Portugal teve um segundo dia em Port Elizabeth muito complicado, em que começou da pior maneira com uma exibição frente à França, muitos furos abaixo do que é exigível a esta nossa equipa, para depois defrontar o Japão e mostrar já uma atitude diferente, embora se tenham cometido ainda muitos erros, para terminar frente a Samoa da forma como nós gostamos e eles sabem fazer!
Aliás - e é importante salientar isto, pois é a mais significativa mudança ocorrida na equipa nesta época - os Linces melhoraram significativamente no que diz respeito à sua atitude e é por isso mesmo indispensável referir que aquilo que se passou contra a França é inadmissível.
Não pode o grupo de trabalho pensar que lá por se ter um bom comportamento num dia, se pode deitar tudo por água abaixo, com um comportamento em que a falta de concentração, os erros, as falhas, chamam mais a atenção do que o resultado propriamente dito.
O JOGO COM A FRANÇA
E foi isso que aconteceu no jogo com os franceses, frente a quem perdemos por 7-42, e sem pretendermos ser exaustivos, vamos referir alguns desses aspectos, para que sirvam de chamada de atenção para todos.
A equipa falhou na defesa individual - em todos os ensaios da França há uma, duas, ou mesmo cinco! placagens falhadas, como aconteceu no primeiro ensaio francês.
A equipa falhou no ataque - das poucas situações de posse de bola de ataque, os portugueses erraram pelo menos em duas, que originaram os ensaios números quatro e sete da França.
A equipa falhou na concentração - e alguns jogadores deixaram-se ir na conversa dos franceses, respondendo às suas provocações, e o mais evidente exemplo disso acabou por dar direito a um cartão amarelo.
A equipa falhou no aspecto disciplinar - e não nos recordamos de nenhum jogo, em 22 anos de história dos sevens de Portugal (será que estamos enganados?) em que dois jogadores tenham sido penalizados com cartão amarelo, no mesmo jogo, resultando daí que em 14 minutos da partida, tenhamos jogado reduzidos em quatro!
Os jogadores da equipa nacional - desta ou da de XV! - têm que ter consciência que, de cada vez que entram em campo são mais do que eles, são um povo que quer ser respeitado!
Cada vez que um jogador veste a camisola de Portugal, tem que sentir que está a fazer algo que o transcende, e que portanto não há lugar a jogos a brincar, cada jogo é o jogo de uma vida!
ALEGRIA, HONRA E ORGULHO
Estas foram as palavras de ordem lançadas por Tomaz Morais, e nós estamos em absoluto acordo com ele!
E é essa alegria que nós queremos ver na equipa - seja na defesa colectiva, seja na placagem cara a cara, seja no ataque, seja na irreverência da imaginação - é essa honra que nós queremos que cada jogador sinta por ter sido escolhido, é esse orgulho de representar Portugal, por nos representar a todos que partilhamos com eles os momentos difíceis e os momentos de festa.
E já vimos isso acontecer no jogo de XV com a Namíbia, e que vimos nesta equipa de sevens desde que voltou a ter à sua frente a dupla Tomaz Morais/Pedro Netto!
Em resumo, e para concluir esta conversa que já vai longa, resta dizer que acreditamos que a equipa está no bom caminho e em excelentes mãos, e nós estaremos aqui para apoiar e incentivar!
A VITÓRIA NA SHIELD E O JOGO-QUASE-PERFEITO
Afastada da Bowl depois do jogo com a França, a nossa equipa precisava de nos dar uma prova de que aquilo não passou de um acidente de percurso - reparem mais uma vez que não falo da derrota e sim da atitude da nossa equipa! - e que há sim um espírito renascido de que todos nos devemos orgulhar.
E foi isso que a equipa fez, começando por vencer o Japão por 24-19, mesmo se ainda se cometeram alguns, demasiados, erros, mas mostrando uma melhor disciplina, uma melhor resistência mental - respondendo a um ensaio inicial do Japão com a obtenção de quatro ensaios - um retorno à atitude positiva que todos queremos.
Mas foi perante Samoa e vencendo por 19-14, que os Linces mostraram que sabem e são capazes de disputar uma partida praticamente sem erros, sempre com disciplina, com concentração, com atitude.
Mas houve erros sim, e a partir de cada um deles Samoa marcou um ensaio.
Primeiro quando um pontapé de penalidade chutado para fora, não chegou a sair, permitindo um contra ataque e o primeiro ensaio samoano.
Depois, já com a vitória garantida, uma desconcentração levou de novo o adversário à nossa área de validação.
Destacamos que nesta partida a qualidade da nossa defesa foi muito grande, e que foi a partir daí, dessa concentração individual e colectiva, que se construiu a vitória e não fossem os dois erros referidos, Portugal teria realizado o jogo perfeito!
OS RESULTADOS
O conjunto de resultados de Portugal neste fim de semana, infelizmente apenas renderam 3 pontos no ranking da competição, e com a vitória do Canadá na Bowl e o segundo lugar do Quénia na mesma competição, os Linces perderam uma posição na tabela e estão agora na 13ª com 13 pontos, menos um do que o Canadá e mais dois que o Quénia, conseguindo alargar para 10 pontos a vantagem sobre o Japão, que regista apenas três pontos.
Ou seja, apesar do comportamento geral positivo, a nossa equipa falhou os seus objectivos em termos de resultados, e perdeu terreno para todos os seus adversários directos menos um.
Vamos agora esperar que a atitude se mantenha, mas mais consistente, na próxima etapa do Circuito que se realiza em Wellington, Nova Zelândia, nos próximos dias 6 e 7 de Fevereiro, e na qual vamos enfrentar na fase de apuramento a Austrália, as Fiji e o País de Gales...
Veja, em postagem separada, o que mais aconteceu em Port Elizabeth.
Foto de capa: Martim Seras Lima/IRB
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10 comentários:
Parabéns á equipa , ganhou a taça dos últimos mas foram somente 3 pontos que são importantes no confronto com o Japão . Bons momentos em alguns jogos e melhorias competitivas do ano anterior que não era difícil . A entrada do Tomas Morais importante na gestão como se vê em directo durante os jogos e nos intervalos .
Temos que manter a forma e melhorar para os próximos porque mesmo assim por esta altura no ano passado tínhamos mais pontos que agora . Temos qualidade e condições para continuar no bom caminho .
Exatamente o ano passado nesta altura tinhamos mais pontos. Ainda vinhamos com a embalagem do ano passado. Depois foi o que se viu.Por isso, e porque a equipa se mostra mais consistente mas ainda irregular vamos não abrandar. É preciso continuar a trabalhar de queremos ter hipotese de pensar no Rio. O Tomaz tem sabido gerir bem a coisa e até tem sabido conquistar o presidente o que não é menos importante. Tem feito tudo como quer, como ninguem no passado recente.
Assim acredito.O próximo torneio é muitíssimo importante.
Nota-se que a equipa tem vindo a subir de forma durante a temporada.
As melhorias são evidentes comparativamente ao ano transacto, e só temos de continuar a acreditar no nosso trabalho!
Ainda se vêm alguns erros, e um ou outro jogo menos conseguido ou até mesmo mau, como foi o jogo com a França (uma equipa que, a meu ver, neste momento não é superior à nossa)... mas quero acreditar que não passou dum acidente de percurso.
Espera-nos um grupo difícil na próxima etapa, com Austrália, Fiji e Gales, mas se conservarmos a atitude e a postura demonstradas nos melhores momentos deste fim-de-semana, podemos surpreender!
Força Portugal!
Temos jogadores rápidos, jogadores fortes, jogadores experientes, jogadores motivados, temos os ingredientes para ir aos JO.
Falta-nos alguns meios que outras equipas têm, inclusivamente jogadores totalmente dedicados ao Rugby, então temos que dar mais rotação ao grupo acho que fazemos a nossas substituições muito tarde.
A separação do 7 e do XV mostra-se eficaz, no entanto não podemos nos proibir de ir buscar, na ultima da hora, na altura do torneio europeu, um ou dois craques do nosso XV, tipo Bardy, Bettencourt, Lima ou Uva. A outras equipas, nomeadamente as mais fracas, não vão hesitar em ir buscar os melhores do XV para maximizarem as chances de se qualificarem para os JO.
En acredito.
Parabéns Lobos e Força Portugal !
Acho totalmente impossível um clube do Top14 ou da Pro2 libertar um jogador para uma selecção de sevens.
Quanto ao Pedro Bettencourt, como joga nos Éspoirs e não na equipa principal, será difícil, mas não impossível.
Para já o que gostava de ver era o D. Moreira, o Frederico e o Martim Bettencourt de volta à selecção de sevens. Sairiam o H. Valente, o João Vaz (acho que é este o nome) e o D. Miranda.
Já o dissemos que sim, de facto há algumas melhorias.
Mas continuam os erros, muitos erros defensivos e a verdade é que, há 1 ano atrás, por esta altura, estávamos melhor classificados.
Sonhar é bom e o sonho comanda a vida. Mas quanto aos Jogos olímpicos, não se esqueçam que a má temporada nos Circuito IRB vai levar a que procurem classificar-se via Europa, ao que se soma a França também.
Por isso, as hipóteses são remotas, resta uma repescagem e, aí, logo se verá quem são os adversários.
Quanto a trocas, não me parece que o Miranda deva sair, mas sim o Diogo Mateus, que já não tem vida para o sevens.
O Bardy não é jogador de 7s. Nem a sonhar. Não tem skills de handling para isso. Ele é um destroyer. Era a mm coisa que pedirem ao Dussatoir para jogar 7s.
Claro que um Bardy não tem as elasticidade de um Guedes nem a velocidade de um Murray mas este fim de semana no jogo com a França acho que um Bardy "destroyer", até mesmo apenas 4 minutos, teria feito um grande jeito a nossa defesa !
No comentário de 18 de dezembro de 2014 às 09:06, por falha nossa, o que queríamos dizer era:
Sonhar é bom e o sonho comanda a vida. Mas quanto aos Jogos olímpicos, não se esqueçam que a má temporada da INGLATERRA no Circuito IRB vai levar a que procurem classificar-se via Europa, ao que se soma a França também.
Por isso, as hipóteses são remotas, resta uma repescagem e, aí, logo se verá quem são os adversários.
Bem sabemos que estamos em época natalícia, mas deixem de nos presentear com esses brindes tipo «Bardy nos sevens»!... Aleluia.
O sentido do comentário não era tanto avançar a data do 25 de dezembro, que emitir a ideia que quando chegar a ultima reta, então teremos que tentar tudo quanto possível na corrida para a qualificação, o que poderá nos levar a nos afastar, um tempo, do modelo actual de separação entre o XV e o 7, apesar desse modelo dar bons resultados no hsbc.
Se alguns jogadores do XV parecerem úteis no 7 nessa altura - por causa de lesões ou por simplesmente serem superiores - então teremos que trocar.
Ok, pode ser que seja exagerado imaginar um Bardy no 7, mas a ideia era essa.
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