SEGUNDONA NORTE - OS CLUBES *

Com o arranque da nova época o Mão de Mestre conta com a colaboração de mais um amante do rugby regional, que vai acompanhar o Campeonato Nacional da 2ª Divisão, Zona Norte e Centro.
Para que o seu nome se ajuste à realidade, Morpheu também tem um sonho - ver o rugby crescer em quantidade e qualidade fora de Lisboa...
Acompanhe, a partir de hoje, as crónicas e análises de Morpheu, e deixe que o sonho se transforme em realidade...

SEGUNDONA NORTE - OS CLUBES

A nova época aproxima-se, com algumas novidades no seu formato, quer nas divisões superiores, quer na Segundona, que numa situação muito invulgar se vê dividida em apenas 3 grupos que são tão dispares, que teremos uma espécie de calendário composto com fases à vontade do freguês e com algumas equipas a fazerem muitos menos jogos que a concorrência, o que lá mais para a frente estou em crer que dará azo a discussões estéreis e amargas por parte de quem se sentir prejudicado, onde as equipas do grupo mais ao Sul farão até 20 jogos para atingirem a final enquanto na zona Centro bastarão 14 jornadas para o mesmo efeito e na zona Norte serão necessários 18 jogos.

As duas zonas que comentarei ao longo desta época apenas sofreram uma alteração ao nível de clubes, com a Agrária a ser campeã da 2ª Divisão e a conseguir a consequente e merecida subida à Primeirona de onde saiu voluntariamente no final de 2009/2010 para neste último ano ter feito uma calma travessia na primeira fase, com  apenas uma derrota e com uma segunda fase mais disputada, sem que, no entanto, o seu lugar de subida tivesse saído dos objetivos dos Charruas, que se sobrepuseram na final frente a Loulé que acabaria por subir fruto da mudança do calendário na DH que levou a haver uma vaga extra na Primeirona.

Comecemos então a análise dos vários clubes aqui envolvidos, com as estatisticas combinadas de cada clube da primeira e segunda fase (da última época), excluindo os jogos de semi-finais e finais e jogo de classificação final.

Items analisados:
Vitórias (V), Empates (E), Derrotas (D), Pontos Marcados (PM), Pontos Sofridos (PS), Saldo Pontos (SP), Bónus Ofensivo (BO), Bonus Defensivo (BD).
FAMALICAO 4º
Stats: V 11  E 0  D 5  PM 320  PS -182  SP 138  BO 5  BD 4

O Famalicão obteve a melhor classificação da Zona Norte e foi, sem dúvida o grande candidato Nortenho a uma subida, mas ainda assim não conseguiu, na fase final, fazer frente ao poderio de Agrária, apurando-se em segundo e enfrentando o Loulé nas meias-finais, sabendo que o clube Algarvio tinha definido como meta a subida e não iria fazer a vida fácil aos Famalicenses que se bateram como leões e obtiveram dois resultados muito próximos, mostrando que o Famalicão poderia ter, com um pouco de sorte, disputado a final e com a benesse que extraordinariamente o Loulé teve, figurar agora na Primeirona.

Este ano o Famalicão manteve o seu treinador, com Pedro Campos Costa de novo no comando dos Famalicenses, conseguindo reforçar o seu clube com ex-companheiros do seu tempo de jogador do CDUP, como Bernardo Vasquez, Lelo Kostesky e Kiko Fontes,entre outros, todos ex-CDUP o que mostra que o Famalicão se mostra apostado em concretizar a subida que no ano passado escapou por pouco.

AAUTAD 8º
Stats: V 7  E 0  D 9  PM 217  PS -193  SP 24  BO 4  BD 3

A AAUTAD conseguiu o acesso à segunda fase para disputar a subida in-extremis depois da vitória bonificada na última jornada contra um já apurado Famalicão, isto depois de ter tido uma primeira fase marcada de altos e baixos não só pontuais, como aspectos disciplinares (cenas de pancadaria nas deslocações a CRAV e Lousada)..

Na segunda fase o único representante transmontano no rugby nacional apenas averbou derrotas, fazendo com que no cômputo geral de jogos o número de derrotas ultrapasse as vitórias, todas elas conseguidas na primeira fase.

Este ano as incógnitas sobre a AAUTAD são muitas, sobretudo depois de Marco Silva ter saído do cargo de treinador voltando para Setúbal por motivos profissionais. 
Ainda assim o clube de Vila Real costuma ser bastante combativo, sobretudo nos seus jogos caseiros, e de certeza que nenhum clube da zona Norte enfrentará de ânimo leve esta formação aguerrida.

GRUFC 9º
Stats:V 11  E 0  D 4   PM 280  PS  -133  SP 147   BO 5   BD 2

O clube vimaranense classificou-se na terceira posição do grupo Norte na primeira fase com empate pontual com Famalicão e AAUTAD, perdendo para estes no confronto directo e por isso teve de disputar a fase de não apurados, onde mostrou ser um clube que brevemente pode disputar voos mais altos, bastando para isso ganhar mais alguma experiência competitiva e maior maturidade no plantel, que tem uma média de idades muito baixa, com muitos sub 21 a despontarem agora.

Os Bravos apenas perderam na segunda fase para o Lousada, num surpreendente deslize, que ainda assim permitiu ao Guimarães ser o melhor classificado a nivel nacional dos não apurados para a subida.

Este ano mantendo o treinador Jeremias Soares e com o seu jovem grupo praticamente inalterado o Guimnarães espera não sofrer surpresas de última hora, como o resultado do AAUTAD-Famalicão, apurando-se o mais rapidamente possivel e não dependo de terceiros e para isso conta com o seu pack avançado, que apesar de jovem joga muito coeso e nos momentos estáticos consegue suplantar muitas equipas do seu escalão. 
BRAGA 13º
Stats: V 7  E 0  D 8   PM 130  PS -218  SP -88   BO 0   BD 0

O estreante deste grupo foi sem dúvida o joker que baralhou as contas aos principais favoritos (que o diga o Guimarães que na primeira jornada sofreu às mãos dos Gladiadores uma derrota comprometedora para as suas aspirações). 

Os comandados de Pedro Aguilar Monteiro foram os melhores de entre todos os clubes estreantes da época passada (Braga, Kellerman e Samouquense), mas ainda assim estiveram, devido à sua inexperiência uns furos abaixo do trio da frente conseguindo apenas metade dos pontos destes na primeira fase. 
O Braga tem ainda a particularidade de no conjunto das duas fases ser o único clube que não conseguiu averbar qualquer ponto bónus, defensivo ou ofensivo.

Este ano, sem a desculpa de ser estreante, o Braga terá de subir o seu ritmo de jogo, apoiado nos seus jogadores com maior experiência e com os jovens que subiram das suas camadas, cheios de irreverência e algum talento, tentará apoquentar os favoritos Famalicão e Guimarães e talvez aspirar a disputar a fase de subida. 
Ainda assim a perda de dois influentes jogadores da sua terceira linha para o CRAV pode condicionar as aspirações dos Gladiadores.


LOUSADA 17º
Stats: V 4   E 1   D 10   PM 125   PS -352   SP -227   BO 1   BD 1

O Lousada ressurgiu nesta última temporada, após um interregno de um ano, com uma parceria com o clube Prazer de Jogar do Porto, conseguindo com isso re-animar esta zona Duriense e tornando mais rico o panorama geográfico nacional de clubes. 
Os Lousadenses comandados por José Luis Vareta foram capazes dos mais surpreendentes resultados com derrotas com mais de 50 e 60 pontos sofridos, bem como vitórias aos primeiros classificados Famalicão e UTAD, fazendo inclusive ponto bónus contra os segundos. 
Ainda assim terminou a primeira fase em último classificado abaixo do CRAV B com quem trocaria de posição na segunda fase nos não apurados, terminando em penúltimo deste grupo.

Este ano comandados pelo filho do anterior treinador Francisco Vareta e reforçados pelos ex sub 18 do Prazer de Jogar esta jovem equipa poderá fazer melhor do que alguns fogachos de surpresa e disputar os lugares cimeiros da tabela.

GARRANOS (CRAV B) 19º
Stats: V 3  E 1  D 11   PM 158  PS -213   SP -55  BO 2  BD 3

A equipa B do CRAV tem servido nos últimos dois anos de rampa de lançamento para os jovens sub 21, de maneira a ganharem ritmo competitivo para entrarem na equipa principal do clube Arcoense, que este ano face ao aumento de clubes da DH disputa esta competição com tenções de se manter na elite nacional pese a renovação de uma equipa que estava cada vez mais envelhecida. 
O papel da segunda equipa ganha portanto mais relevo, uma vez que os jovens têm agora uma maior oportunidade de brilharem e atingirem um patamar superior, ainda por cima estando o plantel a treinar em conjunto numa filosofia de "DUAS EQUIPAS, UM PLANTEL".

Os Garranos são uma equipa forte no seu terreno, com muitos jogadores experientes a aparecerem para "darem uma perninha", ressentindo-se, no entanto, nas deslocações, sobretudo aquelas que implicam praticamente um dia inteiro ao serviço do clube. 
A arma principal deste clube continua a ser a sua avançada pesada e muito forte nos momentos estáticos de jogo.

O último lugar do grupo de não-apurados não condiz com o historial do clube e o CRAV certamente começará desde a primeira jornada a corrigir essa posição.

* Texto: Morpheus