18 de outubro de 2012

OS LOBOS NA AMÉRICA DO SUL

Foi em 1999 que os portugueses jogaram pela primeira vez na América do Sul, frente ao Uruguai, e a estreia teve como resultado uma pesada derrota por 9-46, resultado que se repetiria três semanas depois, em Lisboa, desta vez por 24-33.

Foi preciso esperar até 2005 para que Portugal vencesse pela primeira vez, por 20-6, em Lisboa, e apenas noutra ocasião a vitória sorriu às nossas cores, num jogo decisivo que abriu uma vantagem de sete pontos sobre os Teros, que foram incapazes de a suplantar em Montevideu e se viram assim afastados do Mundial de 2007 - Portugal, os Lobos, marchava para França com a singela vantagem de um ponto no conjunto dos dois jogos.

No total, Portugal defrontou os uruguaios por nove vezes e sofreu sete derrotas, das quais a última teve lugar em Bucareste, no passado mês de Junho, por 7-35, e nós tivemos oportunidade de assistir ao penúltimo encontro entre as duas equipas, nas Caldas da Rainha, num final de tarde chuvoso em que mais uma vez perdemos e, pior, realizámos uma exibição sem qualidade e em que fomos incapazes de igualar os sul-americanos em vontade e capacidade atlética e técnica.
Foi um jogo e uma derrota de triste memória, que esperamos venha a ser agora substituída por uma vitória inédita no reduto do adversário.

O outro adversário, o Chile, foi mais agradável com Portugal, e nas duas ocasiões em que as equipas se encontraram, a vitória foi nossa por 28-9, em Santiago do Chile, em Outubro de 2005, e por 31-18 em Lisboa, em Novembro de 2005.

O primeiro jogo desta digressão será em Montevideu, e espera-se que os Lobos sejam capazes de conseguir uma vitória, para poderem enfrentar o Chile em condições de ultrapassar as duas equipas sul-americanas no ranking da IRB.

Ganhando os dois jogos, os Lobos vão pular para a 21ª posição, imediatamente atrás da Espanha, o que abrirá excelentes perspectivas para o futuro da nossa seleção no Europeu das nações de 2013.

Mas atenção, pois se os lobos perderem os dois jogos descerão ainda mais no ranking da IRB, podendo mesmo ser ultrapassados pela Polónia e por Hong Kong...

Recorde-se que neste momento Portugal ocupa a 26ª posição com 56,58 pontos, o Chile está na 24ª com 58,32 e o Uruguai ocupa o 21º posto com 61,13 pontos.



Ainda a propósito da viagem dos Lobos à América do Sul, não podemos deixar de lamentar que a ocasião não tenha sido aproveitada para a realização de um Brasil-Portugal (o Brasil ocupa a 33ª posição do ranking IRB com 51,57 pontos) que iria constituir uma excelente publicidade para o rugby brasileiro junto da população do país, e de Portugal e dos Lobos, junto do meio rugbístico brasileiro.

Em consonância com alguns comentários que têm sido feitos aqui no Mão de Mestre, que demonstram uma total ignorância com o que se passa no Brasil, Portugal está a perder posições numa amizade desportiva com a CBRu e a comunidade do rugby no Brasil, que não se entende.

Em conversa recente com elementos ligados à CBRu, ficámos com a convicção que uma iniciativa portuguesa para a realização desse encontro seria recebida de bom grado, mas infelizmente ela nunca aconteceu.

Portugal deveria olhar com mais atenção para o rugby no Brasil, pois se hoje estamos alguns degraus à sua frente, dificilmente a situação se manterá face ao grande impulso que a modalidade está a receber no continental país de língua portuguesa.

E se para a realização desse jogo fosse necessário conseguir algum meio de financiamento - a eterna desculpa da falta de dinheiro - podemos apostar que a comunidade lusitana, por exemplo no Rio de Janeiro, não iria ficar indiferente a essa oportunidade.

JOGOS DA DIGRESSÃO
PORTUGAL-URUGUAI - 11-11-2012 - Montevideu
PORTUGAL-CHILE - 17-11-2012 - Santiago do Chle

HISTÓRICO CONTRA ESTES ADVERSÁRIOS
PORTUGAL-CHILE
30-10-2004 - Santiago do Chile - Vitória por 28-9
05-11-2005 - Campo Maior - Vitória por 31-18 (*)

PORTUGAL-URUGUAI
13-03-1999 - Montevideu - Derrota por 9-46
03-04-1999 - Lisboa - Derrota por 24-33
06-11-2004 - Montevideu - Derrota por 3-30
12-11-2005 - Estoril - Vitória por 20-6 (*)
16-09-2006 - Montevideu - Derrota por 14-20
10-03-2007 - Lisboa - Vitória por 12-5
24-03-2007 - Montevideu - Derrota por 12-18
13-11-2011 - Caldas da Rainha - Derrota por 9-16
17-06-2012 - Bucareste - Derrota por 7-35

(*) Corrigido

Foto: IRB

16 comentários:

Anónimo disse...

O jogo de 2005 foi em Campo Maior, não em Lisboa.

Manuel Cabral disse...

De acordo com a listagem oficial dos jogos internacionais de Portugal, o jogo foi em Lisboa.

Manuel Cabral disse...

Para ver a listagem oficial:
http://www.fpr.pt/seleccoes/historico.asp

Manuel Cabral disse...

Acabo de ser informado que a FPR vai alterar o local de realização do jogo Portugal-Chile, para Campo Maior.
Assim, eu também vou proceder a essa alteração...

Anónimo disse...

Posso estar enganado mas penso que falta aí um jogo contra o Uruguai que foi jogado no estádio de futebol do Estoril.

Anónimo disse...

Sim,

Nesse ano a competição Consur foi jogada em Campo Maior, contra o Chile e no Estoril contra o Uruguai, onde ganhámos ambos os jogos.

Pedro Fonseca

Anónimo disse...

O jogo contra o Chile foi mesmo em Campo Maior. Assisti ao jogo e lembro-me bem de ter ido até lá.

Anónimo disse...

Acho que a listagem da FPR tem mais erros. Pelo menos um dos jogos em Marrocos foi numa cidade chamada Khenitra (não sei se se escreve assim). Espero não estar a fazer confusão.

Manuel Cabral disse...

Quanto ao jogo do Estoril, já recebi a confirmação da FPR que assim foi, pelo que esse dado será corrigido no site oficial em breve.
Eu farei no Mão de Mestre as alterações adequadas.
Obrigado pelas informações que tem sido dadas aqui.
O Mão de Mestre está sempre disponível para ajudar a pôr as coisas no sítio certo!

Anónimo disse...

Muito aqui se discute a convocatória deste ou daquele, deste ou daquele «estrangeiro» etc... Mas nunca vi aqui se discutir como pretende Portugal chegar a algum lado.
O Grande problema com os jogadores que estão lá fora, é que eles só podem se juntar a selecção nas vésperas dos jogos, não é possível fazer um trabalho de fundo com eles, a pensar no futuro, até porque na maioria dos casos, nunca sabemos se eles estarão disponiveis a médio prazo ou não. Não sou contra a utilização de Portugueses emigrantes, ou de nacionalizados, mas acho que a selecção deve ter o seu core, um grupo de jogadores que sejam preparados para jogar um determinado estilo de jogo, que se coadune com nossas capacidades e nossas mais valias. E ai sim, trazer certos jogadores que complementem nossa equipa, e que possam reforçar áreas mais debilitadas ou com menos recursos humanos. Hoje, quando vemos nossa selecção, não temos um padrão ofensivo, não temos um padrão defensivo, não sabemos qual o tipo de jogador e as características técnicas e físicas que se procura para cada posição, não sabemos se queremos jogadores bons na evasão, ou bons no crash game. E o resultado é que misturamos jogadores e estilos, e o que se vê, é uma completa anarquia, e cada um a puxar para um lado, como foi ano passado e tem sido nos últimos anos. É preciso que apareça na FPR um pensamento a médio prazo, com um plano, que deve ser discutido com os clubes, e no qual a pequena comunidade do rugby puxe toda para o mesmo lado, e não cada um por si.
Sob pena de olharmos para 2007 como um milagre distante.

Anónimo disse...

Desculpe lá, mas acho que está a misturar duas coisas diferentes. A selecção não ter um estilo de jogo bem caracterizado não tem nada a haver com ter muitos jogadores no estrangeiro. Veja os casos da Argentina e da Geórgia, por exemplo.

Qt a saber se eles vem sempre ou não, isso é uma tarefa que a FPR tem que fazer. Neste momento, ou a FPR já sabe com quem é que vai contar para o ENC ou então não vale a pena. Nos últimos anos, a convocatória dos jogadores nos estrangeiros foi feita de forma muito "amadora", quase sem planeamento.

Aparentemente, este ano as coisas estão mais pensadas. Por exemplo, é a primeira vez que vejo G. Uva, Reis e Penalva na mesma convocatória e, se o Penalva estiver em forma, parece-me óbvio que são os 3 segundas linhas que têm que estar nos 22 em qq jogo da selecção (enquanto Jean de Sousa não estiver "libertado" e os mais jovens não ganharem mais experiência). Antes se convocavam o Reis não convocavam o Penalva e vice-versa.

Tb é a primeira vez q é convocado o Samuel Marques, o q parece ser sinal que acabaram algumas poupanças que depois ficam caríssimas.

Anónimo disse...

Estas duas ultimas analises referem e-se certamente à seleção de futebol. Sem tirar nem pôr é exatamente o que acontece no futebol. Acreditem que 2007, tal como aconteceu, não voltará a acontecer.

Anónimo disse...

os comentarios anteriores sao pertinentes. Mas gostaria de acrescentar uma ideia para debate.

Os jogadores em frança só vêm quando querem vir. Olhando para a convocatoria aparecem aqueles que quiseram de certeza e estao disponiveis. Nao vale a pena discutir se este ou aquele nao foi convocado. mesmos os novos chamados so agora disseram que queriam vir de certeza

Anónimo disse...

No futebol é idêntico. Os que não querem vir simulam lesões

Anónimo disse...

Acima dão o exemplo da Argentina, que é perfeito. A Selecção é composta basicamente de jogadores que jogam no estrangeiro. Ora, o resultado é que somente quando se juntam por um tempo grande é que conseguem formar uma equipa forte, pois ai podem criar os mecanismos de jogo, padrões de defesa e ataque. Vide os últimos campeonatos do mundo e o recente Chanpionship. Quando não tem este tempo, os resultados são fracos. No entanto, acho uma grande presunção nos comparar a Argentina, pois enquanto eles tem um leque enorme de escolha, nós temos um grupo muito reduzido.
Mais, garanto-vos que se a equipa começar a ter resultados razoáveis, os jogadores lá de fora vão sempre querer vir para se mostrar e tentar arranjar melhores clubes.

Anónimo disse...

Por acaso no futebol, a prática, é completamente diferente. Mesmo q estejam lesionados têm que se deslocar, são examinados pela equipa médica nacional e se não estiverem em condições de jogar pelas selecções, então nessa semana tb não jogam pelo clubes.

Em teoria, no rugby, casos como o do Jean de Sousa implicariam forte penalização para o clube, mas a prática é muito diferente.