9 de março de 2015

CAMPEÕES MOSTRARAM GALÕES EM MONSANTO *

* António Henriques
Os resultados da 18.ª e penúltima jornada da DH permitiram esclarecer os extremos da classificação da fase regular, pois com o seu robusto triunfo em Monsanto o CDUL não só demarcou distâncias para o principal rival como manteve a invencibilidade (16 vitória noutros tantos jogos!) e disfrutando de 9 pontos de vantagem, garantiu o 1.º lugar final. Já a vitória caseira do CRAV diante do CDUP assegura praticamente a permanência dos minhotos entre os grandes, pois o seu 4.º triunfo na prova coloca-os com 8 pontos de vantagem sobre o lanterna vermelha RC Montemor.

Belenenses a subir de rendimento e uma Agronomia bem empenhada, também venceram na tarde sábado e já apontam baterias para a fase decisiva do play-off. Mas para lá chegarem os azuis terão ainda que se deslocar a casa do concorrente direto CDUP.

Mesmo sem jogar e face à segunda derrota consecutiva do Cascais, o Técnico consolidou o seu 3.º lugar. Até porque a equipa da Linha vai agora defrontar Direito e CDUL…

DIRETO 13-32* CDUL (1-4)
O jogo entre as únicas equipas com reais possibilidades de discutirem o título – mas já se percebeu que uma mais que a outra, pois este foi o terceiro triunfo consecutivo do CDUL, entre DH e Taça de Portugal, e todos por números… gordos – começou com o quinze da casa empolgado e, impulsionado pela empertigada avançada, a acampar literalmente na área de 22 contrária. Sob um intenso sol e com o muito calor que se fazia sentir em Monsanto os universitários surgiram a ronronar e em modo de ‘deixa-andar-que-isto-resolve-se’, apáticos, a ver jogar... e quando acordaram já perdiam por 6-0 aos 12', fruto de duas penalidades convertidas por Pedro Leal.
Mas para lá do quarto de hora de jogo a equipa de Damien Steele resolveu sair daquela modorra – e foi um vê-se-te-avias na defesa advogada… Assim, aos 17' um pontapé longo para trás da defesa advogada foi mal controlado pelo n.º 15 João Silva (não se deixa a oval bater tantas vezes, tá?...) e da falta no solo decorrente sairia a penalidade que Pedro Cabral aproveitou para reduzir. A perder só por 6-3 face ao intenso e prolongado domínio que tinham sofrido, os universitários acreditaram que este era o sinal para virar o jogo e foram para cima do adversário. A avançada – onde alinhou na 2.ª linha
Foto: António Simões dos Santos
o ‘jovem’ Eduardo Acosta, antiga estrela de Direito, seu ex-técnico e membro da equipa técnica nacional até ao ano passado... – passou a dominar as operações, e com os médios a mexer bem no jogo (algo que não acontecia do outro lado, pois o abertura Nuno Sousa Guedes, usando e abusando dos pontapés altos que não trouxeram nada de útil, nunca soube comandar convenientemente a sua equipa) foi possível soltar as rápidas e imaginativas linhas atrasadas, que começaram a abrir o livro. E logo se percebeu que os advogados não o sabiam ler…
Aos 33' o formação Nathan Munro apanhou totalmente desconcentrada a defesa adversária à saída de um ruck, correu metros sobre metros e o lance só seria parado por falta contrária. Como talvez não tivessem percebido à primeira, o australiano arriscou e marcou rapidamente a falta à mão, repetindo o serpentear por entre os desconcentrados adversários para fazer debaixo dos postes o 1.º e muito facilitado ensaio da tarde, que virava o resultado para 10-6.
Os minutos finais da 1.ª parte seriam um martírio para o quinze da casa, com um amarelo ao centro António Ferrador e uma sucessão de lances perigosos construídos pelos diabólicos três-quartos do CDUL, alguns desperdiçados de forma incrível por adiantados – até que aos 44' uma obra-prima criada pelas mãos de Pedro Cabral, Penha e Costa e Carl Murray, seria concluída pelo ponta Bernardo Canas, para os 17-6 ao intervalo.
O 2.º tempo começou com o ensaio de Direito apontado, aos 49’, pelo n.º 8 Luís Sousa a furar muito bem um alinhamento conquistado por Vasco Uva, aproximando as equipas a 17-13. E perante uma certa sobranceria universitária, a equipa da casa passou a dominar a partida, mas sem nunca conseguir criar lances de ensaio iminente. Até porque a defesa dos campeões nacionais se mostrou muito coesa, sabendo sempre muito bem fechar a sete chaves a sua área de ensaio. E porque, já agora, do lado dos advogados só havia em campo um Adérito Esteves, a merecer para si o ‘óscar da entrega & esforço’, constantemente em jogo a ir receber bolas a todo o lado e criando alguns problemas ao adversário.
Numa das poucas vezes que o CDUL foi ao meio-campo adversário, Cabral converteu uma penalidade (20-13) ao 62’. E pouco depois o ‘TGV’ e melhor marcador de ensaios da DH, João Vaz Antunes (13 ensaios) quase marcava numa arrancada-sprint com a sua chancela.
Mas quem não marca arrisca-se a sofrer e seria com cinismo de campeão – e alguma naturalidade – que em dois rápidos contra-ataques pelas pontas, o CDUL mostraria os galões e acabaria por matar o jogo nos últimos 10 minutos, garantindo o ponto de bónus com ensaios do há pouco entrado Tomás Noronha (só para perceberem bem as diferenças, do banco ainda saltaram os internacionais Francisco Appleton, Miguel Vilaça e o regressado Veltioven Tavares…) e do capitão Gonçalo Foro, selando novo resultado desnivelado ente as duas equipas e demarcando uma clara diferença entre os candidatos.

AGRONOMIA 35-17 CASCAIS (4-2)
Foto: Miguel Rodrigues
O jogo da Tapada só foi equilibrado na 1.ª parte concluída com 17-14 para os agrónomos, com a equipa da Linha a bater-se bem e até a destacar-se ao executar alguns movimentos atacantes bem ligados. Já nos segundos 80 minutos a equipa da casa mostrou superior empenho e melhorou a sua produção, realizando uma exibição bem agradável que lhe permitiu vincar clara supremacia sobre um Cascais que cedo começou a fazer substituições já com os olhos postos nos exigentes compromisso que terá pela frente. Nomeadamente no play-off, onde tudo aponta para a reedição deste duelo, mas agora no sintético da Guia. 


BELENENSES *45-10 ACADÉMICA (7-2)
Um Belenenses muito mais composto em termos de plantel confirmou a sua recente subida de forma e ascendeu – pela primeira vez na época! – ao 6.º lugar que dá acesso ao play-off do título, aproveitando de caminho para cilindrar uma frágil Académica que se apresentou no Restelo muito debilitada. E se o campeonato se iniciasse agora não sabemos o que poderia acontecer aos pretos…
Mesmo com dificuldades nas mêlées, os azuis (que reinaram nos alinhamentos) marcaram 4 ensaios até ao intervalo e chegaram ao descanso na frente por aconchegantes 28-5. Na 2.ª parte a equipa da casa faria mais 3 ensaios, terminando a função com 45-10, o seu 3.º triunfo nas últimas 4 partidas. Registo para o 'hat-trick' obtido pelo internacional Duarte Moreira, o bis de Raul Maximiano e os 10 pontos em conversões de Manuel Costa, que o colocam no 2.º lugar dos melhores marcadores da DH (132 pontos) só atrás do ‘engenheiro’ Duarte Marques, que lidera destacado com 193 pontos.

CRAV 27-26* CDUP (5-3)
Numa partida renhida e equilibrada, como o resultado atesta, e cheia de reviravoltas, o CDUP foi perder a Arcos de Valdevez, onde na época passada tinha passeado e ganho, na última jornada da fase regular, por 40-22, conseguindo meia dúzia de ensaios. O desfecho, para lá de fazer os portuenses baixarem ao 7.º lugar a 2 pontos do Belenenses, faz crescer uma enorme expetativa para o sensacional CDUP-Belenenses da derradeira ronda, dentro de 2 semanas, verdadeiro tira-teimas sobre quem se vai manter na discussão do título. Até lá ambos não devem perder pontos, pois os portuenses defrontam uma Académica desmoralizada e já sem nada para conquistar e os azuis recebem o praticamente despromovido RC Montemor.
Os visitantes começaram melhor e aos 5’ fizeram o ensaio inaugural. Mas os minhotos dariam a volta ao resultado com 3 ensaios atingindo o intervalo justa e ligeiramente na frente. Na 2.ª parte foi a vez do CDUP tomar a dianteira até chegar aos 23-22. Mas aí surgiria o ensaio de autoria de Pedro Silva, decisivo ao virar para inatingíveis 27-23, pois uma penalidade tardia da equipa portuense mostrar-se-ia insuficiente para a vitória.
Entre os cinco ensaios dos vencedores, menção final para os dois conseguidos pelo centro argentino Juan Pablo Joya – já leva 8 na prova ! –, ambos fantásticos, sendo um deles, de praça-a-praça e ultrapassando mais de metade da equipa adversária, um regalo para a vista.

Consulte aqui o quadro completo dos resultados e a classificação actualizada após a 18ª etapa.

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