28 de abril de 2013

ERA UMA FINAL, NÃO ERA? OBVIAMENTE... DEU DIREITO*

RUGBY EM PORTUGAL
Adaptando-se melhor ao forte vento que soprava no vale do Jamor e mostrando um profundo estudo do adversário e a sua reconhecida aptidão para jogos de ‘tudo-ou-nada’, um Direito de regresso aos seus grandes dias bateu o CDUL, por 17-9, sagrando-se campeão nacional pela nona vez na sua história. 
O justo triunfo dos advogados apenas confirmou o que há muito se sabia: aquela equipa agiganta-se nas finais – nas oito edições em que o campeonato passou a ser assim decidido, venceu cinco das seis em que esteve – já que aborda estes jogos decisivos de forma rigorosa, inteligente e pragmática, explorando os pontos fracos do adversário e potenciando as suas melhores características. 

E apesar dos seus cinco jogadores mais veteranos (Aguilar, Portela, Malheiro, Coutinho e João Correia) somarem em conjunto 175 anos, a equipa pareceu sempre mais fresca, concentrada, determinada e focada num único objetivo: levantar o caneco, taça, troféu, placa (ou até podia ser um queijo de serra…), o que é que o presidente Amado da Silva tivesse para entregar no final do encontro aos vencedores. 

E no campo A do Estádio Nacional, com as bancadas lotadas por adeptos entusiásticos que compuseram uma bela festa, a história repetiu-se diante do CDUL, o campeão em título, vencedor dos derradeiros
cinco duelos entre as duas equipas (os advogados não venciam desde Setembro de 2011, há 19 meses!), que vinha passeando a sua classe e superioridade ao longo da temporada e que conquistara os últimos quatro troféus que disputara: o campeonato de 2012, Supertaça, Taça Ibérica e Taça de Portugal. 
A 2.ª parte da meia-final diante de Agronomia já tinha deixado algumas pistas quanto ao momento menos bom que a equipa atravessava, o que seria confirmado ao longo da partida…  

Com o vento pelas costas na 1.ª parte, o CDUL nunca soube aproveitar as condições climatéricas – o abertura Nuno Penha e Costa não conseguiu mandar no jogo nem descobrir a melhor forma de envolver as suas linhas atrasadas na manobra atacante (quantas vezes foi recordado Pedro Cabral quando se pedia uma pontapé para as costas da subida da defesa advogada, o que nunca surgiu…) –, ao contrário dos advogados, que seguiram rigorosamente a estratégia delineada e correta naquelas circunstâncias: jogar no perímetro curto, tentar sistematicamente perfurações e chamar a jogo as vezes que fosse possível o incansável Adérito Esteves, Adamastor a aparecer em todo o lado qual ‘abre-defesas’, a dar o corpo às balas e causando sempre grandes problemas aos adversários para o travarem. 
E só as muitas faltas feitas pelos jogadores de Direito no solo (oito na 1.ª parte!) impediram que a lição trazida dos balneários desse resultados ainda mais retumbantes.
Nos primeiros 40 minutos e perante uma intransponível defesa advogada que não abriu uma fenda, com saliência para Miguel-o-homem-não-acaba-Portela, que aos 39 anos somou o seu nono título nacional (exatamente os mesmos conquistados, desde 1999, por Direito e tantos como Diogo Coutinho, que agora só aguentou 24 minutos!), o CDUL nunca causou verdadeiro perigo e só marcaria através de duas penalidades de Tiago Girão (desperdiçou outras três...), ele que desta feita não foi o habitual 'abono de família' universitário, pois tinha feito 13 dos 24 pontos da sua equipa na final da Taça Ibérica e 30 dos 35 na final da Taça de Portugal.
Perto da meia-hora e com 3-3, Direito, sempre mais coeso, organizado e determinado no corpo-a-corpo foi pela primeira vez à área contrária e faria o único ensaio do jogo. 
Pressão asfixiante durante largos minutos em cima da linha e perante a iminência do ensaio o defesa Carl Murray vê justo amarelo por falta deliberada. Seguiu-se uma sucessão de mêlées com os advogados a empurrarem e finalmente o n.º 8 Vasco Fragoso Mendes (grande jogo, só tem mesmo 20 anos?) a sair pelo fechado, é placado 'in extremis' por Navalhinhas, mas surgiria Pedro Leal rápido a mergulhar para o ensaio (8-3).   
E em cima do intervalo (Girão já tinha reduzido para 8-6) surgiria o lance mais dramático e polémico da tarde, quando o n.º 6 do CDUL, o tonguiano Seti Filo (esteve em dúvida devido a problemas físicos e mostrou não estar em boas condições) placou alto e em falta – como é seu hábito e tantas vezes o vimos fazer durante a época – de forma perigosa e violenta o jovem centro José Vareta, obrigando-o a abandonar o terreno de maca, com o pescoço imobilizado. 
(Acabamos de saber que o José vareta teve um traumatismo craniano que o obriga a um descanso de duas semanas).
Paulo Duarte ficou-se só pelo amarelo... quando se pediria cartão de outra cor.

Na 2.ª parte Direito marcou numa penalidade logo a abrir (11-6) e com a ajuda do vento meteria o CDUL num autêntico colete-de-forças. 
Roubando muitas bolas nos alinhamentos contrários (em especial no 1.º saltador, apesar da boa atuação de Faleafa neste departamento) e com Gonçalo Malheiro, a gerir com mestria sem ser pressionado e a jogar confortável no sofá, bombardeando a preceito o 'três de trás' rival com bolas complicadas, que empurravam os campeões nacionais, progressivamente mais nervosos e ansiosos, a ver o relógio avançar e incapazes de jogar no meio-campo contrário. E assim não se ganham jogos.
A atuar com 14 por exclusão de João Correia, o Direito viu Girão reduzir (11-9), mas os seus jogadores continuaram sem tremer (notáveis Aguilar, Adérito e o entrado Luis Salema a receber bolas altas) e liderados pelo infatigável Vasco Uva, resistiram às ténues tentativas adversárias. 
E com o cada vez mais forte vento a tudo levar à frente, seriam as botas de 'Pipoca' a ter a palavra final. 
E o seu dono – autor dos 17 pontos dos novos campeões –, irrepreensível em mais duas penalidades (a primeira em novo lance de arrepiar de Seti Filo, agora sobre Jorge Segurado…) selaria o resultado final. Limpinho.




9º/10º LUGAR
Entretanto em Taveiro, no jogo que valia a permanência o CRAV, ao bater o Benfica, por 19-12, garantiu a presença entre os maiores emblemas do rugby nacional na próxima época. 
Numa partida muito condicionada pelo forte vento os encarnados, com ele pelas costas na 1.ª parte, marcaram logo a abrir, mas apesar de encurralarem os minhotos no seu meio-campo não conseguiram somar mais qualquer ponto, pelo que ao intervalo a sua vantagem cifrava-se em apenas 5-0.
No 2.º tempo a ventania inverteu os protagonistas e seria o CRAV a mandar no jogo, pese embora seja de salientar a atitude sempre guerreira dos benfiquistas, que venderam bem cara a derrota. 
E apesar de não fazer uma grande exibição, a avançada de Arcos de Valdevez conseguiria três ensaios pelo asa Jorge Molina e um bis do n.º 8 Enzo Draghi, vencendo o encontro e causando a 20.ª derrota da época para o Benfica nos 20 jogos que fez na DH.

5º/6º LUGAR
Também em Taveiro o CDUP derrotou a Académica, por 40-31, num jogo aberto e recheado de ensaios. 
Os ‘pretos’ começaram bem melhor, chegaram a estar na frente por 24-6 e atingiriam o intervalo a vencer por 24-18. 
Mas os homens de Marcelo d’Orey dariam a volta no 2.º tempo com três ensaios de rajada (35-24), concluindo o último jogo da época com um total de meia dúzia de ensaios e serão assim a quinta equipa do grupo A para a próxima temporada, trocando com a Académica que passará a integrar o grupo B.




*Texto: António Henriques
Fotos: Rugby Photo Store/António Simões dos Santos

12 comentários:

Anónimo disse...

descida do Benfica levará ao fim da modalidade no clube

Anónimo disse...

Embora não tenha visto nenhum dos jogos o cdup surpreende pela positiva ao ganhar nos seniores e nos sub 21. Será que não concentrou o plantel nos sub21 ? Ou o jogo para o quinto lugar era daqueles que até nem dava muito jeito ganhar ? Em todo o caso muitos parabéns ao cdup , especialmente pela vitória nos sub21.

Anónimo disse...

Parabéns Direito! que grande jogo que fizémos. foi uma época para nunca mais esquecer pelas razões que todos sabem. grande espetaculo que foi dentro e fora de campo.
quanto ao Cdul, resta me, como adepto do Direito, desejar os parabens pela final e pela excelente época que fez.

Anónimo disse...

O comentário das 22.16 é um bocado sem nexo, pois ao mesmo tempo que dá os parabéns ao CDUP por ter ganho nos seniores e sub 21, critica a gestão que fez dos seus plantéis para esse jogo. Dos resultados que se verificaram o que vemos é que a gestão parece ter sido bem feita, pois conseguiram vencer a Académica pela 1ª vez esse ano para o campeonato, e conseguiram coroar um belo ano no escalão sub 21, em que acabaram em 1º na fase regular e venceram o play off. Por isso não se entende o comentário.
Parabéns ao CDUP

Anónimo disse...

22.16 - não critico, pergunto por curiosidade e por não ter visto. Não há nada para criticar !

Anónimo disse...

O CDUP já tinha ganho à AAC em casa, também para o Campeonato, repetindo a vitória na TP.

Não foi a primeira vez que ganhou esta época. Foi, isso sim, a primeira vez que ganharam em Coimbra.

Anónimo disse...

Não é verdade. Na primeira volta o AAC ganhou ao CDUP no Porto, depois para a Taça ganhou o CDUP e na segunda volta ganhou a AAC em Coimbra.

Anónimo disse...

Amigo, aconselho-te a ires consultar as tabelas mão de mestre. No Porto, na primeira volta, a Académica ganhou 27-17. Em casa voltou a ganhar, desta feita por 35-31. Por isso o comentário feito está certo, o cdup ainda nao tinha ganho à AAC a contar para o campeonato!

Pedro Pinto Fernandes disse...

Direito justo vencedor do campeonato, quanto a isso não poderá haver duvidas para ninguém, até porque bate na final a melhor e mais regular equipa durante todo o ano. Uma final fantástica, com adeptos de ambos os lados extraordinários e jogadores a darem tudo o que tinham e a deixarem a pele em campo de ambos os lados. para mim houve só um ponto negativo que foi o comportamento do nº 6 azul que deveria ter sido expulso pois tem duas atitudes que roçam a agressão. Na minha opinião o Direito venceu porque soube ler com mestria as condições climatéricas e soube travar o CDUL onde este é mais forte. ganhou a experiência e a "ratice". Depois há o Pipoca, e quem tem um Pipoca.....

Anónimo disse...

Caro Pedro Fernardes, sou adepto do CDUL e concordo com quase tudo o que disse menos com a critica que faz ao Seti, porque como já tive possiblidade de rever na televisão o Varreta baixa-se no momento em que vai ser placado, portanto acho sinceramente que não existe qql falta apesar da violencia do lance, caso o varreta não se tivesse encolhido seria apenas uma placagem forte mas na zona das pernas...

Anónimo disse...

Anónimo do CDUL,

Não há ninguém, desde árbitros a comentadores que não sejam da opinião do Pedro Fernandes.

Já agora pergunto-lhe o que acha da situação criada pelo tal nº 6 no minuto 26/27 da segunda parte em que o mesmo agride o Jorge Segurado com uma violência DESNECESSÁRIA e digna de amarelo/vermelho.

Claro que o Direito ganhou apesar desta violência e assim ninguém pode dizer que foi o árbitro.

As perguntas que ficam no ar são:

- Quando é que se mostram os vermelhos? só quando pontapés na cabeça, com sangue?

- Para que servem os Fiscais-de-linha munidos de intercomunicadores? só para verificarem se a bola bateu fora ou se o jogador pisou o risco, ou para serem mais dois pares de olhos a verem e a comunicarem ao Árbitro o que é relevante? como, aliás, temos visto nas transmissões dos jogos internacionais ( Super Rugby, 6 Nações e Heineken Cup )?

Anónimo disse...

"Quando é que se mostram os vermelhos? só quando pontapés na cabeça, com sangue?"

Nem nesses casos, pois lembro-me duma agressão com joelhada a um jogador da Académica em Coimbra este campeonato, que resultou em tratamento hospitalar e uma série de pontos e o agressor nem amarelo viu.

Tretas...