7 de junho de 2015

MEMÓRIAS DE UM ÁRBITRO PORTUGUÊS EM MOSCOVO (*)

(*) Paulo Duarte
Chegado a Moscovo, após algumas horas sem dormir, é sempre agradável começar o dia com a noticia de que o campo onde se vai realizar o Torneio, tem uma área de validação de cerca de dois Metros, e os postes bastante reduzidos em tamanho…Interessante.

Mas vamos ao que interessa, o jogo em si… Este ano espera-se um Grand Prix bastante intenso e competitivo, pelo que se espera bastante dos jogadores e claramente dos árbitros   pois cada decisão tomada pode definir quem fica automaticamente qualificado para o JO ou tem de ir à repescagem quer Europeia quer Mundial.
Temos um grupo forte de árbitros, experientes e consistentes nas suas performances (geralmente), grupo esse constituído por um galês (Craig Evans), um inglês (Ian Tempest), dois escoceses (Mike Adamson e Kevin White), um belga Kevin Sulejmani) e um português(Paulo Duarte).

Durante o briefing técnico que tivemos, consistência é o MOTE para o torneio, ou seja arbitrar o que é claro e óbvio com consistência e acuidade.

Um jogo rápido requer sempre BOLA RÁPIDA, e para isso foi-nos pedido para sermos rígidos com o jogo no chão (breakdown), pois 90% das decisões virão daí, e a maior parte de ensaios marcados em Sevens é na sequência de penalidades.

Os placadores têm de largar e se não vão disputar a bola em pé, têm de sair da zona de placagem rapidamente.

Todos os jogadores no apoio, quer atacantes, quer defensores, têm de chegar pelo seu lado (pela porta de entrada na zona de placagem) e manter-se em pé para permitir a disputa justa pela bola, caso contrário serão penalizados.

Sendo um jogo com menos jogadores temos mais espaço e há que manter esse espaço, por isso seremos rígidos com todos os jogadores que interfiram nas Penalidades Rápidas quando não estão a 10 metros do ponto da falta.

Qualquer acção de anti jogo rondando até 5 metros é um potencial Cartão Amarelo! Atirar a bola para  longe é sempre um cartão Amarelo mas para isso o árbitro tem de estar muito atento.

Todo o Jogo Desleal tem de ser banido do jogo logo no início e estaremos muito atentos a tudo o que é Jogo Perigos ou“Cynical Play”, para isso temos cartões e Citing Commissionaire.

Espera-se um Excelente Nível, e com estes alertas saídos para os Treinadores e Jogadores, juntamente com os Árbitros existe a Responsabilidade de Todos para proporcionar Excelentes Jogos de Sevens neste primeiro torneio do Grand Prix Series.


O PRIMEIRO DIA DO TORNEIO DE MOSCOVO
Dia 1 terminado, veio a comprovar-se que as equipas que jogaram deram tudo por tudo e vão lutar até ao ultimo minuto de jogo.

A arbitragem no Torneio, juntamente com a fisicalidade e disciplina técnica das equipas e jogadores, andou em sintonia, existiram erros de ambas as partes, jogadores, treinadores e árbitros incluídos. Mas no global o saldo foi bastante positivo.

O nosso Portugal, com 3 grandes resultados, arrancados com garra e com alma, extremamente coordenados defensivamente, bons movimentos atacantes bola ponta a ponta, criando muita dificuldade aos adversários.
Entrámos sempre muito bem no início de cada jogo e isso valeu bastante… cada ensaio sofrido foi, na maior parte das vezes por mérito do ataque e não demérito nosso. 
Amanhã é um novo dia e o jogo contra Espanha é o Focus Point…Estou bastante confiante.

Vimos uma França bastante forte e consistente e disciplinada. 
Rápidos e cirúrgicos em algumas das tomadas de decisão.

Uma Inglaterra, com uma injecção de jogadores novos, certamente para descansar os habituais e dar rodagem para estes potenciais, com erros graves de não organização, nem sempre foram disciplinados no breakdown, e cada erro custou bastante.

Uma Geórgia, meio perdida, desconcentrada, indisciplinada no jogo no chão e defensivamente, e isso trouxe grandes dificuldades para quem os arbitrou também…Claramente têm de encontrar o ritmo rapidamente amanhã…

Itália, a habitual, com coisas muito boas e coisas menos boas, alguma indisciplina no jogo no chão, o que fez com que perdessem o primeiro jogo na bola de jogo, os outros dois jogos foram uma Itália típica, sem muitas opções de jogo sendo pouco eficazes.

Bélgica, sem dúvida sem alma, pobres defensivamente, algumas faltas impulsivas no breakdown, que custaram caro nos três jogos que fizeram.

Uma Lituânia, surpreendente, surpresa do Torneio, estava um pouco expectante sem saber o que esperar, mas mostraram um rugby com qualidade, estruturado, as faltas sofridas foram mais por falta de ritmo provavelmente a este nível do que efectivamente anti jogo. Veremos amanhã…

Roménia, claramente mais forte que o ano passado mas muito indisciplinada no jogo no chão, jogadores que ficam frustrados e alastram essa frustração a todos os jogadores e até diria ao árbitro…creio que hoje, se tivessem sido mais conscientes do que se passava no jogo evitando as faltas, poderiam ter ganho jogos, pois têm coisas muito interessantes, e nos Sevens paga-se caro com ensaios seguidos a penalidades.

Alemanha, que se esperava forte, e mostrou isso mesmo no decorrer dos jogos, muitoclinicosnas decisões, reactivos, alguns erros de leitura no jogo no chão, mas eficazes e amanhã, espera-se um bom jogo.Apurada para os Quartos de final da Cup!

Uma Rússia, que entrou mal no primeiro jogo contra Itália, mas que depois mostrou o seu rugby habitual, forte, vertical e muito dinâmico…Bastante disciplinados no jogo no chão, têm de melhorar nas melées.

Gales, começou o torneio bastante bem contra a Geórgia, alguma precipitação no jogo no chão, que levou a algumas penalidades durante o torneio, mas uma equipa experiente apesar de não ter os habituais jogadores…

Até amanhã!

















Sem comentários: