24 de março de 2015

COMITIVA DA LOUSÃ DESLOCA-SE A PRADES E RECEBE JOSÉ LIMA

O Rugby Club da Lousã mantém desde 1983 uma parceria com um clube de rugby do sul de França, bem perto de Perpignan, o J.O. Prades Conflent Canigou, que já levou à geminação das duas Vilas e criou fortes laços de amizade que se renovam em cada visita.

Uma comitiva da Lousã encontra-se neste momento em Prades, com equipas dos escalões mais jovens, que tiveram a visita inesperada do Lobo José Lima, numa atitude que foi muito apreciada e mostra bem como o nosso internacional está empenhado no apoio ao desenvolvimento do rugby nacional.

José Redondo, o homem que levou o rugby para a Lousã, e que de uma ou outra forma tem sido o timoneiro do Club desde sempre, descreveu para o Mão de Mestre como ele vê esta relação fraterna com o Prades.

* José Redondo
Faz agora 32 anos que iniciámos os contactos com o rugby dos Pirineus orientais.
Tudo começou cinco anos depois de ter feito um curso de rugby em Poitiers, onde conheci um treinador da vila de Prades. Cinco anos depois ele contacta-me a propor uma vinda a
Portugal.

Até essa data, por falta de instalações desportivas minimamente decentes, todos os contactos com equipas estrangeiras tinham sido feitas no Estádio Universitário de Coimbra.
Decidi arriscar, avisando-os que vinham encontrar um pequeno campo ervado de rugby, ladeado de oliveiras, com 80 metros de poste a poste, com um único e pequeníssimo balneário que, diga-se, tinha sido feito pelo clube, pois nessa altura as Câmaras pouco ou nada ajudavam.
Ainda não tínhamos começado a viver com os dinheiros vindos da Europa (LOL).

Recordo que se caiaram os muros e com enorme expectativa lá aguardámos a chegada da comitiva francesa.
Posso também recordar que o Michel Coll me confessou posteriormente que a seguir a Vilar Formoso, pensaram regressar, pois como todos nós recordamos aquela estrada até à Guarda metia medo a um morto.
Dizia-me que na comitiva ninguém falava. Directores e atletas olhavam para o nosso Portugal profundo quase em pânico, com aquela estrada a serpentear a serra.
Seis horas demoraram eles da fronteira até à Lousã.

Nesse tempo os atletas ficavam instalados em casa dos atletas, directores e amigos do clube.
Mas o gelo da chegada quebrou-se quase de imediato dando origem a uma torrente de sentimentos inesquecível.
Oito dias fabulosos como todos nós que estamos ligados ao rugby bem conhecemos.
Na Lousã a população olhava boquiaberta para o que se desenrolava, com magotes de miúdos a passearem na vila.
Mas essa primeira visita foi de tal modo fantástica, com todas as forças vivas da Lousã a colaborarem para receber com dignidade os amigos franceses que.... deu no que deu.

Mais de duas dezenas de visitas entre duas vilas, com a mesma dimensão, mas com realidades de rugby totalmente diferentes, permitiram aos atletas e directores do R.C. L. melhorar significativamente muitos aspectos do desenvolvimento da modalidade na Lousã. Os contactos até hoje passaram por todos os escalões, de veteranos a Sub-8.
As duas câmaras reconheceram o mérito dos primeiros 10 anos de relações desportivas e apoiaram o concretizar dum sonho da altura. A geminação entre Lousã e Prades.
Largas dezenas de famílias, diversas actividades empresariais e culturais desenvolveram-se em todos estes anos.

Do lado de Prades um homem do rugby, com uma paixão extraordinária por este desporto que conseguiu criar uma das mais promissoras escolas de rugby francesas.
A École de Rugby du Canigou, sita na Vila de Prades congrega atletas duma dezena de freguesias vizinhas que sob a égide da Montanha do Canigou tem mais de 400 atletas federados e é uma organização que semanalmente reúne para cima de 60 treinadores/directores de todos os escalões juvenis.
E é com esta escola de rugby que o o RC Lousã tem o privilégio de manter uma relação desportiva que ultrapassa fronteiras.

Numa Europa que se quer cada vez mais unida é bom saber-se que duas pequenas vilas lutam para manter uma união desportiva tão sólida como a que actualmente une os dois clubes.
Da parte da Lousã basta referir que mais de 1.500 atletas já se deslocaram a Prades, como igualmente tivemos o prazer de receber número semelhante na nossa Vila.

Para mim, ligado desde a primeira hora a este intercâmbio desejo realçar a excelente organização desta digressão onde muitos dos actuais directores estiveram presentes como pequenos jogadores aquando da primeira visita em 1983.
Acreditem que é nisso que reside o meu maior orgulho como dirigente desportivo.

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