12 de abril de 2012

ALBERTINO MINHOTO AJUDA NO DEBATE DE IDEIAS

ALBERTINO MINHOTO É UM DOS MAIS ANTIGOS TREINADORES EM ATIVIDADE e soma um número invejável de sucessos mais de 23 - na direção das equipas seniores do Benfica (seu clube do coração), do Técnico e do Belenenses, além de outros escalões no Benfica, Belenenses, Direito e Agronomia...

Minhoto começou em 1987-88, ainda como treinador-jogador, e logo nesse primeiro ano levou os encarnados ao título Ibérico, e desde então tem estado sempre envolvido com a problemática do treino na alta competição, pelo que o Mão de Mestre agradece a sua colaboração no debate civilizado das questões que afetam o nosso rugby.

Aqui fica a opinião do meu antigo companheiro na seleção nacional de juniores!


Depois de hoje ter lido o artigo do Pedro Ribeiro, fiquei com dúvidas se deveria escrever, pois faço minhas as opiniões deste senhor, grande figura do rugby português e que ainda por cima é da minha terra, no entanto penso que alguns pontos não foram devidamente desenvolvidos e é sobre esses que vou opinar na sequência do já escrito.

Defendendo um pouco a minha classe, temos em Portugal treinadores de nível e competência para desenvolver o nosso rugby, sem os clubes terem que recorrer á contratação de estrangeiros que treinam as nossas equipas como se fossem da sua nacionalidade e no fim nada deixam nos nossos jogadores e principalmente no nosso rugby, á exceção é claro de dois senhores que passaram e deixaram a sua marca = Daniel Hourcade e Craig Ferris, este, então, não percebo porque a Federação e os clubes não o aproveitam estando ele a viver entre nós.

A prova do que digo foi vista este fim de semana onde os treinadores portugueses da Agronomia, Cdul e Benfica deram lições de táctica aos seus adversários do Direito, Académica e Técnico.

Sem dúvida que devemos continuar a apostar na formação dos escalões - sub-16 e sub-18 - que nos últimos anos os seus campeonatos têm tido a competitividade que deveria existir na Divisão de Honra: mas porquê ?
Na minha opinião porque estes escalões jogam todos os fins de semanas ou quase, o que não acontece com os seniores com paragens absurdas de meses (o jogador português quando não tem jogo no fim de semana, não treina ou treina sem motivação e sem motivação não há evolução).

Mas mais importante é o numero assustador de jogadores destes escalões, que abandonam a modalidade (existem mais de vinte equipas sub-16 e sub-18, no entanto sub-21 existem apenas oito).

O problema da competitividade dos seniores não está no número de equipas que jogam na Divisão de Honra, mas sim no número de jogadores de qualidade que se perdem desde os sub-18 aos sub-21.

A competitividade tem de começar nos treinos, onde os treinadores deveriam de ter três ou mais jogadores para cada lugar a competir entre si, todas as semanas, para ver qual é o titular do jogo semanal, e depois todos têm de jogar todos os fins de semana (criar equipas B).

A qualidade dos escalões de formação não é só de agora, no passado já tivemos gerações excepcionais que se perderam quase na totalidade e dou só como exemplo os Garraios do João Paulo Bessa, eu mesmo treinei nos anos de 1994-1995 e 2001-2002 respectivamente, equipas juniores do Benfica e do Cdul que nessas épocas ganharam tudo - super taça, campeonato, taça de Portugal e taça Ibérica.

Quantos destes jogadores chegaram aos seniores e á seleção nacional?
E com certeza que, como estas duas equipas de juniores, existiram outras tão boas ou melhores noutros clubes.

Apoiar as seleções sub-17, sub-18 – claro que sim, onde os diretores técnicos e os respectivos corpos técnicos têm feito um excelente trabalho, mas não esquecer que esses jogadores são formados no trabalho dos treinadores dos clubes.


8 comentários:

BV disse...

Não poderia estar mais de acordo com estas palavras. Partilho da sua visão e tenho pena que "quem manda no rugby" insista em não ver o que está mesmo à frente dos seus olhos.

Um abraço do Norte.
Bernardo Vasquez
CDUP Rugby

Anónimo disse...

isso é tudo muito bonito o problema é que chegamos todos ao mesmo problema, falta de espaço e de condições para trabalhar, a única equipa com dois campos é a de Agronomia, e um dos campos está num estado miserável , o resto ou têm , ainda mias miserável o do Direito, ou nenhum, os poucos que têm ginásios têm-nos mal equipados, equipas B sim claro que sã oimportantes e jogam em que campos e quem é que tem dinheiro para ter mais uma equipa técnica para mais um escalão, é que pelo que vejo do panorama do rugby portugês tirano académicqa e cdul, que vai ser o campeão, mais ninguém tem dinheiro sequer para manter campos em condições, o Belenenses está de rastos o Direito acabado o Técnico e o Benfica estão como estão anda tudo enganado com o nosso rugby, é cada vez mais muita parra e pouca uva.

Anónimo disse...

Caro,

Neste momento a Académica tem 3 campos e todos em boas condições.

José Lopes disse...

Não faço parte de nenhuma direcção, logo não estou a par das verdadeiras dificuldades financeiras dos clubes mas, em tese, o que foi sugerido está correcto e a ser seguido representaria, por certo, um incremento da qualidade dos campeonatos.
O cerne da questão do rugby em Portugal é o número absurdamente baixo de praticantes. Sem praticantes não é possível progredir em qualidade por falta de quadro competitivo. Este desporto tem, em grande parte, sido visto como um assunto de família, de avós para filhos para netos, isso sendo positivo pela dedicação é também causa de muitas limitações e desistências. Há que abrir a prática ao maior número, certo de que esse incremento no número de praticantes e a exposição mediática das selecções virá acompanhado de melhores possibilidades de patrocínios e de adeptos.

Anónimo disse...

Há bons e maus treinadores, sejam portugueses ou estrangeiros. O que acontece na maioria dos casos é que os treinadores estrangeiros aterram aqui sem fazerem qualquer ideia do que v^^em encontrar. N~~ao conhecem a nossa realidade, n~~ao conhecem os jogadores com que v~~ao trabalhar e isso faz toda a diferença. O Daniel Hourcade foi realmente a grande exceç~~ao mas também teve a sorte de encontrar uma equipa com excelentes jogadores. Gostaria de ver se ele conseguiria o mesmo sucesso numa equipa de segundo plano.

Anónimo disse...

Osbons treinadores estrangeiros, assim como os bons jogadores estrangeiros são muito bem vindos ao rugby portugùês. Julgo que todos eles necessitam de um bom enquadramento e, no caso concreto dos treinadores, é essencial que tenham o acompanhamento de um bom treinador português que colabore com eles que ajude a abrir-lhes os olhos contribuindo assim de forma decisiva para o seu sucesso.

Jose Silva disse...

então os clubes têm equipas de formação até aos sub18 e seniores e a ausência de equipas de sub21 é de falta de espaço?
que eu saiba, muitas equipas de sub21 treinam ao mesmo tempo dos seniores, fazendo uma separação no final do treino ou num ou outro dia da semana. se um clube consegue ter 200 atletas a treinar dos sub8 aos sub18 + seniores, duvido que não consiga ter 230 incluindo os sub21!
Tem de se valorizar o campeonato de sub21. Provavelmente os miudos saem dos sub18 e os melhores vão logo para os seniores e os que ficam nos sub21 sentem-se como equipa B. tem de se mudar essa sensação e haver uma verdadeira cooperação entre sub21 e seniores e criação de equipas B ou encontrar um bom modelo de equipas satelite, para rodar jogadores sub21.

Luis Canongia Costa disse...

Caro Minhoto, 100% de acordo.

Uma nota só para o nosso amigo Craig Ferris: deixem-no estar sossegado e feliz da vida connosco (e com ele mesmo) no St Julians, e ver como crescem os seus sub-16.

E além de grande treinador, foi dos melhores, senão mesmo o melhor jogador, que vi jogar no nosso nacional (só é pena que no teu Benfica :) ).