REGRESSO DE UM VELHO FIDALGO OU INÉDITA TRIPLA

É FINALMENTE AMANHÃ QUE VAMOS CONHECER O CAMPEÃO da época 2011/12, com o 54.º título nacional a ser decidido entre CDUL e Agronomia, as duas melhores equipas da temporada, que se irão defrontar no que será um duelo sem favorito declarado, e se aguarda intenso e muito discutido. 

E que, como se viu na apresentação da final, promete ser uma festa e um exemplo de ‘fair-play’.           

É já amanhã pelas 16.00, e pela primeira vez no histórico palco do Campo de Honra do Estádio Nacional, que se decidirá a DH, após uma maratona iniciada em 24 de Setembro e interrompida durante três meses (!) por força dos compromissos da seleção nacional.   

Apesar de uma decisão do campeonato neste formato ser por vezes injusta face a tudo que está para trás, desta feita irão mesmo estar frente a frente os dois melhores quinzes da época – então se nos restringirmos à “final four” a diferença é abissal, pois basta recordarmos que a Académica apenas venceu os dois últimos jogos e o tricampeão Direito ainda fez pior, ao só triunfar por uma vez nas seis jornadas, tendo inclusivamente perdido todos os jogos no seu outrora inexpugnável ‘bunker’ de Monsanto.

Quanto ao favoritismo e nem que me apontem uma pistola à cabeça, não vou mesmo arriscar um simples palpite.

Os treinadores conhecem-se bem, tendo inclusivamente Luis Cassiano Neves (CDUL) começado a sua carreira como adjunto de Ricardo Sequeira, nos juvenis do CDUL, no distante ano de 2001. 

E os dois quinzes têm armas e figuras mais que suficientes para resolverem o jogo e decidirem o vencedor: avançadas poderosas capazes de empurrar o jogo para o meio-campo rival, par de médios imaginativos e aptos a criar problemas ao adversário, jogando à mão, perfurando ou utilizando judiciosamente o jogo ao pé, e linhas atrasadas rápidas, poderosas e que dificilmente abrem brechas a defender. 

Para lá de pontapeadores exímios em Pedro Cabral e, se jogar, Nuno Penha e Costa (CDUL) ou José Lima, Manuel Murteira, Cardoso Pinto e Vasco Gaspar (Agronomia). 

Mas se insistirem muito, posso tentar adivinhar o vencedor.

Se for pelos títulos conquistados – CDUL (17) versus Agronomia (1) –, não tenho dúvidas, ganha o CDUL.

Mas o último título dos universitários foi ganho há 22 anos (em 1990), ainda os ensaios valiam quatro pontos e Cordeiro do Vale nos encantava com as suas narrações do Cinco Nações na RTP2, enquanto os agrónomos venceram o seu único título muito mais recentemente, em 2007, ano do Mundial de França do nosso contentamento. 

Já percebi, ganha Agronomia.

Número de internacionais de cada um dos quinzes titulares e total de jogos efetuados ao serviço da seleção nacional? 

Triunfo óbvio para o CDUL.

Mas enquanto este, nos últimos 17 anos, só atingiu uma final (da Taça perdida para Agronomia, em 2010) e não vence um jogo decisivo desde 1989, a equipa da Tapada esteve em quatro das seis decisões do Campeonato numa final (modelo iniciado em 2006), venceu as últimas quatro Taças de Portugal e a Supertaça 2011. 

Ou seja, se for pela experiência recente de disputar (e ganhar) finais não hesito, vence Agronomia.

Iguais? 

Então vamos olhar para os confrontos mais recentes. 

Nos quatro duelos desta época para a DH, registaram-se dois triunfos para cada lado.

Ou seja, não consigo desempatar.

Mas tenho a certeza de que vai ser um belo espetáculo entre um velho fidalgo que há muito não se via nestas andanças e um quinze que pode ganhar tudo em 2011/12: Supertaça, Taça de Portugal e Campeonato, numa inédita tripla na Tapada, dirigido pelo melhor árbitro da época (Pedro Murinello) e que me vou divertir, mesmo deslocando-me ao Jamor em trabalho, para fazer a narração para a Sport TV1.       

Jogadores a seguir com atenção.

No CDUL a entrada, a meio da época, do 2.ª linha David dos Reis fez o seu ‘pack’ crescer e ganhar barba, dando-lhe uma dimensão que há muitos anos estava afastada da avançada universitária. 

Habituado em França a estes jogos decisivos, não vai perla certa faltar ao encontro e pode passar por ele um eventual triunfo.

Muito do jogo de Agronomia vai depender da forma como Jacques le Roux se apresentar em campo. 

Na sua primeira época em Portugal foi ‘man of the match’ na final que deu o único título à Tapada. 

Não está, nem poderia estar, a 100% face à grave lesão que o atingiu no tendão de Aquiles, mas na despedida antes de partir para jogar em Inglaterra, os agrónomos rezam para que surja o ’velho’ Jacques…. e aí as suas possibilidades de vitória aumentam exponencialmente.      

Fait-divers

Se a decisão do título fosse idêntica à do Super Rugby – ou seja, jogos a eliminar numa fase em ‘play-off’ em vez do sistema de “todos contra todos” – tendo em conta os resultados da “final four” e descontando a gestão dos plantéis efetuada em certas partidas, o campeão seria…

Mais finais: 1.º da fase inicial (Agronomia) recebia o 4.º (Académica) e os pretos apuravam-se para final ao triunfar por 44-26; 2.º (Direito) recebia o 3.º (CDUL) e perdia por 41-21.

Resultado da final em casa do melhor classificado dos dois finalistas na fase inicial: CDUL, 37- Académica, 0……. 

E os universitários já estavam a festejar o seu 18.º título.

As equipas para a grande final:

Anteriores Finais

2011 Direito 9-3 Belenenses

2010 Direito 22-12 Agronomia

2009 Direito 32-25 Agronomia

2008 Belenenses 22-21 Agronomia

2007 Agronomia 15-8 Direito

2006 Direito 22-6 Belenenses

Para os interessados em números e estatísticas aconselhamos a consulta dos arquivos do Mão de Mestre aqui

Texto: António Henriques

Foto: CDUL - RUGBY/Facebook