16 de dezembro de 2013

CONGESTIONAMENTO NO FUNDO DA DIVISÃO DE HONRA *

* António Henriques
Quinze ensaios marcados e cinco sofridos foi o total registado pelos três primeiros classificados – Direito, Técnico, e Agronomia – na 9.ª jornada da DH, ao vencerem os seus jogos todos com bónus atacante, pelo que mantiveram as distâncias relativas entre si. 

Já o CDUL, que também ganhou na sua folga (pelo menos a FPR atribuiu-lhe quatro pontos…) atrasou-se um pouquinho numa jornada que, finalmente, colocou as 10 equipas todas com o mesmo número de jogos efectuados (8).
Já na parte de baixo da tabela e com o triunfo caseiro do CRAV diante do Cascais, as cinco equipas encontram-se agora separadas por apenas dois curtos pontos, pelo que a luta pela permanência está ao rubro… e mais aberta do que se poderia esperar à partida.

AGRONOMIA 38-16 BELENENSES (5-2)
Na Tapada assistiu-se a um jogo entretido e tão agradável como a fantástica tarde em termos climatéricos que se viveu no sábado, num relvado em boas condições e que surge agora alindado por bonitos melhoramentos à sua volta. 
Está-se a trabalhar com cuidado e dedicação por aquelas bandas… 

O triunfo agrónomo não sofre contestação, pois foi sempre a equipa mais adulta, consistente e eficaz, e que no habitual período decisivo das partidas – para lá da hora de jogo – mostrou ter superior capacidade no seu pack avançado e um banco de opções que rendeu juros bem mais elevados, apesar das ausências de António Duarte e Fernando Almeida, obrigando Francisco Mira a alinhar como n.º 8. 
Tudo argumentos suficientes para que os homens de Murray Cox se possam intrometer na luta pelo título nacional.
Já os azuis mostraram-se entusiastas – e que aqui e ali até praticaram bom rugby – mas demasiado verdes e a precisarem urgentemente de uma injecção de experiência e poder físico, em especial no cinco da frente. 
É que para lá das saídas de David e Diogo Mateus, Pedro Silva e Valter Jorge, ainda faltaram os irmãos Vieira de Almeida (o infeliz Francisco partiu a tíbia, quinta-feira, no jogo frente aos italianos do I Cavaliei Prato para a Amlin Cup), Duarte Moreira, João Mirra, Sebastião Cunha... e achamos que não é preciso dizer mais nada.
No primeiro quarto de hora as duas equipas como que se estudaram uma à outra. 
Mas aquele faz-que-anda-mas-não-anda acabou quando as linhas atrasadas de Agronomia decidiram por fim desenvolver rápida jogada até à ponta, onde Diogo Coelho abriu o gás à máxima potência e deu, em off-load, para Francisco Serra surgir por dentro e abrir o activo (7-0). 
O Belenenses reagiu com Manuel Costa a falhar uma penalidade e depois, através do jovem e mexido abertura João Freudenthal, que aos 29’ passou por cinco adversários rasgando a defesa contrária de alto a baixo (e conseguiu-o várias vezes!) para, segundo o árbitro Paulo Duarte, deixar cair a oval quando 
mergulhou sozinho para o ensaio. No mínimo, duvidoso...
Mas os cinco minutos finais da 1.ª parte seriam todos verde-camuflado (com aquele equipamento a equipa da Tapada parece que vai embarcar para o Afeganistão e não participar num jogo de rugby…). 
Primeiro foi uma arrancada do ‘tanque’ Marthinus Hoffman a galgar metros sobre metros e concluída com um inteligente pontapé raso para fora a ganhar muito terreno. 
Do desenrolar do lance Francisco Serra seria placado, in-extremis, junto à bandeirola pela kamikaze ação defensiva de Manuel Costa (que nos pareceu ainda ressentido da presença nos sevens do Dubai e Port Elizabeth).
Depois o mesmo Serra falharia de forma incrível (e rara!) uma penalidade frontal. 
Até que numa falta da 1.ª linha azul na mêlée jogada rapidamente à mão, e depois de exemplar cruzamento, surgiu o ponta João Mestre para fazer os 14-0 ao intervalo.
A equipa da casa recomeçou de novo encostando os homens do Restelo às cordas, mas uma bola largada logo aos 42’ perto da linha de ensaio azul seria captada por Freudenthal que sprintou 95 metros (!) para alcançar o primeiro ensaio visitante. 
Agronomia pareceu afectada pelo lance e durante 15 minutos o Belenenses acampou no meio-campo adversário, mas sempre sem que verdadeiramente se sentisse que o ensaio estaria iminente. 
E só com pontapés de Manuel Costa reduziria para 14-11.
Mas sentindo o perigo – e graças aos reforços saídos do banco –, os agrónomos aumentaram então o ritmo e a intensidade de jogo e finalmente impuseram o seu maior peso na avançada e experiência, inclinando definitivamente o jogo para perto da área azul. 
Levando tudo à frente Marthinus Hoffman fez, em força, o terceiro ensaio; Duarte Cortes entrou para marcar o quarto – pelo meio surgiria o segundo do Restelo pelo oportuno e ativo Freudenthal – e já para lá dos 80 minutos o suplente pilar José d'Alte (impressionante a forma poderosa como atropelou uns seis ou sete adversários a caminho da área!) selou os definitivos 38-16. 
Números quiçá demasiado pesados para o Belenenses, que contudo mostrou que, pelo menos esta temporada, não corre pelos mesmos objectivos que o seu vizinho rival. 

ACADÉMICA 17-36 TÉCNICO (2-5)
O vice-líder Técnico foi a Taveiro derrotar sem apelo a Académica e garantindo um importante ponto de bónus. 
Os engenheiros apresentaram-se no Sérgio Conceição desfalcados de quatro titulares – e sem Joe Gardener, já de regresso ao futebol americano –, mas com a sua forte armada estrangeira de quatro neozelandeses que continua a fazer a diferença nos relvados nacionais, frente a pretos que apresentaram uma equipa praticamente composta por sub-21 e onde o jogador mais velho, João Costa, tem a proveta idade de… 25 anos.
A Académica ainda esteve na frente (3-0, aos 15'), mas sendo dominada a partir da avançada (e com inferioridade nas mêlées), cedo viu os lisboetas passarem para o comando, muito por força da actuação do excelente médio de abertura Kane Hency, hábil a furar e a soltar as rápidas linhas atrasadas, autoras de quatro ensaios (para lá de Hency marcaram o centro Joshua van Lieshout – o oitavo da sua conta pessoal –, Bernardo Baptista e António Marques) juntando-se outro do flanqueador Sean Reidy, que ainda mostrou credenciais como chutador ao converter quatro ensaios e uma penalidade.
Com 21-10 ao intervalo o Técnico continuou por cima na 2.ª parte tendo os homens de Coimbra apenas conseguido o seu segundo ensaio, por Afonso Monteiro, a três minutos do final, não impedindo o bónus adversário mas ainda assim amenizando a sua sexta derrota na prova.

CRAV 20-11 CASCAIS (3-1) 
Em Arcos de Valdevez o CRAV justificou o favoritismo que lhe era atribuído por jogar na sua fortaleza da Coutada e bateu o Cascais por 20-11, fruto de três ensaios (com bis de Viriato Teixeira) contra apenas um dos homens da Linha (por Dinis Gaspar), que afinal se deslocaram ao Minho sem praticamente nenhuma das suas jovens promessas: apenas esteve Salvador Vassalo, já que Francisco Sousa, Miguel Lucas, José Conde, Manuel Castro Pereira e José Abrantes primaram pela ausência por diversas ordens de razões. 
Ao intervalo a equipa da casa já vencia por 15-6 e na 2.ª parte apenas surgiria um ensaio para cada lado, não alterando o cariz do encontro, mesmo tendo em conta que o CRAV terminou a partida reduzido a 13 jogadores, por duas exclusões com cartão amarelo. 

DIREITO 29-10 CDUP (5-1) 
Em Monsanto assistiu-se a uma partida equilibrada e onde se saúda o regresso do CDUP da época 
passada, que com o retorno dos internacionais Pedro Ávila, Nuno Sousa Guedes e Rodrigo Figueiredo (só 


meia-parte) deu trabalho e, nalguns momentos mesmo, alguma água pela barba aos advogados. 
À atenção da concorrência directa…
Ao intervalo Direito vencia por 17-3 (ensaios de Salvador Palha, António Ferrador e Diogo Coutinho), mas teve que resistir a um reinício muito bom dos portuenses, que reduziriam para 17-10 num ensaio do excelente Pedro Ávila (como está a crescer este menino de 19 anos e um mês!).
Com o CDUP bem dentro do resultado, surgiria então o lance polémico do encontro, quando um contra-ataque visitante de três-para-um já na área de 22 de Direito foi cortado, em desespero de causa, por António Ferrador com um avant salvador e intencional, vendo de imediato cartão amarelo bem mostrado pelo árbitro espanhol. 
Mas o ensaio de penalidade que se exigiria pela perigosidade da jogada ficou restringido aos interiores receios advogados…
Graças ao seu superior banco – o CDUP veio até Lisboa só com 20 jogadores – a equipa da casa recompôs-se do susto e nos derradeiros 10 minutos de jogo, com ensaios de Miguel Narciso e Pedro Leal, estabeleceu uma diferença mais consentânea com o estatuto das duas equipas, garantindo o ponto de bónus que a mantém invicta no topo da tabela. 
Liderança que na próxima semana vai ser posta à prova no EU Lisboa, diante do CDUL (sábado, 15.00), prenda de Natal antecipada para todos os que gostam de jogos de rugby emotivos e sem favorito declarado. 

Fique com a tabela classificativa e os resultados do fim de semana. para mais informações sobre a Divisão de Honra, clique na imagem:



Fotos: Fernando Nanã Soares, Aguinaldo Vera Cruz, Miguel Carmo, CRAV/Foto Beleza

2 comentários:

Anónimo disse...

O Francisco Sousa do Cascais deixou de jogar?

Anónimo disse...

Era só o Técnico que estava desfalcado?
E a Académica não faltava o João Mateus, Sérgio Franco, etc....