Com a realização de cinco jogos arrancou o Nacional da 2ª Divisão na zona Sul/Lisboa, numa manifestação de grande dinamismo que só se pode louvar.
Quebrado o enguiço que condenava a Segundona a um conjunto desarticulado de jogos em que algumas equipas passavam cinco e seis semanas sem jogar - como aconteceu na última época - a reunião num único grupo entre Lisboa e o Sul, é com certeza o passo mais importante que se deu em Portugal para o crescimento do rugby nos últimos anos.
Confesso que temi que alguns dos jogos não se realizassem, quer pela desistência de algumas equipas, quer pela falta de organização de alguns clubes.
A resposta dos clubes não podia ser mais satisfatória, e a realização de todos os jogos previstos, o equilíbrio da generalidade dos resultados e o aparecimento de algumas novas equipas, foi um verdadeiro refresco no deserto do crescimento do nosso desporto.
Vamos começar por aqui, falando do reaparecimento do Sporting a jogar rugby, já que a constituição da equipa foi levada a cabo com a pesca de jogadores noutros clubes, numa ação que alguns criticaram, mas na qual nós não vimos nenhuma problema ou má decisão.
Na verdade o rugby só pode ganhar com o regresso do Leão aos campos de jogo, e se nesse regresso alguns jogadores resolveram abandonar os clubes onde antes jogavam, essa é a ordem natural das coisas.
Aliás o regresso ou surgimento de emblemas do futebol nas competições de rugby não é original, nem vai terminar.
Por exemplo em Espanha o Atlético de Madrid está neste momento a disputar a Division de Honor, depois do seu nome ter sido associado a um dos mais antigos clubes de rugby de Espanha, e isso pode trazer para o rugby uma visibilidade diferente que não pode ser negligenciada.
O Sporting Rugby é uma marca com grandes tradições, e o regresso do emblema à prática da modalidade só pode ser aplaudida.
Resta esperar que a gestão do novo clube seja no sentido de criação de escolas próprias que a médio prazo possam começar a abastecer a equipa representativa de jogadores feitos na casa.
E o Sporting começou muito bem, ao vencer a equipa do Técnico B por 22-7, com direito a ponto de bónus ofensivo.
A presença duma segunda equipa do Técnico também deve ser louvada, já que os modelos de equipa satélite que foram sendo experimentados não deram os resultados esperados, tendo pelo contrário alimentado discórdias e suspeições.
Assim ninguém pode "botar defeito" e todos sabemos que Técnico é Técnico - demonstrando mesmo um dinamismo relevante, ao ter neste momento três equipas de adultos em atividade, na Divisão de Honra, nos Sub-21 e na 2ª Divisão.
Ou seja, pode muito bem ser um sintoma que os anos de crise estão a passar.
Também o Évora apresentou uma segunda equipa em atividade, o que conjugado com a utilização de um campo na cidade para a realização dos seus jogos, pode também querer dizer que o Clube está em crescimento e que vamos ter que contar mais com ele no futuro próximo.
Este fim de semana, apesar da derrota frente ao Oeiras por 15-10, o Évora B mostrou que o caminho das pedras existe, basta andar com os pés no chão.
As outras equipas da margem sul estiveram muito bem, com a vitória do Beira-Mar sobre o Belas por 21-20, e sobretudo com o retorno do Elvas que bateu o Kellermann por 41-12, resultado mais desequilibrado da jornada, e que sugere que os elvenses aproveitaram o tempo em que não participaram do nacional, para se fortalecer e cimentar a sua atividade.
Reparem que neste momento há sete equipas (seis clubes) a sul do Tejo a disputar competições nacionais - Évora, Montemor, Setúbal e Loulé (1ª Divisão), Évora B, Beira Mar e Elvas (2ª Divisão).
Começa a ser tempo de criar uma Associação Regional que possa apoiar e acompanhar os clubes existentes, e outros que não competindo nacionalmente estarão preparados para uma atividade regional mais intensa, como seja o caso da Universidade do Algarve, o Borba, o Portalegre, o Beja ou o Sines, sem falar do Samouquense sobre o qual não temos informação, apesar de termos tentado saber alguma coisa junto de pessoas ligadas ao clube.
Sem se dar por ele, o Sul vai ganhando importância acrescida no panorama do nosso rugby.
Para completar a jornada inaugural da Segundona, Zona Sul, o São Miguel defrontou e venceu a FCT por 20-15, em mais uma partida equilibrada onde os buldogues acabaram por justificar a contratação de um novo treinador - competente! - e parecem definitivamente lançados na tentativa de se colocarem no topo da Divisão.
Finalmente a jornada da Segundona foi encerrada pela realização do Braga-Guimarães, que os visitantes venceram por 34-5, e ficando por realizar os outros dois jogos da Zona Norte.
A Zona Centro apenas dá o pontapé de saída na próxima semana.
Veja aqui os quadros com os resultados e as classificações
Fotos: Júlio Lobo Pimentel, Tânia Garrett Santos e Rugby Clube de Elvas
20 comentários:
lembro só que os jogos na 2ª divisão os resultados com as equipas b concretamente o técnico e o evora , como disse os resultados não contam para classificação , pelo que o sporting não teve ponto bonus
Fui ver o jogo do Sporting com o Técnico B e o mais interessante foi haver público (pouco) a ver o jogo e a divertir-se bastante com o desenrolar do mesmo.
Há que promover estes jogos da "segundona" pois é uma hora e meia bem passada.......
É claro que é necessário (fundamenta) que os horários e locais dos jogos sejam atempadamente anunciados.....!!!
Caro, Manuel Cabral.
A forma como faz referência à competência do novo treinador do São Miguel é insultuosa para o anterior treinador e creio não haver razão alguma para isso. O anterior treinador fez o que pode, com as condições que teve, e muito do que se viu ontem ainda foi trabalho dele. Sabe por ventura se o plantel é o mesmo? Se tem as mesmas condições de treino? Não sei qual era a intenção, mas mesmo acreditando que era só elogiar o atual treinador, reveja lá esse parágrafo e dê os elogios que são merecidos ao senhor Albertino Minhoto, mas não trate o anterior treinador por incompetente, que é a imagem que passa e é injusto.
Bem haja.
Caro João Almeida, acho o comentário desajustado já que não é feita nenhuma referência ao anterior treinador ou a qualquer outro, do São Miguel ou não, apenas ao atual treinador do São Miguel.
E se eu tivesse dito que o atual treinador é português, isso deveria ser entendido no sentido de que era o primeiro treinador português do São Miguel, ou de qualquer outro clube?
Se de cada vez que se faz um comentário sobre um treinador, um jogador, um árbitro, se tirassem ilações sobre o que se pensa sobre o treinador, jogador, árbitro anterior, ou outro qualquer, não seria possível fazer comentários.
Repito portanto o que disse no texto - o atual treinador é competente - e repito também o que disse mais acima - que este comentário não tem rigorosamente nada a ver com o ou os treinadores anteriores do São Miguel ou de outro clube qualquer.
No seguimento do comentário do 1º Anónimo,
acho pertinente a questão, e ja tenho pensado nisso, de como apresentar os resultados visto as jogos com as equipas B não terem ponderação final.
eu propunha contabilizar tudo e no final para efeitos de apuramento retirar então esses jogos com as equipas B para verificar a pontuação do grupo postos esses jogos e pontos de bónus de fora. Que penso é o que o mão de mestre está a fazer neste momento.
O maior problema que vejo é uma equipa ficar em primeiro lugar no quadro com as equipas B e depois acabar em 2º ou 3º sem esses jogos, oque é invariavelmente chato para pessoas menos inteiradas no meio que acompanhem as tabelas. Mas à partida já todos temos conhecimentos que esses jogos não são ponderados.
É só a minha opinião sobre o assunto.
Cumprimentos a todos
Luis Sabido
O plantel do S. Miguel é quase o mesmo do ano passado e ontem só jogaram 2 jogadores novos (abertura e 1ª centro - este saiu na 1ª parte). Quanto a treinadores, claro que os últimos 2 anos foram importantíssimos (senão os jogadores não continuavam no clube) mas também há que dar créditos a novos treinadores.
Se a única coisa que mudou foi o treinador, então é porque ele tem algum mérito. Nem que seja a tal "chapada psicológica".
Só no final se poderão fazer contas e tirar alguma conclusão.
E da primeirona nao se sabe nada????
Para mim a solução das equipas BB no que diz respeito deve ser a mesma que qualquer equipa que no final seja desclassificada. O regulamento de todas as modalidades prevê isso e portanto os jogos efectuados pela equipa desclassificada não contam para a classificação final. Nada mais simples. O ser ou n ão ser chato as equipas BB andarem a jogar para servir de treino à outras, é uma questão que só a esses clubes dizem respeito. Se querem ou não fazer jogos, diria, particulares, mas que tal como os jogos amigáveis vão servindo para manter a forma dalguns atletas.
Anónimo das 20:01
A questão é ter sido dado o pontapé de saída com base num determinado pressuposto, e depois, com o comboio em andamento, esse pressuposto ter sido trocado.
Aí tem toda a razão. Alterar as regras do jogo depois de iniciado o mesmo é impensável e sempre lutei para que isso nunca acontecesse, o que infelizmente tem sido norma na ultima década.
Gostava só de deixar aqui uma pequena correção, pois escreve aqui “o retorno do Elvas”, e tenho a dizer que o R.C.Elvas já na época passada disputava a segunda divisão
só disparates, os resultados com equipas B não contam? claro que contão,o que se passa é que as equipas B não podem subir à mesma divisão que a equipa principal. O técncico B tem equipa B há muuits anos o problema é que para a manter recorre a expedientes de legalidade duvidosa, usa jogadores com identidades falsas e tem jogos como o ano passado em que joga com 11 jogadores e os resultados são certificados pelos árbitros, uma vergonha é qo que é
Caro anónimo,
o regulamento diz claramente que os jogos este ano não contam.
o técnico tem a equipa B para tentar manter toda a sua gente em actividade. E qual é o propósito do clube de rugby? Para além de formar jovens jogadores, não é de dar aos seus sócios a possibilidade de jogarem rugby?
Essa das identidades falsas é engraçada!
Boa noite,
Gostaria apenas de evidenciar, o que no meu ponto de vista, é o ponto mais importante deste comentário: a criação de uma associação regional para o Alentejo, ou qualquer outra forma que permita aos clubes pequenos terem um pouco mais de apoio, que tanto precisam.
Estes clubes querem crescer, querem dar o seu contributo ao rugby, querem formar miúdos, querem dar a conhecer aos jovens os valores inerentes à modalidade mas, as adversidades são imensas. Infelizmente alguns clubes que surgiram não se mantiveram ativos por falta de apoios e os que se mantém ativos estão emersos em dificuldades.
Este é o momento do rugby a sul do Tejo começar a ganhar expressão e espaço no panorama nacional!
António Velez Cadete:
É isso aí!
Mas tem que ser um organismo independente do poder central (FPR), pois caso contrário não vai defender o desenvolvimento da região e sim a autoridade dessa mesma federação.
desde que daqui a uns anos não estejam a bradar que o sul é que está a incomodar muita gente força alentejo estou convosco !
Identidades falsas? Isso é grave!
O àrbitro não vê a ficha de jogo?
Acusações dessas devem ser particularizadas a bem do Rugby
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