17 de dezembro de 2009

ATÉ AGORA, DOIS CANDIDATOS, NENHUMA IDEIA!

Estamos à porta das eleições, e dois candidatos se perfilam para a corrida.




Apesar de ter sido contra a marcação das eleições para esta altura da época, também me manifestei contra uma idéia que corria, de conseguir o adiamento das mesmas, pelo recurso aos tribunais.

Mas o facto de não concordar com a marcação, como ela foi feita – em manifesto benefício de uns e prejuízo da Comunidade - não significa que esteja satisfeito com a actuação da actual equipa federativa, e tenho feito saber, através destas páginas, essas minhas duas posições.

E já que os meios de comunicação social exclusivamente dedicados ao Rugby, em Portugal, são tão poucos, para mim é absolutamente claro que uma pessoa que se pretende alvorar ao mais alto posto da modalidade no nosso País, sabia ou tinha obrigação de saber daquelas posições públicas...

Quem quer ser uma pessoa publica deve tomar cuidado com o que diz, e sobretudo, com o que escreve, sob pena de ver voltar-se contra si, grande parte do veneno que expele em todas as direções.

E já que tantas linhas foram escritas, por uma candidatura ou a outra, a favor ou contra as eleições nesta altura, reitero aqui a minha opinião que, ao impedir que uma candidatura pudesse surgir de sectores menos comprometidos com o actual estado das coisas, e que necessitaria de tempo para se organizar, a marcação para esta data apenas benefecia quem já estava no poder, e quem, ao longo dos meses desenvolveu uma estratégia de terra queimada, e se preparou para agora surgir como o salvador da Pátria.

Mas, depois deste desabafo, falarei agora das duas candidaturas em presença.

De um lado temos o actual Presidente, Dídio de Aguiar, que foi nos últimos meses muito atacado pela falta de diálogo com os Clubes, e pela prioridade que atribuiu à seleção nacional, em eventual detrimento da actividade doméstica, e do desenvolvimento.
São poucas as suas declarações publicas, e mesmo neste período pré-eleitoral, deixou as despesas de conversa a cargo de pessoas próximas de si, e do seu mandatário eleitoral.
Do que se conhece da sua actuação à frente da FPR desde 2003, destacam-se os êxitos da Seleção Nacional de Seniores, nomeadamente do seu apuramento para o Campeonato do Mundo de 2007, e a posição actual da equipa, que lhe permite ter esperança na qualificação para o Campeonato do Mundo de 2011.
A acontecer, será um facto de todo o mérito. Se não acontecer será o desaparecimento de um jogador que tudo hipotecou àquelas expectativas.

Do que se propõe fazer no mandato para que se candidata, pouco ou nada se sabe, e de acordo com o seu mandatário, nada se vai ficar a saber...
Na verdade, nesta altura do campeonato, com tantos dossiers em aberto – Competições Regionais, Administração Regional, Desenvolvimento do Rugby Adulto, Plano de Desenvolvimento dos Sevens, entre outros...- é muito curto afirmar que o candidato vai, no próximo dia 18, informar quais são as Principais Linhas do seu Programa Eleitoral.

Das duas uma: Ou o candidato não faz idéia do que vai fazer, ou então sabe, mas não quer que a Comunidade do Rugby saiba...
Entre as duas, vá o Diabo e escolha!

Do outro lado temos Amado da Silva, actual Presidente de Agronomia, que se tem salientado nos últimos nove meses, por uma virulenta guerra dirigida contra a FPR, contra Dídio de Aguiar, contra os árbitros, contra os restantes Clubes portugueses, contra o formato das competições, contra os Sevens, enfim, contra qualquer coisa que se mexa.
Muitas vezes com razão, outras nem tanto, Amado da Silva há muito tempo que se decidiu à candidatura, e para o sucesso da sua estratégia, conseguiu mobilizar alguns apoios importantes, como o do anterior Presidente da Assembleia Geral, Pedro Lynce, e do actual, Pinto de Sousa.
Numa campanha orientada ao tema quem não é por ele, é contra ele, Amado da Silva mete todos em dois sacos: os que o apoiam, e os que estão satisfeitos com o actual Presidente.
Da leitura – por vezes cansativa - da sua produção literária, no entanto, pouco se consegue saber quanto ao que se propõe fazer à frente dos destinos da FPR. De tudo o que escreveu e está publicado, salientam-se a proposta para que a fase final da Divisão de Honra se dispute em sistema de todos contra todos, que haja uma prova destinada a seleções regionais, e que o campeonato nacional de Sevens se dispute em cinco jornadas. Ou seja, questões meramente circunstanciais.
Quanto aos grandes problemas do Rugby português – Competições Regionais, Administração Regional, Desenvolvimento do Rugby Adulto, Plano de Desenvolvimento dos Sevens, entre outros – nada se sabe.
Para quem está a preparar uma candidatura há mais de nove meses, é pouco.

Daqui se pode concluir que, ou o candidato não faz idéia do que vai fazer, ou então sabe, mas não quer que a Comunidade do Rugby saiba...
Oh Diabo, eu já disse isto antes!

Face a esta desoladora situação, apenas posso esperar que a situação se altere, e que, até à data limite para apresentação das candidaturas, e dos respectivos Planos, haja uma produção de mérito das duas candidaturas, e que nos apresentem propostas bem concretas quanto ao seu conteúdo, em especial no que respeita às Competições Regionais, Administração Regional, Desenvolvimento do Rugby Adulto e Plano de Desenvolvimento dos Sevens, e com prazos de execução bem definidos.


Se assim for, estas páginas estão abertas para a divulgação de tais Planos, venham eles de onde vierem.

1 comentário:

SSREF disse...

Caro Manuel

Como leitor assíduo do seu blog, não posso deixar de lhe dar total concordância sobre a temática das eleições e sobretudo sobre a ausência programática das duas candidaturas.

Não concordo sobre a sua ideia da oportunidade da data escolhida: ela é oportuna porque mudaram as regras e o quadro dos eleitores e, portanto, do corpo que elegeu o actual quadro federativo. Qualquer orgão de poder deve ver reconfirmada a sua legitimidade sempre que as regras do jogo mudam. É um conceito básico de política e de cidadania. Não é a mesma a Assembleia que elegeu Dídio de Aguiar e sobretudo não é a mesma correlação de forças que agora existe na nova Assembleia Geral da FPR e portanto Dídio de Aguiar e a sua Direcção devem sujeitar-se a novo escrutínio que os reconfirme à luz dos novos poderes que passam a ter e que não tinham. Nenhum poder se herda. Todos os poderes se conquistam.

Em segundo lugar deixe-me dizer-lhe que é preciso que se conheça muitas mais linhas de política dos que as que enuncia:

1 - Desde logo uma política concreta sobre Arbitragem, árbitros e seu real desenvolvimento. Se é visível a grande evolução nos jogadores e no rugby jogado (já tudo é semi-profissional ou mesmo profissionalizado), com que árbitros é que queremos contar para continuar esta evolução? Apenas com alguns carolas ex-jogadores que não se importam muito de passar fins de semana fora de casa para poder haver jogos com um mínimo de dignidade? Acho que o rugby já não é bem isso... faz tempo!!
2 - Coragem para concluir a revisão, de uma vez por todas, dos Regulamentos que regem a actividade do Rugby: Competições (de todos os escalões), Disciplina, etc. É a única forma de isto não ser a república das bananas, onde cada um faz o que quer, sem esperar consequências.
3 - Modelo de desenvolvimento do rugby em portugal: manter o actual grande clube nacional único, vencedor sem rival e aglotinador de quase todos os grandes jogadores do país que aspiram a ser seleccionados, ou descentralizar, criando condições aos clubes para manterem as suas escolas de formação e os seus maiores valores, mesmo com concurso na Selecção Nacional?
4 - Reequilibrar ou não os meios dos clubes versus meios da selecção nacional? Há clubes séniores em Portugal com orçamentos anuais iguais aos custos das garrafas de água dos treinos do CNT!
5 - Pugnar pela maior eficiência dos serviços da fpr, reduzindo a estrutura mas aumentando o potencial de produtividade de cada profissional, ou não?
6 - Afincado compromisso em organizar a participação de equipas e/ou jogadores portugueses noutras competições (ibéricas, europeias, internacionais)?
7 - Recuperar a visibilidade internacional do rugby português como seja a organização de eventos mediáticos (comecializáveis e interessantes para media e patrocinadores) entretanto abandonados e esquecidos: Lisboa 7's, Torneio Nacional de Rugby de Praia, etc. Ou apenas esperar que muitos clubes e jogadores se increvam sozinhos em provas internacionais do género, contribuíndo para o prestígio destes países ao arrepio do abandono a que são votados no seu próprio país, assim que acaba o curtíssimo e pouco competitivo Campeonato caseiro?

Estas é que deveriam ser também as questões a que todos deveriamos ter direito a resposta, por parte de quem se candidata.

Grande Abraço
TSS