13 de março de 2015

PORTUGAL-ESPANHA, FALAM OS CAPITÃES DOS LOBOS EM COIMBRA!

Coimbra tem sido palco de grandes vitórias e grandes exibições do rugby português ao longo dos anos, mas nenhuma vitória terá sido tão saborosa como as conseguidas frente a Espanha em 2003 e 2012.

Em 2012 foi essa vitória numa série negra de 10 jogos a única alegria nacional, que aliviou um pouco as expectativas lusitanas, e em 2003 foi mais uma confirmação do sucesso da nossa equipa num biénio de boa memória!

Luis Pissarra, Gonçalo Uva e Vasco Uva são os nossos capitães de Coimbra - Pissarra comandou a equipa que venceu os nuestros hermanos por 35-16 (2003), Gonçalo esteve à frente dos Lobos na vitória por 23-17 (2012), e Vasco Uva vai sair dos balneários comandando a nossa selecção amanhã às 15 horas - e o Mão de Mestre regista, com a devida vénia, as suas opiniões!

O jogo com a Espanha em 2003, em que tive a honra de capitanear a selecção, em Coimbra, foi mais um passo para o grand slam desse ano, bem como para o titulo de campeões da Europa, grupo B, obtido no ano seguinte. 
Antes desse jogo em Coimbra, já tínhamos ganho a Geórgia, Roménia e República Checa e seguiu-se a Rússia, num jogo memorável em Krasnodar. 
O jogo com a Espanha veio numa fase em que já tínhamos quebrado o enguiço de derrotas com a Espanha em 36 anos, com uma vitória obtida em Lisboa, no EUL, três anos antes. 
Este sábado, novamente em Coimbra, Portugal vai defrontar uma Espanha em moldes diferentes, com um grande número de jogadores que jogam e vivem em França, e que fizeram um excelente jogo com a Geórgia, apesar da derrota. 
A verdade é que este é sempre um jogo especial por todas as razões históricas e que vai pôr à prova a nossa jovem selecção, que está numa fase de transição ou renovação e que já está a ganhar bastantes adeptos pela forma aguerrida e combativa como se bate em campo. 
A nossa selecção, com uma série de jovens jogadores com grande margem de progressão, vai ter um adversário que se espera mais forte que o anterior, há 15 dias. 
A forma aguerrida, o espírito de união e vontade de vencer que os nossos jogadores mostram em campo levam-nos a acreditar em novos, bons e grandes voos para a nossa selecção. 
Não tenho dúvidas que todos queremos mais uma vitória, no jogo de despedida no nosso país, do grande jogador e eterno capitão da nossa equipa, Vasco Uva, que esteve a frente de Portugal no nosso momento mais alto de sempre, o Campeonato do mundo de 2007. 
Por todos nós e em especial pelo Vasco, uma vitoria é o único resultado que se espera no sábado.
Luis Pissarra - Capitão de Portugal em Coimbra no dia 23 de Março de 2003


Nenhum jogo se compara ao da Espanha! 
É sem dúvida um dos mais difíceis de se ver da bancada, qualquer que seja o motivo. 
Esta lesão acompanha-me há um mês e nada me entristece mais do que não ter conseguido recuperar a tempo deste embate.
Tenho o sentimento de que o ultimo Portugal-Espanha jogado em Coimbra, e no qual tive a sorte de ser capitão, demostramos mais uma vez a nossa raça, e assim se ganham jogos.
Por um lado é um dos jogos mais fáceis de se preparar, todos os jogadores portugueses cresceram com a mentalidade de que jogar contra "neustros hermanos” é uma das batalhas mais honradas que poderemos travar e a motivação vem sozinha. A verdade, é que a Espanha nos bate em grande parte dos desportos, e no Rugby vamos conseguindo inverter essa tendência.
Por outro lado, e como capitão, é dos jogos mais difíceis de se gerir… todos os sentimentos à flor da pele desviam facilmente a concentração de cada um para uma batalha de corpo a corpo, esquecendo-se que estamos ali para jogar rugby! 

Não é fácil manter o coração quente e a cabeça fria contra os Espanhóis.
Sendo capitão, é esse o estado de espirito que temos de transmitir, tirar toda a vontade e determinação que temos sem nunca esquecer que vamos lá para dentro para jogar o melhor Rugby que sabemos. Pode não acontecer, e acontece-nos muitas vezes, não conseguirmos meter em campo todo o Rugby que temos, e aí a vontade tem de aparecer, ganha quem quiser mais e temos de ser nós, principalmente em Coimbra!
No Sábado temos de entrar para dentro de campo cheios de vontade de mostrar que continuamos a querer mais do que eles. 

Nesta nossa batalha de Aljubarrota, os 23 portugueses que entram para dentro de campo, têm de representar os 10 milhões… e bem!
Gonçalo Uva - Capitão de Portugal em Coimbra, no dia 10 de Março de 2012


Sábado não será apenas mais um jogo do Rugby Europe Championship.
É um Portugal-Espanha. 

E todos os jogos contra a Espanha, são especiais. Independentemente da modalidade. 
Não é por acaso que a Espanha é hoje em dia uma das maiores potencias mundiais no desporto. 
É resultado de uma cultura desportiva bem sucedida, implementada à vários anos e iniciada com a candidatura para o projecto dos Jogos Olímpicos de Barcelona em 1992. 
Por isso, não é de estranhar que as Selecções Espanholas estão hoje no top de quase todos as modalidades: Futebol, Basquet, Andebol, Tenis, Golf, Formula 1, entre outros...
Mas não no Rugby… À data de hoje, a Espanha ocupa o 21º lugar no ranking IRB, não conseguindo a presença em provas grandes desde o Mundial de 1999. 
Ainda assim e neste momento, a Espanha está uma posição acima de Portugal.
Ainda que nos últimos 10 confrontos Portugal - Espanha, a vantagem seja nossa, seis vitórias portuguesas contra três espanholas além do empate em 2013, num jogo onde a vitória poderia ter ditado um desfecho diferente na luta pelo apuramento para o Mundial deste ano. Mas a verdade é que a História apesar de estar do nosso lado, não joga no sábado.
Sábado ganhará o jogo quem lutar mais, quem falhar menos e quem tiver mais ambição.
O jogo será o 4º no Rugby Europe Championship 2015. 
Ainda que não conte para apuramento para o Mundial, é muito importante para o rugby português. 
Depois de duas derrotas contra as equipas mais difíceis do grupo (Roménia e Geórgia) e uma vitória suada contra a Alemanha, acredito que a equipa está mais forte e com mais ritmo competitivo e será capaz de fazer um bom jogo contra a Espanha e alcançar a vitoria. 
Só assim, conseguiremos chegar ao 4º lugar do Grupo e preparar o ataque ao 3º na viagem à Rússia.
O azar com algumas lesões, abre oportunidades para alguns jogadores se mostrarem a nível internacional. 
Está na hora de se chegarem à frente e mostrarem que a nova geração do rugby português tem futuro. 
2019 apesar de longe é possível e tem de ser preparado com tempo.
ORGULHO em vestir a camisola de Portugal, ALEGRIA por nos ter sido dada essa possibilidade e AMBIÇÃO de a querer deixar num lugar mais alto, foram as mensagens que tentei transmitir a todos, quando no principio do ano aceitei voltar a ser Capitão de Equipa. 
A explicação da mensagem é muito simples. 
Foram os valores que me transmitiram quando em Fevereiro de 2003 me estreei pela selecção e também os que procurei levar comigo nos 98 jogos que fiz por Portugal. 
Sábado não será diferente…
Vasco Uva - Capitão de Portugal em Coimbra, no dia 14 de Março de 2015

E terminamos com um apelo e uma saudação do Capitão Vasco Uva!

                                             Contamos com o vosso apoio.

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