22 de março de 2015

FANTÁSTICO 6 NAÇÕES DÁ O MOTE PARA O MUNDIAL *

*Ricardo Mouro
Chegou ao fim o 6 Nações num torneio que demonstrou verdadeiro "Super Rugby".

Até à última jornada ainda existiam quatro possíveis vencedores numa campanha que viria ser decidida no número de pontos.

Teoricamente o País de Gales em Roma teria a vida mais facilitada contra um adversário historicamente mais fraco, com a Irlanda a entrar em campo contra uma Escócia a fugir da colher de pau e a Inglaterra a receber os rivais franceses que ainda aguardavam por um milagre de bater os ingleses e esperavam pela improvável derrota de galeses e irlandeses.


Este é também o último torneio competitivo ao mais alto nível que as nações europeias disputam antes do Mundial de 2015, podendo tirar algumas ilações face à competitividade das equipas em relação às poderosas nações do sul.


Gales encontrou em Roma uma Itália aguerrida, e sem os pilares Samson Lee, Genthin Jenkins (lesionados) e Adam Jones (aparentemente retirado) começaram a sofrer nas melées contra os experientes Castrogiovanni e Rizzo.
Na Itália o capitão Parisse lesionado também não deu o seu contributo.
Os galeses levaram algum tempo a quebrar os italianos com os gladiadores a perder apenas por um ao
intervalo 13-14.
Desesperados por pontos que garantiriam a vitória no torneio os pupilos de Gatland renovaram-se e na segunda parte o Olímpico de Roma testemunhou o que poderá ter sido uma das melhores performances de rugby num segundo parcial.
Em apenas cinco minutos os galeses marcaram três ensaios e o ponta George North precisou apenas de 10 para completar um hattrick.
Os galeses apertaram ainda mais o pescoço aos italianos e o sufoco resultou em várias penalidades e dois amarelos para os azzurri.
Foram 47(!!) pontos sem resposta que colocava os galeses numa posição confortável no topo da tabela, mas os irreverentes italianos recuperaram uma bola nos momentos finais e o ponta Sarto correu 70 metros para um ensaio convertido na bola de jogo.
Irlanda e Inglaterra "festejavam" o 20-61 final.
A performance galesa na segunda parte põe em sentido os adversários em ano de Mundial.


Os kilts já andavam à solta em Murrayfield onde os Irlandeses sabiam que havia que garantir a vitória primeiro e encher a saca de pontos depois.
Durante o torneio a Escócia demonstrou muito coração liderada pela cabeça de Laidlaw, a Irlanda
bem comandada por Paul O'Connell sabia que precisava de ganhar por 21 pontos para ultrapassar os galeses.
E foi o capitão irlandês a abrir hostilidades com um ensaio de pick and go, sem tempo para festejar pois os irlandeses iam em busca de sangue, ou 21 pontos no mínimo.
Os escoceses equilibraram o jogo na primeira parte com um ensaio convertido e uma penalidade, mas pelo campo andava à solta Sean O'Brien que os escoceses nunca conseguiram parar e o flanker acabou o jogo com 79 metros com a bola na mão e dois ensaios para a conta pessoal.
Heaslip salvou a Irlanda com uma placagem sobre Hogg quando o escocês já mergulhava para a área de validação, o TMO confirmou que o infeliz Hogg deixou cair a bola quando o Nr.8 o placou.
O final 10-40 significa que a Inglaterra precisava de bater os arqui-rivais franceses por um mínimo de 26 pontos.


E que palco para se decidir um dos melhores torneios das 6 Nações de que há memória, o histórico Twickenham.
A França com os resultados anteriores perdeu a hipótese de vencer o torneio com Saint-André sob fogo cerrado da imprensa e adeptos franceses que dizem que perdeu a confiança dos jogadores.
Sem imaginação e garra a França apenas venceu a Itália e os últimos Escócia até chegar a Londres, a Inglaterra é uma questão de orgulho.
Dan Cole entrou em campo primeiro para comemorar as suas 50 internacionalizações, o pilar direito tem estado em destaque na formação ordenada inglesa depois de uma delicada cirurgia ao pescoço.
Na França destaque para os recém naturalizados Nakaitaci e Speeding na linha atrasada que são armas preciosas no contra ataque francês, na Inglaterra o duo de Bath com Ford e Joseph têm feito magia neste torneio.
Os ingleses começaram muito bem com Joseph a recuperar uma bola e a entrar dentro de território
gaulês onde seria Ben Youngs a marcar o primeiro ensaio antes do segundo minuto.
Mas os franceses não estavam para brincadeiras (especialmente contra ingleses) e responderam com dois ensaios com Nakaitaci quase a borrar a pintura no seu toque de meta.
A meio da primeira parte o jogo aqueceu com um pazadão de Lawes a Plisson que mereceu ir ao TMO e por esta hora já anda pelo YouTube, o abertura francês deve-se ter ressentido da pancada pois falhou uma penalidade que parecia fácil momentos depois.
Os ingleses acabavam por cima com mais um ensaio de Ben Youngs com o 27-15 ao intervalo num jogo fantástico.
Os franceses continuavam na sua missão de estragar a festa aos rivais e Mermoz ensaiou logo no segundo minuto da segunda parte mas Youngs numa tarde memorável inventou um ensaio onde assistiu Ford para voltar a colocar a Inglaterra a 14 pontos da glória, 34-22.
Um amarelo a Haskell complica a missão inglesa e Nakaitaci com mais uma correria encontra o pilarão Debaty que só teve que arrastar Ford para o ensaio, 41-30 chovem ensaios e pontos.
O espectáculo de Twickenham continuava e os packs trocaram ensaios com Vunipola primeiro e Kayser para a França a marcar o 11º ensaio do jogo.
Com 5 minutos para jogar Nowell ensaia mais uma vez e Ford converte para o 55-35, mais um ensaio convertido garante a vitória no torneio.
A pressão imensa dos ingleses levou-os até um alinhamento perto da linha de ensaio onde um maul que envolveu os três quartos terminaria com uma penalidade para a França.

Glorioso dia para o rugby e memorável torneio das 6 Nações, onde a Irlanda apenas na diferença de pontos saiu vencedora, num total de 211 pontos só neste Sábado!
Está lançado o mote para o mundial a ser disputado em terras britânicas, onde parece haver um equilíbrio entre as nações do norte.
Resta saber se têm capacidade de fazer frente aos poderosos All Blacks.

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