topo do rugby mundial (e mesmo em Portugal o CRAV chama de Garranos a sua equipa B**).

No passado já existiram campeonatos de reservas os quais nunca tiveram qualquer interesse competitivo. 
Uma experiência a não repetir.

Na época passada, as equipas B participaram no Campeonato Nacional da 2ª Divisão sendo essa integração feita sem dificuldade. 
Nessa época entendeu-se que os jogos com as equipas B não contariam para efeito de classificação final. 
Não me apercebi que essa situação tenha causado problemas. 
Pelo contrário contribuiu para melhorar o nível competitivo.

No rugby a evolução de uma equipa alcança-se em competições com equipas de nível superior. 
Normalmente as equipas B têm nível superior, ou pelo menos equivalente, às equipas da 2ª Divisão. 
Por isso a participação de equipas B só é vantajosa para elas.

Eu iria mais além : não só as equipas B deveriam participar no Campeonato da 2ª Divisão mas deveriam competir em igualdade com todas as outras, podendo mesmo subir à Divisão superior, apenas com a limitação de não haver duas equipas do mesmo clube na mesma divisão.

É que acontece, por exemplo, em Espanha.

Como impedir que em determinados jogos sejam utilizados na equipa B jogadores que habitualmente jogam na equipa A?

Muito simplesmente definindo um conjunto de cerca de 25 a 30 jogadores com vínculo à equipa A. 
E destes apenas três a cinco poderiam participar nos jogos da equipa B. 
Isso possibilitaria, p. ex. a jogadores vindos de lesões ou de outros impedimentos reiniciar a prática nas equipas B.

Um opção deste tipo iria criar mais motivos de interesse às competições séniores.

**  Nota da Redacção

6 comentários:

Anónimo disse...

Este senhor sintetizou na perfeição o que deveria ser uma segunda equipe do clube, isso faz-se em todos os países evoluídos, salvo erro no Uruguai o melhor clube do pais tem mesmo 3 equipes na 1ª divisão (o que obviamente não é correto). O grande problema em Portugal é mesmo o ego dos praticantes (infelizmente são poucos os que gostam do jogo). Há muitos anos o problema dos campeonatos de reservas (ainda lá joguei e sei o que se passava), é que estas equipas serviam para ex jogadores (e não atletas) satisfazerem o seu ego de “jogadores” de rugby, por vezes apresentando-se em condições lastimáveis (por vezes ainda bêbados da noite anterior), afastando assim quem queria evoluir, pois aquilo não era sério, e os próprios clubes tb não se preocupavam com isso, outras vezes as equipas visitantes apresentavam-se com 15, 14, 13 ,12…. Ou menos jogadores. O facto de não existirem segundas equipas nos clubes (pelo menos nos da honra) afasta muita gente (alguns que passado uns anos até seriam titulares nas Aas), existem tb muitos jogadores com experiencia de jogo que são obrigados a abandonar devido ao exigente mercado de trabalho, e que como atletas que são não querem andar a arrastar-se pelos campos, no entanto numa segunda equipa, poderiam transmitir a sua experiencia a jovens jogadores, treinando 2 vezes por semana, o suficiente para conseguirem jogar numa segunda divisão. Mas uma segunda equipa séria traz outro grande problema, dinheiro para a sustentar e mais grave (pois isso com boa vontade até se dava a volta) é a falta de estruturas (campos) para ter mais uma equipa a treinar (condignamente) no mínimo 2 vezes por semana em campo. Que clube em Portugal tem estruturas para praticar Rugby? Sim porque hoje em dia qualquer clube terá que ter 2 a 3 campos no mínimo para satisfazer com qualidade as necessidades de treino, não satisfaz um quintal com um campo e um ginásio. Agronomia, CRAV, Académica, há mais? É por aqui que os clubes têm que se refundar. Ok há poucos treinadores com qualidade, mas esse problema apesar de tudo é mais simples de resolver do que o primeiro, este sim um dos cancros do rugby nacional, depois de resolvido nem sequer faz sentido as equipas de elite não terem BBs, se não tiverem não só devem como tem de ser punidas com descidas de divisão. Fica a opinião de quem acha imprescindível as equipas BBs com condições de serem equipas…

Anónimo disse...

Na mouche. Depois de varias experiências com as equipas de RESERVAS nas décadas a de 80 e 90 a imaturidade destes novos directores de equipas, que não passaram por esses tipos de jogos, levou-ps a propôr acabar com as equipas "BB" a disputar a segunda divisão. Muitos clubes que não têm sub-21, podia apresentar segundas equipas. O artigo é de alguem que conhece e conhece a realidade. Pensar-se que as reservas (péssima denominação) jogam na altura dos AAs é estar fora de toda a realidade. À alguns anos até se tentou fazer um camponato Ten-a-side, na prespectiva de que os suplentes da A e mais alguns pudessem competir em tempo reduzido, de forma a poderem-se manter ligados à equipa principal. Foi um flop. Mas tb entendo, que alguns por má fé e a olharem para o umbigo, não queiram mesmo segundas equipas. É do género. Eu não posso ter, então os outros tb não devem ter. Vão longe, sem duvida. A chatísse é que depois de fazerem trampa, mudam de poiso e por cá ficarão os mesmos de sempre.

Anónimo disse...

E os jogadores que estão no banco ou na reserva da Agronomia, Belém, CDUL, Direito, Académica, CDUP etc. procurarem jogar em clubes a da Segunda Divisão e assim ajudar esses clubes a crescer e quem sabe a aparecerem novos clubeS ?

Porque é que os jogadores que não são titulares insistem em se manter na reserva sem hipotese de jogar nos grandes clubes que ficam com planteis de 60 ou 70 ?

Pode-se ver isto de muitas maneiras, mas analisando bem se calhar as reservas dos grandes clubes na sua maioria como já foi dito são pintarolas que só querem dizer que estao ligados aos grandes

Anónimo disse...

Falar-se de plantéis de 50 a 60 jogadores é de quem não conhece a realidade do rygby nacional. A grande maioria dos clubes, todos os fins de semana tem que se socorrer de sub 21 para ter 22 jogadores. Ter um plantel de 30 jogadores, é o mínimo para conseguir ter sempre 22 jogadores em campo, pois existem lesões, problemas profissionais, de família que fazem com que as equipas tenham que procurar soluções.
Por fim, a questão levantada da falta de campos, será talvez a mais importante, pois os clubes mal tem espaço para que os seus seniores, sub 21 e demais escalões treinem, quanto mais campo para os jogos.
Além disso, em Portugal os jogadores aceitam muito mal ser suplentes, quanto mais ser da equipa B ou reserva. O que normalmente ocorre é que essas equipas a médio prazo acabam por ser formadas por alguns veteranos que fazem o sacrifício de compor as equipas e alguns jovens sem grande pespectiva.
Infelizmente digo eu, mas é a realidade.
Acabar com o campeonato sub 21, como tem sido feito pela actual direcção federativa, é para mim um desastre.

Anónimo disse...

Desde quando é que esta Direção acaboy com os Sub 21 ? Deves andar muito distraído

Anónimo disse...

Ao anónimo das 15:57;
Imaginemos que´o "Sr Zé" é adepto do Braga e está á conversa com o "Tonho":
Tonho - Então como vai o teu Braga?
Sr Zé - Vai bem, mas não ganha nada.
Tonho - Então muda de clube, passa a apoiar o Guimarães ou o Olhanense.

Serve isto para explicar que os clubes terem plantéis de 60 ou 70 jogadores tem a ver com a empatia que as pessoas tem com os clubes e com a região de onde são originários.. ah e uma questão de gosto também. Além disso, imagine um plantel com 60 jogadores em que a maioria luta pela titularidade e imagine um plantel com 25 jogadores, em que á partida sabem que vão quase todos sempre jogando. Em que equipa acha que haverá maior evolução/competição/revitalização/progresso?

Apoios da FPR para além dos clubes do costume, SIM apoio, agora mudar jogadores do SEU clube para melhorarem clubes n'outra divisão... enfim!